Esponja (objeto)
Uma esponja é um recurso de limpeza feito de material macio e poroso. Normalmente usadas para limpar superfícies impermeáveis, as esponjas são especialmente boas para absorver água e soluções à base de água.
Originalmente feitas de esponjas marinhas naturais (poríferos), elas são mais comumente feitos de materiais sintéticos atualmente.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A palavra vem do termo grego antigo σπόγγος (spóngos), que por sua vez é provavelmente derivado de um substrato mediterrâneo pré-indo-europeu.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A primeira referência de esponjas usadas para higiene data da Grécia Antiga. Os competidores dos Jogos Olímpicos banhavam-se com esponjas do mar embebidas em azeite ou perfume antes de competir. No livro Odisséia, do poeta grego Homero, o deus Hefesto limpa as mãos, o rosto e o peito com uma esponja do mar, e os criados do palácio de Odisseu também usavam esponjas do mar para limpar as mesas após as refeições que os pretendentes de Penélope faziam ali. Os filósofos gregos Aristóteles e Platão também mencionaram as esponjas do mar em contextos científicos e históricos em suas obras.[2][3] Os antigos gregos e romanos também usavam esponjas do mar amarradas a paus para higiene anal, uma ferramenta conhecida como xilospôngio, e as lavavam com água do mar.[4]
Os antigos romanos também usavam esponjas do mar extensivamente para higiene e outros usos. A crença de que as esponjas tinham propriedades terapêuticas levou ao seu uso na medicina para limpar feridas e tratar doenças.[2]
As esponjas do mar foram usadas como absorventes internos/tampões por mulheres ao longo da história e ainda são usadas como uma alternativa mais barata e ecológica às de fibra.[5] No entanto, os pesquisadores não recomendam o uso de esponjas do mar como absorventes, pois podem conter sujeira e microorganismos, principalmente se mal higienizadas.[6][7]
No Novo Testamento, um soldado romano oferece a Jesus Cristo a Santa Esponja embebida em vinagre na ponta de sua lança (algumas versões dizem cajado) para Jesus beber durante sua crucificação.[3][8]
A fabricação de esponjas sintéticas só foi possível após a invenção do poliéster na década de 1920 e a produção comercial da espuma de poliuretano em 1952.[9][10]
Material
[editar | editar código-fonte]As esponjas sintéticas podem ser de poliéster, poliuretano ou celulose vegetal. O poliuretano é usado em esponjas de poliéster por seu lado abrasivo. As esponjas de poliéster são mais comuns para lavar louças e costumam ser macias e amarelas.[11][12] Microplásticos e nanoplásticos podem ser liberados das esponjas de cozinha durante o uso.[13] Existem esponjas de cozinha com íons de prata em sua composição, que evitam a ploriferação de bactérias.[14]
As esponjas feitas de plástico expandido à base melanina são chamadas de esponjas mágicas, que, devido ao atrito gerado por sua estrutura porosa, são capazes de tirar manchas apenas com água, sem a necessidade de usar outros produtos. Elas foram originalmente criadas para a limpeza de automóveis, mas podem ser usadas em cerâmica, vidro, plástico, borracha ou aço inoxidável. Porém, seu uso não é recomendado em superfícies delicadas, como seda e veludo.[15]
As esponjas para maquiagem normalmente são feitas de látex, silicone, poliuretano ou espuma hidrofílica. Também existem versões feitas com materiais naturais, como esponjas do mar e raiz de konjac. As esponjas naturais tendem a ser mais absorventes do que as sintéticas, ajudando no controle do brilho e da oleosidade da pele. Elas variam na densidade, dependendo do resultado que se quer chegar. Esponjas menos densas são mais usadas para maquiagens mais leves. Sua cor normalmente é bege, e o formato é achatado ou arredondado. É comum que elas tenham uma pretuberância, para alcançar áreas pequenas perto do nariz ou das orelhas.[16] Elas são usadas para uma variedade de funções, como aplicação, contorno e mistura.[17] A silisponge, criada pela Molly Cosmetics, é feita de silicone revestido de poliuretano termoplástico e não possui poros.[18][19]
