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== Atividades do NKVD ==
== Atividades do NKVD ==
Entre as funções do NKVD, por meio de sua divisão chamada GUGB, estava proteger a segurança do Estado soviético. Esta função foi realizada com sucesso através da intensa [[repressão política]].


Entre as funções do NKVD, por meio de sua divisão chamada GUGB, estava proteger a segurança do Estado soviético. Esta função foi realizada com sucesso através da intensa [[Repressão política na União Soviética|repressão política na URSS]].
As atividades de repressão e as execuções do NKVD tiveram como alvo desde os inimigos do Estado soviético até os prisioneiros do Gulag, atingindo centenas de milhares de pessoas.<ref>Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; pagina: 92</ref> Formalmente, essas pessoas eram, na sua maioria, condenadas por [[corte marcial|cortes marciais]] especiais - as ''[[troika]]s''. O uso "de meios físicos da persuasão" ([[tortura]]) foi aprovado por um decreto especial do estado, o que resultaria em numerosos abusos, relatados pelas vítimas e pelos próprios membros do NKVD. Existem evidências documentadas de que o NKVD cometeu execuções extrajudiciais em massa.<ref>Tzouliadis, Tim, ''The Forsaken: An American Tragedy in Stalin's Russia'' Penguin Press (2008), ISBN 1-59420-168-4</ref> Em 17 de novembro de 1938 tais ''troikas'' foram proibidas por decisão conjunta do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do [[PCUS|Partido Comunista de Toda a União (bolchevique)]].

As atividades de repressão e as execuções do NKVD tiveram como alvo desde os inimigos do Estado soviético até os prisioneiros do sistema [[Gulag]], atingindo centenas de milhares de pessoas.<ref>Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; pagina: 92</ref> Formalmente, essas pessoas eram, na sua maioria, condenadas por [[corte marcial|cortes marciais]] especiais - as ''[[troika]]s''. O uso "de meios físicos da persuasão" ([[tortura]]) foi aprovado por um decreto especial do estado, o que resultaria em numerosos abusos, relatados pelas vítimas e pelos próprios membros do NKVD. Existem evidências documentadas de que o NKVD cometeu execuções extrajudiciais em massa.<ref>Tzouliadis, Tim, ''The Forsaken: An American Tragedy in Stalin's Russia'' Penguin Press (2008), ISBN 1-59420-168-4</ref> Em 17 de novembro de 1938 tais ''troikas'' foram proibidas por decisão conjunta do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do [[PCUS|Partido Comunista de Toda a União (bolchevique)]].

O NKVD também executava operações em massa, que tinham como alvo grupos religiosos ou [[grupos étnicos]] inteiros - os [[judeus]], a [[Igreja Ortodoxa Russa]], os [[Igreja Ortodoxa Grega|ortodoxos gregos]], [[Igreja Católica de Rito Latino|católicos latinos]] e demais [[Perseguição aos Cristãos na União Soviética|cristãos perseguidos na URSS]], [[muçulmanos]] e outros grupos religiosos.<ref>Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 125 - 134</ref> O braço antirreligioso do governo soviético era dirigido por [[Yevgeny Tuchkov]] do [[OGPU]].


O NKVD também executava operações em massa, que tinham como alvo grupos religiosos ou [[grupos étnicos]] inteiros - os [[judeus]], a [[Igreja Ortodoxa Russa]], os [[Igreja Ortodoxa Grega|ortodoxos gregos]], [[Igreja Católica de Rito Latino|católicos latinos]], [[muçulmanos]] e outros grupos religiosos.<ref>Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 125 - 134</ref> O braço antirreligioso do governo soviético era dirigido por [[Yevgeny Tuchkov]] do [[OGPU]].
[[Ficheiro:NKVD Mandelstam.jpg|thumb|150px|left|Fotografia de [[Osip Mandelstam]], como prisioneiro da NKVD]]
[[Ficheiro:NKVD Mandelstam.jpg|thumb|150px|left|Fotografia de [[Osip Mandelstam]], como prisioneiro da NKVD]]


Devido aos abusos na repressão, em 4 de fevereiro de 1940 [[Nikolai Yezhov]] (chefe do NKVD de 1936 a 1938) e seus assessores mais próximos foram executados.
Devido aos abusos na repressão, em 4 de fevereiro de 1940 [[Nikolai Yezhov]] (chefe do NKVD de 1936 a 1938 durante o [[Grande Expurgo]]) e seus assessores mais próximos foram executados.


