Cuíca-d'água
Cuíca-d'água | |||||||||||||||||||
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Crânio de um espécime exposto no Museu de Viesbade, Alemanha
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Chironectes minimus (Zimmermann, 1780) | |||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||
Em verde, a distribuição da cuíca-d'água na América
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A cuíca-d'água,[2] quíca-d'água[3] chichica-d'água[4] ou quironecto[5][6] (nome científico: Chironectes minimus) é um mamífero marsupial da família dos didelfídeos (Didelphidae).[7] É o único membro vivo do gênero Chironectes.[8]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]«Quironecto» vem do grego antigo[6] e resulta da aglutinação dos étimos quiros- (χείρ) «mão»[9] e -nektés (νήκτης) «nadador».,[10] significando por isso «aquele que nada à mão». "Cuíca" provém do tupi ku'ika.[4]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A cuíca-d'água é um animal pequeno, de 27 a 35 centímetros de comprimento, com uma cauda de 30 a 40 centímetros. Pesa entre 604-790 gramas. A pele é cinza marmoreada e preta, enquanto o focinho, olhos e coroa são pretos. Uma faixa mais leve desce pelas costas até as orelhas, que são arredondadas e sem pelos. Tem vibrissas nos bigodes e sob cada olho. A cauda, que é amarelada ou branca nas extremidades, tem pelo muito espesso e preto na base, mas é nua no restante. As patas traseiras são palmadas, mas as dianteiras não, e as usa para agarrar presas enquanto nada, impulsionadas por sua cauda e pés palmados. Tem pelo denso, macio e curto, de cor cinza claro e geralmente com quatro bandas largas no dorso castanho chocolate a preto. Possui uma linha dorsal preta que vai do pescoço até a cauda. Seu ventre é branco, suas orelhas são pretas arredondadas e os olhos são negros com brilho noturno amarelo. Membros posteriores longos com membrana interdigital bem desenvolvida (como adaptação à vida semiaquática); dedos longos e garras curtas, um osso da mão (o pisiforme) é alongado formando um sexto dedo acessório. Ambos os sexos têm bolsa.[11][12] Ao contrário dos demais didelfídeos, não possui cloaca.[13]
Sendo um marsupial e ao mesmo tempo um animal aquático, a cuíca-d'água desenvolveu uma forma de proteger seus filhotes enquanto nada. Um forte anel de músculo torna a bolsa (que se abre para trás) estanque, de modo que os filhotes permanecem secos, mesmo quando a mãe está totalmente imersa na água.[12] O macho também tem uma bolsa (embora não tão impermeável quanto a da fêmea), onde ele coloca sua genitália antes de nadar.[13]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]A cuíca-d'água distribui-se desde o México (no estado de Chiapas) e Caribe até o nordeste da Argentina e Uruguai. É o único marsupial aquático. Mostra uma preferência marcada por altas florestas sempre verdes ao longo de rios, córregos de tamanho médio e lagos; prefere clima quente, quente-úmido e sub-quente, de 0 a 300 metros. No México, o NOM-059-SEMARNAT-2010 considera a espécie em perigo de extinção; IUCN2019-1 como vulnerável.[11]
Subespécies
[editar | editar código-fonte]Quatro subespécies são descritas:[7]
- Chironectes minimus minimus (Zimmermann, 1780)
- Chironectes minimus argyrodytes (Dickey, 1928)
- Chironectes minimus langsdorffi (Boitard, 1845)
- Chironectes minimus panamensis (Goldman, 1914)
Conservação
[editar | editar código-fonte]No Brasil, em 2005, foi listada como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] em 2010, sob a rubrica de "dados insuficientes" no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná[15] e como vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[16] en 2011, como vulnerável na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[17] em 2014, sob a rubrica de "dados insuficientes" na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul[18][19] e como quase ameaçada no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[20] e em 2018, sob a rubrica de "dados insuficientes" na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[21][22] A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), em sua Lista Vermelha, classificou a cuíca-d'água como menos preocupante por conta de sua ampla distribuição geográfica, apesar de apontar que a espécie deve estar sofrento de declínio populacional devído à perda de habitat.[1]
Referências
- ↑ a b Pérez-Hernandez, R.; Brito, D.; Tarifa, T.; Cáceres, N.; Lew, D.; Solari, S. (2016). «Chironectes minimus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T4671A22173467. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-1.RLTS.T4671A22173467.en. Consultado em 17 de abril de 2022
- ↑ Infopédia. «cuíca-d'água | Definição ou significado de cuíca-d'água no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ Infopédia. «quíca-d'água | Definição ou significado de quíca-d'água no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ a b Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 507
- ↑ Infopédia. «quironecto | Definição ou significado de quironecto no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «quironecto». Dicionário Priberam. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ a b Gardner, A. L. (2005). «Chironectes minimus». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore: Imprensa da Universidade Jons Hopkins. p. 4–5. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494
- ↑ Chisholm, Hugh (1911). «Water-opossum». Enciclopédia Britânica. 28 11.ª ed. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. p. 384
- ↑ «χείρ | Definition of χείρ at Definify». definify.com. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ «ΛΟΓΕΙΟΝ - νήκτης "nḗktēs"». logeion.uchicago.edu. Consultado em 23 de junho de 2021
- ↑ a b «Tlacuache acuático». Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (CONABIO)
- ↑ a b Fernandez, Fernando Antonio dos Santos; et al. (2015). «Natural history of the water opossum Chironectes minimus: a review». Oecologia Australis. 19 (1)
- ↑ a b Nogueira, José Carlos; et al. (2004). «Morphology of the male genital system of Chironectes minimus and comparison to other didelphid marsupials». Journal of mammalogy. 85 (5): 834-841
- ↑ «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022
- ↑ Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022
- ↑ «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022
- ↑ Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010
- ↑ de Marques, Ana Alice Biedzicki; Fontana, Carla Suertegaray; Vélez, Eduardo; Bencke, Glayson Ariel; Schneider, Maurício; Reis, Roberto Esser dos (2002). Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul - Decreto Nº 41.672, de 11 de junho de 2002 (PDF). Porto Alegre: Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; PANGEA - Associação Ambientalista Internacional; Fundação Zoo-Botânica do Rio Grande do Sul; Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA); Governo do Rio Grande do Sul. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 31 de janeiro de 2022
- ↑ «Decreto N.º 51.797, de 8 de setembro de 2014» (PDF). Porto Alegre: Estado do Rio Grande do Sul Assembleia Legislativa Gabinete de Consultoria Legislativa. 2014. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2022
- ↑ Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022
- ↑ «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
- ↑ «Chironectes minimus (Zimmermann, 1780)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022
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- Espécies citadas no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
- Espécies citadas na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo
- Espécies citadas na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais
- Espécies citadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná
- Espécies citadas na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina
- Espécies citadas na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul
- Espécies citadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo