Griselda Blanco

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Griselda Blanco
Griselda Blanco
Griselda em 1997
Nome Griselda Blanco Restrepo
Pseudônimo(s) Viúva Negra
Data de nascimento 15 de fevereiro de 1943
Data de morte 3 de setembro de 2012 (69 anos)
Nacionalidade(s) colombiana
Apelido(s) Viúva Negra
Rainha do Tráfico
Cocaine Godmother (Madrinha da cocaína)
Ocupação Chefe do Cartel de Medellín
Crime(s) Tráfico de drogas
Contrabando
Extorsão
Suborno
Assassinatos
Lavagem de dinheiro
Sequestro
Crime organizado
Pena 50 anos de prisão
Situação Falecida
Marido(s) Zulma Andino Trujillo
Alberto Bravo
Darío Sepúlveda
Charles Cosby
Filho(s) 4
Situação de captura 1985
Afiliação(ões) Cartel de Medellín, Pablo Escobar

Griselda Blanco Restrepo[1] (Cartagena das Índias, 15 de fevereiro de 1943Medellín, 3 de setembro de 2012) foi uma narcotraficante colombiana e pioneira do crime organizado, considerada como a madrinha do Cartel de Medellín durante as décadas de 1970 e 1980. Estima-se que Griselda tenha sido a madante do assassinato de 200 indivíduos durante o transporte de cocaína da Colômbia para Nova York.[2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Início da vida[editar | editar código-fonte]

Blanco nasceu em Cartagena das Índias, na Colômbia. Com apenas três anos, sua mãe, Ana Lucía Restrepo,[5] decidiu mudar-se com ela para Medellín. Ao chegar lá, ela adotou um estilo de vida criminoso. O antigo amor de Blanco, Charles Cosby, contou que ela, aos 11 anos, sequestrou, tentou pedir um resgate e acabou por alvejar uma criança de um bairro sofisticado próximo do seu.[6][7][8] Ainda antes de completar 13 anos de idade, ingressou no mundo do crime, tendo estado envolvida no furto de carteiras e na prostituição .[9][10][11][12] Pouco tempo depois, ela descobriu que o seu futuro padrasto estava planejando violá-la e, para escapar do abuso sexual, decidiu mudar de casa, viajando para Medellín, na Colômbia, onde ficou até aos 20 anos de idade.[6]

Narcotráfico[editar | editar código-fonte]

Foi Griselda quem idealizou as primeiras rotas de tráfico via Miami, que depois seriam as vias mais usadas pelos cartéis de droga colombianos. Ela tinha uma loja de roupas íntimas, que usava como disfarce. Inventou, por exemplo, uma lingerie com bolsos escondidos para transportar drogas.[13]

Em meados dos ano 70, ela imigrou ilegalmente para os Estados Unidos com passaportes falsos e assentou em Queens, Nova Iorque. Ela estabeleceu um negócio de cocaína significativo ali e em abril de 1975, ela foi indiciada com acusações federais de conspiração de droga junto com 30 dos seus subordinados. Ela fugiu para a Colômbia antes de poder ser presa, mas voltou aos Estados Unidos e assentou em Miami no fim dos anos 80.

O seu retorno coincidiu mais ou menos com o começo de conflitos violentos muito públicos que envolveram centenas de homicídios e mortes anuais que eram associadas com a grande "epidemia" de crimes que assolou Miami nos anos 80. A luta da polícia para pôr fim à afluência de cocaína em Miami levou à criação da CENTAC 26 (Unidade Tática Central), um operação conjunta entre o Miami-Dade Police Department e a operação antidroga da Drug Enforcement Administration (DEA).[14][15]

Blanco também esteve envolvida na violência relacionada com droga conhecida como a Guerra de Droga de Miami ou as Guerras de Cowboy de Droga que atormentaram Miami no fim dos anos 70 e início dos anos 80. Isto foi numa altura em que a cocaína era mais traficada que a cannabis.

Com seu segundo marido, ela viu os negócios expandirem. Nessa época nasceu seu quarto filho, a quem batizou de Michael Corleone por causa do filme O Poderoso Chefão. Foi nessa época que conquistou sua reputação de mulher implacável, disposta a ordenar assassinatos. Estima-se que ela enviava mensalmente aos Estados Unidos mais de uma tonelada de cocaína por mar e terra, o que a tornou uma das mulheres mais ricas da época.[13]

Griselda herdou o trono do Cartel de Medellín, após a morte de Pablo Escobar. É considerada a responsável por 250 assassinatos na Colômbia.[16]

Detenção[editar | editar código-fonte]

A 17 de fevereiro de 1985, Blanco foi presa na sua casa pela DEA e acusada com conspirar a manufatura, importação e distribuição de cocaína. O caso foi a julgamento em um tribunal federal de Nova York, onde ela foi considerada culpada e condenada a 15 anos de prisão.[17]

Enquanto servia a sua sentença, ela foi acusada com três acusações de homicídio em primeiro grau pelo estado da Florida. A acusação fez um negócio com um dos assassinos mais confiado de Blanco, Jorge Ayala, que concordou em depor contra ela. No entanto, o caso colapsou devido a tecnicalidades relacionadas a um escândalo de telessexo entre Ayala e duas secretárias que trabalhavam no gabinete do advogado do estado.[18] Blanco declarou-se como culpada em 1998 e foi sentenciada a 20 anos na prisão.[19] Em 2002, Blanco sofreu um ataque cardíaco na prisão.[20]

Em 2004, ela foi libertada e deportada para Medellín.[6] Antes do seu homicídio, em 2012, ela foi vista pela última vez em maio de 2007, no Aeroporto Internacional El Dorado.[6]

Morte[editar | editar código-fonte]

No dia 3 de setembro de 2012, Griselda foi a um açougue no bairro Belén, em Medellín. Durante trinta minutos, ela ficou escolhendo a carne que levaria para a semana. O açougueiro estava terminando de despachar o pedido da mulher, quando de repente se ouviram dois tiros. Blanco, deitada no chão, foi atacada por dois homens armados que atiraram na cabeça dela e fugiram às pressas em uma motocicleta.[13] A Rainha da Coca morreu aos 69 anos e estava acompanhada da nora, que saiu ilesa do atentado.[21]

"É uma surpresa que não tenha sido assassinada antes, pois fez muitos inimigos", disse à época Nelson Andreu, ex-detetive do departamento de homicídios de Miami, ao jornal Miami Herald. "Quando se mata tanta gente, como ela fez, é questão de tempo até que alguém te encontre e acerte as contas."[13]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Casou-se com José Trujillo, seu primeiro esposo, um criminoso que falsificava passaportes e ganhava dinheiro com o tráfico de pessoas, entre outras coisas. Antes de morrer, ele deixou a mulher em contato com o mundo do crime de Nova York.[13] Com ele teve três filhos, chamados Uber, Osvaldo e Dixon.[9][11]

Blanco teve o seu filho mais novo, Michael Corlene Blanco, com o seu terceiro marido, Darío Sepúlveda.[4] O seu marido deixou-a em 1983, voltou para a Colômbia e raptou Michael quando ele e Blanco discordaram sobre quem ficaria com a custódia. Blanco pagou para assassinar Sepúlveda na Colômbia e o seu filho voltou para ela em Miami.[22]

Segundo o Miami New Times, "o pai e irmãos mais velhos de Michael foram todos mortos antes de ele chegar à idade adulta. A sua mãe esteve na prisão durante a maioria da sua infância e adolescência, e ele foi criado pela avó materna e guardiões legais."[22] Em 2012, Michael ficou em prisão domiciliar depois uma detenção em maio por duas acusações de tráfico de droga e conspiração para traficar cocaína. Ele apareceu num episódio de 2018 da série documental da Investigation Discovery, Vivendo com o Inimigo, para falar sobre sua infância solitária. Em 2019, ele apareceu na série documental Cartel Crew, que segue os descendentes de barões da droga. Ele também tem uma marca de roupa, "Puro Blanco".[23][24][25][26][4]

Segundo Michael, a sua mãe tinha se tornado cristã renascida.[27]

Ela se casou três vezes e foi acusada de mandar matar o segundo marido e de assassinar ela mesma o terceiro, após descobrir que ele a estava roubando. Ganhou então o apelido de Viúva Negra.[13]

