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Gruit

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Gruit

Cerveja feita a partir de uma receita do
século XIII que utiliza ervas do gruit.

Gruit é o nome que se dá a uma antiga mistura de ervas usadas para dar amargor e aroma à cerveja, que era popular antes do uso extensivo do lúpulo.[1] Gruit ou Grut ale também pode referir-se à bebida produzida usando gruit.[2][3]

Gruit era uma combinação de ervas, comumente incluindo samouco-do-brabante (Myrica gale), artemísia (Artemisia vulgaris), aquileia (Achillea millefolium),[1][2][4] erva-de-são-joão (Glechoma hederacea), marroio (Marrubium vulgare), e urze (Calluna vulgaris). Cada produtor de gruit incluía ervas diferentes para produzir sabores únicos. Havia, ainda outras ervas que também eram adicionadas: bagas de zimbro, gengibre, sementes de cominho, anis, noz-moscada, canela, e até mesmo o lúpulo em proporções variáveis.[3]

Algumas formas tradicionais de cerveja sem lúpulo sobreviveram, como a sahti na Finlândia.

Contexto Histórico

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Apesar das consabidas propriedades do lúpulo na produção de cerveja, durante a Idade Média, entre os séculos X e XV, os diferentes aromas e sabores da cerveja eram obtidos por meio do recurso ao gruit.[1]

O uso exclusivo de gruit, no entanto, foi sendo gradualmente eliminado em favor do uso do lúpulo em toda a Europa entre o século XI (no sul e no leste do Sacro Império Romano) e final do século XVI (na Grã-Bretanha). No século XVI na Grã-Bretanha, já era feita uma distinção entre "ale", que era sem lúpulo, e "cerveja", trazida por mercadores holandeses, que era lupulada.[3]

O movimento cervejeiro da década de 1990 nos EUA e na Europa viu um interesse renovado em cervejas sem lúpulo e vários cervejeiros tentaram reviver cervejas fabricadas com gruit. Exemplos comerciais incluem "Fraoch" (usando flores de urze, samouco-do-brabante e gengibre) e "Alba" (usando galhos de pinheiros e abetos) dos Irmãos Williams na Escócia; "Myrica" (usando samouco-do-brabante) de O'Hanlons na Inglaterra; "Gageleer" (também usando samouco-do-brabante) de Proefbrouwerij na Bélgica; "Cervoise de Lancelot" na Bretanha (usando um gruit contendo flores de urze, especiarias e lúpulo); "Artemis" de Moonlight Brewing Company em Santa Rosa (Califórnia) (usando artemísia, bergamota selvagem e erva-cidreira); "Alasca Winter Ale" da Alasca Brewing Company, "Our Special Ale" da Anchor Brewing Company, "Spruce Tip Ale" da Haines Brewing Company (todas as empresas do Alasca, com exceção Anchor), utilizando picea;[5][6][7] (cerveja de Espruce). Brasserie Dupont em Walllonia na Bélgica produz uma gruit (Cerevesia) para o The Archeosite D'Aubechies - um museu a céu aberto que interpreta a vida na Europa entre a era do ferro e a era romana. A receita é baseada em evidências arqueológicas. Nos Estados Unidos a cerveja é vendida com o nome de Posca Rustica.

Cervejas atuais com gruit:
Cerveja Jopen. Cerveja com Myrica gale. Schwarzbier (cerveja preta)
com gruit.

Referências

  1. a b c Muxel, Alfredo Alberto (2022). Química da Cerveja: Uma Abordagem Química e Bioquímica das Matérias-Primas, Processo de Produção e da Composição dos Compostos de Sabores da Cerveja. Curitiba: Editora Appris. 349 páginas. ISBN 9786525021041. Apesar das conhecidas propriedades benéficas do lúpulo na produção de cerveja, os diferentes aromas e sabores da cerveja, durante a Idade Média, entre os séculos X e XV, eram conferidos pela utilização do "gruit", uma mistura de ervas usada para dar amargor e aroma às cervejas. A tríade de ervas mais comuns na composição do gruit era a mírica (Myrica gale), artemísia (Artemisia vulgaris) e aquileia (Achillea millefolium). 
  2. a b «Cervejas Extremas: Gruit - Cervejas sem Lúpulo». www.cervejasextremas.com.br. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  3. a b c Richard W. Unger. Beer in the Middle Ages and the Renaissance. [S.l.: s.n.] 
  4. «Cervejas Extremas: Lúpulo é Só Mais Uma Erva, Cara!». www.cervejasextremas.com.br. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  5. Beer Blotter editors (12 de novembro de 2010), «Alaskan Winter Ale is released», Seattle Post-Intelligencer 
  6. James Roberts (June 4, 2014), "Spruced Up" Arquivado em 2015-04-28 na Archive.today, Anchorage Press
  7. Oliver & Colicchio 2011, p. 655.