Kuroneko

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Yabu no Naka no Kuroneko
藪の中の黒猫
O Gato Preto do Túmulo (PRT)
O Gato Preto (BRA)
 Japão
1968 •  p&b •  99 min 
Género terror
Direção Kaneto Shindo
Produção Nichiei Shinsha
Roteiro Kaneto Shindo
Música Hikaru Hayashi
Cinematografia Kiyomi Kuroda
Edição Hisao Enoki
Companhia(s) produtora(s) Nichiei Shinsha
Kindai Eiga Kyōkai
Distribuição Toho
Lançamento 24 de fevereiro de 1968 (Japão)
Idioma japonês

Yabu no Naka no Kuroneko (藪の中の黒猫?) (bra: O Gato Preto[1]; prt: O Gato Preto do Túmulo[2]) é um filme japonês do género terror, realizado e escrito por Kaneto Shindo, com base na adaptação de um folclore sobrenatural, e protagonizado por Kichiemon Nakamura, Nobuko Otowa e Kiwako Taichi. O filme foi rodado em preto e branco e no formato TohoScope.

Estreou-se no Japão a 24 de fevereiro de 1968, sob a distribuição da Toho. O filme entrou na competição do Festival de Cannes de 1968, porém a edição foi cancelada devido aos eventos de Maio de 1968, na França.[3][4]

Enredo[editar | editar código-fonte]

Ambientado numa guerra civil no Japão feudal, o filme conta a história dos espíritos vingativos (onryōs) de uma mulher e sua nora, que morreram nas mãos de um bando de samurais.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Temas[editar | editar código-fonte]

Uma representação da técnica chūnori (a flutuar), utilizada no teatro cabúqui.

Yūsuke Suzumura da Universidade Hosei relatou que o título do filme faz referência de forma proposital à história Yabu no Naka (conhecida no Brasil como Dentro de um Bosque) de Ryūnosuke Akutagawa, bem como à adaptação cinematográfica Rashômon (conhecida nos países lusófonos como Às Portas do Inferno) de Akira Kurosawa.[5] Embora o título japonês literalmente signifique "um gato preto num bambuzal", a frase em japonês yabu no naka também é usada idiomaticamente para referir-se a um mistério difícil de desvendar. Suzumura também identificou as lendas de Minamoto no Raikō como influências no filme: já que o próprio Raikō aparece no filme, é provável que o nome do protagonista do filme, Gintoki (銀時? "época da prata") refere-se ao nome do lendário seguidor de Raikō Kintoki (金時? "época do ouro").[5]

No ensaio sobre Kuroneko, o crítico de cinema Maitland McDonagh destacou os papéis em que os gatos desempenham no folclore japonês, particularmente o bakeneko, um yōkai (ou entidade sobrenatural) que tem a habilidade de assumir a forma de uma vítima humana, e muitas vezes come a vítima no processo.[4] Kuroneko é um dos vários filmes japoneses de terror com temática relacionada a um gato monstro (kaibyō eiga ou bake neko mono), um subgénero derivado principalmente do repertório do teatro cabúqui.

Outros elementos teatrais observados no filme são a implementação de projetores,[6] o uso da fumaça para criar uma atmosfera fantasmagórica, que é característica do teatro cabúqui,[6] os movimentos de dança do espírito da mãe, baseados em danças do teatro Noh,[6] e a semelhança dos movimentos de saltar e voar dos espíritos para a técnica chūnori, um truque visual usado no teatro cabúqui onde os atores saltam pelo ar através do uso de fios.[6] Ademais, o ator principal Kichiemon Nakamura era um intérprete de cabúqui, e Hideo Kanze, que interpretou Mikado, era especialista no teatro Noh.[6]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Tom Milne da revista britânica The Monthly Film Bulletin considerou o filme "muito menos extravagante do que a versão anterior de Shindo sobre horrores fantasmagóricos com Onibaba", e que era "mais uma peça de humor".[7] A crítica concluiu que o filme "tem uma história suficientemente engenhosa que permaneceu agradável durante toda a parte, e esporadicamente descobre momentos de invenção genuinamente bizarros".[7]

Manohla Dargis do jornal estado-unidense The New York Times descreveu o filme em 2010 como "uma história de fantasmas que é mais assustadora do que enervante, e muitas vezes assustadoramente adorável".[8] No ano seguinte, Maitland McDonagh chamou o filme de "sombriamente sedutor" e "elegante, gracioso de arrepiar os cabelos e pronto para ocupar o seu lugar, ao lado dos outros marcos da história do terror japonês".[4]

No sítio de agregador de críticas Rotten Tomatoes, o filme tem um índice de aprovação de 95%, com base em vinte e duas críticas, e uma média de 8.1/10.[9]

No Japão, o filme venceu dois prémios na competição cinematográfica do jornal Mainichi Shimbun. Nobuko Otowa venceu o prémio de melhor atriz por Kuroneko, e Tsuyomushi onna to yowamushi otoko, e Kiyomi Kuroda venceu o prémio de melhor cinematografia, também por ambos os filmes.[10]

Referências

  1. O Gato Preto no AdoroCinema
  2. «O Gato Preto do Túmulo». Cinemateca Portuguesa. Consultado em 2 de fevereiro de 2022 
  3. «Yabu no Naka no Kuroneko» (em francês). Festival de Cannes. Consultado em 2 de fevereiro de 2022 
  4. a b c McDonagh, Maitland (17 de outubro de 2011). «Kuroneko: The Mark of the Cat» (em inglês). The Criterion Collection 
  5. a b Suzumura, Yūsuke. «Eiga no naka no Nihon». Nihon-Ishiki no Hensen: Kodai kara Kinsei e (em japonês). Universidade Hosei. Consultado em 2 de fevereiro de 2022. Arquivado do original em 10 de junho de 2015 
  6. a b c d e Curran, Beverley; Sato-Rossberg, Nana; Tanabe, Kikuko (2015). Multiple Translation Communities in Contemporary Japan (em inglês). Londres: Routledge. ISBN 978-1-138-83170-4 
  7. a b Milne, Tom (abril de 1969). «Yabu no Naka no Kueroneko (Kuroneko)». British Film Institute. The Monthly Film Bulletin (em inglês). 36 (423): 78–79 
  8. Dargis, Manohla (21 de outubro de 2010). «Tragic Love Tale of Spirits and Samurai». The New York Times (em inglês) 
  9. «Kuroneko (1968)» (em inglês). Rotten Tomatoes. Consultado em 2 de fevereiro de 2022 
  10. Galbraith IV, Stuart (2008). The Toho Studios Story: A History and Complete Filmography (em inglês). Lanham: Scarecrow Press. ISBN 978-1461673743 
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