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Boi Garantido: diferenças entre revisões

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Revisão das 04h05min de 30 de setembro de 2011

Boi-Bumbá Garantido
Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido
Fundação 24 de junho de 1913 (111 anos)
Cores Vermelho e Branco
Símbolo Coração
Bairro São José
Presidente Telo Pinto
Comissão de artes Fred Góes, Chico Cardoso e Júnior de Souza
Apresentador Israel Paulain
Levantador de toadas Sebastião Júnior
Amo do Boi Tony Medeiros
Pajé André Nascimento
Cunhã-poranga Tatiane Barros de Jesus
Sinhazinha da Fazenda Ana Luisa Faria
Porta-Estandarte Raissa Barros de Jesus
Rainha do Folclore Patrícia de Góes

O Boi Garantido é uma das duas agremiações folclóricas que competem anualmente no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas.

História

Acorda morena bela vem ver, o meu boi serenando no terreiro, é assim mesmo que ele faz lá na fazenda, quando ele avista o vaqueiro.

—Lindolfo Monteverde.

Lindolfo Monteverde

No final do século XIX e início do século XX, a Amazônia recebeu um grande fluxo migratório de nordestinos devido às constantes secas nesta região. Os imigrantes também eram atraídos devido ao apogeu do ciclo da borracha. Dentre esses, um grande número de Maranhenses chegou à região trazendo o costume das brincadeiras de Boi, (No Maranhão conhecidos como Bumba-Meu-Boi. Ressaltando que foi neste estado que se originaram as brincadeiras desse ritmo). Um de seus descendentes, Lindolfo Monteverde, nasceu em Parintins em 1902 e cresceu admirando os folguedos que havia na cidade.

Em 1913,[1] aos 11 anos de idade, decidiu criar seu próprio Boizinho de Curuatá com o qual brincava com crianças de sua idade - um chamado boi-mirim, que até hoje é muito comum no Norte e Nordeste do Brasil, porém não há nenhum relato histórico que comprove que Lindolfo tenha realmente tido esse "boi mirim", nem mesmo do próprio Lindolfo, que disse, numa entrevista nos anos 70, que o Boi tinha sido criado em 1920, sem citar nada do boi antes de 1920. Em 1920,[2] devido a uma grave doença, fez uma promessa a São João Batista: se ficasse curado, iria realizar anualmente uma ladainha e uma festa de Boi em sua homenagem. Lindolfo foi atendido em seu pedido e cumpriu sua promessa. Contam os mais antigos que a apresentação começou com a ladainha e depois houve distribuição de Aluá, bolo de macaxeira, tacacá e, no final, muito forró. Lindolfo ainda batizou seu filho mais velho de João Batista Monteverde, em homenagem ao Santo Querido. A partir de então, todos os anos os torcedores do Boi se reúnem na noite de 24 de junho para rezar a ladainha e festejar São João Batista e, em seguida, saem pelas ruas da cidade, dançando em frente às casas que tiverem fogueiras acesas.

Contam que Lindolfo Monteverde era um cantador e repentista que causava admiração em quem o ouvia cantar, por causa do timbre de voz que dominava os terreiros e era ouvido à distância, sem utilizar nenhum tipo de aparelho sonoro mecânico. Lindolfo também incomodava os torcedores do Caprichoso com sua firmeza de voz e a inteligência dos desafios que criava junto com seus outros colegas compositores.

Família Faria

A Família Faria foi a principal colaboradora do Boi Garantido em uma época que os bois ainda não recebiam apoio financeiro, seja de empresas privadas ou governos, e eram rotulados como uma festa popular para pessoas de classe baixa. Com o suporte da loja ‘Jotapê’, de José Pedro Faria, seus filhos Zezinho e Paulinho Faria comandaram o Boi por cerca de duas décadas (mais especificamente dos últimos anos de Lindolfo á frente do Garantido, no início da década de 70, até a chegada de investimento externo, nos anos 90). Essa é considerada, até hoje, a época mais vitoriosa do Boi Garantido quando também foi conquistado o único pentacampeonato da história do Festival Folclórico até hoje, de 1980 a 1984. A matriarca da família, Dona Maria Ângela Faria, é conhecida como Madrinha do Boi e é homenageada todos os anos durante a festa da Alvorada do Boi com os brincantes passando em frente à sua casa.

