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Hans-Erich Voss

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Hans-Erich VoßCombatente Militar
Nascimento
Morte
18 de novembro de 1969 (72 anos)

OcupaçãoMilitar
Serviço militar
PaísImpério Alemão Império Alemão (até 1918)
República de Weimar República de Weimar (até 1933)
Alemanha Nazista Alemanha Nazista
Serviço Kriegsmarine
Anos de serviço1917 – 1945
PatenteVice-almirante
ComandoEscritório Naval de Ligação com o Quartel-general de Hitler
ConflitosPrimeira Guerra Mundial Segunda Guerra Mundial
CondecoraçõesCondecoração para feridos

Hans-Erich Voss, ou Hans-Erich Voß (ver ß) (Angermünde, Brandemburgo, 30 de outubro de 1897 – Berchtesgaden, Baviera, 18 de novembro de 1969)[1][2] foi um vice-almirante alemão e um dos últimos ocupantes do Führerbunker durante a batalha de Berlim durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Foi uma das últimas pessoas a ver Adolf Hitler e Joseph Goebbels vivos, antes de ambos cometerem suicídio.[3] Com o término da guerra na Europa, Voss passou vários anos na prisão, tanto na União Soviética, quanto na Alemanha Ocidental.

Carreira militar

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Voss nasceu em Angermünde, Brandemburgo, em 30 de outubro de 1897.[1] Formou-se na Academia Naval da Alemanha em 1917[1] e recebeu a patente de tenente na Reichsmarine, a Marinha do Império Alemão, em 17 de setembro de 1917, após servir como aspirante a oficial a bordo do SMS Freya, do SMS Bremen e do SMS Berlin. Na instituição, serviu no SMS Nürnberg quase até o fim da Primeira Guerra Mundial.[2]

Durante os anos entre guerras, Voss permaneceu na Reichsmarine, sendo promovido a capitão-tenente (em alemão: Kapitänleutnant) em janeiro de 1921, e a capitão-de-corveta (em alemão: Korvettenkapitän) em janeiro de 1928.[2]

Durante a Segunda Guerra Mundial, Voss serviu na Kriegsmarine, a Marinha da Alemanha Nazista,[1] onde ocupou diversos postos de liderança em diversos departamentos do quartel-general da instituição, entre 1938 e 1942. Ele foi comandante do cruzador pesado Prinz Eugen, entre setembro de 1942 e fevereiro de 1943.[2] Ainda em 1942, sua liderança e lealdade chamaram a atenção de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda do Reich, quando este acompanhava jornalistas em visita ao navio.[2][4] Após o encontro entre ambos, Voss foi promovido ao posto de contra-almirante (em alemão: Konteradmiral), e Goebbels providenciou sua nomeação como oficial de ligação naval no quartel general de Hitler, em março de 1943.[1]

Atentado de 20 de julho

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Voss esteve presente durante o atentado com bomba contra Adolf Hitler, em 20 de julho de 1944. Ele estava em uma sala de conferência na Toca do Lobo (em alemão: Wolfsschanze), base militar de Hitler, como representante da Kriegsmarine.Por volta de 12:30, quando a conferência começou, o conspirador, Claus von Stauffenberg, preparou a bomba para explodir em dez minutos. A bomba foi então colocada em uma pasta, debaixo da mesa ao redor da qual Hitler, Voss e mais de 20 outros oficiais tinham se reunido.[5][6] Pouco tempo depois, Stauffenberg deu uma desculpa para sair da sala e, enquanto se apressava para conseguir um carro que o levasse ao campo de aviação juntamente com seu ajudante, a bomba detonou, destruindo grande parte da sala de conferência.[7]

Embora Hitler tenha sobrevivido com ferimentos leves, três de seus oficiais, além de um estenógrafo que estivera presente, foram fatalmente feridos, morrendo pouco tempo depois. Voss também se feriu com a explosão da bomba, mas se recuperou rapidamente. Ele recebeu o distintivo de ferimento de 20 de julho de 1944. Inicialmente, sua condecoração foi a de classe negra, sendo posteriormente atualizada para prata, e, finalmente, para ouro, devido ao fato de Voss ter sido ferido diversas vezes após a condecoração inicial. Voss foi o único dentre os militares alemães a receber as três condecorações.[2]

Führerbunker

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Na qualidade de oficial de ligação da Kriegsmarine, Voss acompanhou Hitler, Goebbels e seus respectivos séquitos ao complexo do Führerbunker, sob a Chancelaria do Reich, em Berlim.[1][8] Durante os últimos meses de Alemanha nazista, Voss tornou-se confidente tanto de Goebbels quanto de sua esposa, Magda Goebbels. Ele tomou conhecimento de que Goebbels havia decidido que ele e sua família não deixariam o bunker, mas sim, que matariam seus filhos e, em seguida, a si mesmos.[9]

Em 30 de abril, Voss estava entre o grupo de oficiais a quem Hitler informou que havia decidido cometer suicídio, em vez de tentar escapar de Berlim, que estava cercada pelo Exército Vermelho. Naquela mesma tarde, antes de se suicidar, Hitler se despediu de um grupo de pessoas reunidas, incluindo Voss.[10][11]

Interrogado por oficiais soviéticos em 6 de maio, Voss declarou:

