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Complexo Penitenciário de Pedrinhas

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Complexo Penitenciário São Luís
LocalizaçãoSão Luis, Maranhão

O Complexo Penitenciário São Luís, anteriormente chamado de Penitenciária de Pedrinhas, é um conjunto de Unidades Prisionais, situada no 13 km da BR-135, Bairro Pedrinhas, na Cidade de São Luís, Maranhão, que integram o Presídio feminino, Centro de Custódia de Presos de Justiça de Pedrinhas (CCPJ), Casa de Detenção (Cadet), Presídio São Luís I e II, Centro de Triagem, o Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas (CDP).[1]

Foi inaugurada em 12 de dezembro de 1965 durante a gestão do governador maranhense Newton de Barros Belo.[1][2] O edifício fincou-se, num terreno acidentado, de natureza árida, quase imprópria para a agricultura. Seu funcionamento começou de forma precária e improvisado. A cozinha, por exemplo, era localizada numa pequena casa feita de taipa, coberta de telhas; o fogão, uma pequena caldeira funcionando a lenha; a luz era fornecida por um motor a óleo e a água era de poço.[3]

Com o passar das décadas, a penitenciária passou a ter problemas de superlotação. Conjuntamente com o aumento da população carcerária, as condições do presídio se deterioraram, com presos amontoados em celas em péssimo estado de conservação, higiene, arejamento.[3]

Crise de Pedrinhas

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Há diversos registros de rebeliões, de assassinatos entre os próprios internos ou de agentes penitenciários ao menos desde a década de 2000[3] e mais de 170 mortes de detentos entre 2007 e 2013. As fugas eram um problema recorrente.[4][5]

Em novembro de 2010, uma rebelião vitimou 18 detentos.[6] No ano seguinte, outra rebelião dentro do complexo resultou em 14 presos decapitados, além de outros mortos com outras mutilações.[7] Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça documentou 60 mortes de detentos, casos de tortura e de violência sexual contra familiares em dias de visita.[8][9][10] Em janeiro de 2014, o complexo foi visitado por equipes de reportagens de vários veículos de comunicação onde foi mostrado as más condições nas quais os presos viviam.[11]

Após relatórios de inspeção em Pedrinhas, o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot disse que o governo do estado havia perdido o controle do presídio e cogitou solicitar intervenção federal. Segundo o relatório produzido pelo Conselho Nacional de Justiça, Pedrinhas era uma penitenciária superlotada controlada por três facções criminosas e um governo era omisso. [12][13][14][15]

Em novembro de 2013, após ações da polícia na penitenciária, foram promovidos ataques a ônibus, assaltos nos veículos, ataques a prédios públicos e incêndios em trailers da PM, que acabaram sendo desativados. Foi assassinado a tiros um policial reformado no bairro Maracanã e outro foi metralhado dentro de um posto da polícia durante o trabalho, enquanto estava sozinho.[16]Em dezembro de 2013, a Força Nacional passou a atuar no reforço do policiamento no interior por um prazo de três meses.[17]

Em 4 de janeiro de 2014, foram incendiados quatro ônibus em São Luís, deixando cinco pessoas ficaram feridas, dentre elas uma menina de seis anos, que morreu após ter 95% do corpo queimado. Os incêndios foram uma retaliação à operação "Pedrinhas em Paz" realizada pela Tropa de Choque da Polícia Militar e foram ordenados por presos integrantes de facções criminosas. No ano de 2014, ocorreram 17 mortes no presídio.[16]

No início de 2014, foi montado um Comitê de Gestão Integrada entre o Ministério da Justiça e o governo do estado. Entre as medidas anunciadas estavam um mutirão para verificar os processos e reduzir a superlotação com a soltura daqueles que já haviam cumprido a pena, reforço do efetivo da Força Nacional, e um investimento de mais de R$ 1 milhão para a criação de novas vagas. Em setembro de 2014, foi ordenada a separação das facções por celas.[18]

