Dilma Mendes

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Dilma Mendes
Dilma Mendes
Nascimento 18 de novembro de 1963
Camaçari
Cidadania Brasil
Ocupação futebolista, treinadora, política

Dilma Maria Mendes de Souza (Camaçari, 18 de novembro de 1963) é uma ex-futebolista e treinadora brasileira.[1]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Dilma Mendes nasceu em Camaçari, Bahia, sendo a mais nova de sete crianças. Desde pequena, gostava de jogar futebol, mas enfrentava a oposição da mãe.[1] Até 1979, o futebol feminino era oficialmente proibido no Brasil, de modo que Dilma tinha que utilizar artimanhas para conseguir praticar o esporte: ela oferecia sorvete aos amigos para que avisassem quando a polícia estava se aproximando e cavou um buraco, sua "cova", ao lado do campo para se esconder.[2]

Nem sempre suas estratégias funcionavam e os policiais, que em geral a tratavam bem, levavam Dilma para a delegacia. Lá, tinha que aguardar que o pai, que a apoiava, a buscasse. Quando era sua mãe que a buscava, Dilma apanhava da mãe e dos irmãos mais velhos em casa.[2] Além das dificuldades com a familia, Dilma Mendes teve que enfrentar o racismo. Em entrevista para o Grupo de Estudos Mulheres do Futebol, Mendes relata: "Eu passei a entender que a gente era proibida de jogar porque tinha a pele negra, o cabelo crespo."[3]

Jogadora de futebol[editar | editar código-fonte]

Futebol de campo[editar | editar código-fonte]

Em 1983, após pressão dos movimentos feministas, o futebol feminino profissional foi regulamentado e Dilma Mendes defendeu por 4 anos as cores do Ypiranga. No entanto, a equipe, composta quase totalmente de mulheres negras de bairros periféricos de Salvador, sentia a dificuldade do racismo, sendo impedida de acessar o clube pela entrada principal, mesmo em dia de competição, e sendo impedida de jogar em agremiações frequentadas por pessoas brancas. Nos anos seguintes, Dilma integrou o plantel da Catuense e do Clube Bahiano de Tênis.[3]

Futsal[editar | editar código-fonte]

No início da década de 1990, Dilma migrou para o futebol de salão, onde obteve sucesso nacional no Euroexport Campomar Bahia, sendo campeã da Taça Brasil de 1991. Após uma passagem pelo Saad Esporte Clube, Dilma integrou a seleção baiana que disputou a Taça João Havelange de 1994.[3] Dilma Mendes se aposentou como jogadora em 1995, passando a se dedicar à carreira de treinadora.[2]

Treinadora de futebol[editar | editar código-fonte]

A partir de 1995, Dilma treinou diversas equipes, incluindo Camaçari, Saad, Euroexport e Palmeiras.[4] Nesse período, foi a responsável por descobrir a meio-campista da seleção brasileira Formiga.[2] A partir de meados da década de 2010, Dilma Mendes assumiu o comando da seleção brasileira feminina de futebol 7, conquistando o tricampeonato da Copa América (2019, 2020 e 2022) e o Campeonato Mundial de 2019.[4]

Outras atividades[editar | editar código-fonte]

Em abril de 2020, o prefeito de Camaçari Elinaldo Araújo nomeou Dilma Mendes como titular da Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude.[5] Após um período na pasta, a treinadora passou a atuar como subsecretaria.[6]

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em fevereiro de 2023, a Federação Internacional de Futebol 7 anunciou Dilma Mendes como vencedora do prêmio de Melhor Treinadora de Futebol 7 do Mundo.[7]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Como jogadora[editar | editar código-fonte]

  • Taça João Havelange: 1991 (Euroexport Campomar Bahia)

Como treinadora[editar | editar código-fonte]

  • Copa América de Futebol 7: 2019,[8] 2020,[9] 2022[10] (Brasil)
  • Campeonato Mundial de Futebol 7: 2019 (Brasil)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Brum, Mariana da S.; Ribeiro, Lóry da S.; Lopez, Luiza A.; Goellner, Silvana V. (6 de agosto de 2023). «Mulher, negra e nordestina: Dilma Mendes, a melhor treinadora do mundo de futebol 7 é nossa!». UFMG. FuLiA/UFMG. 8 (3): 6. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  2. a b c d «Por 38 anos o futebol foi proibido para mulheres no Brasil». Correio Braziliense | Esportes. 15 de julho de 2023. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  3. a b c Brum, Mariana da S.; Ribeiro, Lóry da S.; Lopez, Luiza A.; Goellner, Silvana V. (6 de agosto de 2023). «Mulher, negra e nordestina: Dilma Mendes, a melhor treinadora do mundo de futebol 7 é nossa!». UFMG. FuLiA/UFMG. 8 (3): 7. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  4. a b «Dilma Mendes». Museu do Futebol | Centro de Referência do Futebol Brasileiro. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  5. «Dilma Mendes será a nova titular da Sejuv». Prefeitura de Camaçari. 30 de março de 2020. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  6. «Semu e Sejuv firmam parceria em busca de gestão esportiva e políticas públicas femininas». Prefeitura de Camaçari. 22 de maio de 2022. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  7. Cáceres, Nicolas (19 de fevereiro de 2023). «Dilma Mendes é eleita a melhor treinadora de futebol 7 do mundo em 2022». Futebol 7 Brasil. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  8. «Betina Gerhardt relembra convocação para a Copa América 2019 e destaca avanço do futebol 7 feminino». Futebol 7 Brasil. 30 de setembro de 2020. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  9. «Atleta da UniAteneu selecionada para jogar a Copa América é campeã com a Seleção Brasileira de Futebol 7». UniAteneu. 16 de dezembro de 2020. Consultado em 2 de outubro de 2023 
  10. «É tricampeã! Brasil derrota Argentina por 5 a 2 na final feminina da Copa América». Futebol 7 Brasil. 27 de julho de 2022. Consultado em 2 de outubro de 2023