António Duarte
| António Duarte | |
|---|---|
| Nascimento | |
| Morte | 2 de março de 1998 (86 anos) |
| Nacionalidade | portuguesa |
| Área | Escultura |
Retrato do poeta António de Navarro, 1930, barro cozido
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António Navarro (ou Retrato de Poeta), c. 1942, mármore, altura 34 cm
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António Duarte da Silva Santos (Caldas da Rainha, 31 de janeiro de 1912 – Lisboa, 2 de março de 1998) foi um escultor, pertencente à segunda geração de artistas modernistas portugueses. Realizou uma "obra considerável de estatuário, mas também de retratista", afirmando-se como um dos escultores de maior relevo da sua geração.[1][2][3]
Biografia
[editar | editar código]Era filho de Joaquim da Silva Santos, natural de Lisboa, e da proprietária Raquel do Rosário Santos, natural de Roliça, então uma freguesia do concelho de Óbidos (atualmente do concelho do Bombarral).[4]
Fez o curso de escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde mais tarde seria professor (jubilado em 1984).
A sua obra – em que a pedra foi material de eleição –, afirma-se a partir da década de 1930, contribuindo para definir o sentido estético dessa fase da escultura nacional. "António Duarte é, na sua geração, o melhor retratista em escultura, renovando a obra notável de Francisco Franco dos anos 20"[5]. Datam do período inicial os bustos de Teixeira de Pascoaes e António de Navarro, que expôs na Exposição dos Independentes, SNBA, 1930; no segundo, hoje desaparecido, interpreta geometricamente os volumes, numa abordagem a que haveria regressar muitos anos mais tarde[6]. Voltaria a retratar Navarro em 1942, "numa cabeça de mármore esculpida com excelente sentido tátil que é, no seu género, uma das melhores obras de escultura nacional".[7]
A 23 de outubro de 1938, casou civilmente em Lisboa com Regina Bensaúde Branco (São José, Lisboa, 27 de fevereiro de 1910 – Ramada, Odivelas, 20 de maio de 1999), doméstica, tia de Jorge Sampaio, filha do oficial da Marinha Fernando Augusto Branco e de Sarah Bensaúde Branco, doméstica, natural de Ponta Delgada.[4][8]
Em 1951, enquanto ilustrador, passou a colaborar nos fascículos de cultura Acto[9], onde António Quadros e Orlando Vitorino eram directores e tinham sido os fundadores[10].
Nas décadas de 1950-60 a sua obra evolui; esculpe nus de "formas estilizadas com notável pureza", onde assume uma ou outra "definição abstrata", adiantando-se assim aos seus contemporâneos, "num desejo mais formal do que estético" [11] (veja-se, por exemplo, a estátua no jardim do edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian).
Na sua vasta obra no domínio da estatuária, espalhada por Portugal continental e ultramarino, podem destacar-se, por exemplo: Grupos de Cavalos Marinhos (Praça do Império, Belém, Lisboa, 1940); Virgem dos Pastores (Serra da Estrela); e ainda os monumentos a Camilo Castelo Branco (Lisboa, 1949), Diogo Cão (Luanda, 1948), D. Sancho I (1955), D. Pedro I (Cascais, 1965), S. António (Praça de Alvalade, Lisboa, 1972), etc.[12][13]
Em 1955-56 colaborou com o arquiteto Filipe Nobre de Figueiredo no concurso para o monumento ao Infante D. Henrique em Sagres.
