Camilo Mortágua (político)
Este artigo ou se(c)ção trata de uma pessoa que morreu recentemente. |
Camilo Mortágua | |
---|---|
Camilo Mortágua, em 2021 | |
Dados pessoais | |
Nome completo | Camilo Tavares Mortágua |
Nascimento | 29 de janeiro de 1934 Oliveira de Azeméis |
Morte | 1 de novembro de 2024 (90 anos) Alvito |
Nacionalidade | Português |
Filhos(as) | Joana Mortágua, Mariana Mortágua, Maria de Fátima Tavares Moreira dos Santos[1] |
Ocupação | Político |
Camilo Tavares Mortágua[2] GOL (Oliveira de Azeméis, 29 de janeiro de 1934 — Alvito, 1 de novembro de 2024)[3] foi um antifascista português que lutou contra a ditadura do Estado Novo, tendo militado na Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR).
Era pai das deputadas à Assembleia da República, eleitas pelo Bloco de Esquerda, Joana e Mariana Mortágua.[4]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Nasceu em Oliveira de Azeméis, a 29 de janeiro de 1934.[5] Aos 12 anos segue com os pais e as duas irmãs para Lisboa. Em 1951, emigra para a Venezuela.[6]
Resistência contra o Estado Novo
[editar | editar código-fonte]Assalto ao Santa Maria
[editar | editar código-fonte]Camilo Mortágua participou de um dos golpes mais famosos contra ditadura do Estado Novo: a “Operação Dulcineia”, iniciada na madrugada de 22 de janeiro de 1961, sob o comando do capitão Henrique Galvão e inspirada pelo general Humberto Delgado.[5] Orquestrada pela Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação, consistiu em tomar de assalto o paquete Santa Maria, que transportava 600 turistas em viagem para Miami e mais de 300 tripulantes.
Desvio de um avião da TAP
[editar | editar código-fonte]A 10 de novembro de 1961, com Palma Inácio e outros colaboradores, desvia à mão armada um avião da TAP, no voo Casablanca-Lisboa, com o objetivo singelo de sobrevoar Lisboa e outras cidades portuguesas a baixa altitude para lançar milhares de folhetos subversivos.[5][7] Mais de 100 mil panfletos foram largados sobre as cidades de Lisboa, Setúbal, Barreiro, Beja e Faro.
Assalto ao Banco de Portugal e a LUAR
[editar | editar código-fonte]A 17 de maio de 1967,[8] Camilo Mortágua, Palma Inácio, António Barracosa e Luís Benvindo assaltam a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz[9] com o objetivo de financiar acções contra o regime encabeçado por António de Oliveira Salazar. Esta acção está na origem da fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária, no mês seguinte, como reconheceu Emídio Guerreiro, um dos fundadores.[5] Esta seria seguida de outras ações.
Atividade no pós 25 de Abril 1974
[editar | editar código-fonte]Ocupação da Herdade Torre Bela
[editar | editar código-fonte]Já deposto o regime fascista em Portugal em consequência da Revolução dos Cravos, Camilo Mortágua participa em abril de 1975 na ocupação da herdade da Torre Bela, a maior área de terra agrícola murada de Portugal, com 1700 hectares, propriedade do Duque de Lafões, processo documentado no filme Torre Bela realizado por Thomas Harlan, filho do cineasta Veit Harlan, no qual aparecem personalidades como o cantor José Afonso.[5]
Condecorações
[editar | editar código-fonte]Em 9 de junho de 2005, o Presidente da República Jorge Sampaio atribuiu a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade a Camilo Mortágua.[10]
Morte
[editar | editar código-fonte]Camilo morreu a 1 de novembro de 2024, em Alvito, onde residia, aos 90 anos. Em nota nas redes sociais, a sua filha Mariana Mortágua publicou: "A família informa que Camilo Mortágua morreu esta madrugada, dia 1 de novembro, aos 90 anos. Partilhamos com os muito amigos e companheiros que se cruzaram com Camilo Mortágua a alegria de termos testemunhado uma vida de convicções, de compromisso com a liberdade e com a solidariedade".[11]
Referências
- ↑ da Silva Dias, Jorge Augusto (21 de fevereiro de 2002). «Aviso de Contumácia n.º 8173/2002 - AP, de 10 de maio». Diário da República. Consultado em 5 de novembro de 2024
- ↑ PROCESSO DE QUERELA HENRIQUE CARLOS MALTA GALVÃO E OUTROS
- ↑ Lusa (1 de novembro de 2024). «Morreu o antifascista Camilo Mortágua aos 90 anos». PÚBLICO. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Camilo Mortágua terrorista?». El País. 17 de Maio de 2019. Consultado em 17 de Maio de 2020
- ↑ a b c d e «Isto é um assalto – Filha de Camilo Mortágua no Parlamento». O Diabo. 20 de Outubro de 2014. Consultado em 17 de Maio de 2020
- ↑ «El hombre que tomó un trasatlántico, secuestró un avión y atracó un banco sin pegar un tiro». El País. 29 de Agosto de 2019. Consultado em 17 de Maio de 2020
- ↑ «Camilo Mortágua Entrevistado Pelo El Pais». O Observador. 30 de Agosto de 2019. Consultado em 17 de Maio de 2020
- ↑ «Novo livro faz revelações sobre assalto à Figueira». Jornal Expresso. Consultado em 15 de setembro de 2021
- ↑ «Faz 50 Anos que Camilo Mortágua Assaltou um Banco Na Figueira da Foz». https://www.noticiasaominuto.com/pais/794849/faz-50-anos-que-camilo-mortagua-assaltou-banco-na-figueira-da-foz. 16 de Maio de 2017
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Camilo Mortágua". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de maio de 2020
- ↑ Ledo, Wilson (1 de novembro de 2024). «Morreu Camilo Mortágua». CNN Portugal. Consultado em 5 de novembro de 2024