Maracanaço: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Alch Bot (discussão | contribs)
m Robô: Alteração da categoria redireccionada Partidas históricas de futebol para Partidas de futebol
Linha 211: Linha 211:
[[Categoria:Copa do Mundo FIFA de 1950]]
[[Categoria:Copa do Mundo FIFA de 1950]]
[[Categoria:Partidas da Copa do Mundo FIFA]]
[[Categoria:Partidas da Copa do Mundo FIFA]]
[[Categoria:Partidas históricas de futebol]]
[[Categoria:Partidas de futebol]]
[[Categoria:Partidas da Seleção Brasileira de Futebol]]
[[Categoria:Partidas da Seleção Brasileira de Futebol]]
[[Categoria:Partidas da Seleção Uruguaia de Futebol]]
[[Categoria:Partidas da Seleção Uruguaia de Futebol]]

Revisão das 05h11min de 25 de setembro de 2015

Copa do Mundo de 1950
Estadio onde ocorreu o evento a mais de 6 décadas, modernizado.
Evento Copa do Mundo de 1950
Data domingo 16 de Julho de 1950
Local Maracanã, Rio de Janeiro
 Brasil
Árbitro InglaterraIng George Reader
Público 199 854

Maracanaço (em espanhol: Maracanazo[1]) é o termo usado em referência à partida que decidiu a Copa do Mundo de Futebol de 1950 a favor da Seleção Uruguaia de Futebol, deixando desolados os brasileiros. A partida ocorreu no estádio do Maracanã, e é considerada um dos maiores reveses da história do futebol.

Antecedentes

O caminho para o título da Copa do Mundo de 1950 foi particularmente sui generis: Em vez do sistema de jogos eliminatórios (que é comumente usado atualmente em todas as competições, não apenas de futebol), o regulamento determinava que o campeão seria definido através de jogos entre um grupo de finalistas. Os quatro finalistas foram: o Brasil (país sede e grande favorito), o Uruguai (que precisava vencer apenas uma partida para chegar as finais, esmagou a Bolívia por 8-0), a Espanha (que deixou para trás a Inglaterra no seu grupo), e a Suécia (que venceu a Itália).

O início da rodada final foi mais do que promissor para o público brasileiro e para a imprensa, pois o Brasil tinha vencido, com folga, os jogos contra a Suécia (7-1) e contra a Espanha (6-1). O Brasil tinha marcado 4 pontos, e era o líder do grupo; seguido pelo Uruguai, que apenas empatara com a Espanha (2-2) e conseguira uma vitória magra sobre a Suécia (3-2). O Uruguai tinha, então, 3 pontos antes da rodada decisiva.

Apesar de não ter sido estruturada dessa maneira, a rodada final tinha no jogo Espanha-Suécia a disputa do "terceiro lugar" (a Espanha tinha apenas 1 ponto, enquanto a Suécia não tinha nenhum). Brasil-Uruguai era o "jogo decisivo". Mesmo um empate garantiria o título ao Brasil, devido ao número de pontos. O Uruguai tinha, necessariamente, que vencer o jogo para levar a Copa.

Comemoração antecipada

A imprensa especializada e o público em geral já tinham começado a aclamar o Brasil como o novo campeão mundial, dias antes da final, e eles tinham razões para isso. O Brasil vencera suas duas últimas partidas, com um estilo muito ofensivo de jogo contra qual todos os esforços se tinham mostrado inúteis. Por outro lado, o Uruguai tinha encontrado muita dificuldade tanto no jogo contra a Espanha, como contra a Suécia, obtendo um empate contra a Espanha e uma vitória magra sobre a Suécia. Quando esses resultados eram comparados ficava óbvio que o Brasil estava preparado para vencer o Uruguai, facilmente, da mesma forma como tinha vencido a Espanha e a Suécia.

Na manhã de domingo 16 de julho de 1950 as ruas do Rio de Janeiro estavam em polvorosa. Foi improvisado um carnaval sob o som de "O Brasil precisa vencer!". Este espírito encorajador não cessou, até o início da partida final, que lotou o lendário Estádio do Maracanã com um público de aproximadamente 200.000 pessoas, um recorde mantido até hoje.

O clima já era exagerado e, para contribuir ainda mais com a ideia do “já ganhou”, minutos antes do jogo começar, o prefeito do Rio de Janeiro, Ângelo Mendes de Morais, discursou no Maracanã com as seguintes palavras: “Vós brasileiros, a quem eu considero os vencedores do campeonato mundial; vós brasileiros que a menos de poucas horas sereis aclamados campeões por milhares de compatriotas; vós que não possuis rivais em todo o hemisfério; vós que superais qualquer outro competidor; vós que eu já saúdo como vencedores!”.

Preparação do Uruguai

No vestiário do Uruguai momentos antes da partida, o técnico Juan López Fontana determinou que uma estratégia defensiva seria o modo mais adequado de encarar o poder ofensivo Brasileiro. Depois que ele saiu, Obdulio Varela, capitão do time, levantou-se e disse ao time, "Juancito é um bom homem, mas hoje, ele está errado. Se jogarmos defensivamente contra o Brasil, nosso destino não será diferente do da Espanha e Suécia." Varela então fez um emocionado discurso sobre como eles precisavam encarar todas as dificuldades e não serem intimidados pela torcida brasileira. O discurso, como depois foi confirmado, teve uma enorme importância no desfecho que teria a partida. Algo que ele disse foi "Muchachos, los de afuera son de palo. Que comience la función", que poderia ser traduzido como "Rapazes, quem está do lado de fora não joga. Que comece o jogo".

