Noel Devos

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Noel Devos
Noel Devos
Nome completo Noel Leon Devos
Nascimento 08 de outubro de 1929
Calais
Morte 03 de março de 2018 (88 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade Brasil Brasileiro França Francês
Cônjuge Nany Bezerra de Mello
Filho(a)(s) Anne Marie Devos
Ocupação Fagotista, Professor
Página oficial
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Noel Devos (Calais, 08 de outubro de 1929Rio de Janeiro, 3 de março de 2018) foi um dos mais importantes músicos do Brasil, tendo trabalhado e ensinado o fagote - instrumento de orquestra - desde 1952, quando veio da França, a convite da Orquestra Sinfônica Brasileira, representada pelo regente Eleazar de Carvalho e com o apoio institucional e material da UNESCO, em projeto à época coordenado pelo musicólogo Luis Heitor Correia de Azevedo.

Ainda nos anos 60 se naturalizou cidadão brasileiro, do que sempre se orgulhou.

Aqui no país desenvolveu importante carreira como músico de orquestra, solista, camerista e educador. Teve dezenas de obras para fagote a ele dedicadas, por inúmeros compositores relevantes, tendo tocado com os maiores regentes nacionais e internacionais, como Villa-Lobos, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Mario Tavares, Ricardo Duarte, Leonard Bernstein, Kurt Masur, Zubin Mehta, Alceo Bocchino , Daniel Barenboim , Victor Tevah e muitos outros.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Nascido em 8 de outubro de 1929, na cidade de Calais (norte da França), sendo seu pai um humilde operário no setor têxtil, iniciou seus estudos musicais ainda em criança com seu próprio pai e irmãos, que os iniciaram no violoncelo, passando pelo piano, e depois num saxofone encontradomno sótão de sua casa. Recomendado por seu pai, passou a estudar com um professor de seu bairro, na realidade, um oboísta. Este mesmo professor, em tempos de guerra, propôs que o jovem Noel Devos estudasse o fagote, pois ampliaria suas horas de trabalho.

Ao estudar o fagote, instrumento de sopro orquestral de grande complexidade, atingiu surpreendente desenvolvimento em curto espaço de tempo. Após a Segunda Guerra Mundial, ainda como saxofonista semi-profissional, entrou para o Teatro de Calais, em seguida aperfeiçoou-se com o professor Julien Clouet, ingressando no Conservatório Nacional de Paris, e posteriormente com Gustave Dhérin , tendo obtido, por unanimidade, a medalha de ouro em 1951.

Sendo selecionado na França para ocupar a vaga de primeiro fagotista da OSB, veio ao Brasil juntamente com outros músicos de excelência, como a flautista Odette Ernest Dias, também medalha de ouro do Conservatório de Paris.

Como camerista, atuou no Brasil e no exterior por mais de 60 anos, tendo como principais colegas instrumentistas os músicos : José Botelho , Odette Ernest Dias, Norton Morozowicz, Paulo Sérgio Santos e muitos outros.

Legado[editar | editar código-fonte]

  • O maior mestre de fagote do país

Foi docente da Escola de Música Villa-Lobos e da Escola de Música da UFRJ.

Sua ação pedagógica espalhou-se por todo o país, através da participação nos mais importantes e variados cursos de férias e festivas de música, que se reflete nas diversas gerações de seus alunos que hoje ocupam postos como solistas das principais orquestras brasileiras e docentes em universidades e escolas de música.

  • Deu diversas entrevistas para rádio, jornal e televisão, como por exemplo a concedida ao jornalista Lauro Gomes em 2015.[2]

Prêmios e homenagens[editar | editar código-fonte]

  • Premiado pela Academia Brasileira de Música - em 2017, foi escolhido pelos acadêmicos da prestigiada ABM - para receber a Medalha Villa-Lobos de 2017, concedida a grandes personalidades da música brasileira.[3]
  • Em 2011, Noel Devos foi homenageado pela UFRJ/EM , com a renomeação do Centro de Estudos dos Instrumentos de Sopro Prof. Noël Devos.
  • Conquistou o segundo prêmio do Concurso Internacional de Genebra em 1957.
  • Foi homenageado na Semana Villa-Lobos em 1992 pelos 40 anos dedicados à música brasileira.
  • Recebeu ainda o prêmio de “melhor intérprete” de Villa-Lobos ao executar a Ciranda das Sete Notas com a Orquestra de Câmara da Rádio MEC sob a regência de Mário Tavares.
  • Em 1999, foi homenageado por seus 70 anos de vida no Encerramento do 37º Festival Villa-Lobos, em concerto com a Orquestra Petrobrás Pró Música, dirigida pelo maestro Roberto Duarte.

Filme[editar | editar código-fonte]

  • Filme sobre Devos - a cineasta franco-brasileira Tatiana Devos Gentile, neta do mestre Noel Devos, dirigiu e produziu o curta-metragem Meu Avô, o Fagote, (2010 – 26 min.),[4] que foi apresentado e premiado em diversos festivais do Brasil e da França;

Obras a ele dedicadas[editar | editar código-fonte]

Pessoal[editar | editar código-fonte]

  • Viúvo da Violoncelista Nany Bezerra de Mello, nascida em Natal (Rio Grande do Norte), que tocou por mais de trinta anos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e outras orquestras, tendo sido biografada no livro ''Nany: Suíte Em Cinco Movimentos para uma Violoncelista''[7] de Valdinha de Melo Barbosa.

Referências

  1. «Noel Devos e o valor do fagote». Folha de S.Paulo 
  2. Brasil Clássico (3 de outubro de 2015), Entrevista com Noel Devos, consultado em 4 de março de 2018 
  3. «Noel Devos escolhido para a Medalha Villa-Lobos 2017». ABM - Academia Brasileira de Música. 1 de julho de 2017. Consultado em 3 de março de 2018 
  4. Administrator. «Meu Avô, o Fagote | Escola de Música - UFRJ». www.musica.ufrj.br. Consultado em 3 de março de 2018 
  5. http://www.funarte.gov.br/, Funarte -. «Francisco Mignone – 16 valsas para fagote solo (1982) | Brasil Memória das Artes». www.funarte.gov.br. Consultado em 3 de março de 2018 
  6. Silveira, Cosme (2012). «O MÚSICO E SUA ÓPERA» (PDF). UniRio. Consultado em 4 de março de 2018 
  7. Barbosa, Valdinha de Melo (2000). Nany, Suite Em Cinco Movimentos para uma Violoncelista. Rio de Janeiro: Imprimatur