Durante a [[Guerra Civil Espanhola]], os agentes da NKVD, atuando conjuntamente com o [[Partido Comunista da Espanha]], exerceram substancial controle sobre o governo republicano, usando a ajuda militar soviética para aumentar sua influência.<ref>Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; paginas: 89 e 90</ref><ref>Orwell, George. "Homage to Catalonia". New York: Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg 53</ref> O NKVD estabeleceu numerosas [[Detenção|prisões]] secretas em torno de [[Madrid]], as quais foram usadas para deter, torturar, e matar centenas dos inimigos do NKVD.<ref>{{citar web |url=http://libcom.org/library/tragic-week-may-days-barcelona-1937-souchy |publicado=libcom.org|obra= |autor= Augustin Souchy |título= "The Tragic Week in May: the May Days Barcelona 1937" |data= |acessodata=13 dezembro 2012 |língua= en}}</ref> No início o alvo eram os nacionalistas e católicos espanhóis. Mas, em junho de [[1937]], [[Andrés Nin]], importante figura trotskista, pincipal dirigente do [[Partido Operário de Unificação Marxista]] foi torturado e morto em uma prisão da NKVD.<ref>{{citar livro|ultimo=Courtois|primeiro=Stéphane|titulo="The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression"|pagina=340}}</ref><ref>{{citar livro| título=El POUM en la historia: Andreu Nin y la revolución española| autor=Wilebaldo Solano| editora=Los Libros de la Catarata| ano= 1999| isbn = 9788483190593| url=http://books.google.es/books?id=5oX042MPSi8C}}</ref>
Durante a [[Guerra Civil Espanhola]], os agentes da NKVD, atuando conjuntamente com o [[Partido Comunista da Espanha]], exerceram substancial controle sobre [[Segunda República Espanhola|o governo republicano]], usando a ajuda militar soviética para aumentar sua influência.<ref>Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; paginas: 89 e 90</ref><ref>Orwell, George. "Homage to Catalonia". New York: Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg 53</ref> O NKVD estabeleceu numerosas [[Detenção|prisões]] secretas em torno de [[Madrid]], as quais foram usadas para deter, torturar, e matar centenas dos inimigos do NKVD.<ref>{{citar web |url=http://libcom.org/library/tragic-week-may-days-barcelona-1937-souchy |publicado=libcom.org|obra= |autor= Augustin Souchy |título= "The Tragic Week in May: the May Days Barcelona 1937" |data= |acessodata=13 dezembro 2012 |língua= en}}</ref> No início o alvo eram os nacionalistas e católicos espanhóis. Mas, em junho de [[1937]], [[Andrés Nin]], importante figura [[Trotskismo|trotskista]], pincipal dirigente do [[Partido Operário de Unificação Marxista]] foi torturado e morto em uma prisão da NKVD.<ref>{{citar livro|ultimo=Courtois|primeiro=Stéphane|titulo="The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression"|pagina=340}}</ref><ref>{{citar livro| título=El POUM en la historia: Andreu Nin y la revolución española| autor=Wilebaldo Solano| editora=Los Libros de la Catarata| ano= 1999| isbn = 9788483190593| url=http://books.google.es/books?id=5oX042MPSi8C}}</ref>


