Cisne Branco (barco)
Cisne Branco | |
---|---|
Brasil | |
Proprietário | Adolar Schwarts, Santa Catarina.[1] |
Operador | a serviço da Marinha do Brasil |
Construção | n/d |
Lançamento | n/d |
Viagem inaugural | n/d |
Porto de registro | São Francisco do Sul |
Estado | Afundado em 27 de setembro de 1943 (causa indeterminada) |
Características gerais | |
Classe | cargueiro |
Tonelagem | 299 ton[1] |
Largura | n/d |
Maquinário | motor |
Comprimento | n/d |
Calado | n/d |
Propulsão | n/d |
Velocidade | n/d |
Carga | 10 a 13 tripulantes |
O Cisne Branco foi uma embarcação brasileira que afundou na madrugada de 27 de setembro de 1943, no litoral do estado do Ceará, ao largo do município de Aracati, próximo à praia de Canoa Quebrada.
Ao contrário do pesqueiro Shangri-lá, cujo torpedeamento por um submarino da Alemanha Nazi só foi confirmado oficialmente em 2001, a verdadeira causa do naufrágio do Cisne Branco permanence indeterminada, apesar de se encontrar relacionado em diversas listas de navios brasileiros afundados por submarinos do Eixo[2][3], hipótese que, embora plausível, ainda carece de confirmação oficial.
Apesar de a justiça brasileira, em 2005, ter concedido a um dos tripulantes do barco o direito de receber a pensão especial destinada a ex-combatentes, prevista na Constituição brasileira de 1988, o máximo que se pôde evidenciar no processo é que o navio estava realmente envolvido no esforço de Guerra — e foi justamente esta circunstância que deu ganho de causa ao autor –, porém não ficou provado categoricamente que o barco havia sido afundado por um submarino Nazi.[4]
A embarcação
[editar | editar código-fonte]O barco, construído em Santa Catarina, tinha 299 toneladas de arqueação bruta distribuídas em um casco de madeira e propelido por um motor de potência desconhecida. Presume-se que o seu porto de registro era o de São Francisco do Sul, naquele estado. Era voltado à navegação mercante, embora estivesse prestando serviço à Marinha de Guerra, durante a Segunda Guerra Mundial, participando de comboios de abastecimento de tropas.
Por ocasião do naufrágio, o Cisne Branco levava consigo uma carga desconhecida por sua própria tripulação, que acreditava estar levando material bélico a bordo. Desde que zarpara do Rio de Janeiro, os tripulantes haviam percebido que seria uma viagem sigilosa e perigosa, pois a embarcação foi equipada com duas baleeiras extras e mais uma balsa salva-vidas.[4] Há a notícia de que o barco levava uma carga de sal para Fernando de Noronha.[1]
A bordo, além da tripulação normal, também estavam um sargento e três (ou cinco[4]) soldados do exército, os quais, a princípio, dirigiam-se a uma base americana que estava sendo construída no Rio Grande do Norte, embora ninguém tivesse certeza do local de desembarque. O navio chegou a realizar algumas viagens em zonas de conflito militar, sobretudo entre Natal e Belém.[5]
O naufrágio
[editar | editar código-fonte]Por volta das 0:30 do dia 27 de setembro de 1943, o barco estava retornando ao Rio de Janeiro, com outra carga sigilosa, quando a tripulação sentiu um violento impacto que, de tão intenso, partiu o navio em dois, fazendo água imediatamente, não dando tempo aos homens a bordo pegar nenhum objeto. As baleeiras foram destruídas e uma balsa salva-vidas caiu na água, onde 13 pessoas conseguiram subir na tentativa de se salvarem, porém a balsa foi levada para o mar alto, deixando os náufragos três dias e três noites à deriva e sem alimentação.[5]
Outros náufragos que conseguiram se agarrar em pedaços dos destroços do navio foram resgatados no início da manhã, com a ajuda dos jangadeiros da região, que saíram em suas pequenas embarcações para socorrê-los.[5]
Às 23h do terceiro dia posterior ao naufrágio, a balsa foi avistada por uma pessoa que estava na praia, e avisou aos jangadeiros, que foram novamente resgatar os náufragos que estavam na balsa salva-vidas. Em terra, os náufragos receberem alimentação e roupas novas, porém, levariam quase dois meses para conseguir retornar a Santa Catarina. Chegaram a viajar em outros barcos, inclusive de trem, bem como trabalharam no Rio de Janeiro a fim de levantar fundos para retornarem a São Francisco do Sul. As famílias dos tripulantes há muito já não tinham notícias dos seus e acreditavam que já estivessem mortos.
