Jean Marc von der Weid

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Jean Marc Fréderic Charles von der Weid (Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1946) é um economista agrícola e ambientalista brasileiro.

Filho do engenheiro de minas Freddy Charles Henri Gaston von der Weid e de Regina Sodré von der Weid (nascida Regina de Azevedo Sodré[1] ), musicista e ativista, ex-presidente do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas,[2][3] Jean Marc iniciou sua atividade política no movimento secundarista. Em 1964, ingressou na Escola de Química da Uni­versidade do Brasil (atual Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde cursou engenharia química, entre 1964 e 1968. Foi presidente do centro de estudos da Escola e, em 1967, foi eleito presidente do diretório acadêmico.

Em 1968, começa a atuar na Ação Popular (AP),[4]orga­nização política de esquerda originária da Ação Católica e criada durante um congresso da Juventude Universitária Católica (JUC), em 1962.

Em meados de 1968, é condenado a dois anos de prisão, acusado de ter incendiado um carro do Exército e espancado um militar, du­rante as manifestações estudantis ocorridas em junho daquele ano. [5]

Passa a viver na clandestinidade devido à decretação de sua prisão pelas autoridades policiais. Mesmo assim, em 1968, durante a preparação do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), aceita ser candidato à presidên­cia da entidade - proscrita pelo regime militar - representando a corrente "Unidade e Luta", liderada por Luís Travassos. Em outubro, participa do Congresso, num sítio em Ibiúna, São Paulo. O local é invadido por tropas do 7° Batalhão Policial da Força Pública do Estado de São Paulo, sediado em Sorocaba, sob o comando do coronel Divo Bar­soti, e mais de se­tecentos estudantes, incluindo seu principais líde­res - dentre os quais se incluía Jean Marc - são presos. Porém, enquanto Vladimir Palmeira, Luís Travassos, José Dirceu, Franklin Martins e outros integrantes da liderança estudantil eram encaminhados ao DEOPS, Jean Marc consegue infiltrar-se no grupo de estudantes que seriam levados de volta ao Paraná, e consegue assim escapar da prisão. [4]

Sempre na clandestinidade, em março de 1969 é eleito presidente da UNE. Mas, na noite de 1º de setembro do mesmo ano, é preso quando visitava um grupo de estudantes na rua Fonte da Saudade, no Rio de Janeiro, e levado ao Cenimar, na base da naval na Ilha das Flores. Em decorrência de sua prisão, a presidência da UNE ficou vaga por algum tempo, até que os diretores decidiram indicar para o cargo Honestino Guimarães, vice-presidente da entidade.

Enquanto isso, no Cenimar, "me encheram de porrada vários dias. Minha sorte foi ter ocorrido o sequestro do embaixador americano cinco dias depois, e os caras me largaram. Azar, por outro lado, é que os sequestradores não sabiam que eu estava preso, pois tiraram o Travassos", conta Jean Marc.[6]

Jean Marc ficou preso na Ilha das Flores até novembro de 1970, sendo então transferido para a Base Aérea do Galeão, que, segundo recorda, "era uma base pesada, comandada pelo [João Paulo] Burnier, um dos maiores facínoras das Forças Armadas. Ele fez ameaças pessoais, dizia que se matassem o embaixador suíço me matava, e 'fica um suíço pelo outro', porque eu tenho dupla nacionalidade." [6]

Permaneceu na base do Galeão até 15 de janeiro de 1971, quando afinal foi trocado pelo embaixador suíço, Giovanni Bucher, que havia sido sequestrado por guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária. Assim como os demais presos políticos trocados pelo embaixador, Jean Marc foi banido do Brasil, seguindo então para o Chile [7] e depois para a França, onde se graduou em Economia Agrícola (1976). Ainda na época do exílio, ingressou no mestrado em Economia Agrícola. Foi coordenador dos comitês de anistia na Europa até sua volta ao Brasil, após a promulgação da lei da anistia, em 1979.[8]

Como economista agrícola, tem atuado na AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1983, cujo trabalho é voltado para o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção do desenvolvimento rural sustentável no Brasil.[9][10]Também é membro da ANA - Articulação Nacional de Agroecologia, entidade criada em dezembro de 2002 [11] [12][13]

Referências

  1. GREEN, James N. Apesar de vocês - Oposição à ditadura brasileira nos Estados Unidos 1964-1985. Companhia das Letras, 2011.
  2. MENDONÇA, Lucia Maris Velasco Machado de; De fazenda a bairro: Notas para a historiografia do Engenho do Mato. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2008, p. 13 (nota 16).
  3. Nota de falecimento: Regina Sodré von der Weid. 15 de julho de 2014.
  4. a b Anexo E. Carta de Jean Marc enviada ao grupo de e-mail "40 anos de 68", em 2008. In AUGUSTINHO, Aline M. N. Revisitando o Movimento Estudantil de 1968: a trajetória dos estudantes do interior paulista Arquivado em 13 de março de 2016, no Wayback Machine.. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2010, pp 157- 171.
  5. CPDOC-FGV. Jean Marc Fréderic von der Weid (biografia).
  6. a b Jean Marc: líder estudantil durante o golpe fala sobre a ditadura e o atual governo Arquivado em 18 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.. Por Eduardo Sá. Fazendo Media, 10 de maio de 2014.
  7. Valia a pena lutar – Entrevista: Jean Marc. Por Flaviana Serafim. Especial 68. Reportagens Especiais, 17 de dezembro de 2008.
  8. Projeto Memórias Reveladas. Descrição arquivística da Coleção Jean Marc von der Weid Arquivado em 18 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.. Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
  9. AS-PTA. Equipe Executiva
  10. Entrevista com Jean Marc von der Weid. A fome e os transgênicos Arquivado em 9 de julho de 2015, no Wayback Machine.. Com ciência - Revista eletrônica de Jornalismo Científico. Labjor/ Unicamp, 10 de maio de 2002.
  11. Site da ANA - Articulação Nacional de Agroecologia. Histórico. Arquivado em 18 de dezembro de 2014, no Wayback Machine.
  12. Vídeo: Agricultura familiar camponesa e agroecologia como alternativa à crise do sistema agroalimentar industrial. Palestra proferida por Jean Marc von der Weid - ANA. Cúpula dos Povos. Rio+20, 15 e 16 de junho de 2012.
  13. Entrevista com Jean Marc von der Weid.O poder do agronegócio sobre os Estados na Rio+20. Economista aponta agroecologia como via para superar o superpoder das transnacionais da agricultura. Por Eduardo Sá. Brasil de Fato, 25 de abril de 2012.
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