História da animação em Portugal

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História[editar | editar código-fonte]

Tanto quanto se sabe, o primeiro filme de animação feito em Portugal foi A Lenda de Miragaia (1931), de António Cunhal e Raul Faria da Fonseca. Os autores inspiraram-se na técnica de recorte de silhuetas utilizada por Lotte (Charlotte) Reiniger alguns anos antes (1926) em Die Abenteuer des Prinzen Achmed (As Aventuras do Principe Achmed), cuja narrativa era inspirada na história das Mil e Uma Noites. Os jovens cineastas teriam visto o filme de Reiniger, uma longa-metragem, e ter-se-iam inspirado nele para desenvolver a sua curta-metragem.

A obra abordava a origem do nome do bairro portuense de Miragaia, local de onde se poderia avistar o castelo de Gaia, actualmente inexistente. De acordo com as publicações de antigos directores da Cinemateca Portuguesa - Félix Ribeiro, Luís de Pina e João Benard da Costa - não sobreviveu nenhuma cópia do filme, nem nenhum negativo a partir do qual se pudesse tirar um positivo, sendo por isso mais um missing film da história do cinema português. Félix Ribeiro explica que a enorme quantidade de filmes portugueses perdidos, nomeadamente do período do mudo, se deve ao facto de quase todas as fitas de não ficção, isto é, de carácter documental, terem sido vendidos durante a Segunda Guerra Mundial às potências, quer de um lado, quer do outro do conflito, para ser extraída a prata que incluía a emulsão da película. Não se sabe se foi o caso com A Lenda de Miragaia, uma vez que é desconhecido se o filme faria parte de espólio pessoal ou de uma empresa produtora.

Entrada da RTP[editar | editar código-fonte]

A partir dos anos 50, a RTP inicia a atividade e tiveram a ideia investir parte do lucro para a produção de algumas séries de animação. O primeiro foi A Licas e o Zé, que foi emitida na televisão no final dos anos 50. Porém, a qualidade da animação era inferior à que o estrangeiro já possuia na altura (muito por culpa da falta de avanço tecnológico e a escassa rentabilidade económica). Assim, nas décadas de 60 e 70, o canal estatal passou a produzir desenhos animados para reclames de publicidade. Já as séries de animação passaram a ser adquiridas pelo estrangeiro e a dobrar para português as mais infantis. Entretanto, no ano de 1988, a RTP recomeçou o investimento em séries de animação, financiado com a Topefilme e a Telecine a produção da série animada do Romance da Raposa. Esse desenho animado superou a qualidade da Licas e o Zé, E além de ter sido um enorme sucesso, foi também um grande passo para animação infantil na televisão em Portugal.

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Mais recentemente, a animação portuguesa produziu a sua primeira longa-metragem, trata-se de "Até ao Tecto do Mundo". Produzida pelo Cine-Clube de Avanca, esta película teve uma versão exibida na abertura do festival CINANIMA de 2006 e posteriormente em 2008 foi exibida e premiada em vários festivais dos cinco continentes.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia
  • Henrique Alves Costa, Breve História do Cinema Português 1896-1962. Lisboa: Ministério da Educação e Investigação Científica/Secretaria de Estado da Investigação Científica/Instituto de Cultura Portuguesa, 1978.
  • João Benard da Costa, Histórias do Cinema. Lisboa: INCM, 1991.
  • Luís de Pina, História do Cinema Português. Mem Martins: Europa-América, 1986, p. 62.
  • Félix Ribeiro, Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português 1896-1949. Lisboa: Cinemateca Portuguesa, 1983.