Também houve cooperação entre elementos do NKVD e da [[Gestapo]]. Em março de [[1940]], eles se encontraram por uma semana em [[Zakopane]], para coordenar a pacificação da [[Polônia]]. O NKVD entregou centenas de comunistas alemães e austríacos à Gestapo, entre outros estrangeiros indesejáveis.<ref>{{citar livro|ultimo=Applebaum |primeiro=Anne|título="Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"|paginas=59| ano=2012|editor=Pinguin Book|local=Great Britain| ISBN=978-1-846-14662-6}}</ref>
Também houve cooperação entre elementos do NKVD e da [[Gestapo]]. Em março de [[1940]], eles se encontraram por uma semana em [[Zakopane]], para coordenar a pacificação da [[Polônia]]. O NKVD entregou centenas de comunistas alemães e austríacos à Gestapo, entre outros estrangeiros indesejáveis.<ref>{{citar livro|ultimo=Applebaum |primeiro=Anne|título="Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"|paginas=59| ano=2012|editor=Pinguin Book|local=Great Britain| ISBN=978-1-846-14662-6}}</ref>
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Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], as unidades de NKVD foram usadas para a segurança de fronteiras.<ref name=zaloga>Zaloga, Steven J. ''The Red Army of the Great Patriotic War, 1941-45'', Osprey Publishing, (1989), pp. 21–22</ref> No território liberado, o NKVD e o NKGB realizaram apreensões, deportações, e execuções em massa.<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 99</ref> Os alvos incluíram colaboradores da [[Alemanha]] e membros da [[resistência]] não-comunistas.<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 101 e 102</ref> Existem evidências também de que o NKVD executou milhares de prisioneiros de guerra poloneses em [[1941]].<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 96</ref><ref>{{citar livro|ultimo=Brown|primeiro=Archie|título="The Rise & Fall of Communism"|pagina=140|ano=2010|editor=Vinage|local=Londres|ISBN=9781845950675}}</ref>
Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], as unidades de NKVD foram usadas para a segurança de fronteiras.<ref name=zaloga>Zaloga, Steven J. ''The Red Army of the Great Patriotic War, 1941-45'', Osprey Publishing, (1989), pp. 21–22</ref> No território liberado, o NKVD e o NKGB realizaram apreensões, deportações, e execuções em massa.<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 99</ref> Os alvos incluíram colaboradores da [[Alemanha]] e membros da [[resistência]] não-comunistas.<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 101 e 102</ref> Existem evidências também de que o NKVD executou milhares de prisioneiros de guerra poloneses em [[1941]].<ref> Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 96</ref><ref>{{citar livro|ultimo=Brown|primeiro=Archie|título="The Rise & Fall of Communism"|pagina=140|ano=2010|editor=Vinage|local=Londres|ISBN=9781845950675}}</ref>


O GUGB e a Divisão Estrangeira (''Inostranny Otdel'') organizaram o assassinato de cidadãos nacionais e estrangeiros considerados inimigos da URSS.<ref>Barmine, Alexander, ''One Who Survived'', New York: G.P. Putnam (1945), pp. 232–233</ref> Entre as vítimas mais conhecidas estão:

O GUGB e a Divisão Estrangeira (''Inostranny Otdel'') organizaram o assassinato de cidadãos nacionais e estrangeiros considerados inimigos da URSS.<ref>Barmine, Alexander, ''One Who Survived'', New York: G.P. Putnam (1945), pp. 232–233</ref> Entre as vítimas mais conhecidas estão


* [[Leon Trotsky]], um inimigo político da ordem soviética e seu mais duro crítico internacional;
* [[Leon Trotsky]], um inimigo político da ordem soviética e seu mais duro crítico internacional;
* [[Boris Savinkov]], revolucionário russo e terrorista;
* [[Boris Savinkov]], revolucionário russo e terrorista;
* [[Yevhen Konovalets]], líder político e proeminente militar ucraniano;
* [[Yevhen Konovalets]], líder político e proeminente militar ucraniano;
* [[Guy Leland]], poeta subterrâneo anti-soviete francês;
* [[Guy Leland]], poeta subterrâneo (''[[samizdat]]'') [[Antissovietismo|anti-soviete]] francês;