Maria Ângela Faria vive numa bela casa vermelha às margens do Rio Amazonas há mais de 60 anos. A veterana de 84 anos largou aos 24 a confortável vida em Belém do Pará para acompanhar o marido, Seu José Pedro Faria (Popularmente conhecido na cidade como 'Jotapê') que por conta dos negócios ligados à borracha, havia sido transferido para a pequena cidade de Parintins. No interior da Amazônia, em meio à solidão e à saudade da família, Maria começou a ceder o espaço de seu quintal para brincadeiras de um boi-bumbá branco, que levava um coração na testa. E foi paixão à primeira vista: a devoção pelo Boi Garantido, que já dura 50 anos, fez com que a ribeirinha “vermelhasse” sua vida por completo.

A casa de Maria Ângela se destaca pela onipresença do vermelho: desde a fachada até a cama, as paredes, o conjunto de chá, o fogão a lenha, o sofá e até as hélices do ventilador ganharam o tom encarnado do seu Boi de coração. Porém, a parte da casa que mais chama a atenção dos milhares de visitantes que entram e saem, sem dúvida, é a piscina. A história repetida pelo povo amazônida é de que a veterana estava cansada de ver a água azul – cor do Caprichoso – e, por isto, numa atitude radical, mandou pintar tudo de vermelho.

Localização

O Garantido surgiu na antiga estrada Terra Santa, hoje Av. Lindolfo Monteverde, na tradicional Baixa do São José. Atualmente, um complexo arquitetônico da antiga Fabriljuta, localizado no km 1 da Rodovia Odovaldo Novo, adquirido pela agremiação, abriga toda a estrutura de galpões, a diretoria e demais coordenadorias que fazem parte da administração do boi que, hoje, é a brincadeira mais séria dos habitantes de Parintins, a Ilha do Boi-bumbá.

Símbolo

Desde a sua criação, o Garantido se apresenta com um coração na testa, e suas cores, vermelha e branca, foram adotadas pela torcida. A cor do coração na testa do boi costumava ser preta até meados dos anos 60, quando Dona Maria Ângela Faria, até hoje conhecida como madrinha do Boi, deu a idéia deste ser pintado de vermelho. Idéia que foi prontamente executada pelo artista Jair Mendes.

O primeiro rival

As pessoas mais antigas do Boi Garantido afirmam que o primeiro grande rival foi o Boi Galante. Lindolfo compôs essa toada de desafio:

Boi Garantido ouviu
Estavam falando em Deus
Escutou na terra e olhou pra adiante
Olha Boi Galante o teu Deus sou eu[2]

Há versões de vários historiadores que afirmam que o Caprichoso surgiu de uma dissensão do Boi Galante, por volta de 1925 ou 1929, mas essas teorias são equivocadas, pois "Touro Galante" é apenas um apelido do Caprichoso, não tendo nada a ver com o boi citado, até porque, se fosse uma dissensão, havia ocorrido por que o Caprichoso quis se separar, e se separou, porque iria ficar homenageando o boi, que repito: quis se separar? Essa controvérsia desmente essas teorias.[3]

Origem do nome

O nome Garantido surgiu do próprio criador, Lindolfo Monteverde, que em suas toadas sempre lembrava aos torcedores do Caprichoso que seu bumbá sempre saía inteiro dos confrontos de ruas que, na época, eram rotineiros. Dizia Lindolfo que, nas “brigas” com os "contrários", a cabeça de seu boi nunca quebrava ou ficava avariada, “isso era garantido”.[4]

O primeiro festival

A brincadeira foi evoluindo e, em 1965,[4] aconteceu o primeiro Festival Folclórico de Parintins, mas não houve participação dos bumbás. A primeira disputa veio no segundo Festival, quando o Garantido enfrentou o Caprichoso. Em 44 festivais, o Garantido conquistou 28 títulos e é o único que chegou a ser pentacampeão da disputa, nos anos 80. O primeiro empate da história do evento aconteceu no ano de 2000.

