Príncipe Discos

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Príncipe Discos
Fundação 2011 (2011)
Fundador(es) Nélson Gomes, Pedro Gomes, José Moura, Márcio Matos, Marco Rodrigues, Marco Evaristo
Género(s) música electrónica
País de origem Portugal
Página oficial principediscos.wordpress.com

A Príncipe Discos é uma editora independente de música electrónica, de Lisboa.[1][2] Fundada em 2011, recebeu desde cedo atenção internacional pela sonoridade inovadora dos seus artistas, tendencialmente ancorados em géneros musicais de origem africana, como o kuduro, batida,ou funaná.[2][3][4] Entre os artistas no seu catálogo, estão nomes como DJ Marfox, Nigga Fox, DJ Firmeza, Nídia, entre outros.[2][5][4]

História[editar | editar código-fonte]

A Príncipe foi fundada por um grupo de homens ligados à cena musical lisboeta. Nélson e Pedro Gomes tinha sido programadores culturais da associação Zé dos Bois (ou ZDB) e tinham criado uma outra associação ligada à música, a Filho Único; José Moura e Márcio Matos geriam a loja de discos Flur; e a equipa inical ficou completa com Marco Rodrigues e Marco Evaristo, que formavam a dupla Photonz.[1][6][7] Estes últimos afastaram-se do projecto mais tarde, por terem emigrado, mas o lugar seria ocupado por André Ferreira, da Filho Único.[1]

O registo inaugural da editora, Eu Sei Quem Sou de Marfox, ganhou vida pública quatro anos após o primeiro contacto de Nélson e Gomes com o músico, que surgiu por terem ficado impressionados com uma exibição dele ao vivo.[4] Nessa altura, Marfox já integrava o colectivo DJs di Guetto, juntamente com Pausas, Fofuxo, DJ Nervoso, Jesse e N.K (alguns deles acabariam por publicar na Príncipe mais tarde).[3] O EP de Marfox deu o empurrão à editora, recolhendo elogios e cobertura internacional de meios especializados como o site Resident Advisor.[8] Pouco tempo depois, a editora traria de volta à luz da ribalta o álbum de DJs di Guetto.[3]

Aquando da exposição inicial, Pedro Gomes explicou ao Público que o propósito da editora era trazer à tona a música suburbana da área de Lisboa, dizendo: "O que está mais abandonado nesta terra é a música de subúrbio, do gueto. Música de dança urbana feita em Lisboa. É disso que se trata. É isso que queremos trabalhar: olhar para o que é mais urgente e não tem qualquer veículo para chegar às pessoas."[6] Foi neste último lote que incluiu o EP do duo Photonz, o segundo a ser editado pelo selo.[6][1]

Com a saída dos Marcos, a especialização do catálogo tornou-se evidente: na sua vasta maioria, os artistas que editam e/ou são representados pela Príncipe são afrodescendentes, mas se no início o maior pólo de residência destes artistas era a periferia de Lisboa, com o passar do tempo muitos deles acabaram por emigrar para outros destinos, como França, operando do estrangeiro.[1][9]

Logo em 2012, a editora segurou uma residência mensal no Musicbox, expondo a sua equipa de artistas na noite lisboeta.[10]

O catálogo discográfico da Príncipe foi conquistando espaço na internacional ao longo dos anos.[11] Em 2015, por exemplo, a estreia de Nídia (na altura, Nídia Minaj) foi considerada dos melhores discos do ano para vários meios especializados, casos da NPR e da FACT Magazine.[11][12][13] No entanto, o impacto sentia-se mais no estrangeiro do que em Portugal.[9]

Discos[editar | editar código-fonte]

A edição discográfica da Príncipe é feita primariamente em vinil, com tiragens médias de 300 a 500 cópias por lançamento, e distribuição digital.[1] Cerca de dois terços das vendas físicas são assegurados por distribuição internacional.[1] Em 2016, a editora lançou a primeira compilação: Mambos Levis D’Outro Mundo reunia uma série de música inéditas dos artistas no seu catálogo, sendo o primeiro CD publicado sob o selo.[14]

As capas dos discos da Príncipe são desenhadas à mão por Márcio Matos.[15]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g Nunes, Pedro Belchior (22 de outubro de 2021). «O subcampo da Música Eletrônica de Dança em Portugal: estudo comparativo de três microeditoras independentes». Sociologia & Antropologia: 573–597. ISSN 2236-7527. doi:10.1590/2238-38752021v1129. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  2. a b c Bloom, Madison (30 de julho de 2020). «A Guide to Portugal's Príncipe Discos, One of the Most Exciting Dance Labels on Earth». Pitchfork (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2023 
  3. a b c Guerra, Paula (2022). «Getting into the Batida: book review of DJs do Guetto». CIDADES, Comunidades e Territórios (45). ISSN 2182-3030. doi:10.15847/cct.28300. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  4. a b c Bychawski, Adam (27 de outubro de 2015). «Príncipe Discos: the new club sensation from the Portuguese projects». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  5. «Sete anos de Príncipe Discos | Destaques | Antena 3 | RTP». Antena 3. 2019. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  6. a b c «Príncipe, uma editora com música nobre». PÚBLICO. 6 de janeiro de 2012. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  7. McQuaid, Ian (17 de novembro de 2016). «Príncipe and the New Sound of Lisbon». Bandcamp Daily. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  8. «DJ Marfox - Eu Sei Quem Sou EP · Single Review ⟋ RA». Resident Advisor. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  9. a b Belanciano, Vítor (16 de março de 2018). «Mais amados lá fora do que cá dentro». PÚBLICO. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  10. Belanciano, Vítor (30 de julho de 2013). «A periferia a dar música ao centro da cidade». PÚBLICO. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  11. a b Belanciano, Vítor (21 de dezembro de 2015). «Aclamação internacional da Príncipe Discos». PÚBLICO. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  12. «NPR Music's 10 Favorite Electronic Albums Of 2015». NPR. 10 de dezembro de 2015. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  13. «The 50 Best Albums of 2015». FACT Magazine (em inglês). Consultado em 10 de novembro de 2023 
  14. Team, ReB (21 de julho de 2016). «Príncipe Discos lança primeira compilação». Rimas e Batidas. Consultado em 10 de novembro de 2023 
  15. Belanciano, Vítor (23 de março de 2018). «Márcio Matos: quando a galeria são capas de discos ou o domicílio». PÚBLICO. Consultado em 10 de novembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]