Cineteatro Capitólio

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Cineteatro Capitólio
Teatro Raul Solnado
Cineteatro Capitólio
O teatro em 2017
Nomes anteriores Cineteatro Capitólio
Nomes alternativos Cineteatro Capitólio • Teatro Capitólio
Tipo
Estilo dominante
Arquiteto Luís Cristino da Silva
Inauguração 1931
Proprietário atual Câmara Municipal de Lisboa
Função atual teatro
Património Nacional
Classificação Logotipo Imóvel de Interesse Público
Ano 1983
DGPC 74171
SIPA 3129
Geografia
País Portugal
Cidade Lisboa
Localização Travessa do Salitre, Parque Mayer
Freguesia Santo António
Coordenadas 38° 43' 7.9" N 9° 8' 47.9" O
Mapa
Localização do edifício em mapa dinâmico

O Cineteatro Capitólio, chamado oficialmente Cineteatro Capitólio – Teatro Raul Solnado, é um cine-teatro situado no Parque Mayer, em Lisboa, Portugal.[1]

Inaugurado em 1931, segundo um projecto do arquitecto Luís Cristino da Silva, tornou-se numa das suas obras mais significativas, marcando o período do "Primeiro Modernismo" em Portugal. Depois de profundas obras de reabilitação, da autoria do arquitecto Alberto de Souza Oliveira, reabriu em novembro de 2016 com 400 lugares sentados e, quando a plateia é recolhida, pode receber cerca de 1 500 espectadores em pé.[2]

Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1983.[1] Recebeu o Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura de 2016.

História[editar | editar código-fonte]

Inaugurado oficialmente em 10 de julho de 1931, o Cineteatro Capitólio foi projectado em 1929, pelo arquitecto Luís Cristino da Silva, num contexto de transição e mudança, em que se operava na arquitectura portuguesa a intenção de ruptura com o que era até então praticado no país. Distinguindo-se pelas suas fachadas modestas e a assimilação de elementos do movimento art déco simplificados por uma estética purista e racionalista, o edifício referenciava os modelos de vanguarda internacional do movimento moderno, introduzindo-se ainda uma série de inovações técnicas que o distinguiram das demais construções e o referenciaram como um manifesto sem precedente em Portugal.[3]

Apresentando-se como um inovador teatro, music-hall e cinema, possuindo um grande salão de espectáculos interior, com palco e camarins anexos, e uma sala de cinema situada sobre o terraço superior e ao ar livre, o edifício era caracterizado por ser um espaço polivalente, tornando-se rapidamente num dos mais concorridos e conhecidos palcos de Lisboa durante várias décadas.[3] Marcado por ter sido o local de vários concertos, peças de teatro, combates de luta livre e boxe, espectáculos de patinagem e sessões de cinema, como "A Severa" e "A Canção de Lisboa" ou ainda a estreia nacional de "Alvorada" (Sunrise: A Song of Two Humans) de F. W. Murnau, entre outros eventos culturais, até a companhia de Amélia Rey Colaço, quando o Teatro Nacional D. Maria II ardeu, actuou nos seus palcos. Anos mais tarde, continuou a inovar apresentando obras de teatro de revista, onde actuaram Raul Solnado e Carlos Coelho, assim como introduziram algumas reposições de clássicos do cinema europeu ou ainda a estreia de grandes produções americanas ou de cinema de autor, como "Stromboli, terra di Dio" de Rossellini, com Ingrid Bergman, e "O Grande Assalto" (The Big Steal), de Don Siegel, com Robert Mitchum.[2]

Após a Revolução de 25 de Abril, o Cineteatro Capitólio voltou às manchetes tendo, durante várias semanas, apresentado, com cinco ou seis sessões diárias, quase sempre esgotadas, o mítico filme pornográfico “Garganta Funda”, realizado por Gerard Damiano e estrelado por Linda Lovelace, marcando a recepção dos lisboetas à liberdade e num novo rumo de programação da sua sala. “A Senhora Sabe da Poda?”, “China Girl”, “O Diabo em Miss Jones” e “No Cetim, Já Experimentou?” foram alguns dos muitos filmes eróticos e pornográficos de que, a partir de então, o Capitólio passou a ser casa.

