Tatu

Tatu | |||||||||||||||
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Ocorrência: 58.7–0 Ma | |||||||||||||||
Tatu-galinha (Dasypus novemcinticus) |
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Géneros | |||||||||||||||
Chlamyphorus Cabassous |
Tatu ou armadilho (em Portugal) é uma denominação comum a mamíferos pertencentes à ordem Cingulata e família Dasypodidae. Caracteriza-se pela armadura que cobre o corpo. Nativos do continente americano, os tatus habitam as savanas, cerrados, matas ciliares e florestas molhadas. Têm importância para a medicina, uma vez que são os únicos animais, para além do homem, capazes de contrair lepra, sendo usados nos estudos dessa enfermidade [carece de fontes].
Índice
Etimologia[editar | editar código-fonte]
"Tatu" é derivado do tupi ta'tu.[1] "Dasypodidae" veio da junção dos termos gregos δασύς (dasys): "piloso, peludo" e πούς, ποδός (pous, podos): "pé", significando, portanto, "pé peludo".
Questões ecológicas[editar | editar código-fonte]
Os tatus tem grande importância ecológica, pois são capazes de alimentar-se de insetos (são, portanto, animais insetívoros), contribuindo para um equilíbrio de populações de formigas e cupins. Na Universidade da Região da Campanha, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, no Brasil, uma pesquisa sobre a dieta dos tatus revelou que um único exemplar de tatu-mulita (Dasypus hybridus) com 2,5 quilogramas de peso é capaz de consumir 8 855 invertebrados em uma única noite.
Quando estes animais são caçados pelo seu valor cinegético (caça para alimento), acaba por se desequilibrar o ecossistema, pois se extermina um controlador natural de insetos, favorecendo o aumento destes invertebrados e resultando em problemas econômicos para a região.
Classificação[editar | editar código-fonte]
Família Dasypodidae
- Subfamília Dasypodinae
- Gênero Dasypus
Tatu-canastra (Priodontes maximus).
- Tatu-galinha, Dasypus novemcinctus
- Dasypus septemcinctus
- Tatu-mulita, Dasypus hybridus
- Dasypus sabanicola
- Dasypus kappleri
- Dasypus pilosus
- Dasypus yepesi
- †Dasypus bellus
- Gênero †Stegotherium
- Gênero Dasypus
- Subfamília Euphractinae
- Gênero Calyptophractus
- Pichiciego-maior, Calyptophractus retusus
- Gênero Chaetophractus
- Gênero †Peltephilus
- Gênero Chlamyphorus
- Gênero Euphractus
- Tatupeba, Euphractus sexcinctus
- Gênero Zaedyus
- Gênero Calyptophractus
- Subfamília Tolypeutinae
- Gênero †Kuntinaru
- Gênero Cabassous
Mataco (Tolypeutes matacus)
- Gênero Priodontes
- Tatu-canastra, Priodontes maximus
- Genus Tolypeutes
- Mataco, Tolypeutes matacus
- Tatu-bola-da-caatinga, Tolypeutes tricinctus
† táxon extinto
O tatu e os nativos do Novo Mundo[editar | editar código-fonte]
A maior parte dos nativos da América do Sul apreciavam a carne do tatu pura ou como ingrediente em outros pratos, bem como utilizavam sua carapaça, rabo e ossos para a confecção de utensílios.[2] Um dos mais conhecidos artefatos elaborados a partir da carapaça do tatu é o charango, instrumento cordófono de origem boliviana. O nome do instrumento em Quechua é quirquincho (kirkinchu), que quer dizer justamente "tatu". Atualmente, o instrumento é confeccionado totalmente em madeira.
Os Cinta Larga de Mato Grosso e Rondônia capturavam o tatu inserindo fumaça na sua toca.[3]
Aaru era um beiju feito com massa de mandioca e tatu moqueado pelos Nambiquara do Mato Grosso e Rondônia. Os Xicrin do Pará usavam o rabo de tatu para confeccionar flauta, com a qual anunciavam sua chegada a aldeia amiga e eram recebidos pelos habitantes com sons emitidos por instrumentos semelhantes.[4]
Cestos eram confeccionados com a carapaça do tatu.[5] Os Kaxinawá do Acre e Peru empregavam, muito antes do contato com os europeus, linha de envira e anzol confeccionado com a junção do cúbito e o rádio do tatu.[6] Moças menstruadas dos Uanana do Amazonas podiam se alimentar da formiga maniuara e do beiju. O peixe jeju ou carne de tatu eram os alimentos indicados após o rito de flagelação. Acreditavam que a carne do tatu era composta pelas carnes de todos os outros animais[4]
Referências
- ↑ FERREIRA, A.B.H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1 653
- ↑ CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
- ↑ SILVA, Alcionilio Bruzzi Alves da (1901-1987). A civilização indígena dos Uaupés. São Paulo, Linográfica Editora. 1962, 496 p.
- ↑ a b BASTOS, Abguar. A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares da selva: Estudo na região amazônica. São Paulo, Editora Nacional; Brasília DF, INL. 1987, 153 p.
- ↑ LÉRY, Jean de (1534-1611). Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1980, 303 p.
- ↑ POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA). Kaxinawá. Atividades produtivas. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaxinawa/401 Consulta em 03/09/2012
- COSTA, R., FACCIN, José R.M. & OLIVEIRA, E. Distribuição e Dieta de Dasypus hybridus (Desmerest, 1804) No Oeste do Rio Grande do Sul in: Anais do XXIV Congresso Brasileiro de Zoologia. Univali, Itajaí – SC, 2002.
- COSTA, R. G. A; COSTA, R. V.; FACCIN, J. R. M & OLIVEIRA, É. V. Impacto da Caça de Mamíferos Silvestres em Duas Macro Regiões do Rio Grande do Sul. In: II SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL, 2002, Uruguaiana. Livro de Resumos. Uruguaiana: PUCRS – Campus II, 2002b. p. 20.
Links externos[editar | editar código-fonte]
- Fotos de tatu gigante
- Reportagem sobre o menor tatu do mundo: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140122_tatu_rosa_an.shtml