Bhikshatana

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Estátua de Bhikshatana. Templo de Annamalaiyar, Thiruvannamalai, Índia.

Bhikshatana (sânscrito: भिक्षाटन; Bhikṣāṭana; literalmente, "vagando por esmolas, medicância"[1]) ou Bhikshatana-murti (Bhikṣāṭanamūrti) é um aspecto do deus hindu Shiva como o "Supremo medicante"[2] ou o "Supremo mendigo".[3] Bhikshatana é descrito como um homem nu e com quatro braços, adornado com enfeites e portando uma tigela para esmolas na mão. É acompanhado por uma comitiva de assistentes demoníacos e de mulheres platônicas.

Bhikshatana é considerado uma forma mais suave de Bhairava, o aspecto feroz de Shiva, e uma fase delicada entre as duas formas terríveis deste, nas quais ele decapita o deus Brahma e assassina o porteiro de Vishnu.[4] Bhikshatana é a forma de Bhairava que Shiva assume para expiar o pecado por ele cometido ao cortar a quinta cabeça de Brahma. Ele vagueia pelo universo na forma de um mendigo nu, pedindo esmolas com a kapala (solidéu) de Brahma, que é usada como uma tigela de medicância, até expiar seu pecado ao chegar na cidade sagrada de Varanasi.

Bhikshatana é um ídolo popular na Índia do Sul, em constraste com a Índia do Norte, onde tem uma importância reduzida. Embora a deidade não possua templos dedicados a ela como o deus principal, Bhikshatana aparece espulpido nas paredes da vários templos de pedra, onde é venerado como uma dinvidade subsidiária, e imagens de bronze suas estão presentes em quase todas os principais templos de Shiva do estado de Tamil Nadu.

Iconografia[editar | editar código-fonte]

A iconografia de Bhikshatana é discutida em todos os textos shivaístas que tratam da construção de templos e da confecção de ídolos, incluindo Amshumadbhedagama, Kamikagama, Supredagama, Karanagama e a obra iconográfica Shilparatna; os textos são, em sua maioria, originários da Índia meredional.[5] Sua representação é largamente semelhante à de Kankalamurti, um outro aspecto de Shiva que, assim como Bhikshatana, está associado à narrativa da expiação pela decaptação de Brahma. A diferença mais marcante entre os dois é que Bhikshatana é representado nu e Kankalamurti, vestido.[6]

Apesar de Shiva ser descrito como um asceta yogue nu, ele raramente é assim representado, exceto sob a forma de Bhikshatana.[7]

Referências

  1. "Wandering about for alms, mendicancy". Monier-Williams. Monier Williams Sanskrit-English Dictionary. 2008 [1899]. Colônia: Universität zu Köln. p. 756 
  2. Kramrisch 1981, p. 155.
  3. Kramrisch 1981, p. 287.
  4. von Stietencron 2005, p. 105.
  5. Rao 1916, p. 303.
  6. Rao 1916, pp. 304–9.
  7. Pal 1969, p. 160.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Kramrisch, Stella (1981). The Presence of Siva. Princeton: Princeton University Press. ISBN 0691019304 
  • Pal, Pratapaditya (1969). «South Indian Sculptures: A Reappraisal». Boston: Museum of Fine Arts. Boston Museum Bulletin. 67 (350): 151-173. JSTOR:4171519 
  • Rao, T. A. Gopinatha (1916). Elements of Hindu Iconography. 2: Part I. Madras: Law Printing House. OCLC 630452416 
  • von Stietencron, Heinrich (2005). Hindu Myth, Hindu History, Religion, Art, and Politics. Delhi: Orient Blackswan. ISBN 8178241226 
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