No princípio da década de 1980, o rinque de patinagem no último piso foi utilizado como discoteca onde se podia patinar ao som de música, chamava-se então "Roller Magic". A meio dos anos 1990 fechou.

Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 24 de Janeiro de 1983.

Em 12 de Dezembro de 2007 a Câmara Municipal de Lisboa aprovou a reabilitação do teatro e a recuperação do projecto original, bastante adulterado por obras posteriores para o tornar num espaço para várias artes de palco, dança, teatro e música.

A requalificação do teatro custou entre 8,5 e 10 milhões de euros, provenientes das contrapartidas financeiras a entregues pelo Casino Lisboa.

A requalificação foi da responsabilidade do arquitecto Alberto Souza Oliveira. A Câmara de Lisboa aprovou a 2 de Setembro de 2009, por unanimidade a atribuição do nome do actor Raul Solnado ao cineteatro.

A reconstrução foi iniciada no primeiro trimestre de 2012 e ficou concluída em novembro de 2016[4].

Em agosto de 2017, a promotora aveirense Sons em Trânsito foi a vencedora do concurso de exploração do Cineteatro Capitólio por 5 anos, e quer que a programação da renovada sala de espetáculos se baseie em três vetores: música, humor e cinema.[5]

Projeto[editar | editar código-fonte]

Localizado intencionalmente no coração do Parque Mayer, eleva-se pela simetria da sua composição formal, com a torre de vidro altaneira no grande corpo prismático e pela sua complexidade espacial e volumétrica, aparentemente simplificada pelos planos transparentes presentes nos grandes envidraçados.Trata-se de um edifício paralelepipédico, constituído por extensas vigas que permitem o suporte da cobertura. [6]

O Capitólio tem uma área de implantação de 1200 m2 de planta retangular com 42m por 28m. No piso subterrâneo encontra-se uma cave com tratamento do pavimento em terra batida e as paredes em alvenaria de pedra com argamassas de muito baixa consistência. A restante estrutura vertical do Capitólio é em alvenaria de blocos de betão, pontualmente travadas por montantes verticais em betão armado.

O edifício apresenta uma planta retangular, desenvolvendo-se longitudinalmente, salientam-se dois corpos adoçados de menores dimensões, igualmente paralelepipédicos que permitiam o acesso dos diferentes pisos. As fachadas eram definidas por um jogo austero de linhas verticais e horizontais que, com as seguentes alterações, foram-se descaracterizando. Estas transformações feitas pelo mesmo arquiteto com intervenções em 1933 e 1935, levaram à cobertura do terraço por uma estrutura de perfis metálicos e revestimento em chapa metálica , à adição de um balcão superior, camarotes laterais e o entaipamento dos grandes portais em vidro que anteriormente permitiam a ligação do edifício ao exterior. [7]

O Cineteatro Capitólio foi calculada rigorosamente pelo engenheiro José Bélard da Fonseca que apresentou todos os cálculos de estabilidade, desenhos de pormenor e inclusivamente a descrição da composição deste novo material, artificial e moderno, pouco desenvolvido na altura, o betão armado.[8]

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Referências

  1. a b Ficha na base de dados SIPA
  2. a b «O Capitólio renasce, ainda sem saber como será o amanhã» 
  3. a b Batista, Joana (2012). Arquitetura Dinâmica, Capitólio, Um Paradigma Experimental. Lisboa: Temas e Debates. p. 14 
  4. «Cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, reabre em novembro». 25 de outubro de 2016. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  5. «Empresa que vai gerir o Cineteatro Capitólio quer "uma sala aberta à comunidade"» 
  6. Batista, Joana (2012). Arquitetura Dinâmica, Capitólio, Um Paradigma Experimental. Lisboa: Temas e Debates. p. 18 
  7. Batista, Joana (2012). Arquitetura Dinâmica, Capitólio, Um Paradigma Experimental. Lisboa: Temas e Debates. p. 18 
  8. Batista, Joana (2012). Arquitetura Dinâmica, Capitólio, Um Paradigma Experimental (Lisboa: Temas e Debates), p. 14
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