T Coronae Borealis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
T Coronae Borealis
T Coronae Borealis
Localização de T Coronae Borealis (circulado em vermelho)
Dados observacionais (J2000)
Constelação Corona Borealis
Asc. reta 15h 59m 30.1622s[1]
Declinação +25° 55′ 12.613″[1]
Magnitude aparente 2,0-10,8[2]
Características
Tipo espectral M3III+p[3]
Variabilidade Nova recorrente[2]
Astrometria
Velocidade radial -27,79 km/s[4]
Mov. próprio (AR) −4,220 mas/ano[5]
Mov. próprio (DEC) 12,364 mas/ano[5]
Paralaxe 1,2127 ± 0,0488 mas
Distância
806 +34/-30 pc
Detalhes
Gigante vermelha
Massa 1,12[6] M
Raio 75[7] R
Gravidade superficial (log g) 2,0[8]
Luminosidade 655[9] L
Temperatura 3600[8] K
Anã branca
Massa 1,37[6] M
Luminosidade ~100[7] L
Outras denominações
BD+26°2765, HD 143454, SAO 84129, HIP 78322
 Nota: Não confundir com Tau Coronae Borealis.

T Coronae Borealis (T CrB), é uma nova recorrente na constelação Corona Borealis.[10] Foi descoberta pela primeira vez em um episódio de erupção em 1866 por John Birmingham, [11] embora já tivesse sido observada como uma estrela de magnitude 10.[12] Pode ter sido observada em 1217 e também em 1787.[13][14]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A curva de luz de T Coronae Borealis durante o período em torno de sua erupção de 1946, plotado a partir de dados da AAVSO.

T CrB normalmente tem uma magnitude de cerca de 10, que está perto do limite dos binóculos típicos. Explosões foram vistas duas vezes, atingindo magnitude 2,0 em 12 de maio de 1866 e magnitude 3,0 em 9 de fevereiro de 1946,[15] embora um artigo mais recente mostre a explosão de 1866 com um possível pico de magnitude 2,5. ± 0,5.[16] Mesmo quando atinge uma magnitude máxima de 2,5, esta nova recorrente é mais fraca do que cerca de 120 estrelas no céu noturno.[17] Às vezes ela é apelidada de Estrela Framejante. [18]

T CrB é um sistema binário que contém uma componente grande e fria e uma componente menor e quente. A componente fria é uma estrela gigante vermelha que transfere material para a sua companheira. Essa estrela menor é uma anã branca rodeada por um disco de acreção, escondida dentro de uma densa nuvem de material da gigante vermelha. Quando o sistema está quiescente, a gigante vermelha domina a emissão de luz visível e o sistema aparece como uma estrela gigante do tipo M3. A anã branca, por sua vez, domina a emissão no espectro ultravioleta. Durante as explosões, a transferência de material para a anã branca aumenta muito e, por consequência, ela expande e a luminosidade do sistema aumenta.[6][7][19][20]

Curva de luz AAVSO da nova recorrente T CrB de 1 de janeiro de 2008 a 17 de novembro de 2010, mostrando as pulsações da gigante vermelha primária. Os números dos dias são mostrados em dias julianos.

Os dois componentes do sistema orbitam um ao redor do outro a cada 228 dias. A órbita é quase circular e está inclinada em um ângulo de 67°. As estrelas estão separadas por uma distância de 0.54 UA.[6]

Atividade entre 2016 – presente[editar | editar código-fonte]

