Queimadela (Armamar)

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Portugal Portugal Queimadela 
  Freguesia  
Símbolos
Bandeira de Queimadela
Bandeira
Brasão de armas de Queimadela
Brasão de armas
Gentílico Queimadelense
Localização
Localização no município de Armamar
Localização no município de Armamar
Localização no município de Armamar
Queimadela está localizado em: Portugal Continental
Queimadela
Localização de Queimadela em Portugal
Coordenadas 41° 05' 23" N 7° 44' 44" O
Região Norte
Sub-região Douro
Distrito Viseu
Município Armamar
Código 180110
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 2,48 km²
População total (2021) 208 hab.
Densidade 83,9 hab./km²
Código postal 5110-XXX Queimadela AMM
Outras informações
Orago Nossa Senhora da Piedade
Sítio www.queimadela.com

Queimadela é uma freguesia portuguesa do município de Armamar, com 2,48 km² de área[1] e 208 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 83,9 hab./km².

Queimadela situa-se no extremo poente do município e faz fronteira com o Rio Varosa, tendo no seu local de implantação geográfica, o vale do monte Raso, uma paisagem deslumbrante sobre a cidade de Lamego e Régua, bem como da Serra do Marão no horizonte. A freguesia é conhecida, no concelho, pela sua forte componente cultural e associativa.

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Queimadela[3]
AnoPop.±%
1864 452—    
1878 463+2.4%
1890 516+11.4%
1900 487−5.6%
1911 414−15.0%
1920 407−1.7%
1930 402−1.2%
1940 448+11.4%
1950 513+14.5%
1960 458−10.7%
1970 397−13.3%
1981 393−1.0%
1991 432+9.9%
2001 331−23.4%
2011 248−25.1%
2021 208−16.1%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 60 44 163 64
2011 29 31 128 60
2021 14 18 109 67

História[editar | editar código-fonte]

Falar da história de Queimadela é quase a mesma coisa que falar da história de Queimada e de Figueira, freguesia pertencente ao Município de Lamego. As inquirições de D. Dinis provam que, desde o século XIII Queimadela e Figueira constituíram uma só unidade administrativa (freguesia) do Concelho de Lamego. Em termos paroquiais também se verificou esta união, ou seja, Queimadela estava agregada a São João de Figueira e chegou mesmo a ser filial da Matriz de Britiande. Esta união só terminou em meados do século XVIII.

Outra prova da antiguidade e importância de Queimadela na época medieval surge no Cadastro de 1527, então com 34 moradores, foi honra do aio de D. Afonso Henriques.

Do património existente destaca-se a igreja paroquial (Sra. da Piedade) e a capela de São Lourenço, esta num ponto excelente para apreciar a paisagem envolvente, nomeadamente a Cidade de Lamego e a envolvente ao rio Varosa.

A agricultura é intensiva e caracteriza-se por uma predominância grande do cultivo da maçã (197 hectares num total de 202 de superfície agrícola existente). Antigamente, os declives acentuados para o rio Varosa eram também muito aproveitados para as culturas da vinha, azeite, cereais e batata.

De referir que antigamente Queimadela foi lugar de grande produção de telha (mourisca e de canudo). A antiguidade desta arte em Queimadela remonta ao período medieval, comprovada por fornos entretanto soterrados. Nessa época a atividade era mais vasta, alargando-se à produção dos mais variados utensílios domésticos e objetos decorativos. Com a introdução da prática da cobertura das casas pela telha de cerâmica é que a atividade se centrou na produção destas.

Das artes e ofícios há que referir um que, felizmente, ainda prevalece: a tanoaria. Dois irmãos mantêm a tradição desta arte, que herdaram do pai: um dedica-se mais à produção de miniaturas de madeira (pipos, canecas, bonecos, carros de bois, etc.); o outro centra a sua actividade na produção da tanoaria e vasilhame propriamente ditos, a partir da madeira de castanho, matéria prima da região.

Uma das mais antigas referências documentais à localidade reporta-se aos inícios da segunda metade do século XII (reinado de D. Afonso Henriques), ou seja, aos primórdios da Nacionalidade, e que situava Queimadela "sob o Monte Raso, no território lamecense e por onde escorriam as águas em direcção ao Barosa" (sic). Isto é, uma localidade sobranceira ao rio Varosa.

As Inquirições de D. Afonso III e as Inquirições de D. Dinis fazem alusão à honra de Queimadela (terra honrada) que terá pertencido ao famoso Aio do nosso primeiro rei, tendo passado para um dos seus filhos. Também a viúva de Egas Moniz, a célebre e piedosa dama Teresa Afonso herdou aqui bens de seu marido, deixando-os em testamento ao primitivo mosteiro de Santa Maria de Salzedas de que fora fundadora e devota, e à própria diocese (Sé) de Lamego.