Partida

A partida começou como já se esperava: a iminente avalanche brasileira contra o defensivo time uruguaio. Porém, diferente da Espanha e da Suécia, a linha defensiva do Uruguai conseguia segurar os muitos ataques brasileiros. O primeiro tempo acabou sem gols, e mesmo com o resultado ainda sendo favorável ao Brasil, a estratégia do Uruguai conseguiu diminuir a intensidade da torcida.

O Brasil marcou o primeiro gol da partida, com apenas dois minutos do segundo tempo, o que acionou a torcida. Novamente Varela teve um importante papel ao pegar a bola e disputar a validade do gol com o juiz, alegando impedimento do jogador brasileiro. Depois de ser vencido pela arbitragem, Varela levou a bola ao meio de campo e gritou para o seu time "Agora é a hora de vencer!".

O Uruguai realmente conseguiu inverter o jogo. Apesar da sua admirável capacidade ofensiva, o time do Brasil mostrava falhas na sua defesa, e aos 21 minutos, Juan Alberto Schiaffino empatou o jogo.

A multidão calou-se, em contraste com a erupção de gritos e vivas que havia, pouco antes de levar o gol (quando o resultado ainda era favorável para Brasil). Restando apenas 11 minutos de jogo, Alcides Edgardo Ghiggia, correu pelo lado direito do campo e fez outro gol. A multidão morrera. E assim continuou até o árbitro da partida, George Reader da Inglaterra, apitar o fim do jogo.

Jules Rimet, presidente da FIFA e organizador da copa, comentou o que acontecera: "O silêncio era absoluto, às vezes difícil de se acreditar", já que uma multidão de duzentas mil pessoas continuava sem acreditar que tinha perdido um título que considerava seu, por direito.

Jules Rimet havia preparado um discurso em português para parabenizar os vencedores, que ele esperava seriam os brasileiros, sendo assim, levou um susto quando, a caminho do campo, a multidão estava parada, não havia hino, nem celebração pela conquista de copa, nem nada.

A Confederação Brasileira de Desportos tinha preparado 22 medalhas de ouro, com os nomes dos seus jogadores gravados (na época a FIFA não dava medalhas aos vencedores, como agora), que também nunca cumpriram a sua finalidade.

Em uma entrevista, Ghiggia (autor do segundo gol) disse: "O silêncio era tão grande que se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos o seu zumbido."

domingo 16 de julho de 1950  Uruguai 2–1  Brasil Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro
15:00 BRT (UTC-3)
Schiaffino Gol marcado aos 66 minutos de jogo 66'
Ghiggia Gol marcado aos 79 minutos de jogo 79'
Relatório Friaça Gol marcado aos 47 minutos de jogo 47' Público: 173,850[2]
Árbitro: George Reader (Inglaterra)
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Uruguai
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Brasil
GO Roque Máspoli
LB Matías González
LD Víctor Rodríguez Andrade
ZG Eusebio Tejera
LE Schubert Gambetta
MC Julio Pérez
MC Obdulio Varela (c)
PD Alcides Ghiggia
CA Juan Alberto Schiaffino
CA Omar Oscar Míguez
PE Rubén Morán
Técnico:
Juan López Fontana
GO Moacir Barbosa
LD Augusto (c)
ZG Juvenal
LE Bigode
MC José Carlos Bauer
MC Danilo
MO Zizinho
MO Jair
PD Friaça
CA Ademir
PE Chico
Técnico:
Flávio Costa

Depois da partida

Com aquele resultado e com a consequente ruína da celebração, os organizadores da Copa do Mundo deixaram Jules Rimet sozinho no campo, com a taça nas mãos. Sem nenhuma cerimônia a ajudá-lo, Jules Rimet acabou por chamar Varela para entregar-lhe a taça. Este foi o segundo e, até o presente momento, o último título mundial conquistado pelo Uruguai.

A sociedade brasileira ficou em estado de choque, com o desfecho dessa copa. Muitos jornais pareciam não aceitar o fato de que a seleção tinha sido derrotada. Alguns dos jogadores aposentaram-se, nenhum deles, jamais, foi considerado para a Seleção. O goleiro Barbosa, que entrou na história do futebol por ter supostamente falhado ao levar o gol da derrota, carregou até a morte o fardo da derrota.[1]

A Confederação Brasileira de Desportos decidiu mudar a cor dos uniformes da seleção, pois considerou o azar como motivo da derrota. Antes do Maracanaço, o uniforme titular brasileiro era composto de camisa branca com gola azul e calções brancos, tendo sido mudado para o que é usado até hoje, camisa amarela com gola verde e calções azuis.

Ver também


Referências

  1. a b VERZIGNASSE, Rogério. Fama de vilão acompanha campineiro Barbosa até hoje. Correio Popular, Cidades, p. A6, Campinas, 22 de junho de 2014. Acesso em 23 jun. 2014.
  2. «FIFA World Cup superlatives» (pdf). FIFA.com. Fédération Internationale de Football Association. 5 páginas