Participou em inúmeras exposições, podendo destacar-se: Salão dos Independentes (1930); Exposição Internacional de Paris, 1935; Exposição do Mundo Português, 1940 (Grupos de Cavalos Marinhos, Praça do Império); Exposições de Arte Moderna do S.P.N./S.N.I. (desde 1940); Bienal de S. Paulo, Brasil, 1951 e 1953; I, II e III Exposições de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1957, 1961 e 1986; Bienal de Veneza, 1954; Art Portugais, Bruxelas, Paris, Madrid, 1967-1968; etc.[2]
Recebeu os seguintes prémios: Prémio Mestre Manuel Pereira, S.P.N./S.N.I. (1942); Prémio Soares dos Reis, S.P.N./S.N.I. (1944, 1953); Prémio Domingos Sequeira, S.P.N./S.N.I. (1952); Medalha de Honra, Exposição Internacional de Bruxelas (1958). Foi ainda premiado com o 1º Prémio de escultura na I e II Exposições de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1957, 1961).[2][14]
Após doação da coleção de arte do Mestre escultor à sua cidade natal, em 1985 foi inaugurado nas Caldas da Raínha o Atelier-Museu António Duarte.[15]
Está representado em coleções públicas e privadas, nomeadamente: Museu do Chiado, Lisboa; Museu José Malhoa, Caldas da Rainha; Museu Grão Vasco, Viseu; Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto [16]; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; etc.
Foi agraciado com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada – grau de Oficial a 4 de março de 1941 e grau de Comendador a 16 de outubro de 1987.[17][18]
Morreu em Lisboa, a 2 de março de 1998, e encontra-se sepultado no Cemitério do Alto de São João, no jazigo de família onde também foi sepultado Jorge Sampaio, em 2021.[19]
Galeria de imagens
[editar | editar código]Grupos de Cavalos Marinhos, 1940; Praça do Império, Lisboa
[editar | editar código]Camilo Castelo Branco, 1949; Lisboa
[editar | editar código]D. Afonso III, 1959; Faro
[editar | editar código]Lei, c. 1960; Palácio de Justiça, Guimarães
[editar | editar código]Nu Feminino, 1960, granito; jardim da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
[editar | editar código]D. Pedro I, c. 1964, bronze; Cascais
[editar | editar código]Santo António, 1972, bronze; Praça de Alvalade, Lisboa
[editar | editar código]Referências
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Bertrand Editora, 1991, p. 260, 275.
- ↑ a b c A.A.V.V. – III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986
- ↑ Brochura on-line do escultor António Duarte.
- ↑ a b «Livro de registo de casamentos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (1938-10-02 - 1938-12-31)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 641 e 641v, assento 641
- ↑ A.A.V.V. – Os Anos Quartenta na Arte Portuguesa (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 126
- ↑ Duarte, António – "Breves considerações em 1980 sobre «Independentes» de 1930". In: Belas Artes – Revista e Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes, 3ª série, nº 2, Lisboa, 1980, p. 79.
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Bertrand Editora, 1991, p. 275
- ↑ «Regina Bensaúde Branco Silva Santos». https://pt.findagrave.com/. Consultado em 20 de julho de 2025
- ↑ António Quadros. Biografia, Fundação António Quadros
- ↑ Orlando Vitorino (1922 – 2003), A Guarda em Letras
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 275, 276
- ↑ A.A.V.V – II Exposição de Artes Plásticas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1961.
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 276
- ↑ Catálogo da Exposição dos Prémios do SNI: literatura, artes plásticas, música, teatro, cinema. Lisboa: Secretariado Nacional de Informação, 1966
- ↑ «Câmara Municipal de Caldas da Raínha, Atelier-Museu António Duarte». Consultado em 21 de abril de 2013. Arquivado do original em 22 de março de 2014
- ↑ A.A.V.V. – Exposição dos Artistas Premiados pelo SNI. Lisboa: Secretariado Nacional de Informação, 1949
- ↑ A.A.V.V. – Art Portugais: Peinture et Sculpture du Naturalisme à nos Jours. Lisbonne; Paris: Association Française d'Action Artistique; Secretariat National de l'Information du Portugal; Fondation Calouste Gulbenkian, 1968
- ↑ «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Duarte". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de maio de 2020
- ↑ «António Duarte Silva Santos». https://pt.findagrave.com/. Consultado em 20 de julho de 2025
Ligações externas
[editar | editar código]- António Duarte (1912-1998) in: Arte Pública. Câmara Municipal de Lisboa. Página consultada em 21-04-2013.
- Atelier-Museu António Duarte Câmara Municipal de Caldas da Raínha. Página consultada em 21-04-2013.