A NKVD elaborou planos ousados como a ação para assassinar [[Adolf Hitler]], caso ele e outras autoridades [[nazista]]s comparecessem a [[Moscou]], se esta fosse tomada e, o resgate de [[Ramón Mercader]], preso no [[México]] pelo assassinato de Trotsky.<ref>[[Gazeta Russa]] - [http://www.gazetarussa.com.br/defesa/2016/03/08/as-espias-que-sabiam-demais_573343 As espiãs que sabiam demais.] Aleksandr Koroliov, 8 de Março de 2016. Acessado em 23/09/2016.</ref> Mas, tais planos, que contariam com a participação da espiã [[Anna Feodorovna Filonenko-Kamaeva|Anna Filonenko]], não foram executados.<ref>[http://www.agesmystery.ru/rubriki/lica-razvedki/razvedchiki-nelegaly-mixail-i-anna-filonenko/ Ages Mystery] - Разведчики-нелегалы Михаил и Анна Филоненко ("Os agentes ilegais Mikhail e Anna Filonenko"). {{ru}} Acessado em 23/09/2016.</ref>
A partir de [[1956]], sob o governo do novo líder soviético [[Nikita Khrushchev]], milhares de vítimas da NKVD "foram reabilitados legalmente", isto é, foram absolvidas e tiveram seus direitos restaurados.

A partir de [[1956]], sob o governo do novo líder soviético [[Nikita Khrushchev]], milhares de vítimas da NKVD "foram reabilitados legalmente", isto é, foram absolvidas e tiveram seus direitos restaurados.


=== Atividades de inteligência ===
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O sistema extensivo de exploração do trabalho no [[Gulag]] deu uma contribuição notável à economia soviética e ao desenvolvimento de áreas remotas do país. A colonização da [[Sibéria]], do norte e do extremo leste estava entre os objetivos estabelecidos nas primeiras leis a respeito dos campos de trabalho soviéticos. A mineração, a construção de rodovias, ferrovias, canais, barragens, fábricas, etc., dentre outras formas de exploração dos trabalhadores, eram parte do planeamento econômico soviético, e a NKVD teve suas próprias plantas de produção.
O sistema extensivo de exploração do trabalho no [[Gulag]] deu uma contribuição notável à economia soviética e ao desenvolvimento de áreas remotas do país. A colonização da [[Sibéria]], do norte e do extremo leste estava entre os objetivos estabelecidos nas primeiras leis a respeito dos campos de trabalho soviéticos. A mineração, a construção de rodovias, ferrovias, canais, barragens, fábricas, etc., dentre outras formas de exploração dos trabalhadores, eram parte do planeamento econômico soviético, e a NKVD teve suas próprias plantas de produção.


Muitos cientistas e coordenadores presos por crimes políticos foram colocados em prisões especiais, muito mais confortáveis do que o Gulag, conhecidos como ''sharashkas''. Esses prisioneiros continuaram seu trabalho nestas prisões. Mais tarde, quando liberados, alguns deles transformaram-se em líderes na área de ciência e tecnologia, destacando-se [[Sergey Korolev]], que concebeu o programa soviético do foguetes e planejou a primeira missão humana, no vôo espacial de 1961, e [[Andrei Tupolev]], projetista de aviões.
Muitos cientistas e coordenadores presos por crimes políticos foram colocados em prisões especiais, muito mais confortáveis do que o Gulag, conhecidos como ''sharashkas''. Esses prisioneiros continuaram seu trabalho nestas prisões. Mais tarde, quando liberados, alguns deles transformaram-se em líderes na área de ciência e tecnologia, destacando-se [[Sergey Korolev]], que concebeu o programa soviético do foguetes e planejou a primeira missão humana, no vôo espacial de 1961, e [[Andrei Tupolev]], projetista de aviões. Outros, como o [[Genética|geneticista]] [[Nikolai Vavilov]], foram vítimas da [[Pesquisa reprimida na União Soviética|repressão à pesquisa científica]] em certas áreas. Vavilov, reconhecido internacionalmente por seus estudos sobre plantas agrícolas, morreu de [[fome]] na prisão em 1943.<ref>''The Murder of Nikolai Vavilov: The Story of Stalin's Persecution of One of the Great Scientists of the Twentieth Century.'' Autor: Peter Pringle. Editora: Simon & Schuster, 2008, {{en}}. ISBN 9781416566021 Adicionado em 23/09/2016.</ref> <ref>[http://www.splendidtable.org/story/how-nikolay-vavilov-the-seed-collector-who-tried-to-end-famine-died-of-starvation Splendid Table] - ''How Nikolay Vavilov, the seed collector who tried to end famine, died of starvation.'' {{en}} Acessado em 23/09/2016.</ref>


