Usuário:Chronus/Pixinguinha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

foi um compositor, arranjador, flautista e saxofonista brasileiro nascido no Rio de Janeiro . Pixinguinha compôs música popular, principalmente dentro do gênero musical conhecido como choro

Ao integrar a música dos antigos compositores de choro do século XIX com harmonias contemporâneas semelhantes às do jazz, de ritmos afro-brasileiros e de arranjos sofisticados, ele apresentou o choro a um novo público e ajudou a popularizá-lo como um gênero exclusivamente brasileiro. 

Pixinguinha também foi um dos primeiros músicos e compositores brasileiros a tirar proveito da tecnologia de transmissão de rádio e gravação em estúdio. Ele compôs dezenas de choros, incluindo algumas das obras mais conhecidas do gênero, como "Carinhoso", "Glória", "Lamento" e "Um a Zero". 

Início da vida e início da carreira[editar | editar código-fonte]

Pixinguinha era filho do músico Alfredo da Rocha Viana, um flautista que mantinha uma grande coleção de partituras de choro mais antigas e organizava frequentes reuniões musicais em sua casa. Pixinguinha aprendeu a tocar flauta em casa, mas logo se tornou aluno de Irineu de Almeida, sendo que compôs sua primeira peça aos 14 anos de idade e fez a sua primeira gravação aos 16 anos. Em 1912 começou a se apresentar em cabarés no bairro carioca da Lapa. Tornou-se então flautista da orquestra da casa do cinema Cine Rio Branco, visto que os filmes mudos da época eram muitas vezes acompanhados de música ao vivo. Em 1914, juntou-se aos amigos João Pernambuco e Donga para formar o grupo Caxangá, que ganhou bastante atenção antes de ser dissolvido em 1919.[1]

Os Oito Batutas[editar | editar código-fonte]

Pixinguinha quando jovem
Pixinguinha tocando saxofone

Cinco anos depois, em 1919, Pixinguinha, juntamente com seu irmão China, Donga, João Pernambuco e outros músicos proeminentes, formou o grupo musical Os Oito Batutas.[2][3] A formação instrumental era a princípio bastante tradicional, dominada por uma seção rítmica de cordas dedilhadas: Pixinguinha na flauta, além de violões, cavaquinho, banjo e percussão manual. Apresentados no saguão do cinema Cine Palais, Os Oito Batutas logo se tornaram uma atração mais popular do que os próprios filmes.[4][5] Seu repertório era diversificado, abrangendo música folclórica do nordeste do Brasil, sambas, maxixes, valsas, polcas e "tangos brasileiros" (o termo choro ainda não estava estabelecido como gênero). O grupo apelou especialmente para os desejos nacionalistas dos brasileiros de classe alta que ansiavam por uma tradição musical exclusivamente brasileira, livre de influências estrangeiras. Os Oito Batutas se tornaram uma sensação em todo o Brasil, embora tenham gerado polêmica. Certos membros da elite branca do Rio de Janeiro não gostavam de homens negros se apresentando em casas de espetáculos, por exemplo.[6]

Depois de se apresentarem em um espetáculo do casal Duque e Gabi no cabaré Assírio, eles foram descobertos pelo abastado Arnaldo Guinle que patrocinou sua primeira turnê européia em 1921.[7] Em Paris atuaram como embaixadores da música brasileira, apresentando-se durante seis meses no cabaré Schéhérazade. A turnê foi um sucesso total e Pixinguinha recebeu muitos elogios de muitos artistas musicais parisienses ilustres, incluindo Harold de Bozzi.[8] Ao retornar ao Brasil, fizeram uma turnê para Buenos Aires onde fizeram gravações para a RCA Victor. É nestas gravações que se ouve o som maduro de Os Oito Batutas.

Orquestra Victor Brasileira[editar | editar código-fonte]

 

 

No final da década de 1920, Pixinguinha foi contratado pela RCA Victor para reger a Orquestra Victor Brasileira e, durante sua gestão, aprimorou suas habilidades como arranjador.[9] Era comum para os músicos de choro da época improvisar suas partes com base em uma partitura simples para piano, mas a crescente demanda por música de rádio de grandes conjuntos exigia partituras escritas para todos os instrumentos e Pixinguinha era um dos poucos compositores com essa habilidade na época. Foi nesta função que criou algumas das suas composições mais famosas, que foram popularizadas por cantores conhecidos no período, como Francisco Alves e Mário Reis.[10]

Regional de Benedito Lacerda[editar | editar código-fonte]

Em 1939 foi sucedido pelo conhecido compositor Radamés Gnattali, e Pixinguinha deixou a Victor para integrar a banda do flautista Benedito Lacerda,[11] onde assumiu o saxofone tenor como instrumento principal e continuou a compor músicas para o grupo.

