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'''Nanquim''', por vezes também chamado de '''escola do sul''' (南宗画, [[pinyin]]: ''nanzhonghua''), é um [[estilo (arte)|estilo]] artístico que teve seu início durante a [[dinastia Tang]], na [[China]], aproximadamente durante o {{séc|IX|x}}, sendo o padrão artístico chinês até o {{séc|XVII|x}}.
'''Nanquim''', por vezes também chamado de '''Escola do sul''' (南宗画, [[pinyin]]: ''nanzhonghua''), é um [[estilo (arte)|estilo]] artístico que teve seu início durante a [[dinastia Tang]], na [[China]], aproximadamente durante o {{séc|IX|x}}, sendo o padrão artístico chinês até o {{séc|XVII|x}}.


Inicialmente na [[Ásia]], difundindo-se e reavivando-se durante o {{séc|XVIII|x}} na [[Europa]] e, na segunda metade do {{séc|XX|x}}, na América do Sul, nesta atingindo uma forma modificada.
Inicialmente na [[Ásia]], difundindo-se e reavivando-se durante o {{séc|XVIII|x}} na [[Europa]] e, na segunda metade do {{séc|XX|x}}, na América do Sul, nesta atingindo uma forma modificada.

Edição atual tal como às 04h51min de 23 de fevereiro de 2021

Nanquim, por vezes também chamado de Escola do sul (南宗画, pinyin: nanzhonghua), é um estilo artístico que teve seu início durante a dinastia Tang, na China, aproximadamente durante o século IX, sendo o padrão artístico chinês até o século XVII.

Inicialmente na Ásia, difundindo-se e reavivando-se durante o século XVIII na Europa e, na segunda metade do século XX, na América do Sul, nesta atingindo uma forma modificada.

O nome deste estilo deriva-se da cidade chinesa de sua origem, Nanquim, que por vários séculos foi também seu grande centro difusor; já quando se fala o termo escola do sul obrigatoriamente denota a arte e artistas que se opõem à escola formal de pintura do norte. A distinção não é geográfica, mas refere-se ao estilo e ao conteúdo das obras e, em certa medida, à posição do artista.

Histórico[editar | editar código-fonte]

Obra Rios Xiao e Xiang (潇湘图), de Dong Yuan. Em exposição no Museu do Palácio, em Pequim.

Rompendo com o estilo anterior, kaizhiano, de retratar principalmente figuras humanas em situações cotidianas ou caóticas com a aparência serena, o estilo nanquim utiliza-se a princípio, como tema principal, a paisagem, conhecida como pintura de shan shui (água e montanha). As paisagens, geralmente monocromáticas e esparsas, não traziam o propósito de reproduzir exatamente a aparência da natureza, mas sim uma emoção ou atmosfera para captar o "ritmo" da natureza.[1]

A pintura nanquim envolveu essencialmente as mesmas técnicas que a caligrafia tradicional, com um pincel mergulhado em tinta preta; os óleos não foram utilizados. Tal como acontece com a caligrafia, os materiais mais populares sobre os quais foram feitas pinturas foram papel e seda. Os trabalhos acabados foram então montados em pergaminhos, que podiam ser pendurados ou enrolados. A pintura nanquim também foi feita em álbuns, paredes, etc..[2]

Embora utilize-se da tinta nanquim como base para a coloração monocromática, o nome do estilo não teria nela se inspirado, visto que esta tinta já existe há mais de 2000 anos.[1]

Dong Yuan[editar | editar código-fonte]

Foi Dong Yuan o principal mestre deste estilo; viveu em Nanquim no Reino Tang do Sul, durante toda sua vida.[2] Ele era conhecido por pinturas de paisagens, sintetizando o estilo elegante que se tornaria o padrão para a pintura de pincel na China nos próximos 700 anos.[2] Tal como acontece com muitos artistas na China, sua profissão era oficial, sendo mantido pela corte local; estudou os estilos de transição para o nanquim existentes nas obras de Li Sixun e Wang Wei. No entanto, ele adicionou um número de técnicas, incluindo uma perspectiva mais sofisticada, com o uso de pontilhismo e hachuras[3] para criar um efeito vívido.[4]

