Marcos Luiz dos Mares Guia

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Marcos Luiz dos Mares Guia
Conhecido(a) por criação da insulina humana
Nascimento 3 de junho de 1935
Santa Bárbara, Minas Gerais, Brasil
Morte 25 de agosto de 2002 (67 anos)
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Henriqueta Martins dos Mares Guia
Alma mater
Prêmios
Orientador(es)(as) Elliott N. Shaw
Instituições Universidade Federal de Minas Gerais
Campo(s) Medicina e enzimologia
Tese Studies on the active center of trypsin (1964)

Marcos Luiz dos Mares Guia (Santa Bárbara, 3 de junho de 1935Belo Horizonte, 25 de agosto de 2002) foi um bioquímico, pesquisador e professor universitário brasileiro.

Comendador e grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico,[1] Marcos era professor emérito do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos responsáveis pela descoberta da insulina humana recombinante que fez do Brasil o líder dessa produção.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Marcos nasceu na cidade mineira de Santa Bárbara, em 1935. Era filho de José Maria dos Mares Guia, médico, e de Judith dos Mares Guia (1909-2019). Marcos era o mais velho entre os oito filhos do casal: Marcos, Walfrido, Lolinha, Lelete, Zicaca, Leleta, João Batista e José Luiz.[3]

Influenciado pelo avô farmacêutico, e pelo pai médico, Marcos ingressou na Escola de Medicina de Minas Gerais, hoje parte da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1953. Graduado em 1958, casou-se com Henriqueta, com quem teria seis filhos e em 1960 ele partia para os Estados Unidos, onde fez doutorado pela Universidade Tulane, na área de enzimologia com bolsa da Fundação Rockefeller, retornando ao país em 1964. Entre 1971 e 1972, esteve de volta aos Estados Unidos para um estágio de pós-doutorado no MD Anderson Cancer Center, em Houston, no Texas.[4]

De volta ao Brasil, Marcos ingressou no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, de onde foi professor assistente, titular e depois emérito. Junto do professor Carlos Ribeiro Diniz, Marcos organizou o curso de pós-graduação em Bioquímica da instituição, que foi aprovado em 1967. Juntos eles montaram um laboratório com a mais avançada tecnologia da época e essa unidade serviu como base para a criação da primeira empresa capaz de fabricar enzimas no Brasil, a Biobrás. Considerado de grande relevância para o país, a empresa piloto foi montada em Montes Claros e a partir de 1976 começou a produção.[4]

Insulina[editar | editar código-fonte]

Marcos coordenava um projeto em parceria com vários profissionais da UFMG, da Universidade de Brasília e da própria Biobrás que explorava maneiras de se produzir insulina humana. Sua operação pioneira de insulina no Brasil começou em 1979 obtida de pâncreas animal. Até então, a insulina comercializada e utilizada por diabéticos era extraída do pâncreas de bois e porcos, o que podia levar a problemas como reações alérgicas bem como não apresentar eficácia para alguns pacientes.[5]

Em 1983, a Biobrás iniciou o desenvolvimento de insulinas altamente purificadas, inclusive a formulação da insulina injetável, ou seja, um medicamento pronto para uso, tornando-se a quarta maior produtora mundial integrada de insulina e a maior da América Latina, exportando para mais de 25 países. No final da década de 1990, a Biobrás concluiu o desenvolvimento da tecnologia de produção de insulina humana recombinante. Adquirida através da bactéria Escherichia coli, comum na flora intestinal humana, a técnica consiste em introduzir na bactéria o gene da pró-insulina humana e assim, a bactéria passa a produzir o hormônio. Esse processo permite fabricar insulina humana, in vitro, em apenas 30 dias. Apenas quatro empresas no mundo, incluindo a Biobrás, tinham tecnologia industrial para a produção da insulina recombinante. Em 2002, a empresa foi vendida para a dinamarquesa Novo Nordisk.[5]

Morte[editar | editar código-fonte]

Marcos morreu em 25 de agosto de 2002, em Belo Horizonte, aos 67 anos, devido a complicações causadas por um câncer no pâncreas.[6] Deixou a esposa, Henriqueta Martins dos Mares Guia, os filhos Frederico, Cristiana, Juliana, Luciana, Tatiana e Fabiana, e muitos netos.[7]

Legado[editar | editar código-fonte]

O Prêmio de Pesquisa Básica “Marcos Luiz dos Mares Guia” foi criado pelo Governo do Estado e concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), é entregue, em anos pares, a pesquisadores mineiros e, em anos ímpares, a unidades de instituição ou empresa.[8]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Marcos Ocupou cargos importantes, dentre os quais a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de 1991 a 1993 e chefiou o Laboratório de Enzimologia e Físico-Química da UFMG até 2002. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Biotecnologia e o de presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica. Recebeu inúmeras homenagens ainda em vida.[4]

  • 1976 - Prêmio Marques Lisboa, Associação Médica de Minas Gerais
  • 1992 - A Grande Medalha da Inconfidência
  • 1992 - Comendador da Ordem de Rio Branco
  • 1990 - Prêmio IBM ao Desenvolvimento Tecnológico
  • 1995 - Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico
  • 2000 - Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico

Referências

  1. «Ordem Nacional do Mérito Científico - Agraciados». Canal Ciência. Consultado em 16 de março de 2021 
  2. «Marcos Luiz dos Mares Guia». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 4 de abril de 2021 
  3. «Dona Judith, matriarca do clã Mares Guia, vai deixar saudades». O Estado de Minas. 29 de novembro de 2019. Consultado em 4 de abril de 2021 
  4. a b c «Mares Guia». Centro de Memória do CNPq. Consultado em 4 de abril de 2021 
  5. a b «Dois pioneiros da pesquisa». Boletim da UFMG. Consultado em 4 de abril de 2021 
  6. «A morte de Mares Guia». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 4 de abril de 2021 
  7. «Página 85 da Seção 3 do Diário Oficial da União (DOU) de 13 de Setembro de 2002». Diário Oficial da União. Consultado em 4 de abril de 2021 
  8. «Cerimônia marca lançamento oficial do Prêmio Marcos Luiz dos Mares Guia». Universidade Federal de Viçosa. Consultado em 4 de abril de 2021