As esponjas de celulose vegetal feitas de fibra de madeira são mais utilizadas para banho e limpeza de pele, e costumam ser mais duras e caras que as esponjas de poliéster. Elas são consideradas mais ecológicas do que as esponjas de poliéster, pois são biodegradáveis e feitos de materiais naturais.[11][20]
Abrigamento de bactérias
[editar | editar código-fonte]Esponjas para lavar louça
[editar | editar código-fonte]Uma esponja pode ser um meio para o crescimento de bactérias ou fungos nocivos, especialmente quando permanece úmida entre os usos.[21] De acordo com estudo feito pela DeVry Metrocamp, em 15 dias de uso, a esponja de lavar louça pode acumular 680 milhões de fungos e bactérias, que podem causar de diarreia e febre a problemas pulmonares.[22][23] Pesquisas, como as feitas pela Universidade de Barcelona e pela Universidade do Arizona, mostram que a cozinha é muitas vezes mais suja do que o banheiro.[14][24] Entre os germes que podem ser encontrados em esponjas e panos não higienizados estão bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Salmonella, e fungos como Rhodotorula, Aspergillus, Penicillium e Cladosporium.[23][24]
A prata é um excelente bactericida.[25][26] Ela é capaz de penetrar nas membranas das bactérias e se juntar ao seu DNA. As bactérias mortas pela prata acabam se tornando um repositório do elemento e matando outras bactérias em seus arredores.[27] Existem esponjas de cozinha com íons de prata em sua composição, que evitam a ploriferação de bactérias.[14]
Vários métodos têm sido usados para limpar esponjas. Estudos investigaram o uso do forno micro-ondas para limpar esponjas domésticas não metálicas que foram bem umedecidas. Um estudo de 2006 descobriu que esfregar esponjas molhadas no micro-ondas por dois minutos (a 1.000 watts de potência) matava 99% dos coliformes, E. coli e fagos MS2, mas os esporos de Bacillus cereus levaram quatro minutos.[28] Depois que alguns incêndios foram causados por pessoas tentando reproduzir os resultados em casa, o autor do estudo pediu às pessoas que se certificassem de que suas esponjas estavam molhadas.[29] Um estudo de 2009 mostrou que o micro-ondas e a máquina de lavar louça são formas eficazes de limpar esponjas domésticas.[28] Outro método de limpeza é deixar a esponja de molho em vinagre e secá-la no sol.[30]
Esponjas de maquiagem
[editar | editar código-fonte]O acúmulo de células mortas nas esponjas de maquiagem,[31] seu uso em lugares como banheiro ou a queda do produto no chão as infectam com bactérias, como Staphylococcus aureus, Escherichia coli, e Citrobacter freundii. O processo de umidecimento da esponja também faz com que ela seja infectada por fungos.[32] Em um estudo conduzido pela Universidade de Aston, 9 a cada 10 produtos de beleza analisados possuiam bactérias que causam doenças como infecção de pele e envenenamento do sangue, caso a maquiagem seja aplicada perto de orifícios ou cortes. Dentro dos produtos analisados, as esponjas eram as que mais continham micróbios danosos.[33] Outra comorbidade comum é a acne.[34] É recomendado que a esponja seja trocada a cada três meses. Já as esponjas blender devem ser descartadas após o uso.[31]
Existem vários métodos para a limpeza das esponjas. Um deles é com a utilização de água com algum limpador, como sabonete, xampu ou um removedor de maquiagem.[34][35] Também é possível lavar a esponja na lava-roupas, ou submergi-la em uma solução com o limpador no microondas.[34] Além disso, é possível guardar a esponja em uma caixa de desinfecção, que usa radiação ultravioleta para matar as bactérias.[35]
Na economia
[editar | editar código-fonte]Os países do Caribe e do Mar Mediterrâneo são os maiores exportadores de esponjas do mar, enquanto os maiores importadores são os países desenvolvidos da Europa e da América do Norte. A Tunísia é o principal exportador mundial de esponjas marinhas, exportando 90% de sua produção de esponjas.[36] A França é o principal importador, sendo abastecido pela Tunísia, mas a demanda francesa por esponjas caiu nos últimos anos.[37]