De seus quatro filhos, dois foram mortos pelos laços com a máfia e outro permanece na prisão nos Estados Unidos.[16]

Referências

  1. «Comienza extinción de dominio a bienes de Griselda Blanco en Antioquia». RCN Radio (em espanhol). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  2. «Griselda Blanco». Biography 
  3. «The life and death of 'cocaine godmother' Griselda Blanco» 
  4. a b c Luscombe, Richard. «'Godmother of cocaine' shot dead in Colombia (Griselda Blanco, who remained under suspicion for the deaths of all three of her husbands)» 
  5. «Her mother's name» (em espanhol). Semana 
  6. a b c d «Searching For the Godmother of Crime | Maxim.com | Maxim.com». web.archive.org. 14 de junho de 2010. Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  7. May 26, CC Says:; Am, 2009 at 4:13 (25 de maio de 2009). «Charles Cosby : From Early Childhood to Cocaine And Hustlin'». BeastBlogger Presents TheBlogUnion (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  8. Business (17 de janeiro de 2011). «Pablo Emilio Escobar 1949 – 1993 9 Billion USD – The business of crime – 5 'success' stories». Businessnews.za.msn.com. Consultado em 25 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 14 de julho de 2011 
  9. a b Ethan, Brown. «Searching for the Godmother of Crime». Maxim. Alpha Media Group. p. 94–98. ISSN 1092-9789 
  10. «Archive 20100614094614» 
  11. a b Billy (director); Cosby, Charles (himself); Blanco, Griselda (herself), Corben. Cocaine Cowboys 2: Hustlin' with the Godmother (DVD). Magnolia Home Entertainment. ASIN B00180R03Q. 876964001366 
  12. Charles, Cosby. «Charles Cosby: From Early Childhood to Cocaine and Hustlin'». The Blog Union 
  13. a b c d e f «Quem é Griselda Blanco, a 'rainha' da cocaína' vivida por Catherine Zeta-Jones na TV». BBC Brasil. 25 de janeiro de 2018. Consultado em 25 de janeiro de 2018 
  14. Gugliotta, Guy (1989). Kings of cocaine : inside the Medellín cartel, an astonishing true story of murder, money, and international corruption. Jeff Leen. New York: Simon and Schuster. OCLC 759839391 
  15. «Griselda Blanco: hasta nunca y gracias por la coca». www.vice.com (em espanhol). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  16. a b «Rainha da coca é morta a tiros na Colômbia.». O Globo. 4 de setembro de 2012. Consultado em 25 de janeiro de 2018 
  17. «United States v Blanco». : (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  18. «Secretaries Suspended Over Phone Sex». AP NEWS (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  19. Berlinger, Joshua. «The Incredible Story Of Colombia's 'Godmother Of Cocaine'». Business Insider (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  20. Lathem, Niles (8 de junho de 2000). «QUEENS NOW RULE WHERE KINGPINS ONCE REIGNED: WOMEN ARE RUNNING DRUG RINGS AFTER FALL OF COLOMBIAN CARTELS» (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  21. «'Rainha da cocaína' é assassinada na Colômbia». G1. 4 de setembro de 2012. Consultado em 25 de janeiro de 2018 
  22. a b «Michael Corleone Blanco lives in the shadow of his cocaine-queen mother | Miami New Times». web.archive.org. 25 de fevereiro de 2015. Consultado em 19 de dezembro de 2022 
  23. Pablo Escobar and Colombian Narcoculture by Aldona Bialowas Pobutsky, 163-164
  24. Swartz, James A. Substance Abuse in America: A Documentary and Reference Guide. p. 193.
  25. Hornberger, Francine. Mistresses of mayhem: the book of female criminals. p. 32.
  26. Morton, James. The Mammoth Book of Gangs.
  27. Halperin, Shirley; Halperin, Shirley (5 de setembro de 2012). «'Cocaine Cowboys' Griselda Blanco, Real-Life 'Female Tony Montana,' Gunned Down in Colombia». The Hollywood Reporter (em inglês). Consultado em 19 de dezembro de 2022