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Eneida Maria de Souza

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Eneida Maria de Souza (Manhuaçu, 1943 - Belo Horizonte, 1 de março de 2022) foi uma letrista, linguísta, crítica literária e professora universitária brasileira. Foi uma especialista na obra de Mário de Andrade.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Formou-se em Letras em 1966, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1968 assumiu docência na Faculdade de Letras da instituição, tornando-se professora titular em 1991.[1] Em 1975 realizou mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sua dissertação A barca dos homens - a viagem e o rito, orientada por Affonso Romano de Sant'Anna, tratou da obra literária de Autran Dourado. Em 1982 concluiu seu doutoramento, na Universidade Paris VII. Sua tese Des mots, des langages et des jeux- une lecture de Macunaima, destinou-se a análise de Macunaíma, de Mário de Andrade, tendo por orientadora Julia Kristeva.[2]

Foi professora visitante na Universidade Federal da Bahia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade de Nottingham, Universidade de Poitiers e Universidade de San Andrés.[2] Em 2003 recebeu o título de professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais.[3]

Seu pensamento é marcado pelo formalismo russo, estruturalismo e pós-estruturalismo.[2]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Faleceu em 1 de março de 2022, passava pelo tratamento de um câncer do endométrio, descoberto tardiamente.[1] Seu corpo foi velado em Belo Horizonte e enterrado em sua cidade natal.[3]

Contribuições[editar | editar código-fonte]

Sua tese de doutoramento, analisou a produção de Mário de Andrade relacionada com a cultura popular brasileira, em especial o folclore. Foi inovadora ao estabelecer novos parâmetros para a crítica literário sobre o autor. Ao longo de sua carreira também elaborou estudos sobre a obra fotográfica de Assis Horta, Chichico Alkmim e sobre a produção de foto-pintores cearenses, todos esses estudos pioneiros.[2]

Como docente na Universidade Federal de Minas Gerais foi responsável por estruturar e fundar, ao lado de Ana Lúcia Gazzola, Vera Casanova e Ruth Silviano Brandão, o doutorado em Literatura Comparada, que hoje faz parte da instituição, desde 1985.[2][1]

Em 1989 fundou o Centro de Estudos Literários. Neste mesmo ano, participou da criação do Acervo de Escritores Mineiros, que acolheu inicialmente o acervo de Henriqueta Lisboa, Murilo Rubião e Oswaldo França Lisboa. Era atuante no Projeto Minas Mundo. Entre 1988 e 1990 foi presidenta da Associação Brasileira de Linguística, da qual foi uma das fundadoras em 1986.[2]

Prêmios e honrarias[editar | editar código-fonte]

Seu livro Correspondência – Mário de andrade & Henriqueta Lisboa (2010), foi agraciado com o Prêmio Jabuti de 2011, na temática biografia.[4] Recebeu em 2014, do Governo do Estado de Minas Gerais, a Medalha da Inconfidência.

Roberto Said e Wander Melo Miranda organizaram a obra Uma crítica cult (2023), publicado pela Editora Autêntica. A obra contou com a participação de 22 acadêmicos, de 11 instituições diferentes, tratando sobre a produção da autora, como uma homenagem póstuma.[5]

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Narrativas impuras. Recife: CEPE Pernambuco, 2021.
  • Modernidade toda prosa. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014. Conjuntamente a Marília Rothier Cardoso.
  • Janelas indiscretas - ensaios de critica biográfica. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2011.
  • Mário de Andrade & Henriqueta Lisboa - Correspondência. São Paulo: EDUSP / PEIRÓPOLIS, 2010.
  • Pedro Nava. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
  • Pedro Nava, o risco da memória. Juiz de Fora: Funalfa, 2004.
  • Crítica cult. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2002.
  • O século de Borges. Belo Horizonte: Autêntica, 1999 e 2009.
  • Modernidades Tardias. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998.
  • Autran Dourado. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1996.
  • Tempo de pós-crítica. Belo Horizonte: Editora da UFMG e Veredas & Cenários, 1994 e 2007.
  • Traço Critico. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Editora da UFMG / Editora da UFRJ, 1993.
  • A pedra mágica do discurso. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1988 e 1999.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c «Morre Eneida Maria de Souza, autoridade na obra do modernista Mário de Andrade». www.otempo.com.br. Consultado em 13 de julho de 2024 
  2. a b c d e f Queiroz, Christina (Abril de 2022). «Uma crítica afetuosa: com análises sobre arquivos de escritores, Eneida Maria de Souza ampliou o alcance dos estudos literários». FAPESP. PESQUISA FAPESP 314 (314): 86-87 
  3. a b Gerais, Universidade Federal de Minas (1 de março de 2022). «Morre a professora emérita Eneida Maria de Souza, da Faculdade de Letras». Universidade Federal de Minas Gerais. Consultado em 13 de julho de 2024 
  4. «Premiados do Ano | Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 13 de julho de 2024 
  5. Minas, Estado de (11 de agosto de 2023). [https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2023/08/11/interna_pensar,1544242/livro-reune-reflexoes-sobre-trajetoria-da-professora-eneida-maria-de-souza.shtml «Livro re�ne reflex�es sobre trajet�ria da professora Eneida Maria de Souza»]. Estado de Minas. Consultado em 13 de julho de 2024  replacement character character in |titulo= at position 9 (ajuda)