Em 20 de abril de 2016, o site Sky & Telescope relatou um aumento de brilho contínuo entre fevereiro de 2015, quando a magnitude estava em 10,5, chegando até a aproximadamente 9,2. Um evento semelhante foi relatado em 1938, seguido por outra explosão em 1946.[21] Em junho de 2018, a estrela tinha diminuído seu brilho ligeiramente, mas ainda permanecia num nível de atividade invulgarmente elevado. Em março ou abril de 2023, diminuiu para magnitude 12,3.[22] Um escurecimento semelhante ocorreu no ano anterior à explosão de 1946, indicando que provavelmente entrará em erupção entre abril e setembro de 2024.[23]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Gaia Collaboration; et al. (Novembro de 2016). «Gaia Data Release 1. Summary of the astrometric, photometric, and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 595. 23 páginas. Bibcode:2016A&A...595A...2G. arXiv:1609.04172Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201629512. A2 
  2. a b Samus, N. N.; Durlevich, O. V.; et al. (2009). «VizieR Online Data Catalog: General Catalogue of Variable Stars (Samus+ 2007-2013)». VizieR On-line Data Catalog: B/GCVS. Originally Published in: 2009yCat....102025S. 1. Bibcode:2009yCat....102025S 
  3. Shenavrin, V. I.; Taranova, O. G.; Nadzhip, A. E. (2011). «Search for and study of hot circumstellar dust envelopes». Astronomy Reports. 55 (1): 31–81. Bibcode:2011ARep...55...31S. doi:10.1134/S1063772911010070 
  4. Pourbaix, D.; Tokovinin, A. A.; Batten, A. H.; Fekel, F. C.; Hartkopf, W. I.; Levato, H.; Morrell, N. I.; Torres, G.; Udry, S. (2004). «SB9: The ninth catalogue of spectroscopic binary orbits». Astronomy and Astrophysics. 424 (2): 727–732. Bibcode:2004A&A...424..727P. arXiv:astro-ph/0406573Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361:20041213 
  5. a b Gaia Collaboration; Brown, A. G. A.; Vallenari, A.; Prusti, T.; de Bruijne, J. H. J.; et al. (2018). «Gaia Data Release 2. Summary of the contents and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 616: A1, 22 pp. Bibcode:2018A&A...616A...1G. arXiv:1804.09365Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201833051  Catálogo Vizier
  6. a b c d Linford, Justin D.; Chomiuk, Laura; Sokoloski, Jennifer L.; Weston, Jennifer H. S.; Van Der Horst, Alexander J.; Mukai, Koji; Barrett, Paul; Mioduszewski, Amy J.; Rupen, Michael (2019). «T CRB: Radio Observations during the 2016-2017 "Super-active" State». The Astrophysical Journal. 884 (1). 8 páginas. Bibcode:2019ApJ...884....8L. arXiv:1909.13858Acessível livremente. doi:10.3847/1538-4357/ab3c62Acessível livremente 
  7. a b c Stanishev, V.; Zamanov, R.; Tomov, N.; Marziani, P. (2004). «Hα variability of the recurrent nova T Coronae Borealis». Astronomy and Astrophysics. 415 (2): 609–616. Bibcode:2004A&A...415..609S. arXiv:astro-ph/0311309Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361:20034623 
  8. a b Wallerstein, George; Harrison, Tanya; Munari, Ulisse; Vanture, Andrew (2008). «The Metallicity and Lithium Abundances of the Recurring Novae T CrB and RS Oph». Publications of the Astronomical Society of the Pacific. 120 (867). 492 páginas. Bibcode:2008PASP..120..492W. doi:10.1086/587965Acessível livremente 
  9. Schaefer, Bradley E. (2009). «Orbital Periods for Three Recurrent Novae». The Astrophysical Journal. 697 (1): 721–729. Bibcode:2009ApJ...697..721S. arXiv:0903.1349Acessível livremente. doi:10.1088/0004-637X/697/1/721 
  10. Andrews, Robin George (8 de março de 2024). «The Night Sky Will Soon Get 'a New Star.' Here's How to See It. - A nova named T Coronae Borealis lit up the night about 80 years ago, and astronomers say it's expected to put on another show in the coming months.». The New York Times. Consultado em 9 de março de 2024. Arquivado do original em 8 de março 2024 
  11. Pettit, Edison (1946). «The Light-Curves of T Coronae Borealis». Publications of the Astronomical Society of the Pacific. 58 (341). 153 páginas. Bibcode:1946PASP...58..153P. doi:10.1086/125797Acessível livremente 
  12. Barnard, E. E. (1907). «Nova T Coronae of 1866». Astrophysical Journal. 25. 279 páginas. Bibcode:1907ApJ....25..279B. doi:10.1086/141446 
  13. «The recurrent nova T CrB had prior eruptions observed near December 1787 and October 1217 AD». Journal for the History of Astronomy. Consultado em 21 de março de 2024 
  14. «Evidence of mysterious 'recurring nova' that could reappear in 2024 found in medieval manuscript from 1217». Live Science. Consultado em 21 de março de 2024 
  15. Sanford, Roscoe F. (1949). «High-Dispersion Spectrograms of T Coronae Borealis.». Astrophysical Journal. 109. 81 páginas. Bibcode:1949ApJ...109...81S. doi:10.1086/145106Acessível livremente 
  16. Schaefer, Bradley E. (2010). «Comprehensive Photometric Histories of All Known Galactic Recurrent Novae». The Astrophysical Journal Supplement Series. 187 (2): 275–373. Bibcode:2010ApJS..187..275S. arXiv:0912.4426Acessível livremente. doi:10.1088/0067-0049/187/2/275 
  17. «Vmag<2.5». SIMBAD Astronomical Database. Consultado em 25 de junho de 2010 
  18. A Digital Spectral Classification Atlas, R. O. Gray, 34.
  19. Iłkiewicz, Krystian; Mikołajewska, Joanna; Stoyanov, Kiril; Manousakis, Antonios; Miszalski, Brent (2016). «Active phases and flickering of a symbiotic recurrent nova T CrB». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 462 (3). 2695 páginas. Bibcode:2016MNRAS.462.2695I. arXiv:1607.06804Acessível livremente. doi:10.1093/mnras/stw1837 
  20. Luna, GJM; Mukai, K.; Sokoloski, J. L.; Nelson, T.; Kuin, P.; Segreto, A.; Cusumano, G.; Jaque Arancibia, M.; Nuñez, N. E. (2018). «Dramatic change in the boundary layer in the symbiotic recurrent nova T Coronae Borealis». Astronomy and Astrophysics. 619 (1). 61 páginas. Bibcode:2018A&A...619A..61L. arXiv:1807.01304Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201833747 
  21. «Is T CrB About to Blow its Top?». Sky & Telescope website. 20 de abril de 2016. Consultado em 6 de agosto de 2017 
  22. Schaefer, B.E.; Kloppenborg, B.; Waagen, E.O. «Announcing T CrB pre-eruption dip». AAVSO. American Association of Variable Star Observers. Consultado em 18 de janeiro de 2024 
  23. Todd, Ian. «T Coronae Borealis nova event guide and how to prepare». Sky at Night Magazine. BBC. Consultado em 18 de março de 2024 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]