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Caatinga: diferenças entre revisões

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'''Caatinga''' (do Tupi-Guarani: ''caa'' (mata) + ''tinga'' (branca) = mata branca) é o único [[bioma]] exclusivamente [[brasileiro]], o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 850.000;km², cerca de 10% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do [[Maranhão]], [[Piauí]], [[Ceará]], [[Rio Grande do Norte]], [[Paraíba]], [[Pernambuco]], [[Alagoas]], [[Sergipe]], [[Bahia]] e parte do Norte de [[Minas Gerais]] (Sudeste do [[Brasil]]).
'''Caatinga''' (do Tupi-Guarani: ''caa'' (mata) + ''tinga'' (branca) = mata branca) é o único [[bioma]] exclusivamente [[brasileiro]], o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 850.000;km², cerca de 10% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do [[Maranhão]], [[Piauí]], [[Ceará]], [[Rio Grande do Norte]], [[Paraíba]], [[Pernambuco]], [[Alagoas]], [[Sergipe]], [[Bahia]] e parte do Norte de [[Minas Gerais]] (Sudeste do [[Brasil]]).
== Vegetação ==
[[Media:]]== Vegetação ==
Apresenta vegetação típica de regiões [[semi-árido|semi-áridas]] com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a [[Mata Atlântica]] ou a [[Floresta Amazônica]]. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria homogêneo, com [[biota]] pobre em espécies e em [[endemismo]]s, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes [[mamífero]]s, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em [[biodiversidade]] e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o [[século XVI]].
Apresenta vegetação típica de regiões [[semi-árido|semi-áridas]] com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a [[Mata Atlântica]] ou a [[Floresta Amazônica]]. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria homogêneo, com [[biota]] pobre em espécies e em [[endemismo]]s, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes [[mamífero]]s, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em [[biodiversidade]] e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o [[século XVI]].


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Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o [[pau-ferro]], a [[catingueira]] verdadeira, a catingueira rasteira, a [[canafístula]], o mororó e o [[juazeiro]] que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para [[Caprinae|caprinos]], [[ovino]]s, [[bovino]]s e [[muar]]es. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o [[umbú]], o [[araticum]], o [[jatobá]], o [[murici]] e o [[licuri]] e, entre as espécies medicinais, encontram-se a [[aroeira]], a [[braúna]], o [[quatro-patacas]], o [[pinhão]], o [[velame]], o [[marmeleiro]], o [[angico]], o [[sabiá]], o [[jericó]], entre outras.
Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o [[pau-ferro]], a [[catingueira]] verdadeira, a catingueira rasteira, a [[canafístula]], o mororó e o [[juazeiro]] que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para [[Caprinae|caprinos]], [[ovino]]s, [[bovino]]s e [[muar]]es. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o [[umbú]], o [[araticum]], o [[jatobá]], o [[murici]] e o [[licuri]] e, entre as espécies medicinais, encontram-se a [[aroeira]], a [[braúna]], o [[quatro-patacas]], o [[pinhão]], o [[velame]], o [[marmeleiro]], o [[angico]], o [[sabiá]], o [[jericó]], entre outras.


A caatinga é uma savana - estépica com fisionomia de deserto, que se caracteriza por um clima semi - árido com poucas e irregulares chuvas, solos bastante férteis e uma vegetação aparentemente seca.
A caatinga é uma savana - estépica com fisionomia de deserto, que se caracteriza por um clima semi - árido com poucas e irregulares chuvas, solos bastante férteis e uma vegetação aparentemente seca.a caATINGA E UM PAIS MUITO DESENVOLVIDO CULTURALMENTE


== Degradação Ambiental ==
== Degradação Ambiental ==

Revisão das 18h19min de 15 de outubro de 2009

Paisagem de caatinga

Caatinga (do Tupi-Guarani: caa (mata) + tinga (branca) = mata branca) é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 850.000;km², cerca de 10% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil).

[[Media:]]== Vegetação == Apresenta vegetação típica de regiões semi-áridas com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI.

A vegetação da caatinga é adaptada às condições de aridez (xerófila). Quanto à flora, foram registradas até o momento cerca de 1000 espécies, estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Com relação à fauna, esta é depauperada, com baixas densidades de indivíduos e poucas espécies endêmicas. Apesar da pequena densidade e do pouco endemismo, já foram identificadas 17 espécies de anfíbios, 44 de répteis, 695 de aves e 120 de mamíferos, num total de 876 espécies de animais vertebrados, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados. Descrições de novas espécies vêm sendo registradas, indicando um conhecimento botânico e zoológico bastante precário deste ecossistema, que segundo os pesquisadores é considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiros.

Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras.

A caatinga é uma savana - estépica com fisionomia de deserto, que se caracteriza por um clima semi - árido com poucas e irregulares chuvas, solos bastante férteis e uma vegetação aparentemente seca.a caATINGA E UM PAIS MUITO DESENVOLVIDO CULTURALMENTE

Degradação Ambiental

Porém, este patrimônio encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela população local, desde a ocupação do semi-árido, tem levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelo homem, e somente 0,28% de sua área encontra-se protegida em unidades de conservação. Estes números conferem à caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos mais degradados conforme o biologo Guilherme Fister explicou em um recente estudo realizado na Universidade de Oxford.

Como conseqüência desta degradação, algumas espécies já figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação florestal de serem usadas como fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arribação) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça predatória e destruição do seu habitat natural.

Para reverter este processo, estudos da flora e fauna da caatinga são necessários. Neste sentido, a Embrapa Semi-Árido, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o projeto "Plantas da Caatinga ameaçadas de Extinção: estudos preliminares e manejo", junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), que tem por objetivo estudar a fenologia, reprodução e dispersão da aroeira do sertão, quixabeira, imburana de cheiro e baraúna na Reserva Legal do Projeto Salitre, Juazeiro, Bahia. Este projeto contribuirá com importantes informações sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a elaboração do plano de manejo destas espécies na região.

Na Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. O último exemplar da espécie vivendo na natureza não foi mais visto desde o final de 2000. Outros animais da região são o sapo-cururu, asa-branca, cotia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros.

Ver também

Referências

  • (pt) SILVA, J.M.C. et al (org), 2003: A Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente.
  • (pt) SAMPAIO, E.V.S.B. et al. (eds.): Vegetação e Flora da Caatinga - Contribuição ao Workshop Avaliação e Identificação de Ações Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade do Bioma Caatinga, em Petrolina, 5/2000. Recife: Associação Plantas do Nordeste - APNE; Centro Nordestino de Informações sobre Plantas - CNIP, 2002.
  • (pt) MAIA, Gerda Nickel: Caatinga: arvores e arbustos e suas utilidades, 2004, 413 p. ISBN 978-85-86587-50-4
  • (pt, en) MAJOR, István et al.: Aves da caatinga = Birds of the caatinga. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha; Associação Caatinga, 2004. ISBN 85-7529-240-4
  • (pt) PEREIRA,Sidclay Cordeiro et al.: Plantas Úteis do Nordeste do Brasil. Recife: Centro Nordestino de Informações sobre Plantas - CNIP, Associação Plantas do Nordeste - APNE, 2003. ISBN 85-86692-01-9
  • (pt) SAMPAIO, E.V.S.B. et al. (eds.): Espécies da Flora Nordestina de Importância Econômica Potencial - Recife: Associação Plantas do Nordeste - APNE, 2005. ISBN 85-89692-05-1

Ligações externas