Eugênio Chemp

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Eugênio Chemp
Nascimento 18 de fevereiro de 1916
Kiev
Morte 4 de fevereiro de 1995
Cidadania Império Russo, Brazil
Ocupação futebolista, operário metalúrgico

Eugênio Chemp (Kiev, 18 de fevereiro de 1916 - 4 de fevereiro de 1995) foi um jogador de futebol russo naturalizado brasileiro, que jogou como atacante em clubes como Botafogo, São Paulo e Náutico. Após encerrar a carreira de jogador, tornou-se sindicalista e político, filiado ao Partido Comunista Brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Chemp nasceu em Kiev, à época parte do Império Russo[1][necessário verificar], filho do engenheiro Frederico e da professora de piano Elizabeth Chemp,[1][2] filha de David Hamm e Anna Kumachina.[1] Em 31 de julho de 1923, ele, junto com sua mãe e o irmão mais novo Victor, chegou ao Brasil no navio RMS Arlanza. Sua irmã recém-nascida também embarcou no navio, mas morreu durante a viagem. O pai foi obrigado a ficar em casa e só na década de 1930 veio para junto da família. Inicialmente, Elizabeth vivia apenas da venda de joias pessoais trazidas de sua terra natal. Mas então ela começou a ensinar piano com sucesso.[2]

Chemp era casado. Teve uma filha, Rosana Maria.[2]

Carreira no futebol[editar | editar código-fonte]

Chemp começou sua carreira jogando pelo Clube Atlético Albion.[3][4] Em 1936, tornou-se jogador do São Paulo FC, onde jogou por duas temporadas, fazendo 16 partidas e marcando 10 gols. Curiosamente, segundo documentos do clube, Eugênio era considerado uruguaio na equipe.[5] Em 1937 transferiu-se para o Botafogo apesar de quase fechar contrato com o Flamengo.[3] Um ano depois, conquistou o torneio Início do Campeonato Carioca com a equipe, mas não entrou em campo na final. Chemp jogou pelo clube até 1939, fazendo 42 partidas e marcando 15 gols.[2][6] Em maio de 1940, Eugênio partiu para o Recife, onde ingressou no Náutico.[7] Pela equipe, o jogador disputou 11 partidas e marcou 7 gols.[2]

Enquanto jogava pelo Náutico, Chemp foi convocado para a seleção pernambucana. Em particular, ele participou nela do Campeonato Nacional de Seleções Estaduais. Na primeira partida, a seleção de Pernambuco derrotou a seleção cearense pelo placar de 2 a 1. Após o jogo, os atletas do Ceará protestaram, alegando que Chemp, que passou o jogo inteiro em campo, não era brasileiro, sendo proibido a estrangeiros, conforme regulamento, entrar em campo nas partidas deste torneio. Após o julgamento, o resultado da partida foi anulado.[2] Em 18 de dezembro de 1940, em entrevista, Eugenio disse: "Apesar de ter vindo para o Brasil com três anos, nasci na Rússia".[8] O próprio Chemp afirmou que queria ser brasileiro, mas, apesar disso, recebeu a cidadania apenas em 1941.[2]

Depois do Náutico, Chemp mudou-se para a Portuguesa de Desportos, e então, no mesmo ano, foi parar novamente no São Paulo, onde marcou 4 gols no primeiro jogo.[2] No total, o futebolista disputou 23 jogos pelo clube e marcou 16 gols; segundo outras fontes, 19 jogos e 14 gols.[9] Depois disso, jogou por vários times, inclusive pelo time amador do Fluminense.[2] É curioso que Eugenio tenha feito um pedido à Confederação Brasileira de Desportos para que em todos os documentos relacionados às atividades futebolísticas, sua nacionalidade fosse registrada como russa.[10]

Em 1945 jogou pelo clube amador Andorinhas Futebol Clube, onde também jogavam trabalhadores da tecelagem de mesmo nome. Ao mesmo tempo, os trabalhadores eram em sua maioria comunistas. Isso levou Chemp a se participar ativamente no campo dos direitos dos trabalhadores. No mesmo ano, decidiu encerrar a carreira de jogador.[2]

Ativismo político[editar | editar código-fonte]

No final de 1948, Chemp voltou para São Paulo. Lá, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro, e também tornou-se membro ativo do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, trabalhando como vendedor para uma das siderúrgicas locais.[2] Chemp participou de comícios e organizou greves, pelas quais foi preso várias vezes,[11] Em particular, ele foi o líder da chamada de Greve dos 300.000.[2][12] De 1953 a 1964, Eugenio foi membro da diretoria do sindicato dos metalúrgicos, e de setembro de 1963 a março de 1964 foi membro da diretoria do sindicato dos metalúrgicos.[2] Sua principal frente de atuação era a implementação do 13º salário, o aumento da renda mensal dos trabalhadores e o “congelamento” dos preços dos bens essenciais.[2]

Prisão[editar | editar código-fonte]

Em 31 de março de 1964 ocorreu um golpe militar no Brasil; em outubro do mesmo ano, Chemp e outros 75 membros do Partido Comunista Brasileiro foram indiciados, sendo encaminhados para prisões em 1964. Chemp foi posteriormente absolvido. Em 1972, Eugenio foi preso novamente e submetido a longos interrogatórios e tortura. A principal coisa que os investigadores tentaram revelar foi se ele transferiu dinheiro para ex-membros do partido. A princípio, Chemp se recusou a fazê-lo, mas depois disse que havia transferido dinheiro para as famílias dos membros do partido presos. Em 1973, foi levado a julgamento por isso, mas novamente absolvido. Após o julgamento, Chemp retirou-se da política. No final de sua vida, ele sofreu da doença de Parkinson, deixando-o incapaz de andar.[2]

Conquistas[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]