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A fundação do Museu da Inconfidência e o projeto de Identidade Nacional na Era Vargas (1930-1945)

João Nepomuceno Correia e Castro (atribuição): Imaculada Conceição, século XVIII.

O Museu da Inconfidência teve sua formulação inicial na decisão de Getúlio Vargas, em 1936, de resgatar os despojos dos heróis da Inconfidência Mineira então sepultados na África, para onde tinham sido degredados. Esta decisão se inseriu em um movimento maior de recuperação da memória do período colonial brasileiro e de seus monumentos, sendo que nesta mesma época foi criado o órgão nacional de defesa do patrimônio histórico e artístico brasileiro, o IPHAN. [1][2]

Esse contexto histórico pode ser compreendido como construção do que conhecemos no século XXI por identidade nacional brasileira. Recuperar o passado brasileiro foi entendido pelo Estado Novo, como um mecanismo de introjetar na sociedade uma memória coletiva e senso de pertencimento de uma mesma origem histórica. Onde uma vasta população poderia se reconhecer em costumes, raças, língua e memórias singulares.

Foi incumbido da missão de descobrir o local do sepultamento e repatriar os restos mortais dos conjuradores Augusto de Lima Júnior, que antes do fim do mesmo ano de 1936 desembarcava no Rio de Janeiro com o resultado de suas buscas. As urnas foram depositadas no Arquivo Histórico Nacional, onde permaneceram por um bom tempo à espera de um local definitivo. Este surgiu na antiga Casa da Câmara e Cadeia da cidade, quando foi construída uma penitenciária em Belo Horizonte, para onde o cárcere municipal foi transferido, desocupando o prédio histórico.

Getúlio Vargas e sua comitiva então se deslocaram a Ouro Preto para fazer a entrega oficial das relíquias dos heróis à sua cidade de origem, mas como o edifício precisava de uma restauração e adaptação, elas foram provisoriamente deixadas, entre grandes solenidades, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a dita Matriz de Antônio Dias, onde permaneceram por quatro anos.[1]

Terminada a reforma na Casa da Câmara, que incluiu a supressão de acréscimos espúrios e a recuperação do aspecto original do edifício já bastante desfigurado, o Panteão foi inaugurado com o traslado dos restos mortais do grupo em 21 de abril de 1942, na comemoração do 150º aniversário da decretação da sentença condenatória dos inconfidentes. Também foi instalado numa sala contígua o túmulo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a célebre Marília, musa de Tomás Antônio Gonzaga, e o cenotáfio de Bárbara Heliodora da Silveira, esposa e incentivadora de Alvarenga Peixoto. Entretanto o museu propriamente dito só foi inaugurado em 11 de agosto de 1944, no bicentenário de Tomás Antônio Gonzaga, e sua organização foi saudada na época como avançada para o tipo de museologia praticada no Brasil de então.[1]

[MARCELO ABREU: Relacionar às políticas anteriores: os dois museus históricos precedentes, MHN e MIpiranga estão relacionados à construção republicana da Independência; no caso da Era Vargas, relacionar o MdINC ao Museu Imperial (1940)] [Myram Sepulveda]

[REVISÃO 06/12: CRIAR SUB-SEÇÃO DO ESTADO NOVO AO FINAL]

[A criação de órgãos especializados e instituições públicas, como o Iphan, Museu da Inconfidência e Museu Imperial, foi uma iniciativa do Estado Novo de concentrar e recuperar o passado brasileiro. Esse processo histórico é caracterizado por uma articulação entre poder político e produções de intelectuais nacionais. Onde esses produtores de saberes científicos, artísticos, sociais, históricos e outros, teriam a responsabilidade de traduzir em suas obras a nacionalidade brasileira. Ou seja, cabia a esses especialistas fazer o estudo do passado brasileiro, com intuito de encontrar elos culturais e sociais entre passado e presente da nação. Iniciativas de articulações entre o poder político e intelectuais é uma marca forte do órgão DIP e a segunda geração do movimento modernista .[3][4]

Nesse processo de projetar no passado uma singularidade histórica e nacional, é bastante recorrente o uso de acontecimentos históricos, como a Inconfidência Mineira, para mobilizar o sentimento popular. Exemplo disso é utilização no Governo Vargas da figura de Tiradentes como um dos representantes históricos do povo brasileiro. O Estado Novo utiliza-se da narrativa de que os inconfidentes lutaram para defender a liberdade dos habitantes da colônia, perante as exigências econômicas de Portugal. Supostamente guiados por um sentimento de fraternidade e nacionalidade. Um povo extorquido e desprotegido, que tiveram de se unir em prol de sua própria proteção. Em outras palavras, a narrativa Estado-novista tentou convencer a população brasileira, através de museus e patrimônios, como o Museu da Inconfidência e a Praça Tiradentes, da existência de uma identidade nacional antes até da independência do Brasil, motivada por um senso de soberania popular.]

[ REVISÃO 06/12: Rever a escrita dos dois parágrafos em termos de conteúdo e escrita]

  • [ Roteiro - Isadora e Arielly

1 - Dois parágrafos contextualizando a estruturação do Estado Novo enquanto projeção do Brasil e sua nação. (regime de historicidades)

2 - Um paragrafo fazendo a ponte entre as políticas do DIP e outros órgãos do Governo Vargas e a criação dos museus

3 - Um parágrafo descriminando as relações epistemológicas entre MHN, MIpiranda e MUNDIC (Compreensão em cadeias e não como fato isolado)

  1. a b c O Museu da Inconfidência. Série Museus Brasileiros. São Paulo: Banco Safra, 1995
  2. Cedro, Marcelo (2013). «Cultura, identidade nacional e práticas museológicas na contemporaneidade: propostas do Museu da Inconfidência em Ouro Preto». Plural - Revista de Ciências Sociais. 20 (2): 37–60. ISSN 2176-8099. doi:10.11606/issn.2176-8099.pcso.2013.76356 
  3. GOMES, Angela de Castro (1996). História e Historiadores. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. pp. 125–156. ISBN 978-85-225-1337-6 
  4. FIGUEIREDO; VIDAL., Betânia Gonçalves; Daiana Gonçalves. (2023). «Cultura, ciência e política: Olhares sobre a história da criação dos museus no Brasil». Museus dos gabinetes de curiosidades à museologia moderna. Belo Horizonte: Fino Traço. pp. 145–157. ISBN 978-85-8054-113-7