Usuário(a):André Ribeiro Cardoso/Bugula neritina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bugula neritina
Classificação científicaEdit this classification
Reino: Animalia
Filo: Bryozoa
Classe: Gymnolaemata
Ordem: Cheilostomatida
Família: Bugulidae
Gênero: Bugula
Espécie:
B. neritina
Nome binomial
Bugula neritina
Sinônimos[2]

Sertularia neritina Linnaeus, 1758 (basiônimo)

Bugula neritina[editar | editar código-fonte]

Bugula neritina (comumente conhecido como briozoário marrom ou bugula comum) é um complexo de espécies crípticas de animais marinhos sésseis do gênero Bugula . [2] É uma espécie invasora com distribuição cosmopolita. [1] Sendo frequentemente encontrada em substratos duros, como rochas, conchas, pilares e cascos de navios, onde pode formar tapetes densos, contribuindo para a bioincrustação. [3] [4]

O genoma completo da Bugula neritina foi recentemente sequenciado. [5] Isso aumenta o número crescente de genomas na lista total de genomas animais sequenciados.

Bugula neritina também é de interesse na ciência dos materiais, onde é usada como organismo modelo em estudos de bioincrustação. [4]

Briostatinas[editar | editar código-fonte]

Image showing the chemical structure of Bryostatin 1ACS
Estrutura química da Briostatina 1ACS

Bugula neritina é interessante do ponto de vista da descoberta de medicamentos porque seu simbionte bacteriano, Candidatus Endobugula sertula, [6] produz as briostatinas, um grupo de cerca de vinte produtos naturais bioativos. As briostatinas estão sob investigação por seu potencial terapêutico direcionado à imunoterapia do câncer, [7] [8] tratamento da doença de Alzheimer [8] [9] e erradicação do HIV/AIDS, [10] devido à sua baixa toxicidade e atividade antineoplásica. [11]

Apesar disso, há um desafio na utilização das briostatinas em tratamentos médicos, visto que ela é encontrada apenas em pequenas quantidades no organismo, inviabilizando a replicação do processo. [12] Além disso, a relação simbiótica de B. neritina e a bactéria Candidatus Endobugula sertula ainda não foi suficientemente pesquisada, trazendo dificuldades para a biossintética no estudo sobre o cultivo desta bactéria. [12]

Classificação e características gerais[editar | editar código-fonte]

Lophophores of Bugula neritina
Lofóforos da Bugula neritina

A espécie Bugula neritina está inserida no clado Lophophorata devido à presença de um lofóforo, estrutura alimentar que é a sinapomorfia característica do grupo. Filo Bryozoa, classe Gymnolaemata e ordem Cheilostomatida, pois a parede externa é calcificada. Pertencem à família Bugulidae e ao gênero Bugula. [2]

B. neritina forma colônias incrustantes de coloração marrom-arroxeada, [3] alimenta-se de partículas em suspensão por ser um animal séssil. Além disso, seus zoóides (indivíduos que compõem a colônia) são brancos, com canto externo pontiagudo e se diferencia das demais espécies do gênero por não apresentar os seguintes zoóides: aviculária e espinhos. [13]

Em seu ciclo de vida, um zoóide é originado por reprodução sexuada e desenvolve a colônia por brotamento, a fixação é feita o ano todo, com exceção do período do meio do inverno, pela larva lecitotrófica. É válido ressaltar que B. neritina é hermafrodita. [3]

Distribuição e hábitos de vida[editar | editar código-fonte]

A espécie Bugula neritina, um dos primeiros briozoários a ser descoberto e considerado como espécie-tipo do gênero Bugula, [14] são animais coloniais e marinhos, com ampla distribuição geográfica. Na verdade, são considerados um complexo de três espécies crípticas, morfologicamente iguais, mas com algumas diferenças genéticas, sendo o haplótipo S1 o mais distribuído. [15]

São praticamente cosmopolitas e, em muitas regiões, invasoras, uma vez que podem ser encontradas em quase todo o globo, com exceção dos polos norte e polo sul, subártico e subantártico, [16] estando comumente presentes nas regiões costeiras do Pacífico Norte. e Atlântico Norte; na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Havaí, Mar Mediterrâneo e até no Brasil. [17] Esses animais têm preferência por águas rasas e mornas, entre 10-30ºC, [18] sendo encontrados em áreas portuárias e em cascos de navios, [16] o que facilitou sua dispersão e introdução em novas regiões. [17] B. neritina forma colônias bioincrustantes de aproximadamente 10 centímetros de altura, [16] preferindo substratos orgânicos e rígidos. [3] As colônias tendem a viver mais de um ano, e seus zoóides são hermafroditas, com dispersão dos gametas em diferentes épocas da vida, evitando a autofecundação. [17]

O aspecto invasor desta espécie decorre, além da dispersão das colônias em cascos de navios, pelo fato de possuírem alta tolerância a ambientes tóxicos, inclusive poluição por cobre, [19] [3] o que confere uma vantagem competitiva para a B. neritina em ambientes poluídos.