Apelidos

Em sua história, lhe foram atribuídos vários slogans carinhosos, como: “Boi da Promessa”, “Boi do Coração”, “Brinquedo de São João”, “Boi do Povão” e outros. O mais popular é “Brinquedo de São João”, de autoria de Lindolfo Monteverde para homenagear o santo a quem se apegou para curar a doença que o ameaçava quando servia o exército. Os dirigentes preservam até os dias atuais este slogan como forma de reconhecimento a Lindolfo, o fundador do boi.

Campeonatos

O Boi Garantido é o que mais coleciona vitórias em toda a história do Festival Folclórico de Parintins. O único, inclusive, a ganhar cinco vezes consecutivas, sob a presidência de Zezinho Faria entre os anos de 1980 à 1984. Desde 1966, ano do primeiro Festival, até 2011, foram 46 Festivais, entre os quais, 28 vencidos pelo Boi do Povão (incluindo um empate no ano de 2000).[4]

O Garantido também foi o primeio campeão na então nova arena do Bumbódromo, em 1988, vencendo também o "tira-teima" no ano seguinte.

O Título de 2009

Com apresentações cada vez mais modestas, o Boi Garantido entrou em uma crise financeira logo após o Festival de 2008. Credores ganhavam na justiça o direito sobre os bens da agremiação. Um sócio chegou a denunciar que o Garantido devia um total de 12 milhões de reais e que não passava de uma massa falida. O curral da baixa, símbolo do Boi Garantido, foi leiloado duas vezes para pagamento de dívidas. A agremiação conseguiu comprá-lo de volta.

Em maio de 2009 a enchente do Rio Amazonas chegou à Cidade Garantido, lugar onde são produzidas as Alegorias. Os artistas tiveram que retirá-las dos galpões e levá-las para a praça em frente ao bumbódromo, em um percurso de mais de três quilômetros. Muitas foram as chacotas por parte da torcida do boi Caprichoso. Nas ruas, nas rádios, nas festas e na internet, chamavam os torcedores do Garantido de "alagados, afogados, atolados etc".

Para piorar mais ainda a situação, devido à má administração o Garantido deixou de receber vários recursos. Os artistas trabalhavam sem receber o seu devido salário. O Ministério Público do Trabalho embargou os trabalhos de alegoria em frente ao bumbódromo alegando que não havia condições de salubridade para o trabalho. Muitos acreditaram que, pela primeira vez, o Garantido não entraria na arena desde o início do Festival.

Mas o Garantido entrou na arena na noite de 27 de junho de 2009. Sem curral, sem galpão, sem crédito na praça e sem dinheiro em caixa, mas com uma galera arrasadora e um time de itens individuais impecáveis, iniciou sua apresentação sob o comando de Israel Paulaim. Apesar da proibição do Ministério Público do Trabalho, o Garantido tinha continuado a confecção de alegorias e quando a obra foi finalmnete lacrada, os trabalhos já estavam quase prontos. Como tudo foi feito ao ar-livre, as alegorias aumentaram de tamanho causando um grande impacto na arena. O acabamento foi simples, mas bem-feito. Para dar mais efeitos, o Garantido usou um guindaste que trazia itens como a coruja branca que vinha do céu no Ritual Deni. Entretanto no bloco Arstístico (Alegorias, Lendas, Ritual etc.) o Garantido ainda perdeu para o Caprichoso por uma pequena diferença. O Garantido ganhou igualmente por uma pequena diferença no bloco dos itens (pajé, cunhã-poranga, sinhazinha etc) - o pajé do Caprichoso quebrou a perna no meio do Festival.

O Título de 2011

No ano de 2011 o Boi Garantido adotou como tema "Miscigenação", que também dá nome à toada mais executada nesse ano. Dessa vez o Boi Garantido primou pela organização de sua apresentação na arena, sem maiores contratempos.

Destacaram-se em sua apresentação a alegoria do Jaguar na primeira noite que vinha com um coração batendo no peito , a performance do Levantador Sebastião Júnior que interpretou o boto na segunda noite dançando com uma cabocla e a coreografia da toada Matawi Kukenan executada pelas tribos de arena na segunda e terceira noites.

