Cataldo Parisio

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Cataldo Parisio
Cataldo Parisio
Nascimento 1455
Palermo
Morte 1517
Lisboa
Ocupação escritor, político, poeta

Cataldo Parisio (Palermo, 1455Lisboa, 1517), também conhecido por Cataldo Sículo e por Giovanni Cataldo Parisio[1], foi um poeta e humanista[2] siciliano que viveu alguns anos em Portugal, sendo preceptor de príncipes e de membros da aristocracia. Deve-se a Cataldo a primeira introdução das ideias do humanismo greco-latino renascentista em Portugal, sendo as suas obras as primeiras representativas daquela corrente de pensamento impressas em Lisboa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Cataldo. Terá nascido em Palermo[3], Sicília, na última metade do século XV, tendo estudado nas Universidades de Bolonha, Pádua e Ferrara.

Cataldo nunca se chamou Áquila. Este é o título de uma colectânea de versos, e o erro foi cometido, no século XVI, por António de Castro. D. António Caetano de Sousa, em Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, no século XVIII, não deu pelo erro que assim se perpetuou.

Por recomendação do futuro bispo de Lamego, D. Fernando Coutinho, o rei D. João II de Portugal, contrata-o como preceptor do seu filho bastardo D. Jorge, o que o faz partir para Lisboa no ano de 1485. A sua capacidade oratória e os seus conhecimentos de latim fazem com que ascenda rapidamente na corte, passando a secretariar o rei na escrita de missivas em latim para a Santa Sé e para monarcas e príncipes europeus.

Em 1490 coube-lhe pronunciar em Évora o discurso de saudação à princesa Isabel de Castela, noiva do príncipe D. Afonso.

Depois da morte prematura do referido príncipe herdeiro D. Afonso, continua a sua actividade de secretário do rei e de preceptor de filhos da alta nobreza lisboeta. Entre outras personalidades notáveis, educou D. Leonor de Noronha (1488-1563), uma das primeiras mulheres a publicar obra em Portugal, e o poeta João Rodrigues de Sá.

Em 1497 foi-lhe concedida uma pensão real e teve o apoio, particularmente na edição das suas obras, de alguns membros da aristocracia portuguesa, nomeadamente de D. Pedro de Meneses, 3.º marquês de Vila Real e 2.º conde de Alcoutim.

Manteve contacto epistolar com alguns dos expoentes do humanismo italiano, entre os quais Pontano, Platina, Filelfo, Guarino, Bartolomeo Filattete, Antonello Petrucci e Aurelio Brandolini, tendo publicado parte da correspondência nas suas Epistole et Orationes quedam Cataldi Siculi, que publicou em dois tomos (1500 e 1513).

Publicou diversas obras em latim, incluindo poemas, provérbios, cartas e análises do pensamento e da literatura dos clássicos. Algumas das suas obras são hoje desconhecidas.

Uma rua de Palermo ostenta o seu nome (a Via Cataldo Parisio).

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Epistole et Orationes quedam Cataldi Siculi, tipografia de Valentim Fernandes, Lisboa, 1500.
  • Poemata, tipografia de Valentim Fernandes, Lisboa, 1501-1502.
  • Epistole et Orationes quedam Cataldi Siculi (2.ª parte), tipografia de Valentim Fernandes, 1513 (ou 1514)[4].
  • Visiones, tipografia de Valentim Fernandes, 1513 (ou 1514).
  • Omnia Cataldi Aquillae Siculi, quae extant opera per Antonium de Castro denuo correcta, ac nunc primum in lucem edita, Lisboa, 1509 (não se conhece qualquer exemplar).

Notas

  1. Cataldo, de que apenas se conhecem textos em latim, em nenhum deles chama a si próprio Giovanni. Na sua correspondência com italianos, os amigos referem-se, ocasionalmente, ao seu apelido em latim Parisius.
  2. Por vezes referido como proto-humanista, mas não é correcto designar Cataldo como proto-humanista, quando ele foi um humanista, de facto. O humanismo estava, no tempo de Cataldo, definitivamente instalado em Itália.
  3. Nos textos de Cataldo, não há qualquer referência a Palermo como local do seu nascimento. A carta n.º 88 de Epístolas I Parte (Lisboa, INCM, 2010), em que Cataldo se declara compatriota do destinatário, permite admitir a hipótese de que o humanista tenha nascido em Sciacca, também na Sicília.
  4. Nos dois volumes publicados pela Imprensa Nacional Casa da Moeda -(Epístolas II Parte e Epístolas I Parte) respectivamente em 2005 e 2010, com tradução portuguesa, pode ver-se que a II parte da correspondência de Cataldo, ao contrário da I Parte, não indica o nome do impressor, nem a data de impressão.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • --------. Cataldo e André de Resende. Actas do Congresso Internacional do Humanismo Português, Universidades de Coimbra, Évora e Lisboa. Centro de Estudos Clássicos, Lisboa, 2002.
  • Adriano Milho Cordeiro, O Poema - Triunfo dos Anjos e das Musas que se Congratulam com Gonçalo Filho de Martinho - Cataldo Sículo, tese de mestrado em Literaturas Clássicas, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1992.
  • Américo da Costa Ramalho (editor). Epistolae et Orationes, edição facsimile, a cargo de Américo da Costa Ramalho, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1988.
  • Américo da Costa Ramalho. Um elogio em latim, contemporâneo de Miguel Corte Real in Humanitas, vol. 25-26 (1973-1974), p. 3.
  • Augusta Fernanda Almeida Oliveira Silva. Algumas Cartas a Portugueses do Séc. XVI (Livro II) - De Cataldo Parisio Siculo - Introdução, Texto Latino, Versão e Notas, tese de mestrado em Literaturas Clássicas, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1992.
  • Domingos Maurício Gomes dos Santos. Cataldo Áquila Parísio Sículo e a Princesa santa Joana, Porto Publicações do XXVI Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, Secção VII, Porto, 1962.
  • Ema Jesus Rodrigues Barcelos. O Livro II do Poema a Águia de Cataldo Siculo, tese de mestrado em Literatura Novilatina em Portugal, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1986.
  • Helena Maria Ribeiro Almeida Costa Toipa. Cataldo e as duas Princesas, tese de mestrado em Literaturas Clássicas, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1991.
  • Maria Beatriz Silvestre. A Correspondência de Cataldo com os Condes de Alcoutim, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1965 (dissertação de licenciatura, dactilografada).
  • Salvatore Statello. Cataldo Siculo Parisio - Un umanista siciliano, grande in Portogallo, ma dimenticato in Sicilia, Revista Agorà, n.º 21-23, Editoriale Agorà, Catania, 2005
  • Simão Pires Diz. Humanismo Italiano e Cultura em Portugal nas Epistolae de Cataldo, tese de mestrado em Literaturas Clássicas, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1986.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]