Imperador Romano-Germânico: diferenças entre revisões

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O '''Imperador Romano-Germânico''' (historicamente "Imperador dos Romanos") foi o governante do [[Sacro Império Romano-Germânico]]. A partir de uma [[autocracia]] na era [[carolíngia]], o título evoluiu para uma [[Monarquia eletiva|Monarquia Electiva]] escolhido pelos [[Príncipe-eleitor|Príncipes-eleitores]]. Até à [[Reforma Protestante|Reforma Protestante]] o Imperador eleito (''imperator electus'') teria de ser coroado pelo [[papa]] antes de assumir o título imperial.
O '''Sacro Imperador Romano-Germânico''' (historicamente ''<span lang="la">Imperator Romanorum</span>
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O título englobava o governo do [[Reino da Germânia|Reino da Alemanha]] e o [[Reino Itálico|Reino da Itália]] (Norte Itália Imperial).<ref>Peter Hamish Wilson, ''The Holy Roman Empire, 1495–1806'', MacMillan Press 1999, London, page 2</ref><ref>Erik von Kuehnelt-Leddihn: The Menace of the Herd or Procrustes at Large – Page: 164</ref><ref>Robert Edwin Herzstein, Robert Edwin Herzstein: The Holy Roman Empire in the Middle Ages: universal state or German catastrophe?</ref> Em teoria, o Sacro Imperador Romano era ''[[primus inter pares]]'' (primeiro entre iguais) entre todos os outros monarcas católico-romanos; na prática, o Sacro Imperador era tão forte quanto o seu exército e as alianças políticas o faziam.
O título englobava o governo do [[Reino da Germânia]] e o [[Reino Itálico]].<ref>Peter Hamish Wilson, ''The Holy Roman Empire, 1495–1806'', MacMillan Press 1999, London, page 2</ref><ref>Erik von Kuehnelt-Leddihn: The Menace of the Herd or Procrustes at Large – Page: 164</ref><ref>Robert Edwin Herzstein, Robert Edwin Herzstein: The Holy Roman Empire in the Middle Ages: universal state or German catastrophe?</ref> Em teoria, o Imperador Romano-Germânico era ''[[primus inter pares]]'' ("primeiro entre iguais") entre todos os outros monarcas católico-romanos; na prática, o imperador era tão forte quanto o seu exército e as alianças políticas o faziam.


Varias casas reais europeis, em diferentes momentos da história, tornaram-se os detentores hereditários do título, em especial os [[Casa de Habsburgo|Habsburgos]], também conhecidos como [[Casa d'Áustria]]. Após a Reforma, muitos dos Estados vassalos do Império e a maioria dos súbtitos germânicos eram Protestantes, enquanto o Emperador continou Católico.
Varias casas reais europeis, em diferentes momentos da história, tornaram-se os detentores hereditários do título, em especial os membros da [[Casa de Habsburgo]], também conhecida como Casa d'Áustria. Após a [[Reforma Protestante]], muitos dos estados vassalos do império e a maioria dos súbtitos germânicos eram protestantes, enquanto o imperador continou católico.


O Sacro Império Romano-Germânico foi dissolvido pelo seu último Imperador, [[Francisco I da Áustria|Francisco II]] (que era desde 1804 também [[Imperador da Áustria]]), como resultado das [[Guerras Napoleônicas|Guerras Napoleónicas]].
O Sacro Império Romano-Germânico foi dissolvido pelo imperador [[Francisco I da Áustria|Francisco II]] (que era desde 1804 também [[Imperador da Áustria]]), como resultado das [[Guerras Napoleônicas|Guerras Napoleónicas]].


