Jacob Aloys Friedrichs

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Jacob Aloys Friedrichs
Nascimento 3 de fevereiro de 1868
Merl
Morte 14 de junho de 1950
Porto Alegre
Cidadania Brasil
Ocupação escultor

Jacob Aloys Friedrichs (Merl, 3 de fevereiro de 1868Porto Alegre, 14 de junho de 1950) foi um escultor e ornatista teuto-brasileiro ativo no Rio Grande do Sul entre o final do século XIX e início do século XX.

Filho mais jovem de Vinzens Friedrich e Katharina Griebeler, trabalhou por dois anos em vinhedos e depois emigrou para o Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1884 e a Porto Alegre em 13 de novembro.[1] Teve sua nacionalidade alemã cancelada e ficou sem pátria até ser considerado, aos 51 anos, cidadão brasileiro.[2]

Aprendeu o seu ofício com o irmão Miguel Friedrichs, que havia transferido para Porto Alegre sua empresa de escultura e decoração de edifícios fundada inicialmente em Lomba Grande. Progrediu rapidamente, e em dois anos já era oficial de cantaria. Logo em seguida matriculou-se na Escola Profissional Noturna e Dominical, mantida pelo engenheiro João Pünder, onde recebeu lições de desenho e cálculo.[1] Também foram seus mestres o engenheiro Goldammer, o arquiteto Gustavo Koch e o escultor Franz Schubert, com quem iniciou-se nos trabalhos de mármore.[3]

Em 1889 já se considerava apto para procurar trabalho por conta própria, e contratou a execução de um monumento funerário para a família de Henrique Ritter, de São Sebastião do Caí. Em 1891 substituiu o irmão na administração da empresa familiar.[1] Com o incêndio da oficina em 1894, mudou-se para um prédio junto à Cervejaria Campani, e daí em diante seu negócio se expandiu e passou a contratar auxiliares, dentre os quais destacou-se André Arjonas.[3]

Em 1903 e novamente em 1914 realizou viagens de estudos à Europa, passando pela Alemanha e Itália, pesquisando novas técnicas e materiais para aprimorar seus serviços. A Casa Aloys, como passou a ser conhecida sua oficina, foi uma das mais importantes empresas de escultura e decoração predial da capital gaúcha em sua época, estendendo suas atividades até o interior do estado e recebendo em 1901 a medalha de ouro na Grande Exposição Comercial e Industrial de Porto Alegre, finalmente encerrando suas atividades em 1949.[1][3] Também trabalhou com importação de vinhos do Reno.[2]

Detalhe do altar da Igreja de São José de Porto Alegre, criado por Friedrichs. A estátua é de autoria de André Arjonas.

Dentre suas realização estão dezenas de monumentos funerários nos cemitérios da capital, a decoração de diversas capelas de famílias importantes, a criação do obelisco em Ponche Verde, o altar da Matriz de Santa Cruz do Sul, o altar da Igreja São José e o batistério da Igreja da Comunidade Evangélica, em Porto Alegre. Entre os monumentos fúnebres se encontram o de João Pünder, Augusto Brochier, Caldas Júnior, Augusto Pestana, Fernando Abbott, barão de Santo Ângelo, capela Dreher.[1]

Na década de 1920 era uma das lideranças alemãs mais importantes do Rio Grande do Sul.[4]

Incentivador da ginástica (o Riograndenser Turnvater), considerado o Friedrich Ludwig Jahn da nova pátria, ou pai da ginástica no Rio Grande do Sul,[2] fundou o Turnerbund, resultado da unificação das duas sociedades de ginástica existentes em Porto Alegre antes de 1892.[4] Foi presidente desta sociedade, que depois virou a SOGIPA, até 1929, sendo responsável pela expansão do clube, incluindo a campanha de arrecadação que possibilitou a compra da sede atual. Em homenagem a Jacob, a biblioteca da SOGIPA leva o seu nome.[3] Também foi responsável pela criação da Deutscher Turnerschaft von Rio Grande do Sul (Federação Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul).

Foi contra a ascensão nazista entre a população germânica no Rio Grande do Sul, em 1937 publicou Grundsächtzliche Betrachtungen zur Anschlussfrage (Considerações a respeito da questão da anexação), junto com Englert e Bercht, defendendo que os teuto-brasileiros não eram "alemães no exterior", mas brasileiros de sangue alemão, não admitindo, portanto, que sua demonstração de fidelidade ao caráter e etnicidade alemães seja confundida com lealdade ao nacional-socialismo.[4]

Referências

  1. a b c d e Spalding, Walter. Construtores do Rio Grande. Livraria Sulina, Porto Alegre, 1969, 3 vol., 840pp.
  2. a b c Silva, Haike Roselane Kleber da (1997). SOGIPA: Uma trajetória de 130 anos. Porto Alegre: Gráfica Editora Palloti. 100 páginas 
  3. a b c d DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Globo, 1971
  4. a b c SILVA, Haike Roselane Kleber da. A identidade teuto-brasileira pensada pelo intelectual Aloys Friederichs. Revista Anos 90, Porto Alegre, v. 12, n. 21/22, p.295-330, jan./dez. 2005

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • FRANCO, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre, 4a edição, Editora da Universidade (UFRGS), Porto Alegre, 2006.
  • DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Estatuários, catolicismo e gauchismo. EDIPUCRS, 2002, ISBN 8574302619, ISBN 9788574302614, 372 pp.