Maximiliano I do Sacro Império Romano-Germânico
| Maximiliano I | |||||
|---|---|---|---|---|---|
| Imperador Romano-Germânico | |||||
| Reinado | 4 de fevereiro de 1508 a 12 de janeiro de 1519 | ||||
| Antecessor(a) | Frederico III | ||||
| Sucessor(a) | Carlos V | ||||
| Arquiduque da Áustria | |||||
| Reinado | 19 de agosto de 1493 a 12 de janeiro de 1519 | ||||
| Predecessores | Sigismundo e Frederico V | ||||
| Sucessor(a) | Carlos I | ||||
| Rei da Germânia | |||||
| Reinado | 16 de fevereiro de 1486 a 12 de janeiro de 1519 | ||||
| Coroação | 9 de abril de 1486 | ||||
| Predecessor(a) | Frederico III | ||||
| Sucessor(a) | Carlos V | ||||
| Dados pessoais | |||||
| Nascimento | 22 de março de 1459 Wiener Neustadt, Áustria, Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Morte | 12 de janeiro de 1519 (59 anos) Wels, Áustria, Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Sepultado em | Castelo de Wiener Neustadt, Wiener Neustadt, Áustria | ||||
| Esposas | Maria, Duquesa da Borgonha Branca Maria Sforza | ||||
| |||||
| Casa | Habsburgo | ||||
| Pai | Frederico III do Sacro Império Romano-Germânico | ||||
| Mãe | Leonor de Portugal | ||||
| Religião | Catolicismo | ||||
Maximiliano I (Wiener Neustadt, 22 de março de 1459 – Wels, 12 de janeiro de 1519) foi imperador romano-germânico a partir de 1508, arquiduque da Áustria desde 1493 e rei dos Romanos desde 1486. Filho de Frederico III e de Leonor de Portugal, consolidou o poder dos Habsburgo com reformas institucionais, alianças matrimoniais, instrumentos financeiros e um programa pioneiro de comunicação política.[1][2]
Vida e governo
[editar | editar código]Educado em Wiener Neustadt, foi eleito Rei dos Romanos em 1486 e partilhou o governo com o pai até 1493. Ao suceder a Frederico III, assumiu os domínios austríacos e a chefia do Sacro Império Romano-Germânico. O seu governo combinou negociação com os príncipes do Império e uma política dinástica voltada a assegurar sucessões favoráveis.[1]
Borgonha e França
[editar | editar código]Em 1477 casou-se com Maria de Borgonha, herdeira dos Países Baixos borgonheses. A morte de Maria em 1482 abriu disputa com a França. Maximiliano preservou, para o filho Filipe, o Belo, um núcleo essencial do legado borgonhês e conseguiu a restituição de Flandres e Artois pelo Tratado de Senlis de 1493. O ducado da Borgonha permaneceu sob a coroa francesa.[1]
Reforma imperial
[editar | editar código]Na Dieta de Worms de 1495 promoveu a Reichsreform, que proclamou a Paz Perpétua (Ewiger Landfriede), instituiu a Câmara Imperial de Justiça (Reichskammergericht) e lançou o "imposto comum". A organização do Império em Círculos Imperiais começou em 1500 e foi ampliada em 1512, criando molduras para coordenação militar e justiça supraterritorial.[3][4]
Itália e 1508
[editar | editar código]Impedido pelos venezianos de chegar a Roma, fez-se proclamar imperador eleito em Trento em 1508, com o assentimento do papa Júlio II. No mesmo contexto articulou a Liga de Cambrai contra Veneza, inserindo-se nas Guerras Italianas.[5][6][1]
Administração dos domínios hereditários
[editar | editar código]Nos territórios austríacos e no Tirol houve reordenação administrativa e estímulo à exploração mineira que reforçou receitas. A prata de Schwaz e o cobre de Innsbruck alimentaram finanças e contratos com grandes casas mercantis. A política de concessões e arrendamentos aproximou a corte de Augsburg e Nuremberg, criando uma economia política entre mineração, crédito e guerra.[7][8]
Finanças e exército
[editar | editar código]O governo apoiou-se em crédito mercantil e mineiro. A casa Fugger tornou-se peça-chave no financiamento de campanhas e da corte. No plano militar, Maximiliano impulsionou formações de infantaria de piqueiros conhecidas como Landsknecht e modernizou o uso da artilharia, o que aproximou o Império de padrões militares do início do século XVI.[7][8]
Comunicação política, cultura e imagem
[editar | editar código]Maximiliano investiu em grandes ciclos gráficos e editoriais que moldaram a imagem do príncipe e da dinastia. Destacam-se o Arco do Triunfo, o Cortejo do Triunfo e os livros heróicos Theuerdank e Weisskunig, produzidos com artistas e impressores de ponta como Albrecht Dürer e Hans Burgkmair. A crítica interpreta o conjunto como laboratório de propaganda visual de alcance urbano e cortesão.[9][10]