Após a Segunda Guerra Mundial, o então MVD (fora do Gulag) coordenou o trabalho do armamento nuclear soviético, sob o comando do general [[Pavel Sudoplatov]]. Os cientistas não eram prisioneiros, mas o projeto foi supervisionado pelo MVD, em razão da sua grande importância e pela exigência da segurança e do sigilo absolutos. Também, o projeto usou a informação obtida pelo MVD dos [[Estados Unidos]].
Após a Segunda Guerra Mundial, o então MVD (fora do Gulag) coordenou o trabalho do armamento nuclear soviético, sob o comando do general [[Pavel Sudoplatov]]. Os cientistas não eram prisioneiros, mas o projeto foi supervisionado pelo MVD, em razão da sua grande importância e pela exigência da segurança e do sigilo absolutos. Também, o projeto usou a informação obtida pelo MVD dos [[Estados Unidos]].


== {{Ver também}} ==
== {{Ver também}} ==

* [[KGB]]
* [[Agência de Segurança do Estado da República de Bielorrússia]]
* [[Agência de Segurança do Estado da República de Bielorrússia]]
* [[Ivan Serov]]
* [[KGB]]
* [[Lavrenty Beria]]
* [[Lavrenty Beria]]
* [[Nikolai Yezhov]]
* [[Nikolai Yezhov]]
* [[Ivan Serov]]
* [[O Arquivo Mitrokhin]]


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== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
* COURTOIS, Stéphane et al. [http://www.pampalivre.info/o_livro_negro_do_comunismo_%28completo%29.pdf ''O livro negro do comunismo''] Bertrand Brasil, 1999.
* COURTOIS, Stéphane et al. [http://www.pampalivre.info/o_livro_negro_do_comunismo_%28completo%29.pdf ''O livro negro do comunismo''] Bertrand Brasil, 1999.

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[[Categoria:NKVD]]

Revisão das 12h38min de 23 de setembro de 2016

Emblema do NKVD.

NKVD (russo: НКВД, Народный комиссариат внутренних дел, translit. Narodniy komissariat vnutrennikh diel; Português: Comissariado do povo para assuntos internos, foi o Ministério do Interior da URSS. Criado em 1934, o NKVD incorporou o GPU ou OGPU (Obiedinionnoye Gosudarstvennoye Politicheskoye Upravlenie, "Diretório Político Unificado do Estado"), transformado em GUGB (ГУГБ, Главное Управление Государства Безопасности, translit. Glavnoe Upravlenie Gosudarstva Bezopasnosti; Português: Administração Central da Segurança do Estado) e foi substituído pelo Ministerstvo Vnoutrennikh Diel (MVD), o Ministério do Interior.

Além de funções policiais e de segurança tradicionalmente atribuídas ao Ministério do Interior, como o controle de tráfego, corpo de bombeiros e a guarda das fronteiras, cabia ao NKVD controlar a economia e o serviço secreto, prestando contas ao Conselho de Comissários do Povo (órgão principal do governo soviético) e ao Comitê Central do Partido Comunista de Toda a União (bolchevique).

No âmbito do NKVD estabeleceu-se o Gulag (ГУЛАГ, Главное Управление Лагерей, translit. Glavnoie Upravlenie Lagerei; Português: "Administração Central dos Campos"), órgão responsável pelo sistema de campos penais de trabalho.

Atividades do NKVD

Entre as funções do NKVD, por meio de sua divisão chamada GUGB, estava proteger a segurança do Estado soviético. Esta função foi realizada com sucesso através da intensa repressão política na URSS.