Quando Goebbels soube que Hitler havia cometido suicídio, ele ficou muito deprimido, e disse "É uma grande pena que tal homem não esteja mais conosco. Mas não há nada a ser feito. Para nós, tudo agora está perdido e a única saída que nos resta é aquela que o próprio Hitler escolheu. Eu devo seguir seu exemplo".[12]

Em 1 de maio, Voss viu Goebbels pela última vez:

Antes do início da fuga do bunker, cerca de dez generais e oficiais, incluindo eu mesmo, foram individualmente ao abrigo de Goebbels, para podermos nos despedir. Enquanto me despedia, pedi a Goebbels que se juntasse a nós. Mas ele respondeu: "O capitão não deve abandonar seu barco enquanto este afunda. Eu pensei sobre tudo e decidi ficar aqui. Não tenho para onde ir, pois, com crianças pequenas, não vou conseguir".[13]

Voss então se juntou ao grupo liderado pelo Brigadeführer da Schutzstaffel, Wilhelm Mohnke, que escapou do bunker e tentou fugir de Berlim.[13] A maior parte deste grupo foi capturada pelas forças soviéticas no mesmo dia.[14] Voss foi trazido de volta ao bunker para interrogatório, e para auxiliar na identificação dos corpos parcialmente queimados de Joseph e Magda Goebbels, e também dos corpos de seus seis filhos, que haviam sido envenenados. O relato dos soviéticos afirma:

O vice-almirante Voss, ao ser questionado sobre como identificou Goebbels, sua esposa e filhos, explicou que reconheceu o corpo queimado do homem como sendo o do ex-ministro do Reich pelos seguintes sinais: o formato da cabeça, a linha da boca, o suporte de metal que Goebbels tinha em sua perna direita, seu distintivo dourado do NSDAP e os restos queimados de seu uniforme do partido.

De acordo com o relato da investigação dos soviéticos sobre a morte de Adolf Hitler, Voss foi quem percebeu que um dentre uma série de corpos em um tanque de água seco lembrava fortemente Hitler.[15]

Captura e morte

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Voss foi feito prisioneiro de guerra pelos soviéticos.[16] Em agosto de 1951, foi processado pelas autoridades soviéticas sob a acusação de "ocupar um posto de comando na frota de guerra de Hitler, envolvida em uma guerra agressiva, em violação às leis e tratados internacionais". Em fevereiro de 1952, a Corte Marcial do Distrito Militar de Moscou o condenou a 25 anos de prisão. Porém, por decreto do Praesidium do Soviete Supremo, em dezembro de 1954, Voss foi libertado e entregue às autoridades da República Democrática Alemã, sendo libertado por aquele país em janeiro de 1955.[1] Voss faleceu em Berchtesgaden, na Baviera, em 1969, aos 72 anos de idade.[2]

Referências

  1. a b c d e f g Joachimsthaler 1999, p. 289.
  2. a b c d e f g Hampe, Hermann; Dauzat, Rick (4 de janeiro de 2019). Legacies in Steel: Personalized and Historical German Military Edged Weapons, 1800–1990 (em inglês). [S.l.]: Casemate Publishers. p. 225. ISBN 9781612007786. Consultado em 9 de setembro de 2025 
  3. Hoffman, Peter (1996). The History of the German Resistance, 1933-1945. [S.l.]: McGill-Queen's Press. ISBN 0-7735-1531-3 
  4. Vinogradov, Pogonyi & Teptzov 2005, p. 152.
  5. Hoffman 1996, p. 399.
  6. Thomsett, Michael C. (1997). The German opposition to Hitler: the resistance, the underground, and assassination plots, 1938-1945. Jefferson, N.C: McFarland. p. 204. ISBN 0-7864-0372-1. Consultado em 9 de setembro de 2025 
  7. Kershaw 2008, p. 831-832.
  8. Vinogradov, Pogonyi & Teptzov 2005, p. 154.
  9. Vinogradov, Pogonyi & Teptzov 2005, pp. 154–156.
  10. Joachimsthaler 1999, pp. 153–156, 181–182.
  11. de Boer 2022, p. 179.
  12. Vinogradov, Pogonyi & Teptzov 2005, pp. 157.
  13. a b Vinogradov, Pogonyi & Teptzov 2005, pp. 156.
  14. Joachimsthaler 1999, p. 254–259, 289.
  15. Bezymenski, Lev (1968). The death of Adolf Hitler : unknown documents from Soviet archives. Nova Iorque: Harcourt. pp. 31–32 
  16. Joachimsthaler 1999, pp. 237, 289.

Bibliografia

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  • Joachimsthaler, Anton (1999). The Last Days of Hitler: The Legends, The Evidence, The Truth. Londres: Brockhampton Press. ISBN 978-1-86019-902-8 
  • Vinogradov, V. K; Pogonyi, J.F.; Teptzov, N.V. (2005). Hitler's Death: Russia's Last Great Secret from the Files of the KGB. Londres: Chaucer Press. ISBN 978-1-904449-13-3 
  • Kershaw, Ian (2008). Hitler: A Biography. [S.l.]: W. W. Norton & Company. ISBN 978-0-393-06757-6 
  • Hoffman, Peter (1996). The History of the German Resistance, 1933-1945. [S.l.]: McGill-Queen's Press. ISBN 0-7735-1531-3 
  • de Boer, Sjoerd (2022). The Hitler Myths: Exposing the Truth Behind the Stories about the Führer. [S.l.]: Frontline Books. ISBN 978-1-39901-905-7 

Ligações externas

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