Exportadores | 1981 | 1982 | 1983 | 1984 | 1985 | 1986 |
---|---|---|---|---|---|---|
Tunísia | 74 | 71 | 84 | 81 | 91 | 88 |
Cuba | 36 | 33 | 38 | 33 | 41 | 41 |
França | 25 | 26 | 33 | 31 | 35 | 30 |
Grécia | 32 | 42 | 36 | 27 | 32 | 22 |
Bahamas | - | 8 | 21 | 8 | 3 | 14 |
Turquia | 11 | 8 | 7 | 8 | 1 | 1 |
Egito | 5 | 4 | 4 | 2 | 4 | 8 |
Japão | - | 6 | 4 | 1 | 1 | 6 |
Filipinas | 9 | 4 | 5 | 6 | 6 | 4 |
Líbia | - | - | - | 6 | 3 | - |
Total | 192 | 202 | 232 | 213 | 245 | 225 |
Galeria
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Fotografia macro da porosidade em uma esponja de limpeza sintética
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Esponjas naturais à venda em Creta
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Uma seção da esponja Luffa aegyptiaca ampliada 100 vezes
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Um close-up de um canto de uma esponja abrasiva de uretano com uma camada superior usada para esfregar pratos mais intensamente
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Um close-up dos poros de uma esponja sintética
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Um souvenir feito de uma esponja artificial
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon»
- ↑ a b Inc., The Sea Sponge Company™. «The History of the Sea Sponge». The Sea Sponge Company™ Inc.
- ↑ a b «Natural Sea Sponges and sponge diving history». www.kalymnos-shop.gr
- ↑ Leandro Saioneti (27 de outubro de 2016). «Como era feita a higiene bucal antes da pasta de dente?». Super Interessante. Consultado em 2 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 2 de setembro de 2023
- ↑ «2017's Top 5 Sea Sponge Menstrual (Soft) Tampons | Reviews». menstrualcupreviews.net
- ↑ «Compliance Policy Guides - CPG Sec. 345.300 Menstrual Sponges». www.fda.gov. U.S. Food and Drug Administration
- ↑ «Why you shouldn't use sea sponges as a natural alternative to tampons». Metro. 20 de maio de 2016
- ↑ Mateus 27:48
- ↑ «Polyurethane Foam Kitchen Sponge. History of Origin — Vortex Power». www.vortex-power.com
- ↑ «History of Polyester | What is Polyester». www.whatispolyester.com
- ↑ a b S.r.l., Corazzi Fibre. «Polyester sponge and Cellulose sponge». www.corazzi.com
- ↑ «Polyurethane Sponge - Dynathane | PAR Group». www.par-group.co.uk
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- ↑ «Esponja mágica: qual o segredo por trás do produto que "limpa tudo"?». Casa Vogue. 31 de março de 2023. Consultado em 6 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2023
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- ↑ Theresa Holland e Kindra Moné (6 de agosto de 2023). «We Tested the Best Makeup Sponges—These 6 Made the Cut». Byrdie (em inglês). Consultado em 6 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2023
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- ↑ Hickman, Matt (21 de agosto de 2017). «What's the difference between cellulose sponges and those other kitchen sponges?». Mother Nature Network
- ↑ «Reducing bacteria in household sponges». Journal of Environmental Health. 62: 18–22
- ↑ «Esponja de lavar louça acumula 680 milhões de fungos e bactérias em 15 dias de uso, diz pesquisa». Bom Dia Brasil. 5 de julho de 2017. Consultado em 2 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 2 de setembro de 2023
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- ↑ Victoria Forster (2 de dezembro de 2019). «Are Dangerous Microbes Hiding In Your Makeup? New Study Says Yes.». Forbes (em inglês). Consultado em 6 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2023
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- ↑ a b Elise Tabin (19 de maio de 2023). «The Best Way to Wash Your Makeup Sponges, According to Makeup Artists». Byrdie (em inglês). Consultado em 6 de setembro de 2023. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2023
- ↑ «Tunisian fishermen driven to perilous depths by mystery sea sponge blight | Environment | the Guardian»
- ↑ «SPONGES: WORLD PRODUCTION AND MARKETS». www.fao.org