Igreja Católica na Groenlândia

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IgrejaCatólica

Groenlândia
Igreja Católica na Groenlândia
Reprodução do século XXI da igreja de Thjodhild, com o Fiorde de Tunulliarfik ao fundo (à época ainda chamado Eriksfjord), projetada para ser a primeira igreja e capela do mundo ocidental.
População total 57.564
Cristãos >50.000
Católicos 60
Paróquias 1
Presbíteros 1
Religiosos 0
Religiosas 0
Códice GRO

O Catolicismo na Groenlândia (ou Gronelândia) faz parte da Igreja Católica mundial, sob a liderança espiritual do Papa, da Cúria Romana, e da Conferência Episcopal Escandinava. Há pouquíssimos católicos neste território esmagadoramente protestante: 50 católicos registrados e apenas 4 são groenlandeses nativos, em uma população de 57.000 pessoas.[1] Eles são parte da única paróquia na Groenlândia, localizada em Nuuk, a capital da ilha.[2] Todo o território da Groenlândia está sob a jurisdição da Diocese de Copenhague, na Dinamarca.[3]

O cristianismo foi introduzido na Groenlândia no século XI, com a ajuda do rei da Noruega, estabelecendo as primeiras igrejas do hemisfério ocidental, e depois de muito esforço do povo groenlandês, a ilha recebeu um bispo. A igreja prosperou com a colônia nórdica, que viu o seu pico em 1300, e teve uma relação ativa com a Escandinávia e o continente europeu. A igreja também participou da colonização europeia das Américas. O abandono da colônia por volta de 1450 acabou com a presença da Igreja na ilha, e após a Reforma Protestante na Dinamarca, a preseça católica foi considerada efetivamente ilegal e acabou-se, até o século XX, quando foi declarada a liberdade religiosa e uma pequena presença católica restabelecida.

História[editar | editar código-fonte]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

O Catolicismo foi introduzido na Gronelândia em cerca do ano 1000. Leif Ericson, filho de Érico, o Vermelho, visitou Nidaros (atual Trondheim, na Noruega) se converteu ao cristianismo, enquanto estava na corte do rei norueguês.[4] Ele então retornou para a fazenda de seu pai, em Brattahlíð, ao sul da Groenlândia, e trouxe dois sacerdotes enviados pelo rei Olaf Tryggvason .[5] Alguns estudiosos têm a hipótese de que, tal como a antiga Diocese da Islândia, a Groenlândia pode ter tido um bispo não-oficial antes, especificamente Bispo Érico, que foi enviado para a Groenlândia no ano de 1112, embora outros afirmem que ele era um bispo missionário, e não há nenhum registro de seu retorno.[6] Um Bispo chamado Erik Gupson era supostamente membro de uma expedição em 1121 para localizar a costa oriental da América do Norte, que havia sido descoberta 100 anos antes.[5] Os colonos estavam supostamente ansiosos para ter um bispo, depois de Eric não ter conseguido chegar, e ennviaram Einar Sockesson à corte do rei norueguês para solicitar um bispo.[6] Foram levados presentes de couro, marfim e morsa, além de um urso polar ao rei, que nomeou Arnold, um de seus principais funcionários, para ser o primeiro bispo da Groenlândia[6] e a primeira diocese, chamada Garðar, foi oficialmente criada em 1124, e da Groenlândia surgiram as primeiras igrejas conhecidas do hemisfério ocidental.[7]

No auge de sua extensão, havia cinco mil nórdicos católicos em dois assentamentos.[8] Dezesseis paróquias e igrejas foram fundadas, juntamente com vários mosteiros e um convento para freiras beneditinas[6][9] As igrejas construídas na Groenlândia não eram propriedades particulares da igreja, mas foram construídas nas terras cedidas pelos agricultores locais e outros moradores, e recolhia uma parte dos dízimos, que eram enviados ao arcebispo de Nidaros[10] Foram feitas tentativas por parte dos países escandinavos próximos para assumir o controle das igrejas locais e o controle norueguês da Groenlândia, em 1261, pode ter pressionado as igrejas locais a se tornarem independentes, da mesma forma que eram na Noruega..[10] O Bispo Arnes em 1281 contribuiu para o Óbolo de São Pedro e com as despesas da Cruzadas com morsas presas e peles de urso polar e dízimos continuou nos anos seguintes por vendendo matérias-primas para o ouro ea prata .[5][6][10] a introdução do cristianismo é tido como a causa de uma ruptura cultural do passado, introduzindo muitas ideias e práticas europeias, tais como a construção de grandes igrejas e catedrais, e essa conexão foi mantida pelo fato de que os bispos nomeados para a Groenlândia eram da Escandinávia, e não moradores locais.[10] Pelo menos até 1327, o Vaticano fez um recibo oficial de seis anos no valor de dízimos da Groenlândia.[10] Em 1341, o bispo de Bergen enviou um representante nomeado, Ivar Bardarson, que voltou à Noruega com listas detalhadas de todas as propriedades da igreja, que é considerado por alguns um indicador de que a Igreja estava tentando se tornar mais independente na Groenlândia.[10]

