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Dandara dos Palmares[editar | editar código-fonte]

 Nota: Este artigo é sobre a guerreira. Para a atriz brasileira, veja Dandara Guerra.
Dandara dos Palmares
Nascimento c.1654
Morte 6 de fevereiro de 1694 (40 anos)
Capitania de Pernambuco, Estado do Brasil, Império Português
Causa da morte Suicídio
Cônjuge Zumbi dos Palmares
Filho(a)(s)
  • Motumbo
  • Harmódio
  • Aristogíton
Ocupação Guerreira
Serviço militar
Conflitos Guerra dos Palmares

Dandara dos Palmares (Brasil ou África, c.1654Capitania de Pernambuco, 6 de fevereiro de 1694) foi uma guerreira negra do período colonial do Brasil no Quilombo de Palmares. Zumbi dos Palmares foi seu marido e com ele teve três filhos: Aristogíton, Harmódio e Motumbo.[1] Não há registros da origem de Dandara. Sua ascendência e local de nascimento são incógnitas, mas acredita-se que tenha nascido no Brasil e se estabelecido em Palmares ainda nova. Sua figura é envolta em grande mistério, pois quase não existem dados sobre sua vida e sua trajetória. Após ser presa, cometeu suicídio se jogando de uma pedreira ao abismo para não retornar à condição de escrava.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Descrita como uma heroína,[3] Dandara dominava técnicas da capoeira e lutou ao lado de homens e mulheres nas muitas batalhas consequentes a ataques a Palmares, estabelecido no século XVII na Serra da Barriga, situada na então Capitania de Pernambuco, na região do estado de Alagoas, cujo acesso era dificultado pela geografia e também pela vegetação densa.[4]

Não se sabe se Dandara nasceu no Brasil ou no continente africano, mas teria se juntado ainda menina ao grupo de pessoas negras que desafiaram o sistema colonial escravista por quase um século. Dandara participava também da elaboração das estratégias de resistência do quilombo.[4]

Além de lutar, participava de atividades cotidianas em Palmares, como a caça e a agricultura. No quilombo era praticada a policultura de alimentos como milho, mandioca, feijão, batata-doce, cana-de-açúcar e banana.[4]

Os ataques externos ao Quilombo dos Palmares teriam se tornado frequentes a partir de 1630, com a invasão holandesa. Segundo a narrativa em torno de Dandara, ela teria tido um importante papel no rompimento do marido com seu antecessor, Ganga-Zumba, primeiro grande chefe do Quilombo e tio de Zumbi. Em 1670, Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune e tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.[5] Em 1678, Ganga-Zumba assinou um tratado de paz com o governo de Pernambuco. O documento previa que as autoridades libertassem palmarinos que haviam sido feitos prisioneiros em um dos confrontos, a liberdade dos nascidos em Palmares, e a permissão para que as pessoas do quilombo pudessem realizar comércio na região. Em troca, a partir dali, os habitantes do quilombo deveriam entregar escravos fugitivos que ali buscassem abrigo. Dandara, ao lado de Zumbi, teria sido contrária ao pacto com o governo por entender que se tratava de um acordo que não previa o fim da escravidão. Ganga-Zumba acabou sendo morto por um dos palmarinos contrários à sua proposta.[4]

Família[editar | editar código-fonte]

Árvore genealógica de Dandara, baseada nas informações do site da TV Brasil,[6] em Reginaldo de Souza Santos[7] e em Décio Freitas[8]:

Rei do Congo
Aqualtune
Ganga Zumba
Ganga Zona
Sabina
Zumbi dos Palmares
Dandara
Motumbo
Harmódio
Aristogíton

Homenagens[editar | editar código-fonte]