As mesmas Inquirições confirmam que Queimadela pertencia à freguesia e paróquia vizinha de Figueira, ambas as localidades na "terra" lamecense e ainda, quer uma quer outra, na parte cível, sujeitas às justiças (juiz) de Lamego a que pertencia o "julgado" de Figueira.

Extinto o julgado (segunda metade do século catorze) Queimadela (e Figueira) passou a integrar o termo da cidade de Lamego. Nos inícios do século dezasseis o lugar de Queimadela ainda era lugar da freguesia e paróquia de S. João de Figueira, e só acabaria por alcançar a sua independência paroquial no século dezoito mas, mesmo assim, a apresentação (nomeação) anual do cura (pároco) de Queimadela pertencia ao abade da igreja de Figueira. Isto é, Queimadela passou a curato da abadia de Figueira.

A igreja de Queimadela havia de ser edificada por volta de 1748, altura em que se erigiu em paróquia própria. (M. Gonçalves da Costa refere 1746 e A. de Almeida Fernandes, 1748, fundamentando-se nas "Memórias Paroquiais" de 1758). Antes da igreja, Queimadela dispunha, pelo menos, de um local de culto: a ermida de S. Lourenço.

Economia e Artesanato[editar | editar código-fonte]

A economia desta laboriosa freguesia tem ainda por base a agricultura familiar, de minifúndio, tendo sobretudo no vinho a sua maior fonte de receita. Todavia, a população activa mais nova tem demandado outros países da Europa em busca de melhores condições de vida e de salários que lhe garanta uma velhice com menos sobressaltos. Esse fenómeno está bem patente nas habitações (e suas tipologias), pois possuir uma casa condigna é um dos maiores sonhos dos que se despedem da terra temporariamente, regressando no Verão para descansar e visitar os familiares, e também pelo Natal em que se juntam ao calor da família e da lareira da consoada. As artes tradicionais (como em toda a parte) desapareceram, restando a tanoaria que constitui uma referência ao trabalho manual que outrora deu emprego a chefes de família com talento para bem trabalhar a madeira (de castanho) para os mais diversos fins. A arte do barro, outra indústria com velhas tradições na localidade, constituiu, no século dezanove, um dos maiores expoentes da actividade artesanal de Queimadela. Terra de forneiros, de barristas e de fornos, a freguesia produzia ou "fabricava" os célebres e graciosos bonecos desta matéria-prima abundante nas redondezas, e recolhida das entranhas do vizinho Monte Raso. Os bonequeiros de Queimadela, ao que se infere, eram hábeis imaginários na arte da bonecaria, muito apreciada pela criançada, e vendida nas feiras e romarias do concelho e da região (Senhora dos Remédios, Lamego). Não temos informação segura, mas é bem provável que os artistas de Queimadela também produzissem vasilhas de barro para líquidos. O que se sabe, isso sim, é que no declínio da arte propriamente dita do barro, os barristas voltaram-se para a produção de telha de canudo, satisfazendo a procura num tempo em que as modestas coberturas de colmo das casas iam sendo substituídas pela telha. Os fornos de Queimadela forneciam telha para diversas localidades mais próximas, dentro e fora do concelho. Mais, os forneiros deslocavam-se temporariamente para fora de Queimadela, e aí construíam os fornos em que laboravam para diversos clientes de mais longe, uma vez que o transporte da telha, em carros de bois e por maus acessos, não garantia a integridade da mercadoria até o seu destino. Nos inícios do século vinte ainda existiam em Queimadela meia dúzia de fornos a laborar, estruturas rudimentares e primitivas, que se abriam nos declives de terrenos para evitar estruturas em altura e desamparadas, melhores condições de armazenamento do calor e melhor facilidade de acesso à boca dos fornos. Os fornos eram aquecidos (esbraseados) a lenha, carqueja (que servia ao mesmo tempo de acendalha e de combustível) e tojo bravo. Queimadela andaria bem se levantasse um monumento ao forneiro e restaurasse uma ruína de um desses fornos, em homenagem aos barristas bonequeiros, homens e mulheres de Queimadela que, durante várias gerações, se dedicaram, quase exclusivamente, à arte bíblica do barro, ainda recordada pelos mais velhos na localidade e fora dela.

Património[editar | editar código-fonte]

  • Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade

Iniciou a construção no ano de 1748. Localiza-se no centro da freguesia.

  • Capelas:

- Capela de São Lourenço, situa-se no ponto mais alto da zona urbana da freguesia, na encosta do Monte Raso. - Capela de Santo António, situa-se na encosta do rio Varosa na estrada rural que liga a Figueira. - Capela de Nossa Senhora do Carmo, localiza-se no interior do cemitério da freguesia.

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 5 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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