Jardins Licinianos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jardins Licinianos
Jardins Licinianos
O chamado "Dioniso dos Jardins Licinianos", hoje nos Museus Capitolinos, em Roma.
Jardins Licinianos
Localização
Tipo Jardim
Construção Século I a.C.
Geografia
País Itália
Cidade Roma
Localização V Região - Esquilino
Coordenadas 41° 53' 34.6" N 12° 30' 31.8" E
Jardins Licinianos está localizado em: Roma
Jardins Licinianos
Jardins Licinianos

Jardins Licinianos (em italiano: Horti Liciniani) eram jardins localizados no monte Esquilino de Roma, entre a Via Labicana e a Via Prenestina, no rione Esquilino, perto da Muralha Aureliana. Ele ficava entre os Jardins Taurianos (Horti Tauriani), ao norte, e os Jardins Palantianos (Horti Pallantiani) e os Jardins Epafroditianos (Horti Epaphroditiani) a oeste.

Jardins da Roma Antiga[editar | editar código-fonte]

Em Roma, era costume chamar de horti (singular: hortus) as residências dotadas de um grande jardim (hortus significa "jardim") localizadas dentro da cidade, mas nos subúrbios. Os jardins eram lugares de lazer, onde era possível aproveitar o isolamento e a tranquilidade sem a necessidade de grandes viagens[1].

A parte mais importante dos horti era, sem dúvida, a vegetação, geralmente composta por folhagens espessas podadas em formas geométricas ou animais segundo os ditames da ars topiaria. Entre a vegetação ficavam pavilhões, pórticos de passeio com proteção contra o sol, fontes, termas, pequenos templos e estátuas, geralmente cópias romanas de originais gregos. O primeiro jardim foi o suntuoso Jardim de Lúculo, no monte Píncio[1], seguido logo depois pelo Jardim de Salústio.

História[editar | editar código-fonte]

O nome destes jardins é uma referência à gente Licínia, proprietária das terras no período romano. No século III, um Licínio, o imperador Galiano (r. 253-268)[2], fundiu-o com os Jardins Taurianos e construiu uma luxuosa residência imperial rural referida como "Palácio Liciniano" (em latim: Palatium Licinianum) em documentos do século IV e V[3], nas imediações da igreja de Santa Bibiana. O complexo permitia que toda a corte do imperador se hospedasse no local e contava com salões para banquetes e piscinas[4].

No alto dos jardins, Galiano pretendia construir uma estátua colossal sua representando o deus Sol Invicto, mas a obra jamais foi realizada[5].

As fontes antigas não descrevem com exatidão as características topográficas dos Jardins Licinianos e nem os edifícios que ficavam no local, motivo pelo qual são fundamentais os testemunhos deixados pelas obras medievais. Durante o pontificado do papa Urbano VIII (r. 1623-1644), a importância arqueológica da região foi confirmada pela descoberta do sepulcro de libertos licininanos perto de Santa Bibiana[6].

Os jardins provavelmente permaneceram por um longo tempo como propriedade imperial e ali foi construído, nos primeiros vinte anos do século IV, o Templo de Minerva Médica, um ninfeu, do qual restam apenas ruínas, que provavelmente era utilizado para funções oficiais de entretenimento do complexo palacial (em latim: specus aestivus). A este mesmo período e local é geralmente atribuído um grande mosaico de pavimento com cenas de caça[7], descoberto em 1903-1904 durante obras perto de Santa Bibiana[8][9]. Ele aparentemente era parte de uma estrutura rodeada por um pórtico que confirma a realização de obras grandiosas nos Jardins Licinianos depois da época de Galiano[10].

Na área dos jardins foram recuperados vários objetos de arte a partir do século XVI, como atestam Pirro Ligorio[11] e Flaminio Vacca[12], provavelmente parte da vasta coleção de obras que caracterizava os Jardins Licinianos.

Contudo, o grande programa imobiliário para a inauguração do novo rione Esquilino permitiu que várias descobertas fossem feitas entre 1875 e 1878, mas acabaram em seguida impossibilitando novas escavações de maior porte. Entre os objetos recuperados estão um busto de Mânlia Escantila[13], esposa do imperador Dídio Juliano, alguns capitéis com colunas e relevos, um relevo com a "fornalha de Vulcano" e duas estátuas de magistrados romanos[14][15] no ato de lançarem o "mappa", que dava início às corridas no Circo Máximo, e que hoje estão no Palazzo dei Conservatori (Museus Capitolinos).