A apuração foi bastante tensa com uma diferença mínima de um boi para outro até o final. Na primeira noite o Caprichoso venceu com 4 décimos de diferença. Na segunda e terceira noites o Garantido venceu por 3 décimos. Mais uma vez, o chamado bloco musical decidiu o festival em favor do Garantido (apresentador, levantador, batucada, amo do boi, toada letra e música, galera e organização do conjunto folclórico). Foram 4 décimos obtidos com as vitórias do apresentador e toada. Nos outros dois blocos o Caprichoso venceu por um décimo em cada um.

Toadas

Entre os principais compositores do Garantido, estão: o próprio Lindolfo Monteverde, Mestre Ambrósio, Vavazinho, Braulino Lima, Emerson Maia, Chico da Silva, Tadeu Garcia, Paulindo du Sagrado, Inaldo Medeiros, Geandro Pantoja e Demétrius Haidos.

Em 1991, Paulinho Faria, foi buscar o compositor do Caprichoso, Chico da Silva para fazer toadas também para o Garantido. Compôs a toada Boi do Carmo. A toada fazia uma homenagem à Padroeira de Parintins, Nossa Senhora do Carmo. Chico da Silva como era do Caprichoso também compôs nesse ano a toada Missionário da Luz, em homenagem ao curandeiro Waldir Viana.

Naquele ano, o Garantido abriu a noite do primeiro dia do Festival com uma apresentação modesta. Durante a apresentação do Caprichoso, formou-se um tempo de chuva em Parintins, que transformou-se forte temporal, destruindo as alegorias do Caprichoso, que não teve tempo de se recuperar para os dois dias seguintes. O Boi Garantido foi sagrado campeão.

Em 1993, foi gravada a toada Tic-tic-tac, que se tornaria sucesso internacional em 1997 com o Grupo Carrapicho. A toada foi composta por Braulino Lima e fazia parte da temática do Garantido em 1993, "Rio Amazonas, este rio é minha vida". Uma curiosidade, é que a expressão "Tic-tic-tac" se refere ao som das caixinhas de guerra, que, junto com o tambor, são a essência do ritmo do boi-bumbá. Em 1996, um produtor francês ouviu a toada na versão do Grupo Carrapicho e decidiu lançá-la na França. O sucesso foi tão grande que a toada se tornou hit do verão europeu e rapidamente conquistou o Brasil.

Em 1996, o compositor Chico da Silva compôs a toada Vermelho. Durante a gravação do CD, Chico se desentendeu com a diretoria do Garantido e decidiu retirar sua toada da lista de seleção. Porém, antes mesmo de ser executada nas rádios, a toada já era conhecida por toda a população amazonense, sucesso decorrente apenas de sua execução nos ensaios. A diretoria entrou em acordo com Chico e a toada foi gravada no CD oficial. A música estourou no restante do Brasil após ter sido gravada pela cantora baiana Márcia Freire, em 1996. De acordo com a Folha de São Paulo, "Vermelho" foi a música mais executada nas rádios do Brasil naquele ano e a composição se tornou parte dos bens imateriais do patrimônio cultural do Estado do Amazonas. Na voz de Márcia Freire a toada amazonense extrapolou as fronteiras nacionais e virou a sensação do Festival do Avante em Portugal. Fafá de Belém também regravou a canção no álbum intitulado "Pássaro sonhador" com grande sucesso.

Em 1997, o sambista Jorge Aragão, compôs para o Garantido a toada "Parintins Para o Mundo Ver" que acabou se tornando o tema do boi para aquele ano, sendo mais um grande sucesso daquele álbum que marcaria a vitória do vermelho e branco após três derrotas seguidas para o Caprichoso. O sucesso da toada foi tão grande junto a torcida que o próprio Jorge Aragão decidiu regravá-la em 1999 e mais tarde ainda seria incluída em no cd "Millenium" (2001) com as maiores composições do sambista. Após isso, ele voltaria a compor outras duas toadas para o Garantido, em 1998 com "Garantido Eu Sou" e em 2010 com "Paixão de Parintins".

