Fazenda Babilônia
Fazenda Babilônia | |
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Tipo | fazenda |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | Pirenópolis - Brasil, Império Português |
Patrimônio | Património de Influência Portuguesa (base de dados), bem tombado pelo IPHAN |
A Fazenda Babilônia, ou Engenho de São Joaquim, como era conhecido na época em que foi construído, se encontra na cidade de Pirenópolis, na região Centro-Oeste, no do estado de Goiás, no Brasil.[1][2]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Encomendada pelo comendador Joaquim Alves de Oliveira, grande produtor rural, dono do povoado de Minas de Meia Ponte, atual Pirenópolis, e construída por escravos, a Fazenda Babilônia foi um dos maiores engenhos de cana de açúcar do Brasil Colonial.[3] Foi apelidada com esse nome por conta de sua grandiosidade.[4] Inicialmente, seus proprietários não residiam no engenho.[3] Contudo, em 1805, Alves de Oliveira encomendou o grandioso casarão, de cerca de 2 mil metros quadrados.[5]
A fazenda
[editar | editar código-fonte]O Engenho é levantado em paredes de pau a pique e sustentada por esteios e lagas vigas de madeira. que vencem vãos de até 15 metros.[6]
O telhado, coberto por telhas cocha, é composto por caibros roliços, com diâmetro de aproximadamente 20 centímetros.[6] As cavilhas de madeira são unidas ao madeirame por encaixes muito precisos, e até mesmo as dobradiças da fazenda são feitas de madeira.[6] Isso muito se explica devido à carência de metal no início do Século XIX, que se devia, por sua vez, aos altos custos de importação.[7][8]
O casarão é cercado por um grande muro de pedra, erguido pelos escravos, circulando, ainda, o pasto, o curral e as outras áreas construídas do engenho.[6]
Existe ainda, na varanda da sede da fazenda, uma capela, que se estende por toda a frente da casa.[9] O altar é estreito e acimentado por um nicho, onde está, sobre um retábulo de madeira, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.[9][10]
O proprietário da fazenda, Joaquim Alves morreu no ano de 1851.[11]
Declínio
[editar | editar código-fonte]Joaquim Alves morreu em 1851, deixando a fazenda para seus herdeiros.[3] Por conta dos altos custos do transporte e exportação de mercadorias e com a decadência dos antes preciosos algodão e Cana-de-açúcar, a família não conseguiu manter o engenho.[3] A propriedade foi, então, vendida pata a família de Telma Lopes Machado, atual proprietária, da quarta geração de proprietários desde que o engenho foi vendido.[12] A família, desde a aquisição do imóvel até hoje, têm mantido a propriedade em sua forma original, preservando os espaços e seus patrimônios.[12][13]
Mudanças no espaço físico
[editar | editar código-fonte]Quando o Comendador decidiu se mudar com sua família para o Engenho, algumas mudanças drásticas aconteceram nele.[4] A mais considerável foi a construção do próprio casarão, a parte da fazenda melhor mantida nos dias de hoje.[4] Contudo, outras mudanças no espaço construído aconteceram com a chegada de Joaquim Alves.
A senzala, que abrigava os escravos do engenho, foi demolida com a chegada do Comendador. Não se sabe a data desse acontecimento, mas arqueólogos já comprovaram que ela, de fato, existiu.[14] Partindo de escavações e registros na sede, se obtiveram algumas informações sobre essa construção.[4] Pode se dizer que foi a única senzala arruada da região, e também a única que possuía equipamentos básicos de higiene.[15]
Relíquias
[editar | editar código-fonte]Os atuais proprietários mantêm, até hoje, algumas relíquias da propriedade de grande relevância histórica. A mais importante delas é imagem de Nossa Senhora da Conceição, produzida pelo escultor José Joaquim da Veiga Vale, a maior referência da arte sacra goiana.[10] Outras relíquias podem ser encontradas na capela da Fazenda Babilônia, como um altar com policromias e a pintura do teto em estilo rococó.[15]
Atualidade
[editar | editar código-fonte]Afim de atender os turistas que visitam a fazenda, algumas adaptações foram feitas. O antigo paiol é, hoje uma recepção, onde foram construídos novos banheiros e uma loja de artesanato e doces produzidos na própria propriedade.[4] A fazenda hoje é aberta para visitação aos sábados, domingos e feriados, dedicando-se ao turismo histórico e pedagógico.[4]
Tombamento
[editar | editar código-fonte]A propriedade passou pelo processo de tombamento como Patrimônio Nacional, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e inscrita no Livro de Belas Artes, número 480, em 26/04/1965, conserva o extenso casarão, em estilo colonial e diversos muros de pedras, construídos pelos escravos.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Joaquim Alves de Oliveira
- Pirenópolis
- Escravidão no Brasil
- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Pirenópolis». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Alves, Renato (23 de janeiro de 2007). «Fazenda bicentenária traduz tempos áureos do ouro e da cana-de-açúcar». Acervo. Correio Braziliense. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b c d Curado, João. «A(S) FAMÍLIA(S) RESIDENTE(S) NO ENGENHO DE SÃO JOAQUIM: FRAGMENTOS DA VIDA EM MEIA PONTE/GO NO SÉCULO XIX» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b c d e f «História». Fazenda Babilônia. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Machado, Telma Lopes (julho de 2011). «Patrimônio, história e gastronomia». Ciência e Cultura (3): 48–50. ISSN 0009-6725. doi:10.21800/S0009-67252011000300018. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b c d e «Patrimônio». Fazenda Babilônia. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Marson, Michel Deliberali; Marson, Michel Deliberali (outubro de 2019). «O Investimento na Indústria Antes de 1930: Uma Análise Empírica Com Registros de Empresas da Junta Comercial do Estado de São Paulo, 1911-1920». Revista Brasileira de Economia (4): 529–557. ISSN 0034-7140. doi:10.5935/0034-7140.20190024. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Marcondes, Renato Leite (março de 2012). «O mercado brasileiro do século XIX: uma visão por meio do comércio de cabotagem». Brazilian Journal of Political Economy (1): 142–166. ISSN 0101-3157. doi:10.1590/S0101-31572012000100009. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b «Fazenda com mais de 200 anos relembra história e cultura de Goiás». Goiás. G1. 26 de janeiro de 2014. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b Diniz, Nathália (2008). «Velhas fazendas da Ribeira do Seridó» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Borges, Rosana Maria Ribeiro; Barbosa, Marialva Carlos (2020). «Da senzala ao enfrentamento: as contraditórias dinâmicas históricas que antecederam as atividades impressas em Goiás». Revista Brasileira de História da Mídia (2). ISSN 2238-5126. doi:10.26664/issn.2238-5126.9220209126. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b «Delícias babilônicas». Globo Rural. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Barbo, Lenora. «A Arquitetura rural na área de influência do atual Distrito Federal». Anais do XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ Curado, Adriano (19 de setembro de 2012). «Pirenópolis: Fazenda Babilônia, preciosidade histórica de Goiás». Pirenópolis. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b Coelho, Alexandra Prado (28 de Julho de 2018). «O café sertanejo da Fazenda Babilónia». Público. Consultado em 15 de maio de 2021