== Título ==
== Título ==
Desde os tempos de [[Constantino|Constantino I]] (séc. IV) que os [[Imperadores Romanos]] tinham tido, com raras exceções, um papel de promotores e defensores da [[Cristandade]].
Desde os tempos do imperador romano [[Constantino]] que os [[Imperador romano|imperadores romanos]] tinham tido, com raras exceções, um papel de promotores e defensores da [[Cristandade]].
O título de ''Imperador'' foi extinto na [[Império Romano do Ocidente|Europa Ocidental]] após a deposição de [[Rómulo Augusto|Romulus Augustulus]] em 476 da [[Era Comum]]; tanto o título como a conexão entre Imperador e [[Ortodoxia|Igreja]] continuou no [[Império Bizantino|Império Romano do Oriente]] até 1453, data da queda de [[Constantinopla]] face às forças do [[Império Otomano]].
No ocidente o título de Imperador (''<span lang="la">Imperator</span>
[[Category:Articles containing Latin-language text|Category:Articles containing Latin-language text]]'') foi restaurado em 800 EC, o que também renovou a idéia de cooperação entre Imperador e Papa. Com o crescimento  do poder do Papado durante a Idade Média, Papas e Imperadores entraram várias vezes em conflito sobre a administração da igreja. O mais conhecido ficou conhecido como a [[Questão das Investiduras]], uma disputa durante o séc. XI entre o Imperador [[Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico|Henrique&#x20;IV]] e o Papa [[Papa Gregório VII|Gregório VII]].


O título de ''Imperador'' caiu em desuso na [[Império Romano do Ocidente|Europa Ocidental]] após a deposição de [[Rómulo Augusto]] no ano 476. Porém tanto o título como a conexão entre Imperador e [[Igreja Ortodoxa]] continuou no [[Império Bizantino|Império Romano do Oriente]] até 1453, data da queda de [[Constantinopla]] face às forças do [[Império Otomano]].
Após [[Carlos Magno]] ter sido coroado Imperador dos Romanos (''Imperator Romanorum'') pelo [[Papa Leão III]], os seus sucessores mantiveram o título até a morte de [[Berengário I]] em 924, tendo o título permanecido vacante até à coroação de [[Otão I do Sacro Império Romano-Germânico|Otto o Grande]] em 962. Sob o reinado de Otto e seus sucessores, a maioria do antigo Reino [[Dinastia carolíngia|Carolíngio]] da [[Frância Oriental]] foi absorvido pelo Sacro Império. Os vários Príncipes alemães elegiam entre si o ''[[Reino da Germânia|Rei dos Alemães]]'', que seria então coroado Imperador pelo Papa. Após a coroação de [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], todos os imperadores que lhe sucederam foram intitulados de ''Imperador Eleito'', devido à ausência da coroação por parte do Papa; mas, para todos os efeitos práticos, eram simplesmente chamados de ''Imperador''.
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No ocidente o título de Imperador foi restaurado no ano 800, o que também renovou a ideia de cooperação entre Imperador e Papa. Com o crescimento do poder do Papado durante a [[Idade Média]], papas e imperadores entraram várias vezes em conflito sobre a administração da [[Igreja Católica]] e do próprio império. O mais conhecido conflito ficou conhecido como a [[Questão das Investiduras]], uma disputa durante o século XI entre o imperador [[Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico|Henrique IV]] e o papa [[Papa Gregório VII|Gregório VII]].
O termo "Sacro" ("Santo") foi usado pela primeira vez em 1157 por [[Frederico I do Sacro Império Romano-Germânico|Frederico&#x20;I]].<ref>Peter Moraw, ''Heiliges Reich'', in: Lexikon des Mittelalters, Munich & Zurich: Artemis 1977–1999, vol. 4, columns 2025–2028.</ref>
[[Carlos I de Espanha|Carlos&#x20;V]] foi o último Sacro Imperador Romano-Germânico a ser de facto coroado pelo Papa (1530).