Em maio, setembro e outro de 2016, também foram registrados ataques a ônibus ordenados por membros de facções criminosas do presídio.[16]

Em março de 2017, a Justiça Federal condenou o Estado a pagar uma indenização no valor de R$ 100 mil para as famílias dos 64 presos mortos entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014 em unidades prisionais do Maranhão.[19]

Em 2023, reportagem da Folha de São Paulo relatou que ocorreu uma significativa melhoria na segurança e estrutura de Pedrinhas, além de aumento de vagas para estudo e trabalho dos detentos, embora ainda ocorressem episódios de violência.[20]

Referências

  1. a b «Penitenciária de Pedrinhas: o inicio do Sistema Prisional do Maranhão». Governo do Maranhão. 20 de junho de 2012. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  2. Raimundo Cutrim (26 de junho de 2007). «Grande Expediente - 2007-06-26». Assembleia Legislativa do Maranhão. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  3. a b c CONCEIÇÃO DE Mª CORDEIRO SILVA (2006). «Histórico Pedrinhas» (PDF). Sindspem-MA. Consultado em 8 de janeiro de 2014  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "SINDSPEM/2006" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  4. Carlos Madeiro (8 de janeiro de 2014). «Presídio no Maranhão registrou mais de 170 mortes desde 2007; OEA cobra medidas». UOL Notícias. Consultado em 14 de janeiro de 2014 
  5. João Fellet (13 de janeiro de 2014). «Jovem de 24 anos morreu um mês após chegar a Pedrinhas». BBC Brasil. Consultado em 14 de janeiro de 2014 
  6. «Sobe para 18 total de presos mortos em rebelião no MA». O Estado de S.Paulo. 9 de novembro de 2010. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  7. Igor Truz e João Novaes (7 de janeiro de 2014). «Decapitações no Maranhão não são novidade, diz OAB». Última Instância. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  8. «Briga de facções em presídio de São Luís deixa mortos e feridos». G1. 9 de novembro de 2013. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  9. «Intervenção em Pedrinhas». Conectas. 7 de janeiro de 2014. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  10. Eduardo Scolese (7 de janeiro de 2014). «Presos filmam decapitados em penitenciária no Maranhão». Folha de S.Paulo. Consultado em 8 de janeiro de 2014 
  11. "Estado" entra no Complexo Penitenciário de Pedrinhas (vídeo). Brasil: Estadão. 13 de janeiro de 2014. Consultado em 2 de março de 2020 
  12. «Janot relembra rebelião ocorrida em Pedrinhas em seu novo livro». O Imparcial. 1 de outubro de 2019. Consultado em 31 de março de 2025 
  13. «Pedrinhas: a barbárie em um presídio fora de controle». VEJA. Consultado em 31 de março de 2025 
  14. Sanson, Cesar. «Roseana Sarney é alvo de pedido de impeachment pelo caso Pedrinhas». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 31 de março de 2025 
  15. «'Estou até agora chocada', diz Roseana sobre mortes em Pedrinhas - 09/01/2014 - Cotidiano». Folha de S.Paulo. 31 de março de 2025. Consultado em 31 de março de 2025 
  16. a b c «Ordem de ataques a ônibus no MA partiu de presos de Pedrinhas, diz governador». noticias.uol.com.br. Consultado em 31 de março de 2025 
  17. «Presos fazem motim em complexo penitenciário de São Luís». Agência Brasil. 6 de fevereiro de 2014. Consultado em 31 de março de 2025 
  18. «Divisão de presos por facção ajudou a reduzir mortes em Pedrinhas». noticias.uol.com.br. Consultado em 31 de março de 2025 
  19. MA, Do G1 (10 de março de 2017). «Justiça condena MA a pagar R$ 100 mil a famílias de presos mortos». Maranhão. Consultado em 31 de março de 2025 
  20. «Pedrinhas melhora estrutura 10 anos após massacre, mas ainda sofre com violência». Folha de S.Paulo. 27 de dezembro de 2023. Consultado em 31 de março de 2025