As atividades de repressão e as execuções do NKVD tiveram como alvo desde os inimigos do Estado soviético até os prisioneiros do sistema Gulag, atingindo centenas de milhares de pessoas.[1] Formalmente, essas pessoas eram, na sua maioria, condenadas por cortes marciais especiais - as troikas. O uso "de meios físicos da persuasão" (tortura) foi aprovado por um decreto especial do estado, o que resultaria em numerosos abusos, relatados pelas vítimas e pelos próprios membros do NKVD. Existem evidências documentadas de que o NKVD cometeu execuções extrajudiciais em massa.[2] Em 17 de novembro de 1938 tais troikas foram proibidas por decisão conjunta do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do Partido Comunista de Toda a União (bolchevique).

O NKVD também executava operações em massa, que tinham como alvo grupos religiosos ou grupos étnicos inteiros - os judeus, a Igreja Ortodoxa Russa, os ortodoxos gregos, católicos latinos e demais cristãos perseguidos na URSS, muçulmanos e outros grupos religiosos.[3] O braço antirreligioso do governo soviético era dirigido por Yevgeny Tuchkov do OGPU.

Fotografia de Osip Mandelstam, como prisioneiro da NKVD

Devido aos abusos na repressão, em 4 de fevereiro de 1940 Nikolai Yezhov (chefe do NKVD de 1936 a 1938 durante o Grande Expurgo) e seus assessores mais próximos foram executados.

Durante a Guerra Civil Espanhola, os agentes da NKVD, atuando conjuntamente com o Partido Comunista da Espanha, exerceram substancial controle sobre o governo republicano, usando a ajuda militar soviética para aumentar sua influência.[4][5] O NKVD estabeleceu numerosas prisões secretas em torno de Madrid, as quais foram usadas para deter, torturar, e matar centenas dos inimigos do NKVD.[6] No início o alvo eram os nacionalistas e católicos espanhóis. Mas, em junho de 1937, Andrés Nin, importante figura trotskista, pincipal dirigente do Partido Operário de Unificação Marxista foi torturado e morto em uma prisão da NKVD.[7][8]

Também houve cooperação entre elementos do NKVD e da Gestapo. Em março de 1940, eles se encontraram por uma semana em Zakopane, para coordenar a pacificação da Polônia. O NKVD entregou centenas de comunistas alemães e austríacos à Gestapo, entre outros estrangeiros indesejáveis.[9]

Durante a Segunda Guerra Mundial, as unidades de NKVD foram usadas para a segurança de fronteiras.[10] No território liberado, o NKVD e o NKGB realizaram apreensões, deportações, e execuções em massa.[11] Os alvos incluíram colaboradores da Alemanha e membros da resistência não-comunistas.[12] Existem evidências também de que o NKVD executou milhares de prisioneiros de guerra poloneses em 1941.[13][14]

O GUGB e a Divisão Estrangeira (Inostranny Otdel) organizaram o assassinato de cidadãos nacionais e estrangeiros considerados inimigos da URSS.[15] Entre as vítimas mais conhecidas estão:

A NKVD elaborou planos ousados como a ação para assassinar Adolf Hitler, caso ele e outras autoridades nazistas comparecessem a Moscou, se esta fosse tomada e, o resgate de Ramón Mercader, preso no México pelo assassinato de Trotsky.[16] Mas, tais planos, que contariam com a participação da espiã Anna Filonenko, não foram executados.[17]

A partir de 1956, sob o governo do novo líder soviético Nikita Khrushchev, milhares de vítimas da NKVD "foram reabilitados legalmente", isto é, foram absolvidas e tiveram seus direitos restaurados.

Atividades de inteligência

  • Estabelecimento de uma ampla rede de espionagem através do Comintern;
  • Recrutamento de importantes funcionários do governo britânico como agentes, nos anos 1940, e penetração dos serviços de inteligência (MI6) e contra-informação (MI5);
  • Obtenção de informações detalhadas sobre projetos de armas nucleares dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha;
  • Desarticulação de vários complôs para assassinar Stalin.