Após [[Carlos Magno]] ter sido coroado Imperador dos Romanos (''Imperator Romanorum'') pelo [[Papa Leão III]], os seus sucessores mantiveram o título até a morte de [[Berengário I]] em 924, tendo o título permanecido vacante até à coroação de [[Otão I do Sacro Império Romano-Germânico|Otão I]] em 962. Sob o reinado de Otão e seus sucessores, a maioria do antigo reino [[Dinastia carolíngia|carolíngio]] da [[Frância Oriental]] foi absorvido pelo Sacro Império. Os vários príncipes alemães elegiam entre si o ''[[Reino da Germânia|Rei dos Alemães]]'', que seria então coroado Imperador pelo Papa. Após a coroação de [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], todos os imperadores que lhe sucederam foram intitulados de ''Imperador Eleito'', devido à ausência da coroação por parte do papa; mas, para todos os efeitos práticos, eram simplesmente chamados de ''Imperador''.
A designação padrão do Sacro Imperador Romano-Germânico era "Augusto Imperador dos Romanos" (''Imperator Romanorum Augustus''). Quando Carlos Magno foi coroado em&#x20;800, este foi intitulado como "Sereníssimo Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico Imperador, regente do Império Romano," constituindo assim, os elementos de "Sacro" e "Romano" no título imperial. A palavra ''Sacro'' nunca foi usado como parte do título em documentos oficiais.<ref><cite class="citation book">Bryce, James (1968). </cite></ref>


O termo "Sacro" ("Santo") para referir-se ao novo Império Romano foi usado pela primeira vez em 1157 por [[Frederico I do Sacro Império Romano-Germânico|Frederico I]].<ref>Peter Moraw, ''Heiliges Reich'', in: Lexikon des Mittelalters, Munich & Zurich: Artemis 1977–1999, vol. 4, columns 2025–2028.</ref>
A palavra ''Romano'' foi um reflexo do princípio da ''[[translatio imperii]]'' (neste caso, ''restauratio imperii''), que consagrava os Sacros Imperadores Romanos (Germânicos) como os herdeiros do título de Imperador do [[Império Romano do Ocidente]], apesar da existência do Império Romano do Oriente.
[[Carlos I de Espanha|Carlos V]] foi o último Imperador Romano-Germânico a ser de facto coroado pelo papa (1530).


A designação padrão do Imperador Romano-Germânico era "Augusto Imperador dos Romanos" (''Imperator Romanorum Augustus''). Quando Carlos Magno foi coroado em 800, este foi intitulado como "Sereníssimo Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico Imperador, regente do Império Romano," constituindo assim, os elementos de "Sacro" e "Romano" no título imperial. A palavra ''Sacro'' nunca foi usado como parte do título do imperador em documentos oficiais.<ref><cite class="citation book">Bryce, James (1968). </cite></ref>
Analogamente à historiografia de língua portuguesa; a historiografia de língua alemã usa o termo ''Römisch-deutscher Kaiser'' ("Imperador Romano-Germânico") para fazer a distinção entre o título de[[Imperador romano| Imperador Romano]] e o de [[Lista de monarcas do Império Alemão|Imperador Alemão]] (''Deutscher Kaiser'').


A palavra ''Romano'' foi um reflexo do princípio da ''[[translatio imperii]]'' (neste caso, ''restauratio imperii''), que consagrava os imperadores romanos-germânicos como os herdeiros do título de imperador do [[Império Romano do Ocidente]], apesar da existência do Império Romano do Oriente.
== Sucessão do Sacro Imperadore Romano-Germânico ==

Analogamente à historiografia de língua portuguesa; a historiografia de língua alemã usa o termo ''Römisch-deutscher Kaiser'' ("Imperador Romano-Germânico") para fazer a distinção entre o título de [[Imperador romano|Imperador Romano]] e o de [[Lista de monarcas do Império Alemão|Imperador Alemão]] (''Deutscher Kaiser'').