Referências

  1. a b "Bugula neritina (brown bryozoan)". CABI (organisation). 3 May 2013. Retrieved 14 March 2015.
  2. a b c Gordon, D. (2015).
  3. a b c d e Mackie, Josh (7 de janeiro de 2022). «Bugula neritina (brown bryozoan)». CABI Compendium (em inglês). CABI Compendium. ISSN 2958-3969. doi:10.1079/cabicompendium.109209  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome ":0" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  4. a b Yua X, Yana Y, Gua JD (2007). «Attachment of the biofouling bryozoan Bugula neritina larvae affected by inorganic and organic chemical cues». Int Biodeterior Biodegradation. 60 (2): 81–89. doi:10.1016/j.ibiod.2006.12.003  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "XYJ-D2007" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  5. Rayko M, Komissarov A, Lim-Fong G, Rhodes AC, Kwan JC, Kliver S, Chesnokova P, O'Brien SJ, Lopez JV (September 2020). «Draft genome of Bryozoan Bugula neritina – a colonial animal packing powerful symbionts and potential medicines». Scientific Data. 7 (1). 356 páginas. PMC 7576161Acessível livremente. PMID 33082320. doi:10.1038/s41597-020-00684-yAcessível livremente  Verifique data em: |data= (ajuda)
  6. Li, Hai; Mishra, Mrinal; Ding, Shaoxiong; Miyamoto, Michael M. (23 de agosto de 2018). «Diversity and Dynamics of "Candidatus Endobugula" and Other Symbiotic Bacteria in Chinese Populations of the Bryozoan, Bugula neritina». Microbial Ecology. 77 (1): 243–256. ISSN 0095-3628. PMID 30141128. doi:10.1007/s00248-018-1233-x 
  7. Singh R, Sharma M, Joshi P, Rawat DS (2008). «Clinical status of anti-cancer agents derived from marine sources». Anticancer Agents Med Chem. 8 (6): 603–617. PMID 18690825. doi:10.2174/187152008785133074 
  8. a b Ruan BF, Zhu HL (2012). «The chemistry and biology of the bryostatins: potential PKC inhibitors in clinical development». Curr Med Chem. 19 (16): 2652–64. PMID 22506770. doi:10.2174/092986712800493020 
  9. «Bryostatin – Phase II clinical testing of a non-toxic PKC activator». Blanchette Rockefeller Neurosciences Institute (West Virginia University). Consultado em 14 March 2015  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  10. Wender, P. A.; Kee, J.-M.; Warrington, J. M. (2 de maio de 2008). «Practical Synthesis of Prostratin, DPP, and Their Analogs, Adjuvant Leads Against Latent HIV». Science. 320 (5876): 649–652. Bibcode:2008Sci...320..649W. ISSN 0036-8075. PMC 2704988Acessível livremente. PMID 18451298. doi:10.1126/science.1154690 
  11. Figuerola, Blanca; Avila, Conxita (4 de junho de 2019). «The Understudied Phylum Bryozoa as a Promising Source of Anticancer Drugs». doi:10.20944/preprints201906.0029.v1Acessível livremente 
  12. a b Trindade-Silva, Amaro E; Lim-Fong, Grace E; Sharp, Koty H; Haygood, Margo G (1 de dezembro de 2010). «Bryostatins: biological context and biotechnological prospects». Current Opinion in Biotechnology. Chemical biotechnology – Pharmaceutical biotechnology (em inglês). 21 (6): 834–842. ISSN 0958-1669. doi:10.1016/j.copbio.2010.09.018 
  13. «Os Animais de Nossas Praias». osanimaisdenossaspraias.ufba.br. Consultado em 8 de julho de 2023 
  14. http://www.mcz.harvard.edu/Publications/pubs/Bulletin_2008_1593_2449.pdf
  15. Mackie, Joshua A.; Keough, Michael J.; Christidis, Les (1 de maio de 2006). «Invasion patterns inferred from cytochrome oxidase I sequences in three bryozoans, Bugula neritina, Watersipora subtorquata, and Watersipora arcuata». Marine Biology (em inglês). 149 (2): 285–295. ISSN 1432-1793. doi:10.1007/s00227-005-0196-x 
  16. a b c Mawatari, S. F. (1992). «Atlas of marine-fouling Bryozoa of New-Zealand ports and harbours». Miscellaneous Publication New Zealand Oceanographic Institute (em inglês) 
  17. a b c «Bugula neritina | The Exotics Guide». www.exoticsguide.org. Consultado em 9 de julho de 2023 
  18. «Bugula neritina (Linnaeus, 1758) - Ocean Biodiversity Information System». obis.org. Consultado em 9 de julho de 2023 
  19. Piola, Richard F.; Johnston, Emma L. (13 de abril de 2006). «Differential resistance to extended copper exposure in four introduced bryozoans». Marine Ecology Progress Series (em inglês). 311: 103–114. ISSN 0171-8630. doi:10.3354/meps311103