Hélène Berr
Hélène Berr | |
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Conhecido(a) por | vítima do Holocausto |
Nascimento | 27 de março de 1921 Paris, França |
Morte | 1 de abril de 1945 (24 anos) campo de concentração de Bergen-Belsen, Alemanha Nazista |
Nacionalidade | francesa |
Hélène Berr (Paris, 27 de março de 1921 – Bergen-Belsen, 1 de abril de 1945) foi uma jovem judia francesa que documentou sua vida em um diário pessoal durante a Segunda Guerra Mundial. Ficou conhecida como a "Anne Frank francesa".
Biografia
[editar | editar código-fonte]Hélène nasceu em Paris, em 1921, de uma família judia há muito tempo assentada na França. Tocava violino desde pequena e estudou literatura russa e inglesa na Sorbonne Université.[1] Estava prestes a se formar, mas foi impedida de prestar as provas finais devido às leis anti-semitas que o regime de Vichy implementou no país. Era membro ativo na Organização Geral de Judeus da França.[1]
Captura e morte
[editar | editar código-fonte]Em 8 de março de 1944, Hélène e seus pais foram capturados e enviados para o campo de deportação de Drancy. De lá, foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz em 27 de março de 1944. No começo de novembro de 1944, Hélène foi transferida para o campo de Bergen-Belsen, onde morreu em abril de 1945, apenas cinco dias antes da liberação do campo pelas forças aliadas.[2]
O diário
[editar | editar código-fonte]Hélène começou a escrever um diário de 7 de abril de 1942, aos 21 anos. O que ela anota, principalmente, é sobre as paisagens ao redor de Paris, seus sentimentos por um jovem rapaz, Gérard, a convivência com seus amigos e as aulas da faculdade. Ela gostava de ler e falar de literatura com amigos e familiares, gostava de música e de tocar violino, que eram parte significativa de sua vida social e cultural. Em algum momento de 1942, ela se apaixonou por Jean Morawiecki, que também gostava de Hélène, mas juntos decidiram que ele deveria deixar a capital francesa para se juntar à França Livre.[1][2]
Em meio a citações de William Shakespeare, John Keats e Lewis Carroll, os ares da guerra parecem apenas um pesadelo distante. Aos poucos, Hélène começa a perceber que a situação vem se agravando. Ela escreve que os judeus foram obrigados a usar a estrela amarela costurada às roupas e que foram expulsos dos espaços públicos, sofrendo com espancamentos e expulsões, bem como abusos.[1][2][3]
A opressão contra os judeus se intensificou, mas a solução final dos nazistas nunca ficou clara para o público. Hélène trabalhava como voluntária em um orfanato e não entendeu porque mulheres e crianças estavam sendo incluídas nas deportações para os campos. Ela ouvia rumores sobre câmaras de gás e temia por seu futuro:
“ | Vivemos hora a hora, mas não dia a dia.[3] | ” |
Sua última anotação no diário é sobre uma conversa com um ex-prisioneiro de guerra alemão. O diário termina em 15 de fevereiro de 1944, com uma citação de Macbeth:
“ | Horror! Horror! Horror![4] | ” |
O diário foi escrito em francês, mas tem várias passagens em inglês.[5] Hélène pediu que seus escritos fossem entregues ao seu noivo, Jean Morawiecki, depois de sua morte. Posteriormente, Jean se tornaria diplomata. Em novembro de 1992, a sobrinha de Hélène, Mariette Job, decidiu encontrar Jean com a ideia de publicar o diário. Ele lhe entregou as 262 páginas em abril de 1944. O diário está no Museu da História do Holocausto desde 2002.[3]
Na França, ele foi publicado em novembro de 2008, onde foi imediatamente comparado ao Diário de Anne Frank, ainda que sejam diferentes na escrita e no conteúdo. No Brasil, ele foi publicado pela editora Objetiva, em 10 de julho de 2008.[2]
Referências
- ↑ a b c d Jackie Metzger (ed.). «The Journal of Helene Berr». Yad Vashem. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c d Rita Loiola (ed.). «Hélène Berr: A outra Anne Frank». Aventuras na História. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ a b c «Hélène Berr, a Stolen Life». Memorial de la Shoah. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ «SCENE III. The same». Shakespeare.mit.edu. Consultado em 13 de setembro de 2019
- ↑ Carmen Callil (ed.). «'We must not forget'». The Guardian. Consultado em 13 de setembro de 2019