== Sucessão do Imperador Romano-Germânico ==
[[Ficheiro:Dinasty_Habsburg_(HRR)_family_tree_by_shakko_(DE).jpg|direita|miniaturadaimagem|Imperadores da dinastia de Habsburgo e suas famílias]]
[[Ficheiro:Dinasty_Habsburg_(HRR)_family_tree_by_shakko_(DE).jpg|direita|miniaturadaimagem|Imperadores da dinastia de Habsburgo e suas famílias]]
As sucessões na realeza eram controladas por uma variedade de factores complicados. As eleições no [[Reino da Germânia|Reino Germânico]] atribuiam à sua realeza uma sucessão parcialmente hereditária, ao contrário da sucessão em [[Reino de Portugal|Portugal]], ainda que a soberania se mantivesse frequentemente dentro da mesma dinastia até à inesistência de sucessores varões. Alguns estudiosos sugerem que o objectivo das eleições era na prática para resolver conflitos apenas quando a sucessão dinástica não era clara. No entanto este processo significava que o principal candidato teria que fazer concessões, pelas quais os eleitores eram mantidos de lado, o que era conhecido como ''Wahlkapitulationen'' (capitulação electiva).
As sucessões na realeza eram controladas por uma variedade de factores complicados. As eleições no [[Reino da Germânia]] atribuiam à sua realeza uma sucessão apenas parcialmente hereditária, ao contrário da sucessão em [[Reino de Portugal|Portugal]], ainda que a soberania se mantivesse frequentemente dentro da mesma dinastia até à inexistência de sucessores varões. Alguns estudiosos sugerem que o objectivo das eleições era na prática para resolver conflitos apenas quando a sucessão dinástica não era clara. No entanto este processo significava que o principal candidato teria que fazer concessões, pelas quais os eleitores eram mantidos de lado, o que era conhecido como ''Wahlkapitulationen'' (capitulação electiva).


O [[Príncipe-eleitor|Colégio Eleitoral]] foi estabelecido com sete príncipes (três arcebispos e quatro príncipes seculares) pela [[Bula Dourada de 1356]]. Este sistema permaneceu até 1648, quando a resolução da [[Guerra dos Trinta Anos]] obrigou à adição de um novo eleitor para manter o equilíbrio entre as facções [[Protestantismo|Protestantes]] e [[Catolicismo|Católicos]] no Império. Um outro eleitor foi adicionado em 1690, sendo o colégio reorganizado em 1803, apenas três anos antes da dissolução do Império.
O [[Príncipe-eleitor|Colégio Eleitoral]] foi estabelecido com sete príncipes (três arcebispos e quatro príncipes seculares) pel [[Bula Dourada de 1356]]. Este sistema permaneceu até 1648, quando a resolução da [[Guerra dos Trinta Anos]] obrigou à adição de um novo eleitor para manter o equilíbrio entre as facções [[Protestantismo|protestantes]] e [[Catolicismo|católicos]]no império. Um outro eleitor foi adicionado em 1690, sendo o colégio reorganizado em 1803, apenas três anos antes da dissolução do Império.


Após 1438, o título imperial manteve-se na casa de [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]] e de [[Casa de Habsburgo-Lorena|Habsburgo-Lorena]], com a breve exceção de [[Carlos VII do Sacro Império Romano-Germânico|Carlos VII]], da casa de [[Casa de Wittelsbach|Wittelsbach]]. [[Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico|Maximiliano I]] (Imperador entre 1508-1519) e todos os seus sucessores deixaram de viajar a Roma para serem coroados Imperadores pelo Papa. Maximiliano intitulou-se assim Imperador Romano Eleito (''Erwählter Römischer Kaiser'') em 1508, com aprovação papal. Este título foi usado por todos os seus sucessores não coroados, com a excepção de [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], seu sucessor imediato, que foi coroado pelo Papa.
Após 1438, o título imperial manteve-se na casa de [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]] e de [[Casa de Habsburgo-Lorena|Habsburgo-Lorena]], com a breve exceção de [[Carlos VII do Sacro Império Romano-Germânico|Carlos VII]], da casa de [[Casa de Wittelsbach|Wittelsbach]]. [[Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico|Maximiliano I]] (Imperador entre 1508-1519) e todos os seus sucessores deixaram de viajar a Roma para serem coroados imperadores pelo papa. Maximiliano intitulou-se assim Imperador Romano Eleito (''Erwählter Römischer Kaiser'') em 1508, com aprovação papal. Este título foi usado por todos os seus sucessores não coroados, com a excepção de [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], seu sucessor imediato, que foi coroado pelo papa.


