Maxime Rodinson: diferenças entre revisões
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'''Maxime Rodinson''' ([[Paris]], [[26 de Janeiro]] de [[1915]] - [[Marselha]], [[23 de Maio]] de [[2004]]) foi um [[historiador]], [[linguista]], [[sociólogo]] e orientalista [[França|francês]]. Académico de orientação [[marxismo|marxista]], Maxime Rodinson notabilizou-se pelos seus trabalhos sobre o [[Islão]] e o [[Árabes|mundo árabe]]. |
'''Maxime Rodinson''' ([[Paris]], [[26 de Janeiro]] de [[1915]] - [[Marselha]], [[23 de Maio]] de [[2004]]<ref>Jean-Pierre Digard, [http://lhomme.revues.org/document1546.html Maxime Rodinson (1915-2004)]. ''L'Homme'', 171-172, julho- dezembro de 2004. Ed. HESS. [[École des hautes études en sciences sociales]].</ref><ref>Douglas Johnson, [http://books.guardian.co.uk/obituaries/story/0,11617,1230470,00.html Obituary: Maxime Rodinson,] ''[[The Guardian]]'', 3 de Junho de 2004</ref> ) foi um [[historiador]], [[linguista]], [[sociólogo]] e orientalista [[França|francês]]. Académico de orientação [[marxismo|marxista]], Maxime Rodinson notabilizou-se pelos seus trabalhos sobre o [[Islão]] e o [[Árabes|mundo árabe]]. <ref>[http://tempsreel.nouvelobs.com/culture/20040525.OBS9821/deces-de-maxime-rodinson-specialiste-du-monde-arabe.html Décès de Maxime Rodinson, spécialiste du monde arabe], ''[[Le Nouvel Observateur]]'', 28 de maio de 2004.</ref> |
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Apesar das suas raízes judaicas, Maxime era [[antissionista]].<ref>[http://sionisme.populus.org/rub/22 Un orientaliste juste...]</ref> Em [[1967]] publica, na revista ''[[Les Temps Modernes]]'', o artigo "Israel, facto colonial?", no qual argumentava que a criação do [[Estado de Israel]] era uma manifestação tardia do [[colonialismo]]. |
Apesar das suas raízes judaicas, Maxime era [[antissionista]].<ref>[http://sionisme.populus.org/rub/22 Un orientaliste juste...]</ref> Em [[1967]] publica, na revista ''[[Les Temps Modernes]]'', o artigo ''Israël, fait colonial ?'' ("Israel, facto colonial?"), <ref>''Israël, fait colonial ?'' ''Les Temps Modernes'', n° 253 bis, julho de 1967: 17-88. [[Gallimard]]. ISBN 2070286827. </ref> no qual argumentava que a criação do [[Estado de Israel]] era uma manifestação tardia do [[colonialismo]]. O artigo, publicado pouco depois da [[Guerra dos seis dias]], teve enorme impacto e provocou muita polêmica e até mesmo insultos contra o autor.<ref>[http://www.france-palestine.org/Dans-la-revue-des-temps-modernes#nb1 Dans la revue des temps modernes : le basculement conceptuel de Maxime Rodinson], por Bernard Ravenel. 28 de setembro de 2007.</ref> Rodinson considerava que a criação de Israel era uma injustiça em relação aos [[palestinos]], mas "jogar os israelenses ao mar" seria somar uma injustiça a outra. <ref>[http://resistir.info/franca/maxime_rodinson_port.html Maxime Rodinson, um sábio], por Catherine Coroller. Tradução do texto original {{fr}} [http://www.liberation.fr/culture/0101490066-mort-de-maxime-rodinson-eclaireur-de-l-orient ''Mort de Maxime Rodinson, éclaireur de l'Orient''], publicado no ''[[Libération]]'', 26 de maio de 2004. </ref> Em [[1968]], juntamente com o especialista em história da [[Argélia|Algéria]], [[Jacques Berque]], Rodinson cria um grupo de estudo e de intervenção (''GRAPP, Groupe de recherches et d´action pour le règlement du problème palestinien''), cujo propósito é apoiar a criação de um [[Palestinos|Estado palestiniano]] . |
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Para além de director da revista de estudos árabes ''Arabica'', foi professor nas universidades de [[Universidade Princeton|Princeton]] e [[Universidade de Amsterdã|Amsterdam]]. |
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*Jean-Pierre Digard, [http://lhomme.revues.org/document1546.html Maxime Rodinson (1915-2004)]. ''L'Homme'', 171-172, julho- dezembro de 2004. Ed, HESS. [[École des hautes études en sciences sociales]]. |
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*[http://tempsreel.nouvelobs.com/culture/20040525.OBS9821/deces-de-maxime-rodinson-specialiste-du-monde-arabe.html Décès de Maxime Rodinson, spécialiste du monde arabe], ''[[Le Nouvel Observateur]]''. |
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* Farouk Mardam-Bey, [http://cosmos.ucc.ie/cs1064/jabowen/IPSC/php/art.php?aid=56507 Maxime Rodinson, le savant et le militant.] ''Politis'', 3 de Junho 2004 |
* Farouk Mardam-Bey, [http://cosmos.ucc.ie/cs1064/jabowen/IPSC/php/art.php?aid=56507 Maxime Rodinson, le savant et le militant.] ''Politis'', 3 de Junho 2004 |
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*Douglas Johnson, [http://books.guardian.co.uk/obituaries/story/0,11617,1230470,00.html Obituary: Maxime Rodinson,] ''[[The Guardian]]'', 3 de Junho de 2004 |
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== Ligações externas == |
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Maxime Rodinson (Paris, 26 de Janeiro de 1915 - Marselha, 23 de Maio de 2004[1][2] ) foi um historiador, linguista, sociólogo e orientalista francês. Académico de orientação marxista, Maxime Rodinson notabilizou-se pelos seus trabalhos sobre o Islão e o mundo árabe. [3]
Biografia
Filho de judeus emigrados da Rússia e da Polónia - militantes comunistas operários da indústria têxtil -, Maxime frequentou apenas o ensino básico e, aos treze anos, tornou-se rapaz de recados. Contudo, interessa-se pelo mundo das línguas (aprende o latim e o grego) e adquire outros conhecimentos de maneira autodidacta.