No Rio de Janeiro, além de prestarem depoimento sobre o acidente perante o Tribunal Marítimo, os tripulantes ainda estiveram com a primeira-dama Darci Vargas, que autorizou a compra de roupas para eles.[4]
"Corri só de camiseta e cueca para o convés e o comandante já tinha dado a ordem para abandonar o navio, que estava afundando. Alguma coisa tinha batido na gente e partiu o navio ao meio. Ainda ajudei um dos soldados a subir na balsa. Era meia-noite e meia. (...) Outros ficaram boiando no mar agarrados em pedaços do navio e foram resgatados no início da manhã, quando os jangadeiros da região saíram para o mar. (...) Por volta das 23 horas, da terceira noite, a balsa foi avistada por uma senhora que estava na praia. Eu tinha ficado com uma lanterna, que tinha ganho do sargento e a senhora viu a luzinha ao longe. Ela comentou depois que pensou que era um submarino ou os náufragos. Os jangadeiros foram nos resgatar". Relato do sobrevivente Turíbio João Moreira.[4]
Causas do naufrágio
[editar | editar código-fonte]A causa do naufrágio do Cisne Branco nunca foi esclarecida com exatidão. O processo decorrente do naufrágio, que tramitou no Tribunal Marítimo, foi incinerado em 1980.[4]
Por vezes, menciona-se que o Cisne Branco teria sido afundado pelo submarino alemão U-161[3]. Ocorre que o U-161, àquela data, estava no litoral de Alagoas, onde afundara o mercante Itapagé na tarde do dia 26. Mesmo que se considerasse sua velocidade máxima (34 km/h), verifica-se não ser possível o submarino navegar de Alagoas ao Ceará (aprox. 750 km por via marítima) em pouco mais de 10 horas, intervalo de tempo decorrido entre os dois naufrágios. Além disso, o U-161, após o ataque ao Itapagé, não rumou para o norte, e sim, para o sul, onde foi afundado por um Catalina na costa da Bahia naquele mesmo dia 27 de setembro.
Outras fontes asseveram que o navio fora afundado por um outro U-Boat alemão não identificado[5], ao passo que outras indicam que o barco afundou devido a uma colisão com outro barco não identificado[6].
Assim como é controversa a quantidade de homens a bordo (10[3] ou 13[4]), também é o número de vítimas fatais, variando entre um[4] e quatro mortos.[3]
Processos judiciais
[editar | editar código-fonte]Em 2005, um dos tripulantes sobreviventes, que à época do naufrágio era o cozinheiro do barco, ganhou uma ação movida contra a União, onde lhe foi concedida a pensão especial a ex-combatentes, prevista na Constituição do Brasil, uma vez que ficou comprovada que o navio estava envolvido em operações militares.[4]
Uma prova que o navio estava sendo utilizado em caráter militar, foi o diário emitido pela Capitania dos Portos de São Francisco do Sul, atestando a saída do Cisne Branco do porto do município, com destino a um a porto confidencial, sem data anotada, entre 3 de agosto e 18 de setembro de 1943. Para a justiça, o documento demonstrou o caráter sigiloso da viagem, sendo um forte indício de que estava em missão de guerra. Outra prova utilizada, foi a emissão, em 2 de agosto de 1983, pela Diretoria de Portos e Costas, dando reconhecimento a condição de ex-combatente ao então comandante do Cisne Branco'.[5]
De qualquer sorte, apesar da decisão judicial, a(s) vítima(s) do naufrágio do Cisne Branco' não foram reconhecidas como heróis de guerra, o que lhes tolheu o direito de terem os nomes inscritos no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, uma vez que não foi comprovado que tivessem sido vítimas de atos de guerra hostis.
Referências
- ↑ a b c Naufrágios do Brasil. «Navios Brasileiros afundados na costa do Ceará». Consultado em 21 de abril de 2011
- ↑ a b c d «Mapa de navios brasileiros afundados». Portal da Segunda Guerra Mundial. Consultado em 21 de abril de 2011[ligação inativa]
- ↑ a b c d e f g h i Aline Parodi (7 de agosto de 2005). «Ex-combatente ganha pensão na Justiça». A Notícia Geral. Joinville. Brasil. Consultado em 21 de abril de 2011. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ a b c d e Clécio Mayrink. «O Misterioso Afundamento do Cisne Branco». Brasil Mergulho. Consultado em 21 de abril de 2011. Arquivado do original em 28 de janeiro de 2011
- ↑ «A Marinha Mercante atuando na Segunda Grande Guerra». Consultado em 21 de abril de 2011. Arquivado do original em 11 de fevereiro de 2011
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Navios brasileiros afundados na Segunda Guerra
- Navios brasileiros atacados na Segunda Guerra Mundial