Referências

  1. a b «Vivere a Roma 2000 anni fa». Consultado em 12 de março de 2008 
  2. História Augusta, Gallieni duo, XVII, 8.
  3. Atos dos Mártires (Faustus e Pimenius) = Pietro de' Natali, Catalogus Sanctorum et gestorum eorum (1543) I, 520-522; cfr. Liber Pontificalis (ed. Duchesne) I, 249; Henri Jordan, Topographie der Stadt Rom im Alterthum, Berlim 1871, vol. II, p. 319.
  4. História Augusta, Gallieni duo, XVIII, 2-5.
  5. História Augusta, Gallieni duo, XVIII, 3: in summo Esquiliarum monte.
  6. Antonio Nibby, Analisi storico-topografica-antiquaria della carta de' dintorni di Roma, vol. II, Roma, Tipografia delle Belle Arti, 1848, p. 330; Rodolfo Lanciani, The ruins and excavations of ancient Rome: a companion book for students and travellers, London, Macmillan, 1897, p. 349 (trad. italiana: Rovine e scavi di Roma antica, Roma, Quasar, 1985).
  7. «Mosaico con scene di caccia» (em italiano). Centrale Montemartini 
  8. Notizie degli Scavi di Antichità (1903): p. 519; Giuseppe Gatti (1903). Notizie di recenti trovamenti di antichità in Roma e nel suburbio. Bullettino della Commissione archeologica comunale di Roma (BCAR) 31: pp. 284-285; Giuseppe Gatti (1904). Atti della Commissione. BCAR 32: p. 375
  9. Salvetti (2004)
  10. Cima (2000)
  11. Pirro Ligorio, (Codex Taurinensis f. 136 - 207).
  12. Flaminio Vacca, Memorie di varie antichità trovate in diversi luoghi della città di Roma, Roma 1594, p. 17
  13. «Busto di Manlia Scantilla (Museus Capitolinos)» (em italiano). Ancient Rome 
  14. «Statua di magistrato giovane» (em italiano). Centrale Montemartini 
  15. «Statua di magistrato anziano» (em italiano). Centrale Montemartini 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Cima, Maddalena Gli Horti Liciniani: una residenza imperiale nella tarda antichità in Maddalena Cima e Eugenio La Rocca (eds.), Horti romani, atos da convenção internacional (Roma, 4-6 de maio de 1995), Roma, L'Erma di Bretschneider (= Bullettino della Commissione archeologica comunale di Roma, suppl. 6), pp. 427–452. ISBN 88-8265-021-9. Scheda na Open Library.
  • Cima, Maddalena (2000). Ensoli, Serena; La Rocca]], Eugenio, eds. Horti Liciniani. Catalogo della mostra (em italiano). Roma: L'Erma di Bretschneider. p. 97-103. ISBN 88-8265-126-6 
  • Cima, Maddalena; Talamo, Emilia (2008). Gli horti di Roma antica (em italiano). Milano: Electa. p. 99–105. ISBN 88-3705-080-1 
  • Gatti, Emanuele (1996). Lexicon Topographicum Urbis Romae (LTUR) III. s.v. Horti Liciniani: Tempio di Minerva Medica (em italiano). Roma: [s.n.] p. 66–67. ISBN 88-7097-049-3 
  • Platner, Samuel Ball; Ashby, Thomas (1929). A Topographical Dictionary of Ancient Rome. s.v. Horti Liciniani (em inglês). London: Oxford University Press. p. 268 
  • Richardson Jr., Lawrence (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. s.v. Horti Liciniani (em inglês). Baltimore: JHU Press. p. 199. ISBN 0-8018-4300-6 
  • Rizzo, Silvana (1996). Steinby, Eva Margareta, ed. Lexicon Topographicum Urbis Romae (LTUR) III. s.v. Horti Liciniani (em italiano). Roma: Quasar. p. 64–66. ISBN 88-7097-049-3 
  • Salvetti, Carla (2004). «Il mosaico tardo antico con scene di caccia da Santa Bibiana: alcuni spunti per una rilettura». Musiva & sectilia (em italiano). 1: 89-107. ISSN 1828-2415 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]