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Concordata de Worms]]
* [[Concordata de Worms]]
* [[Imperador]] para outros significados do título.
* [[Imperador]] para outros significados do título
* [[Primeiro Concílio de Latrão|Primeiro Concílio de Latrão<br> ]]
* [[Primeiro Concílio de Latrão]]
* [[Lista de imperadores do Sacro Império Romano-Germânico|Lista de Imperadores do Sacro Império Romano-Germânico<br> ]]
* [[Lista de imperadores do Sacro Império Romano-Germânico]]
* [[Rei dos Romanos]]
* [[Rei dos Romanos]]
* [[Lista de monarcas da Alemanha|Lista de Monarcas Germânicos]]
* [[Lista de monarcas da Alemanha]]
* [[Sacro Império Romano-Germânico]]
* [[Sacro Império Romano-Germânico]]
* [[Lista de reis da Itália|Reis de Itália]]
* [[Lista de reis da Itália]]
* [[Reino Itálico]]
* [[Reino Itálico]]


{{Referências|col=2}}
== References ==

<div class="reflist" style=" list-style-type: decimal;">
<references /></div>
[[Categoria:Monarcas alemães]]
[[Categoria:Monarcas alemães]]
[[Categoria:Imperadores do Sacro Império Romano]]
[[Categoria:Imperadores do Sacro Império Romano]]

Revisão das 13h21min de 2 de novembro de 2016

Carlos Magno, Imperador dos Romanos

O Imperador Romano-Germânico (historicamente "Imperador dos Romanos") foi o governante do Sacro Império Romano-Germânico. A partir de uma autocracia na era carolíngia, o título evoluiu para uma Monarquia Electiva escolhido pelos Príncipes-eleitores. Até à Reforma Protestante o Imperador eleito (imperator electus) teria de ser coroado pelo papa antes de assumir o título imperial.

O título englobava o governo do Reino da Germânia e o Reino Itálico.[1][2][3] Em teoria, o Imperador Romano-Germânico era primus inter pares ("primeiro entre iguais") entre todos os outros monarcas católico-romanos; na prática, o imperador era tão forte quanto o seu exército e as alianças políticas o faziam.

Varias casas reais europeis, em diferentes momentos da história, tornaram-se os detentores hereditários do título, em especial os membros da Casa de Habsburgo, também conhecida como Casa d'Áustria. Após a Reforma Protestante, muitos dos estados vassalos do império e a maioria dos súbtitos germânicos eram protestantes, enquanto o imperador continou católico.

O Sacro Império Romano-Germânico foi dissolvido pelo imperador Francisco II (que era desde 1804 também Imperador da Áustria), como resultado das Guerras Napoleónicas.

Título

Desde os tempos do imperador romano Constantino que os imperadores romanos tinham tido, com raras exceções, um papel de promotores e defensores da Cristandade.

O título de Imperador caiu em desuso na Europa Ocidental após a deposição de Rómulo Augusto no ano 476. Porém tanto o título como a conexão entre Imperador e Igreja Ortodoxa continuou no Império Romano do Oriente até 1453, data da queda de Constantinopla face às forças do Império Otomano.

No ocidente o título de Imperador foi restaurado no ano 800, o que também renovou a ideia de cooperação entre Imperador e Papa. Com o crescimento do poder do Papado durante a Idade Média, papas e imperadores entraram várias vezes em conflito sobre a administração da Igreja Católica e do próprio império. O mais conhecido conflito ficou conhecido como a Questão das Investiduras, uma disputa durante o século XI entre o imperador Henrique IV e o papa Gregório VII.

Após Carlos Magno ter sido coroado Imperador dos Romanos (Imperator Romanorum) pelo Papa Leão III, os seus sucessores mantiveram o título até a morte de Berengário I em 924, tendo o título permanecido vacante até à coroação de Otão I em 962. Sob o reinado de Otão e seus sucessores, a maioria do antigo reino carolíngio da Frância Oriental foi absorvido pelo Sacro Império. Os vários príncipes alemães elegiam entre si o Rei dos Alemães, que seria então coroado Imperador pelo Papa. Após a coroação de Carlos V, todos os imperadores que lhe sucederam foram intitulados de Imperador Eleito, devido à ausência da coroação por parte do papa; mas, para todos os efeitos práticos, eram simplesmente chamados de Imperador.