Reforma[editar | editar código-fonte]

Os últimos registros escritos dos nórdicos groenlandeses são de um casamento de 1408, na igreja de Hvalsey - hoje a mais bem preservada das ruínas nórdicas

Por volta do ano 1450, os nórdicos abandonaram a ilha ou, no caso dos que se recusaram a sair, morreram de fome e em decorrência dos conflitos com os Inuítes, o povo nativo do local, e a igreja deixou de operar lá.[8] Em 1519, o Papa Leão X nomeou Vincent Peterson Kampe como bispo de Gardar.[11] Em uma carta enviada no mesmo ano, em 20 de junho, é descrito que Kampe foi nomeado o bispo in titulum, e também afirma que a própria diocese estava em sede vacante por causa do infiel.[11] Também na mesma data, o Papa afirmou que Gardar tinha sido privada de um bispo por 30 anos,[11] por isso, é considerado por alguns especialistas que o bispo foi tratado como o chefe da diocese até 1530, e depois disso apenas como um título.[11] Quando ele morreu, em 1530, nenhum novo bispo foi nomeado para a diocese da Groenlândia[11] Após o último assentamento colonial nórdico ter sido destruído na América do Norte, o arcebispo de Trondenheim, Eric Walkendorf tentou enviar ajuda, mas sem sucesso. Acredita-se que as populações viquingues tenham sido incorporadas pelos esquimós, e o catolicismo extinto.[4]

Atualmente[editar | editar código-fonte]

A partir do século XIX, a Groenlândia era parte da Prefeitura Apostólica do Polo Norte, baseada na Noruega entre os anos de 1855-1868. Desde aquela época, a Groenlândia faz parte da Igreja Católica dinamarquesa, pela primeira vez a Prefeitura Apostólica de Copenhague, que foi elevada a Vicariato Apostólico, e mais tarde a Diocese[3] O território estava sob a jurisdição do Vigário Apostólico de Copenhague no início do século XX.[5][12] A imposição do luteranismo foi mantida na ilha até 1953, quando a liberdade religiosa foi permitida.[13] Em 1980, as Pequenas Irmãs de Jesus estabeleceram uma fraternidade em Nuuk, com três irmãs.[5] A Dinamarca solicitou à UNESCO o reconhecimento das ruínas da residência episcopal de Gardar como parte do Patrimônio Mundial[14] Em 2007, uma cúpula ambiental global foi realizada em Nuuk nas dependências da igreja católica, que contou com a presença católica, ortodoxa e das Nações Unidas, com a aprovação do Papa Bento XVI.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Patricia Lefevere (31 de março de 1995). «greenland priest's unique Catholic parish». National Catholic Reporter. Consultado em 3 de março de 2011 
  2. a b Patricia Lefevere (9 de dezembro de 2007). «Cardinal McCarrick Urges Rescuing Planet». Zenit News Agency. Consultado em 24 de março de 2011 
  3. a b Charles Bransom (1 de janeiro de 2000). «greenland». katolsk.no. Consultado em 2 de março de 2011 
  4. a b Joseph Fischer (1 de janeiro de 1907). «pre-Columbian Discovery of America». New Advent Catholic Encyclopedia. Consultado em 3 de março de 2011 
  5. a b c d e Catholic Encyclopedia editorial staff (1907–1912). «greenland». Catholic Encyclopedia. Consultado em 1 de março de 2011 
  6. a b c d e American Catholic Historical Association. the Catholic Historical Review. 5. abril de 1919–Janeiro de 1920. [S.l.]: Princeton University. pp. 183–184. Consultado em 6 de março de 2011 
  7. EWTN staff staff (2007). «country guide». EWTN. Consultado em 28 de fevereiro de 2011 
  8. a b Malcolm Gladwell (1 de janeiro de 2005). the New Yorker. The New Yorker. [S.l.: s.n.] Consultado em 6 de março de 2011 
  9. American Catholic Historical Association (9 de janeiro de 1909). the Catholic Encyclopedia. 56. [S.l.]: The Encyclopedia Press. p. 778. Consultado em 6 de março de 2011 
  10. a b c d e f Jared M. Diamond (2005). collapse: How Societies Choose to Fail or Succeed. [S.l.]: Penguin Group. pp. 192–193. Consultado em 6 de março de 2011 
  11. a b c d e Charles Bransom (1 de janeiro de 2000). «notes on the Diocese of Gardar». katolsk.no. Consultado em 2 de março de 2011 
  12. Air Force editorial staff (3 de janeiro de 1989). «chaplain (Major General) John P. McDonough». US Air Force. Consultado em 1 de março de 2011. Cópia arquivada em 22 de julho de 2012 
  13. «denmark - Constitution Adopted on: 5 June 1953 (Document Status: 1992)». UNESCO. 1 de janeiro de 2003. Consultado em 24 de março de 2011 
  14. «church ruin at Hvalsø, episcopal residence at Gardar, and Brattahlid (A Norse/Eskimo cultural landscape)». UNESCO. 1 de janeiro de 2003. Consultado em 16 de março de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]