Ao longo de toda a sua história muitas toadas se notabilizaram pelo enorme sucesso que alcançaram junto a galera vermelha e branca. Além de Boi do Carmo (1991), Tic-tic-tac (1993) e Vermelho (1996), pode-se destacar também "Minha Sina" (1999) e "Coração de Batuqueiro" (2004) de Inaldo Medeiros, "Boi de Pano" (2001) de Tony Medeiros, "Sou Garantido" (2009) de Murilo Pontes Maia, "Paixão de Coração" (2010) de Demétrius Haidos e Geandro Pantoja e "Torcedor Batuqueiro" (2010) de Enéas Dias, na lista de grandes sucessos e verdadeiros hinos de amor ao Garantido.

Temas

É a temática que o boi desenvolve ao longo de suas apresentações no Festival Folcórico de Parintins, a seguir os temas defendidos pelo Boi Garantido entre 1988 e 2011.

1988 - Brinquedo de São João

1989 - O Eterno Campeão

1990 - Garantido, Amor Magia da Ilha

1991 - Uma Origem Cabocla

1992 - Folguedo de São João

1993 - Esse Rio é Minha Vida

1994 - Templo das Eternas Lendas

1995 - Uma Viagem à Amazônia

1996 - Lendas, Rituais e Sonhos

1997 - Parintins Para o Mundo Ver

1998 - 500 Anos do Passado Para Construir o Futuro

1999 - Mito, Cultura e Arte

2000 - Meu Brinquedo de São João

2001 - Amazônia Viva

2002 - O Boi da Amazônia

2003 - Amazônia Santuário Esmeralda

2004 - Amazônia, Coração Brasileiro

2005 - Festa da Natureza

2006 - Terra, A Grande Maloca

2007 - Guardiões da Amazônia

2008 - O Boi da Preservação

2009 - Emoção

2010 - Paixão

2011 - Miscigenação

Toadas Inesquecíveis

  • Ao Pé da Roseira (Emerson Maia)
  • Boi do Carmo (Chico da Silva)
  • Tic, Tic, Tac (Braulino Lima)
  • Compasso da Emoção (Emerson Maia)
  • A Contagem (Joel Gama)
  • Lamento de Raça (Emerson Maia)
  • Vermelho (Chico da Silva)
  • Garantido em Festa (Tadeu Garcia e Paulinho Du Sagrado)
  • Festa da Raça (Chico da Silva)
  • Tom Garantido (Tadeu Garcia e Hellen Veras)
  • Minha Sina (Inaldo Medeiros e Ismael Alfaia)
  • Eterno Campeão (Inaldo Medeiros e Jhoney Farias)
  • Romaria nas Águas (Cyro Cabral)
  • Boi de Pano (Tony Medeiros)
  • Coração de Batuqueiro (Inaldo Medeiros e Rafael Lacerda)
  • Coração de Torcedor (César Moraes)
  • Sou Garantido (Murilo Pontes Maia)
  • Paixão de Coração (Demétrius Haidos e Geandro Pantoja)
  • Torcedor Batuqueiro (Enéas Dias)
  • Baiás do Círculo Sagrado (Enéas Dias e Marcos Boi)
  • Miscigenação (Enéas Dias e Arisson Mendonça)

Festas Tradicionais

  • Alvorada do Boi

É uma festa que acontece na madrugada do dia primeiro de maio. Lindolfo criou esta festa para marcar o início dos ensaios do Boi. Na noite de 30 de abril, os foliões se reúnem no curral para cantar e dançar. Na madrugada, o Boi Garantido reúne-se à batucada em frente do curral e sai em passeata pelas ruas da cidade, passando tradicionalmente pela casa de dona Maria Ângela Faria, até chegar à Catedral de Parintins. A festa continua mesmo após o alvorecer, daí a origem do nome. Nos últimos anos o sucesso da Alvorada se tornou tão grande que já vêm sendo organizadas várias excursões de turistas para Parintins a fim de participarem da festa.