A banda de Lacerda era um regional, nome dado a bandas internas contratadas por emissoras de rádio para executar músicas e acompanhar cantores, muitas vezes ao vivo para uma platéia de estúdio. Ao longo da década de 1930e 1940 as regionais proporcionaram emprego estável aos melhores músicos de choro da época e levaram à profissionalização da indústria fonográfica brasileira. Foi com a Regional de Benedito Lacerda que Pixinguinha iniciou outro período fértil de composições e gravações. Devido a problemas econômicos como os regionais caíram em desuso no final dos anos 1940, Pixinguinha teve que vender os direitos de suas composições para Benedito Lacerda, que por isso aparece como co-compositor de muitas das músicas de Pixinguinha, mesmo aquelas compostas enquanto Lacerda era um garoto. Nas gravações com Lacerda, Pixinguinha toca partes secundárias no saxofone, enquanto Lacerda toca flauta em músicas que Pixinguinha escreveu originalmente naquele instrumento.[12]

Aposentadoria e morte[editar | editar código-fonte]

Em meados da década de 1950, a mudança de gostos e a popularidade emergente do samba e do jazz estadunidense no Brasil levaram ao declínio do choro regional, à medida que outros gêneros se tornaram dominantes no rádio. Pixinguinha passou seu tempo aposentado, aparecendo em público apenas em raras ocasiões (como nos programas de TV "Noite de Choro" produzidos por Jacob do Bandolim em 1955 e 1956).[13]

Pixinguinha morreu em 1973 na Igreja de Nossa Senhora da Paz em Ipanema enquanto participava de um batismo.[14] Foi sepultado no cemitério de Inhaúma. O dia, que se acreditava ser seu aniversário, 23 de abril, é hoje comemorado como o Dia Nacional do Choro no Brasil. A data foi instituída oficialmente em 2000, após uma campanha do bandolim Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello. Em novembro de 2016, porém, descobriu-se que a verdadeira data de nascimento de Pixinguinha era 4 de maio, e não 23 de abril. Apesar disso, o Dia Nacional do Choro no Brasil permaneceu inalterado.

Em 2013, seu aniversário de 117 anos foi homenageado com um Google Doodle.[15]

Pixinguinha é retratado no filme biográfico Pixinguinha, Um Homem Carinhoso, de 2021. Ele foi interpretado pelo ator brasileiro Seu Jorge.[16]


[[Categoria:Compositores do século XX]] [[Categoria:Saxofonistas do Brasil]] [[Categoria:Mortos em 1973]] [[Categoria:Nascidos em 1897]] [[Categoria:Músicos de choro]] [[Categoria:Brasileiros de ascendência africana]] [[Categoria:Compositores do Brasil]]

  1. Crook, Larry (March 24, 2009). Focus: music of northeast Brazil. [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 978-0-415-96066-3. Consultado em June 6, 2011  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  2. Schreiner, Claus (1993). Música brasileira: a history of popular music and the people of Brazil. [S.l.]: Marion Boyars. ISBN 978-0-7145-2946-2. Consultado em June 6, 2011  Verifique o valor de |url-access=registration (ajuda); Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  3. McGowan, Chris; Pessanha, Ricardo (December 28, 2008). The Brazilian sound: samba, bossa nova, and the popular music of Brazil. [S.l.]: Temple University Press. ISBN 978-1-59213-928-6. Consultado em June 6, 2011  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  4. Palmer, Colin A. (2006). Encyclopedia of African-American culture and history: the Black experience in the Americas. [S.l.]: Macmillan Reference USA. ISBN 978-0-02-865821-6. Consultado em June 6, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. Vianna, Hermano; Chasteen, John Charles (1999). Mistério do samba. [S.l.]: University of North Carolina Press. ISBN 978-0-8078-4766-4. Consultado em June 6, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. Crook, Larry (2009). Music of Northeast Brazil: Focus. [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 978-0-203-88652-6. Consultado em June 6, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  7. Livingston-Isenhour, Tamara Elena; Garcia, Thomas George Caracas (July 2005). Choro: a social history of a Brazilian popular music. [S.l.]: Indiana University Press. ISBN 978-0-253-21752-3. Consultado em June 7, 2011  Verifique o valor de |url-access=registration (ajuda); Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  8. Rangel, Lúcio (2007). Samba jazz & outras notas: organização, apresentação e notas Sérgio Augusto. [S.l.]: Agir Editora. ISBN 978-85-220-0763-9. Consultado em June 7, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  9. Crook, Larry (September 2005). Brazilian music: northeastern traditions and the heartbeat of a modern nation. [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 978-1-57607-287-5. Consultado em June 7, 2011  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  10. Crook, Larry (March 24, 2009). Focus: music of northeast Brazil. [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 978-0-415-96066-3. Consultado em June 7, 2011  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  11. Cabral, Sérgio (1978). Pixinguinha: vida e obra. [S.l.]: Edição Funarte. Consultado em June 7, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  12. Tamara Elena Livingston-Isenhour, Thomas George Caracas Garcia. 2005. Choro: A Social History Of A Brazilian Popular Music. Indiana University Press, July 30, 2005 p. 98
  13. McCann, Bryan (January 2004). Hello, hello Brazil: popular music in the making of modern Brazil. [S.l.]: Duke University Press. ISBN 978-0-8223-3273-2. Consultado em June 7, 2011  Verifique o valor de |url-access=registration (ajuda); Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  14. Pavan, Alexandre (2006). Timoneiro: perfil biográfico de Hermínio Bello de Carvalho. [S.l.]: Casa da Palavra. ISBN 978-85-7734-033-0. Consultado em June 7, 2011  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  15. «Pixinguinha's 117th Birthday (born 1897)». www.google.com (em inglês). April 23, 2014. Consultado em 13 de abril de 2023  Verifique data em: |data= (ajuda)
  16. «Pixinguinha, Um Homem Carinhoso at Globo Filmes». Globo Filmes. 11 November 2021. Consultado em 24 de abril de 2022  Verifique data em: |data= (ajuda)