O termo "Sacro" ("Santo") para referir-se ao novo Império Romano foi usado pela primeira vez em 1157 por Frederico I.[4] Carlos V foi o último Imperador Romano-Germânico a ser de facto coroado pelo papa (1530).

A designação padrão do Imperador Romano-Germânico era "Augusto Imperador dos Romanos" (Imperator Romanorum Augustus). Quando Carlos Magno foi coroado em 800, este foi intitulado como "Sereníssimo Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico Imperador, regente do Império Romano," constituindo assim, os elementos de "Sacro" e "Romano" no título imperial. A palavra Sacro nunca foi usado como parte do título do imperador em documentos oficiais.[5]

A palavra Romano foi um reflexo do princípio da translatio imperii (neste caso, restauratio imperii), que consagrava os imperadores romanos-germânicos como os herdeiros do título de imperador do Império Romano do Ocidente, apesar da existência do Império Romano do Oriente.

Analogamente à historiografia de língua portuguesa; a historiografia de língua alemã usa o termo Römisch-deutscher Kaiser ("Imperador Romano-Germânico") para fazer a distinção entre o título de Imperador Romano e o de Imperador Alemão (Deutscher Kaiser).

Sucessão do Imperador Romano-Germânico

Imperadores da dinastia de Habsburgo e suas famílias

As sucessões na realeza eram controladas por uma variedade de factores complicados. As eleições no Reino da Germânia atribuiam à sua realeza uma sucessão apenas parcialmente hereditária, ao contrário da sucessão em Portugal, ainda que a soberania se mantivesse frequentemente dentro da mesma dinastia até à inexistência de sucessores varões. Alguns estudiosos sugerem que o objectivo das eleições era na prática para resolver conflitos apenas quando a sucessão dinástica não era clara. No entanto este processo significava que o principal candidato teria que fazer concessões, pelas quais os eleitores eram mantidos de lado, o que era conhecido como Wahlkapitulationen (capitulação electiva).

O Colégio Eleitoral foi estabelecido com sete príncipes (três arcebispos e quatro príncipes seculares) pel Bula Dourada de 1356. Este sistema permaneceu até 1648, quando a resolução da Guerra dos Trinta Anos obrigou à adição de um novo eleitor para manter o equilíbrio entre as facções protestantes e católicosno império. Um outro eleitor foi adicionado em 1690, sendo o colégio reorganizado em 1803, apenas três anos antes da dissolução do Império.

Após 1438, o título imperial manteve-se na casa de Habsburgo e de Habsburgo-Lorena, com a breve exceção de Carlos VII, da casa de Wittelsbach. Maximiliano I (Imperador entre 1508-1519) e todos os seus sucessores deixaram de viajar a Roma para serem coroados imperadores pelo papa. Maximiliano intitulou-se assim Imperador Romano Eleito (Erwählter Römischer Kaiser) em 1508, com aprovação papal. Este título foi usado por todos os seus sucessores não coroados, com a excepção de Carlos V, seu sucessor imediato, que foi coroado pelo papa.

Ver também

Referências

  1. Peter Hamish Wilson, The Holy Roman Empire, 1495–1806, MacMillan Press 1999, London, page 2
  2. Erik von Kuehnelt-Leddihn: The Menace of the Herd or Procrustes at Large – Page: 164
  3. Robert Edwin Herzstein, Robert Edwin Herzstein: The Holy Roman Empire in the Middle Ages: universal state or German catastrophe?
  4. Peter Moraw, Heiliges Reich, in: Lexikon des Mittelalters, Munich & Zurich: Artemis 1977–1999, vol. 4, columns 2025–2028.
  5. Bryce, James (1968).