Relações com o mundo ibérico
[editar | editar código]A ascendência materna portuguesa e as alianças castelhano-austríacas deram ao seu governo um horizonte ibérico. A literatura destaca conexões entre a corte imperial, a alta finança alemã e o império ultramarino português, num quadro de circulação de capitais, técnicos e informações.[2][12]
Casamentos e descendência
[editar | editar código]Em 1477, casou-se com Maria, Duquesa da Borgonha (1457–1482).[13] Após a morte de Maria, comprometeu-se em 1490 com Ana, Duquesa da Bretanha (1477–1514). O casamento por procuração foi anulado em 1492 e Ana casou com Carlos VIII de França. Em 1494, Maximiliano casou com Branca Maria Sforza (1472–1510), de Milão.[14][15]
Filhos legítimos:
- Filipe I de Castela (1478–1506), pai de Carlos V;
- Margarida de Habsburgo (1480–1530);
- Francisco de Habsburgo (1481).
Filhos ilegítimos:
- Jorge de Áustria (m. 1557);
- Cornélio de Áustria (n. 1507);
- Leopoldo de Áustria (1515–1557).
Morte e sucessão
[editar | editar código]Morreu em Wels em janeiro de 1519. Foi sucedido pelo neto Carlos V, que reuniu as heranças habsburga, borgonhesa e ibérica e projetou a dinastia num espaço político continental sem precedentes.[1]
Legado e historiografia
[editar | editar código]A historiografia vê Maximiliano como um mediador entre a política cavaleiresca tardomedieval e as práticas estatais da primeira modernidade. Reformas institucionais, financiamento baseado em mineração e crédito, uso de mercenários e propaganda impressa compõem um repertório que moldou o Império e criou condições para a monarquia de Carlos V.[7][9]
Referências
- ↑ a b c d e Whaley, Joachim. Oxford University Press, ed. «Germany and the Holy Roman Empire, vol. I: Maximilian I to the Peace of Westphalia, 1493–1648» (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ a b Martins Costa, António. «O casamento de D. Leonor de Avis com Frederico III do Sacro Império Romano-Germânico». Medievalista (IEM/NOVA FCSH). doi:10.4000/medievalista.1703. Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ German Historical Institute, Washington (ed.). «Imperial Reform (1495)». German History in Documents and Images (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ German Historical Institute, Washington (ed.). «Imperial Circles (c. 1512)». German History in Documents and Images (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ Mallett, Michael; Christine Shaw (2012). The Italian Wars, 1494–1559 (em inglês). London: Routledge. pp. cap. 6
- ↑ Florence Alazard. Presses universitaires de Rennes, ed. «Chapitre I. Vers Cambrai : Venise et les autres». La bataille oubliée (em francês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ a b c Wilson, Peter H. (2016). Heart of Europe: A History of the Holy Roman Empire (em inglês). Cambridge, MA: Harvard University Press. parte II
- ↑ a b Häberlein, Mark. University of Virginia Press, ed. «The Fuggers of Augsburg: Pursuing Wealth and Honor in Renaissance Germany» (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ a b Silver, Larry. Princeton University Press, ed. «Marketing Maximilian: The Visual Ideology of a Holy Roman Emperor» (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ «The Triumphal Arch». British Museum Collection Online (em inglês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ a b Metropolitan Museum of Art (ed.). «Descrição do site Metropolitan Museum of Art». Consultado em 6 de outubro de 2025
- ↑ Azevedo, Pedro de (2005). O sacro imperador Maximiliano I, a alta finança alemã e os descobrimentos portugueses. Frankfurt am Main: Peter Lang
- ↑ Armstrong, Charles A. J. (1975). The New Cambridge Modern History: The Burgundian Netherlands, 1477-1521. Vol. 1 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. p. 228
- ↑ Jones, Michael (1988). The Creation of Brittany: A Late Medieval State (em inglês). London: A&C Black
- ↑ L'Hoër, Claire. Fayard, ed. «Anne de Bretagne» (em francês). Consultado em 6 de outubro de 2025
- Nascidos em 1459
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