  • Santo Antônio

É outra passeata do Boi que acontece no dia 12 de junho, véspera de Santo Antônio. Repete um costume do Bumba-meu-Boi do Maranhão de festejar Santo Antônio na véspera, começando com uma ladainha. A reza da ladainha é feita no curral da Baixa do São José, na casa da família Monteverde. É posta uma mesa enfeitada com flores e velas com a imagem do Santo. Termina a ladainha, acontece outra passeata no mesmo estilo da Alvorada, com o Boi e a batucada à frente, e os foliões atrás. Nas casas que possuem fogueiras, o Boi pára e entrega uma rosa à dona da casa. De acordo com o historiador Sérgio Ivan Braga,[2] nos dias 12 e 13 de junho, Lindolfo arrecadava dinheiro dos simpatizantes para a festa principal, que é a festa de São João Batista.

  • São João

É a festa de cumprimento da promessa. É semelhante à festa de Santo Antônio, porém ocorre no dia 24 de junho, o mesmo dia dedicado ao santo pela Igreja Católica. Também ocorre a ladainha no curral da Baixa do São José e a passeata até a Catedral, com o Boi parando em frente às casas com fogueiras. A mesa é enfeitada com quatro velas e rosas vermelhas e brancas. A imagem de São João Batista adulto é colocada no centro da mesa, com suas fitas vermelhas e verdes, e no fundo é colocado o quadro da Sagrada Família. Após a morte de Lindolfo, seu filho, João Batista Monteverde passou a ser o anfitrião da cerimônia.

Itens que concorrem no Festival

Apresentador

A ópera do Boi possui um apresentador oficial, que comanda todo o espetáculo. Paulinho Faria foi o primeiro apresentador do boi Garantido, aos 15 anos, ocupando este posto por 26 anos, dos foi vencedor do item em 24 festivais, além dos inúmeros títulos do Garantido que são atribuídos ao apresentador. O atual apresentador é Israel Paulaim, que estreou em 2002. Israel é também um grande vencedor em seu item, tendo vencido seu arqui-rival ininterruptamente desde 2006. Naquele ano, o apresentador conduziu o espetáculo sem ler o roteiro, uma inovação que foi adotada pelos dois bois a partir de então.

Levantador de Toadas

O levantador de toadas é o cantor que interpreta a maior parte das toadas executadas durante a apresentação na arena. Também tem responsabilidade sobre outro item que conta pontos: Toada Letra e Música. Já foram levantadores de toadas do Boi Garantido Emerson Maia (1986-1991), Paulinho Faria (1991-1994), David Assayag (1995-2009) e Sebastião Júnior (2010-presente).

Batucada do Garantido

A batucada é o conjunto de ritmistas que toca durante as 2 horas e meia de apresentação. Dispõe de cerca de 400 ritmistas, os quais tocam os seguintes instrumentos: 200 surdos, 100 caixinhas de guerra, repiques, rocares, espantacão e palminhas. O grande comandante da Batucada é chamado no Garantido de Peara, que quer dizer "líder". Os batuqueiros da baixa são também chamados de Camisas Encarnadas.

Amo do Boi

No auto do boi original, o Amo do Boi é o dono do Boi e da fazenda, é quem fica triste com a morte de seu Boi querido, manda prender Pai Francisco e Catirina - assassinos do boi - e chama o pajé para ressuscitá-lo. Em Parintins, o Amo do Boi tem a importante função de tirar versos, alguns de exaltação ao Boi e à torcida, outros que se referem à temática que o Boi apresenta naquele ano e outros que desafiam o rival. O primeiro "Amo" do Boi Garantido foi Lindolfo Monteverde, que tirava o seguinte verso: Se eu pegar o Caprichoso, esfolo igual jacaré, tiro toda carne fora e deixo a caveira em pé. Após a morte de Lindolfo, em 1979, seu filho, João Batista Monteverde, assumiu o posto. Em 1996, o Amo passou a ser Tony Medeiros que, por três ocasiões, foi substituído por Emerson Maia e Edílson Santana, porém continua no posto ininterruptamente desde 2003.

Sinhazinha da Fazenda

É a filha do dono da fazenda. Representa a cultura branca-européia no Boi. Geralmente vem com vestido rendado, sombrinha e leque. Além de dançar, costuma acariciar o Boi e dar-lhe sal. Este ano, Ana Luisa Faria, da tradicional família Faria do Garantido, estréia como a nova Sinhazinha da Fazenda do Boi Garantido.