Popularização na Europa[editar | editar código-fonte]

O estilo, já em declínio na China, experimentou popularização na Europa nos séculos século XVIII e século XIX, em especial no Sacro Império Romano-Germânico, na Prússia e em Portugal, sendo utilizado principalmente nas ilustrações científicas.[5]

Seus maiores difusores foram os engenheiros e naturalistas Johann Andreas Schwebel e Franz Keller-Leuzinger. Estes foram contratados pelo Império Português para fazer o levantamento cartográfico e científico da Amazônia, além de dar suporte aos projetos de engenharia no Brasil Colônia.[5][6]

Suas obras destacavam-se por retratar as paisagens tradicionais amazônicas.[6]

Nanquim amazônico[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Nanquim amazônico

Foi Aldemir Martins o primeiro a popularizar o estilo no Brasil. Ele, um modernista, começou a experimentar várias inovações ao seu trabalho, em especial o nanquim.[7]

O estilo nanquim chegou ao norte do Brasil, na década de 1970, através dos irmãos Pedro e Augusto Morbach,[8] que haviam tido contato com alguns artistas que no Sudeste do Brasil já exploravam-no.

No Norte, entretanto, ganhou novos contornos com a adoção traços da arte tradicional indígena, da arte modernista e da arte surrealista; nascia, assim, o nanquim amazônico, com viés eclético, singular ao nanquim, tornando-se estilo próprio.[9]

A cidade de Marabá é o principal centro difusor do nanquim amazônico,[10] tendo como seus principais representantes Rildo Brasil[10] e Domingos Nunes.[11] Centros de divulgação e produção concentram-se no Galpão de Artes de Marabá, na Galeria Vitória Barros e na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. As obras do nanquim produzidas em Marabá estão espalhadas em galerias de arte ao redor do mundo, não focando somente a paisagem, mas também exploram a abstração, o cotidiano, retratos, etc..[10]

Nomes contemporâneos do nanquim[editar | editar código-fonte]

Entre os nomes contemporâneos do nanquim há Rildo Brasil, Domingos Nunes e Eduardo Marinho.[12]

Referências

  1. a b Fong, Wen C.; Chang, Chin-Sung; Hearn, Maxwell K. (2008). Landscapes clear and radiant : the art of Wang Hui (1632-1717). New York: The Metropolitan Museum of Art 
  2. a b c «Dong Yuan - Southern Tang». China Online Museum. 2009 
  3. Naoumova, Natalia (2012). Técnicas de representação gráfica 3: Nanquim – linhas, traços e hachuras (PDF). Pelotas: Universidade Federal de Pelotas 
  4. Dobrzynski, Judith H.. (25 de maio de 1997). «Landscapes Were Never The Same». The New York Times. Consultado em 12 de março de 2018 
  5. a b Aguiar Filho, Adonias (2 de dezembro de 1969). Amazônia Brasileira Catálogo de Exposição (PDF). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional 
  6. a b Noronha, José Monteiro de. (2006). Roteiro da viagem da cidade do Pará até as últimas colônias do sertão da província (1768). São Paulo: EdUSP 
  7. Hoffmann, Ana Maria (2013). «Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros: Aldemir Martins». Folha de S.Paulo 
  8. «Rildo Brasil revoluciona com nanquim contemporâneo». Correios News. 5 de julho de 2016 
  9. Barros, Rodrigo (2015). Nanquim: Contos e Crônicas de Temática Livre. [S.l.]: Andross. 288 páginas 
  10. a b c «Artista utiliza técnica asiática para retratar a Amazônia em quadro». Portal G1. 21 de maio de 2016 
  11. «Domingos Nunes». Galeria de Arte Vitoria Barros. 2018 
  12. Santos, José Douglas Alves dos.. Eduardo Marinho – obra. Obvious Artes e Ideias. Julho de 2014.