O NKVD e a economia soviética

O sistema extensivo de exploração do trabalho no Gulag deu uma contribuição notável à economia soviética e ao desenvolvimento de áreas remotas do país. A colonização da Sibéria, do norte e do extremo leste estava entre os objetivos estabelecidos nas primeiras leis a respeito dos campos de trabalho soviéticos. A mineração, a construção de rodovias, ferrovias, canais, barragens, fábricas, etc., dentre outras formas de exploração dos trabalhadores, eram parte do planeamento econômico soviético, e a NKVD teve suas próprias plantas de produção.

Muitos cientistas e coordenadores presos por crimes políticos foram colocados em prisões especiais, muito mais confortáveis do que o Gulag, conhecidos como sharashkas. Esses prisioneiros continuaram seu trabalho nestas prisões. Mais tarde, quando liberados, alguns deles transformaram-se em líderes na área de ciência e tecnologia, destacando-se Sergey Korolev, que concebeu o programa soviético do foguetes e planejou a primeira missão humana, no vôo espacial de 1961, e Andrei Tupolev, projetista de aviões. Outros, como o geneticista Nikolai Vavilov, foram vítimas da repressão à pesquisa científica em certas áreas. Vavilov, reconhecido internacionalmente por seus estudos sobre plantas agrícolas, morreu de fome na prisão em 1943.[18] [19]

Após a Segunda Guerra Mundial, o então MVD (fora do Gulag) coordenou o trabalho do armamento nuclear soviético, sob o comando do general Pavel Sudoplatov. Os cientistas não eram prisioneiros, mas o projeto foi supervisionado pelo MVD, em razão da sua grande importância e pela exigência da segurança e do sigilo absolutos. Também, o projeto usou a informação obtida pelo MVD dos Estados Unidos.

Ver também

Referências

  1. Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; pagina: 92
  2. Tzouliadis, Tim, The Forsaken: An American Tragedy in Stalin's Russia Penguin Press (2008), ISBN 1-59420-168-4
  3. Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 125 - 134
  4. Archie Brown; "The Rise & Fall of Communism"; paginas: 89 e 90
  5. Orwell, George. "Homage to Catalonia". New York: Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg 53
  6. Augustin Souchy. «"The Tragic Week in May: the May Days Barcelona 1937"» (em inglês). libcom.org. Consultado em 13 dezembro 2012 
  7. Courtois, Stéphane. "The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression". [S.l.: s.n.] p. 340 
  8. Wilebaldo Solano (1999). El POUM en la historia: Andreu Nin y la revolución española. [S.l.]: Los Libros de la Catarata. ISBN 9788483190593 
  9. Applebaum, Anne (2012). Pinguin Book, ed. "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956". Great Britain: [s.n.] 59 páginas. ISBN 978-1-846-14662-6 
  10. Zaloga, Steven J. The Red Army of the Great Patriotic War, 1941-45, Osprey Publishing, (1989), pp. 21–22
  11. Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 99
  12. Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; paginas 101 e 102
  13. Anne Applebaum; "Iron Curtain, The Crushing of Eastern Europe 1944 - 1956"; pagina 96
  14. Brown, Archie (2010). Vinage, ed. "The Rise & Fall of Communism". Londres: [s.n.] p. 140. ISBN 9781845950675 
  15. Barmine, Alexander, One Who Survived, New York: G.P. Putnam (1945), pp. 232–233
  16. Gazeta Russa - As espiãs que sabiam demais. Aleksandr Koroliov, 8 de Março de 2016. Acessado em 23/09/2016.
  17. Ages Mystery - Разведчики-нелегалы Михаил и Анна Филоненко ("Os agentes ilegais Mikhail e Anna Filonenko"). (em russo) Acessado em 23/09/2016.
  18. The Murder of Nikolai Vavilov: The Story of Stalin's Persecution of One of the Great Scientists of the Twentieth Century. Autor: Peter Pringle. Editora: Simon & Schuster, 2008, (em inglês). ISBN 9781416566021 Adicionado em 23/09/2016.
  19. Splendid Table - How Nikolay Vavilov, the seed collector who tried to end famine, died of starvation. (em inglês) Acessado em 23/09/2016.

Ligações externas