Galera Vermelha e Branca

As chamadas "galeras" são as partes laterais do bumbódromo, onde ficam as arquibancadas gratuitas. Geralmente, no dia do Festival, os portões são abertos às 16 h e os torcedores ficam aguardando até o início das apresentações, às 20hs.

A "galera vermelha e branca" é composta predominantemente por torcedores de Parintins, Manaus e Santarém, além de apaixonados vindos de todas as partes do Brasil.

Durante a apresentação do Boi, a galera executa várias coreografias, exibe adereços manuais e canta intensamente as toadas de seu Boi. O grupo responsável por organizar a galera é o Comando Garantido, composto por integrantes de Manaus e de Parintins.

Lendas Amazônicas

É a dramatização de alguma lenda popular da Amazônia. Geralmente são utilizadas grandes alegorias, coreografia e uma toada específica para a encenação. Dentre as lendas encenadas, se destacam o Mapinguari (1997), Nhongoróm (2005), Maricá o Macaco Gigante (2001) e Anhangá (2008). Em 2007, durante a lenda Jacurutu, o artista Teco Mendes fez as árvores andarem na arena, efeito semelhante ao filme O Senhor dos Anéis, as Duas Torres.

Figuras Típicas Regionais

É uma dramatização de personagens reais da Amazônia, como juteiros, farinheiros, comerciantes do regatão, romeiros de procissões diversas, seringueiros etc. Em geral, este item é apresentado com uma alegoria e diversos figurantes, enquanto uma toada específica para o momento é executada. Um dos momentos marcantes foi a encenação da figura típica "Romaria das Águas", em 2000 na qual os fiéis de São Pedro fazem uma procissão em seus barcos. Outro momento inesquecível do Boi Garantido foi quando, em 2004, apresentou a Figura Típica Pescadoras de Doações, que falava sobre as crianças que ficam nas canoas esperando os passageiros dos barcos de linha jogar comida e roupa para os ribeirinhos no Estreito de Breves, no Pará.

Ritual Indígena

É uma dramatização de um ritual praticado em alguma tribo indígena da Amazônia. Em geral é o ponto alto do espetáculo e é apresentado no final. Grandes alegorias e feitos especiais são usados. Destacam-se os rituais Watiamã, Ritual da Tucandeira (2000), Apinaié, Homens Morcegos(2001), Xicrim, a Nação que veio do céu (2002), Deuses Canibais, Festa da moça nova (2005), Xamãs Ye'kuana (2005), Zuruahá, o Povo do Veneno (2007), Tanameá marubo(2008) e Ritual Dení(2009) onde apareceu uma coruja gigante na arena do Bumbodromo.

Porta Estandarte, Rainha do Folclore e Cunhã-Poranga

São três ítens femininos, cada uma com sua função. A Porta-Estandarte é responsável por trazer o estandarte com o tema do Boi. A Rainha do Folclore geralmente se apresenta durante o momento das figuras típicas regionais e representa a cultura popular cabocla. A Cunhã-poranga representa a beleza indígena; seu nome significa "mulher bonita".

Tribos

As tribos são grupos de dança que se apresentam fantasiados de índios, de maneira estilizada. Atualmente quase todas as tribos entram juntas na arena e fazem diversas coreografias ao mesmo tempo. O objetivo maior é o efeito visual provocado na arena pela difusão de cores. Há também uma tribo coreografada, que se destaca das demais por ter uma coreografia mais complexa.O Boi Garantido, a partir de 2011, convidou dançarinos da cidade de Juruti/PA para participar das tribos, já que esta cidade tem grupos com bastante experiência em coreografias indígenas, pois lá anualmente é realizado o Festribal.

Referências

  1. MONTEVERDE, D. MONTEVERDE, J.B. Boi Garantido de Lindolfo.Manaus: EDUA, 2003
  2. a b c BRAGA, S. I. G. . Os bois-bumbás de Parintins. 1. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE-Ministério da Cultura, 2002. v. 1. 480 p.
  3. CUNHA, P. J. & VALENTIN, A. Caprichoso, A Terra é Azul
  4. a b c SAUNIER, T. Parintins, Memória dos Acontecimentos Históricos. Valer:2003
  5. Garantido vence a 46ª edição do Festival de Parintins

Ver também

Ligações externas

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