Porco piau

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Porco piau é uma raça de suídeo surgida na região central do Brasil, que inclui Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Piau vem do tupi que significa "o que tem manchas", devido a raça ser malhada/pintada. É uma raça que tem grande importância econômica e alimentícia para os pequenos produtores rurais.[1][2][3]

História[editar | editar código-fonte]

Desde o descobrimento do Brasil, os portugueses trouxeram diversos porcos de diferentes tipos que foram deixados no país em diferentes regiões, no que tiveram que se adaptar e sobreviver, desenvolvendo-se por séculos, resultando nos animais atuais. Uma das raças de porco que surgiram foi o porco piau. Assim como tipos de cães, bois, cavalos, ovelhas, cabras, galinhas, etc, que foram trazidas pelos portugueses e se adaptaram aos diferentes biomas brasileiros se tornando nativas como o curraleiro pé-duro, cavalo nordestino, ovelha morada nova, cabra marota, etc, e que tiveram um padrão racial reconhecido e tem sido feito um trabalho de preservação e recuperação, caso necessário, o porco piau também foi reconhecido sendo a primeira raça de suíno oficializada como nativa no Brasil, reconhecimento este ocorrido em 1989 com registro no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).[1][4]

Características[editar | editar código-fonte]

A raça possui aptidão mista para banha e carne[5][6] que é considerada de boa qualidade, por ser bem marmorizada pela gordura é considerada do tipo bacon, dando-lhe um melhor sabor. O marmoreio da carne é uma característica muito comum em porcos de origem ibérica, que torna a qualidade da carne destes animais maior que de porcos especializados para produção de carne. Devido a isto, existem estudos no sentido de dar utilidade ao porco piau na produção de defumados de alto valor agregado, como o presunto cru suíno.[7][8]

Por ter a pele pintada, é altamente adaptado ao clima mais quente e ensolarado, sofrendo menos com o calor. É uma raça extremamente rústica[9] e foi levada ao semiárido nordestino onde se adaptou muito bem onde outras raças têm dificuldade de se adaptar, comendo de tudo que a região pode oferecer sem maiores problemas como a palma forrageira, licuri, mangaba, pequi, caju, etc. É uma raça que tem predileção por gramíneas, constituindo até 30% da sua dieta, além disto come frutos, verduras, raízes, folhagens, sobras de comida, etc. Seu crescimento é lento, mas o custo de produção é extremamente baixo.[1][10]

Com a redução da grande controvérsia a respeito do uso de gordura animal ou de gordura vegetal e suas consequências para a saúde humana que dominou a literatura científica nas últimas décadas, com recentes estudos indicando que a banha de porco não é prejudicial como se supunha antigamente com algumas pesquisas apontando que os óleos vegetais têm características que são prejudiciais a saúde, o mercado de banha de porco vem crescendo novamente aos poucos e raças mistas produtoras de carne e banha, como é o caso do porco piau, podem voltar a ser economicamente viáveis e importantes.[11][12][13]

Distribuição do plantel[editar | editar código-fonte]

O plantel se encontra em diversas regiões do Brasil, em especial na região central (centro-oeste e sudeste) e no nordeste.[1][14]

Melhoramentos genéticos[editar | editar código-fonte]

A raça, neste momento, necessita passar por um processo de melhoramento e seleção daqueles animais com as características consideradas mais vantajosas para aprimorar o plantel da raça. Já foi feito um trabalho de melhoramento na raça em 1939 pelo professor A. Teixeira Viana para diminuir a grande variabilidade fenotípica que existia na raça na época, mas o trabalho se perdeu no tempo.[4] Atualmente tem sido feitos estudos neste sentido.[15]

Valor genético[editar | editar código-fonte]

A raça tem despertado bastante interesse pelo fato de ser muito importante para a nutrição e a economia familiar, fornecendo banha, carne e filhotes tanto para o consumo próprio como para o comércio. Por ter se adaptado bem a região nordeste do Brasil também tem sido levada para as regiões mais carentes do semi-árido nordestino sendo distribuídos filhotes para as famílias. Além do que, as características únicas que a mesma proporciona como o marmoreio alto da carne e as suas características genéticas próprias podem fornecer à raça melhoramentos futuros, ou no melhoramento de outras raças ou até na formação de novas raças de porco. Além disto, o efeito da heterose com outras raças pode proporcionar híbridos de alta produção para fins industriais.[1][4]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Outras raças brasileiras de porcos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e caralb2222 (9 de junho de 2011), Porco Piau - Muito o que contar, de estória, e de futuro., consultado em 16 de setembro de 2018 
  2. «Projeto fornece leitões de porco caipira a pequenos produtores de MT». Agro Debate. 13 de setembro de 2014 
  3. Castro, Sandro. «PIAU». PIAU - JJS PAISAGISMO & AGROPECUARIA. Consultado em 16 de setembro de 2018 
  4. a b c Desconhecido, Desconhecido (1 de janeiro de 2018). «Porco piau - dúvidas». SOS Suínos. Consultado em 15 de agosto de 2018 
  5. valdir de sousa (15 de novembro de 2016), AS MELHORES E MAIS IMPORTANTES DICAS PARA CRIAÇÃO DE PORCO CAIPIRA, consultado em 19 de setembro de 2018 
  6. Alves Ferreira, Dirceu (1 de agosto de 2012). «Criação de porcos caipira» (PDF). Emater - MG. Consultado em 30 de setembro de 2018 
  7. «Folha de S.Paulo - Porco caipira - 08/09/2011». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 9 de abril de 2019 
  8. «Porco Piau: Peso, Gigante, Características e Fotos». Mundo Ecologia. Consultado em 3 de junho de 2019 
  9. Alberto, Carlos (19 de maio de 2011). «A VERDADEIRA LINGUIÇA CAIPIRA NOS DIAS DE HOJE: CONHEÇA AS PRINIPAIS RAÇAS DE SUÍNOS.». A VERDADEIRA LINGUIÇA CAIPIRA NOS DIAS DE HOJE. Consultado em 16 de setembro de 2018 
  10. «Ele gosta de comer capim (30% da base de sua alimentação), é adaptado ao calor, e rústico, quase não adoece. Porco Piau, Belíssimo animal!». Ele gosta de comer capim (30% da base de sua alimentação), é adaptado ao calor, e rústico, quase não adoece. Porco Piau, Belíssimo animal!. Consultado em 16 de setembro de 2018 
  11. «Cozinhar com banha de porco é MUITO melhor do que com óleo de girassol ou canola». VIX. 3 de janeiro de 2018. Consultado em 16 de outubro de 2018 
  12. Serra, Giselli (27 de fevereiro de 2018). «Banha de Porco: Benefícios, é Saudável, Tem Colesterol? - Bem Estar». Bem Estar 
  13. «Aliado no combate ao colesterol, óleo vegetal pode trazer prejuízos à saúde - Emais - Estadão». Estadão 
  14. ATZINGEN,, Eduardo von (1 de janeiro de 2014). «Peguntas sobre o porco piau». SOS Suínos. Consultado em 20 de novembro de 2018 
  15. «Experiência com a raça de porcos Piau em Itaberaba, fortalecerá a renda dos agricultores familiares. - Jornal Oparaguaçu Itaberaba». Jornal Oparaguaçu Itaberaba