Quando tinha dezassete anos apresentou-se ao concurso de admissão para a École des langues orientales destinado a candidatos sem o ensino liceal. É o início de uma carreira académica de sucesso. Para além do diploma daquela instituição, era também doutor em Letras e diplomado pela École pratique des hautes études, onde terminou a sua carreira como director de estudos.
Em 1937 adere ao Partido Comunista Francês, mas a sua militância foi sempre fraca, acabando mesmo por ser expulso em 1958.
É mobilizado para a Segunda Guerra Mundial em 1939, mas devido aos seus conhecimentos de línguas do Médio Oriente é enviado para o Líbano, onde trabalha como professor universitário e bibliotecário, e depois, para a Síria. Os seus pais morrem em 1943 no campo de concentração de Auschwitz.
Regressa a França em 1948 onde exerce funções como responsável pela secção oriental da Biblioteca Nacional. Os seus primeiros estudos sobre o Islão centram-se nos alimentos desta cultura.
Em 1961 lança uma biografia do profeta Maomé, que permanece uma referência até aos nossos dias.
Apesar das suas raízes judaicas, Maxime era antissionista.[4] Em 1967 publica, na revista Les Temps Modernes, o artigo Israël, fait colonial ? ("Israel, facto colonial?"), [5] no qual argumentava que a criação do Estado de Israel era uma manifestação tardia do colonialismo. O artigo, publicado pouco depois da Guerra dos seis dias, teve enorme impacto e provocou muita polêmica e até mesmo insultos contra o autor.[6] Rodinson considerava que a criação de Israel era uma injustiça em relação aos palestinos, mas "jogar os israelenses ao mar" seria somar uma injustiça a outra. [7] Em 1968, juntamente com o especialista em história da Algéria, Jacques Berque, Rodinson cria um grupo de estudo e de intervenção (GRAPP, Groupe de recherches et d´action pour le règlement du problème palestinien), cujo propósito é apoiar a criação de um Estado palestiniano .
Para além de director da revista de estudos árabes Arabica, Maxime Rodinson foi professor nas universidades de Princeton e Amsterdam.
Obras publicadas em português
- 1982 Os árabes. Mem Martins, Publicações Europa-América.
- 1992 Maomé. Lisboa, Editorial Caminho.
- 1997 O Islão político e crença. Lisboa, Instituto Piaget.
- 1997 De Pitágoras a Lenine: Activismos Ideológicos. Lisboa, Instituto Piaget.
Outros títulos (em francês e inglês)
- 1966 Islam et capitalisme. Paris, Seuil.
- 1968 Israël et les refus arabe, 75 ans d´histoire. Paris, Seuil.
- 1972 Marxisme et monde musulman. Paris, Seuil.
- 1973 Israel: A Colonial-Settler State?. Pathfinder Press.
- 1980 La Fascination de l´Islam. Paris, Maspero.
- 1981 Peuple juif ou problème juif?. Paris, Maspero.
- 1998 Entre Islam et Occident. Paris, Les Belles Lettres.
Referências
- ↑ Jean-Pierre Digard, Maxime Rodinson (1915-2004). L'Homme, 171-172, julho- dezembro de 2004. Ed. HESS. École des hautes études en sciences sociales.
- ↑ Douglas Johnson, Obituary: Maxime Rodinson, The Guardian, 3 de Junho de 2004
- ↑ Décès de Maxime Rodinson, spécialiste du monde arabe, Le Nouvel Observateur, 28 de maio de 2004.
- ↑ Un orientaliste juste...
- ↑ Israël, fait colonial ? Les Temps Modernes, n° 253 bis, julho de 1967: 17-88. Gallimard. ISBN 2070286827.
- ↑ Dans la revue des temps modernes : le basculement conceptuel de Maxime Rodinson, por Bernard Ravenel. 28 de setembro de 2007.
- ↑ Maxime Rodinson, um sábio, por Catherine Coroller. Tradução do texto original (em francês) Mort de Maxime Rodinson, éclaireur de l'Orient, publicado no Libération, 26 de maio de 2004.
- Farouk Mardam-Bey, Maxime Rodinson, le savant et le militant. Politis, 3 de Junho 2004
Ligações externas
- Maxime Rodinson comenta os acontecimentos do 11 de Setembro de 2001. Entrevista na revista Le Point, 5 de Outubro de 2001 (francês).
- Maxime Rodinson: Entretiens, une vie, une oeuvre, por Chris Kutschera.
- Maxime Rodinson (1915-2004), un savant héritier des Lumières, por Gérard D. Khoury. Hermès, 39, 2004. Institut des sciences de la communication (ISCC). CNRS.
- Maxime Rodinson : orientaliste oublié ou simplement silencieux ?, por Théo Corbucci. Nonfiction.fr , 12 de fevereiro de 2009.