  • 2023 - Samba-enredo Dandara: O preço da liberdade, da Acadêmicos do Jardim Bangu, homenageou Dandara.[9]
  • 2020 - No livro Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis, 2ª edição (2020), a escritora Jarid Arraes, dedica um dos cordéis e uma biografia resumida no final do verbete a Dandara dos Palmares,[10] de quem já havia escrito uma biografia em livro.
  • 2019 - O grupo Samba de Dandara grava, entre outubro e novembro de 2019, sob direção musical de Samuel Silva e produção musical de Laís Oliveira, o álbum Samba de Dandara exaltando a força ancestral feminina, em especial a da mulher afro-brasileira, tendo como inspiração Dandara dos Palmares.[11]
  • 2019 - Samba-enredo História pra ninar gente grande, da Mangueira homenageou Marielle e Dandara dos Palmares.[12]
  • 2019 - Samba-enredo Valente Guerreira Dandara Dos Palmares, a Verdadeira Princesa Brasileira, da SBC Realeza.
  • 2018 - Foi lançado um jogo de plataforma e metroivania 2D, intitulado Dandara, em homenagem à guerreira, desenvolvido pelo estúdio brasileiro Long Hat House e publicado pela Raw Fury.
  • 2017 - O livro As lendas de Dandara, 3ª edição (2022),[13] de Jarid Arraes, reúne dez contos e ilustrações que desenvolvem a trajetória de Dandara com elementos de fantasia.[14] É uma narrativa em cordel de resgate da memória e da história de uma mulher negra que foi líder e guerreira que lutou ao lado de Zumbi dos Palmares, para defender os negros e o Quilombo.[15]
  • 2016 - O Maracatu Nação Fortaleza pretende homenagear, em seu cortejo no carnaval de rua, a guerreira Dandara dos Palmares.[16]
  • 1984 - A atriz Zezé Motta interpreta Dandara no filme Quilombo, de Cacá Diegues.[17]

Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria[editar | editar código-fonte]

A Lei n.º 13.816, de 24 de abril de 2019, inscreveu o nome de Dandara dos Palmares no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.[18][19]

Referências

  1. SANTOS, Reginaldo (23 de novembro de 2009). «Damas negras.». Portal Geledés. Consultado em 3 de abril de 2023 
  2. «Dandara dos Palmares». SBMFC. Consultado em 3 de abril de 2023 
  3. BRASIL. Lei n.º 13.816/09. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13816.htm. Acesso em 25 de abril de 2019.
  4. a b c d Tinoco, Dandara (15 de novembro de 2014). «Descrita como heroína, Dandara, mulher de Zumbi, tem biografia cercada de incertezas». O Globo. Consultado em 8 de março de 2023. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2021 
  5. «Zumbi dos Palmares | SINA - Sindicato Nacional dos Aeroportuários». Consultado em 3 de abril de 2023 
  6. Aqualtune Arquivado em 1 de abril de 2010, no Wayback Machine., Semana da Consciência Negra
  7. Damas Negras, por Reginaldo de Souza Santos.
  8. Décio Freitas, Palmares - A Guerra dos Escravos, Edições Graal, 1982.
  9. REDAÇÃO, RSzd (8 de julho de 2022). «Dandara: O preço da liberdade; conheça mais um enredo 2023 no Rio». Consultado em 3 de abril de 2023 
  10. «Heroínas negras brasileiras - Jarid Arraes - Grupo Companhia das Letras». www.companhiadasletras.com.br. Consultado em 3 de abril de 2023 
  11. FERREIRA, Mauro (4 de maio de 2021). «Grupo Samba de Dandara se eleva em álbum altivo e ativista que exalta a força ancestral da mulher». Jornal O Globo. Consultado em 3 de abril de 2023 
  12. RBA, Redação (12 de novembro de 2018). «Samba-enredo da Mangueira homenageia Marielle e Dandara». Rede Brasil Atual. Consultado em 3 de abril de 2023 
  13. AS LENDAS DE DANDARA - 3ªED.(2022) - Jarid Arraes - Livro. [S.l.: s.n.] 
  14. Valkirias (20 de novembro de 2016). «Consciência negra e representatividade: As Lendas de Dandara». Valkirias. Consultado em 3 de abril de 2023 
  15. ROCHA, Karla (19 de outubro de 2019). «A LITERATURA E A REPRESENTAÇÃO FEMININA EM DANDARA, A HEROÍNA NEGRA DE PALMARES». Universidade Federal de Juiz de Fora. Ipotesi. 23 (1): 43. Consultado em 3 de abril de 2023 
  16. «Maracatu Nação Fortaleza, Carnaval de rua 2016». www.nacaofortaleza.com. Consultado em 3 de abril de 2023 
  17. «Zezé Motta: uma mulher que abriu caminhos». Nexo Jornal. Consultado em 3 de abril de 2023 
  18. «Portal da Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 3 de abril de 2023 
  19. Plenarinho, por Turma do (20 de novembro de 2019). «Dandara dos Palmares». O Legislativo para crianças - Câmara dos Deputados. Consultado em 3 de abril de 2023 

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