Mau Tempo, Marés e Mudança: diferenças entre revisões
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[[Ficheiro: Manuel_Pardal_e_capataz.jpg|280px|thumb|'''Manuel Pardal''' (direita) com um amigo fazendo frente ao capataz]] |
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'''Mau Tempo, Marés e Mudança''' (en ''Changing Tides'' [[1976]]) é um [[documentário]] [[Portugal|português]] de [[longa-metragem]] de [[Ricardo Costa (cineasta)|Ricardo Costa]], a sua primeira [[docuficção]]: uma [[etnoficção]]. A personagem central deste filme é o poeta Manuel Pardal, [[repentista]]: um dos representantes da tradição oral da literatura popular na [[poesia]]. <ref>[https://www.sulinformacao.pt/2016/08/quarteira-comemora-centenario-do-nascimento-do-poeta-pardal/ Quarteira comemora centenário do nascimento do Poeta Pardal], Sul Informação, 11 de agosto de 2016</ref> Foi publicado em [[1977]] um livro com poemas seus, intitulado ''Em Cima do Mar Salgado'', edição do investigador [[José Ruivinho Brazão]]. |
'''Mau Tempo, Marés e Mudança''' (en ''Changing Tides'' [[1976]]) é um [[documentário]] [[Portugal|português]] de [[longa-metragem]] de [[Ricardo Costa (cineasta)|Ricardo Costa]], a sua primeira [[docuficção]]: uma [[etnoficção]]. A personagem central deste filme é o poeta Manuel Pardal, [[repentista]]: um dos representantes da tradição oral da literatura popular na [[poesia]]. <ref>[https://www.sulinformacao.pt/2016/08/quarteira-comemora-centenario-do-nascimento-do-poeta-pardal/ Quarteira comemora centenário do nascimento do Poeta Pardal], Sul Informação, 11 de agosto de 2016</ref> Foi publicado em [[1977]] um livro com poemas seus, intitulado ''Em Cima do Mar Salgado'', edição do investigador [[José Ruivinho Brazão]]. <ref>[https://observador.pt/2016/08/16/reeditada-obra-de-manuel-pardal-a-voz-dos-pescadores-de-quarteira/ Reeditada obra de Manuel Pardal, “a voz” dos pescadores de Quarteira] – notícia do jornal Observador, 16/8/2016</ref> |
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Na filmografia do realizador, é sucedido por duas outras docuficções: ''[[O Pão e o Vinho]]'' e ''[[Brumas]]'' (o primeiro da [[trilogia]] LONGES). |
Na filmografia do realizador, é sucedido por duas outras docuficções: ''[[O Pão e o Vinho]]'' e ''[[Brumas]]'' (o primeiro da [[trilogia]] LONGES). |
Revisão das 14h26min de 14 de maio de 2019
Mau Tempo, Marés e Mudança (en Changing Tides 1976) é um documentário português de longa-metragem de Ricardo Costa, a sua primeira docuficção: uma etnoficção. A personagem central deste filme é o poeta Manuel Pardal, repentista: um dos representantes da tradição oral da literatura popular na poesia. [1] Foi publicado em 1977 um livro com poemas seus, intitulado Em Cima do Mar Salgado, edição do investigador José Ruivinho Brazão. [2]
Na filmografia do realizador, é sucedido por duas outras docuficções: O Pão e o Vinho e Brumas (o primeiro da trilogia LONGES).
Em formato televisivo, o filme divide-se em três partes: 1 – Mau Tempo, 2 – Marés, 3 – Mudança (versão TV). Estreia na RTP em 1977, integrado na série Mar Limiar, em três episódios separados.
Sinopse
Manuel Pardal, pescador na vila algarvia da Quarteira, é um poeta analfabeto, como quase todos os improvisadores populares do Alentejo e do Algarve. Tal como o bem conhecido António Aleixo, é um repentista. É o único repentista pescador de que há memória na literatura popular em Portugal.
Manuel Pardal pesca na sua lancha a remos, à qual adaptou um motor fora de borda, tal como muitos outros nessa época fizeram. Permite-lhe o motor percorrer distâncias consideravelmente maiores ao longo da costa. Pesca à linha ou com rede de emalhar peixe graúdo e miúdo. Por experiência sabe para que lado deve ir, este ou oeste, mais ao abrigo ou mais ao largo. Ganha assim a vida.
É um filósofo. A solidão e os tempos de espera no silêncio do mar fazem-no pensar. E pensa muito, o que reforça o seu sentir e o seu saber: algo que não é privilégio dos letrados, tal como nos garante Manuel Viegas Guerreiro. E não falha na letra: nem na rima nem mesmo quando encena aquilo que quer dizer. Não tem papas na língua, nem quando recita ou canta o fado. Sempre que o desafiam entra no jogo. E aqui o vemos, desenvolto, contando velhas histórias que ilustram bem os novos tempos. (Fonte: citação do produtor).
Enquadramento histórico
Mau Tempo, Marés e Mudança, de Ricardo Costa, Gente da Praia da Vieira de António Campos e Trás-os-Montes (filme) de António Reis e Margarida Cordeiro são três docuficções portuguesas do mesmo ano. Os primeiros filmes do género realizados antes destes em Portugal são Maria do Mar (1930) e Ala-Arriba! (filme) (1942) de Leitão de Barros e ainda Acto da Primavera (1962), de Manoel de Oliveira.
O Acto da Primavera é uma encenação filmada de um Auto da Paixão, representado por populares da Curalha, aldeia de Trás-os-Montes. Trás-os-Montes (filme) é um documentário criado a partir de uma ideia de ficção poética. Gente da Praia da Vieira e Mau Tempo, Marés e Mudança partem para o modo ficcional por outra via. Primeiro, pela escolha do tema: a vida dos pescadores da costa de Portugal. Segundo, pela abordagem desse tema a partir de uma ideia puramente documental, isto é, filmando na essência «a vida tal e qual ela é» e depois nela introduzindo situações ficcionais. O tema dos pescadores da praia da Viera de Leiria é também abordado, além de Campos, por Ricardo Costa na sua primeira longa-metragem: Avieiros. Qualquer um destes filmes explora as técnicas do cinema directo, que se desenvolveu a partir da década de sessenta, com notáveis representantes nos Estados Unidos, Canadá e França.
São estes filmes obras pioneiras no seu género, como docuficção. Curiosamente, a perspectiva temática comum a todos eles, de diferentes países, é a vida das gentes do mar:
- 1926 – Moana, de Robert Flaherty, EUA
- 1930 – Maria do Mar de José Leitão de Barros. Portugal
- 1932 – L'or des mers de Jean Epstein, França
- 1934 – Man of Aran, de Robert Flaherty, GB
- 1942 – Ala-Arriba! (filme), de Leitão de Barros, Portugal
- 1948 – La Terra Trema, de Luchino Visconti, Itália
- 1963 – Pour la suite du monde de Pierre Perrault e Michel Brault, Canada
- 1976 – Gente da Praia da Vieira, de António Campos, Portugal
- 1976 / 77 – Mau Tempo, Marés e Mudança, de Ricardo Costa, Portugal
Ficha técnica
- Argumento: Ricardo Costa
- Realizador: Ricardo Costa
- Produção: Ricardo Costa / RTP - 1976/77
- Intérpretes: Manuel Pardal, família, gentes da Quarteira
- Imagem: Ricardo Costa
- Som: Maurício Cunha e Jorge Melo Cardoso
- Sonoplastia: Jorge Melo Cardoso
- Montagem: Alice Cruz
- Laboratórios: RTP
- Formato: 16 mm p/b
- Género: documentário etnográfico (docuficção)
- Duração: 90’ aprox.
- Estreia: RTP, 1976/1977
Festivais e projecções especiais
- Mostra de Cinema Documental - O Algarve Documentado (Quarteira, Praça do Mar, 12 de Agosto de 2010, 21h 30,) [3]
Notas
- ↑ Quarteira comemora centenário do nascimento do Poeta Pardal, Sul Informação, 11 de agosto de 2016
- ↑ Reeditada obra de Manuel Pardal, “a voz” dos pescadores de Quarteira – notícia do jornal Observador, 16/8/2016
- ↑ Programa no Jornal do Algarve, 10/08/2010
Ver também
Referências
- Mau Tempo, Marés e Mudança na IMDb
- A etnografia no cinema em Portugal – artigo de Carlos Gomes
- Mau Tempo, Marés e Mudança em Testemunhos do Tempo, Quarteira, agosto 2010
- Centenário do Nascimento do Poeta Pardal | Projeção de um documentário sobre a sua vida no Centro Autárquico, 28/1/2017
- Décimas, magia da poesia popular – lista de obras e autores
- Em Cima do Mar Salgado - capa do livro (antologia, 175 páginas)
- Em Cima do Mar Salgado - poema do livro
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