Palazzo Nonfinito

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Palazzo Nonfinito
Palazzo Nonfinito
Tipo palácio, museu
Geografia
Coordenadas 11°16'_N_11_16_0_E 43° 46' N, 11°16'" N 11° 16' E{{#coordinates:}}: latitude inválida
Mapa
Localização Florença - Itália
Fachada do Palazzo Nonfinito.

O Palazzo Nonfinito é um palácio de Florença que se encontra na Via del Proconsolo, nas vizinhanças da catedral de Santa Maria del Fiore. Actualmente, o edifício hospeda o Museu Nacional de Antropologia e Etnologia (Museo Nazionale di Antropologia ed Etnologia) de Florença.

O palácio foi iniciado em 1593 por Alessandro di Camillo Strozzi mas, como deixa entender o nome (nonfinito significa "não terminado"), permaneceu incompleto.

História[editar | editar código-fonte]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Na época medieval encontrava-se no sítio do palácio a Loggia da família Ferrandini e a oficina dum boticário, que foram demolidas com desagrado da população local, como relata um cronista da época.

Bernardo Buontalenti[editar | editar código-fonte]

Elevação original prevista.

Alessandro Strozzi comprou neste sítio uma casa a Camillo de' Pazzi, o pai de Santa Maria Madalena de Pazzi, e uma oficina, que foram demolidas para dar espaço a um novo grande palácio.

O arquitecto encarregado da obra foi Bernardo Buontalenti, artista de corte, que iniciou os trabalhos, segundo a inscrição na esquina do edifício, no dia 15 de Julho de 1593.

Buontalenti iniciou o piso térreo, onde ainda hoje se reconhece a sua mão no frontispício e nas sinistras figuras presentes nos tímpanos das "janelas ajoelhadas" (finestre inginocchiate), como animais ameaçadores empoleirados a observar os transeuntes. Também o portão do Borgo degli Albizi (uma das ruas do Centro Histórico de Florença) lhe é atribuído.

Em 1596, Alessandro passou uma parte do palácio ao seu meio-irmão Roberto, acabando por lhe vender toda a propriedade no ano seguinte. Pouco tempo depois, em 1600, o arquitecto Buontalenti retirou-se do empreendimento por causa dos conflitos com o filho de Alessandro, Camillo, e com Santi di Tito, o arquitecto que estava ocupado na construção da escadaria.

Os sinistros monstros alados nos tímpanos das janelas do piso térreo deram impulso à lenda, mais tardia, segundo a qual Strozzi teria feito um pacto com o diabo, o qual, amaldiçoando o edifício, terá impedido a sua conclusão para sempre.

Outros arquitetos[editar | editar código-fonte]

A Buontalenti sucedeu por um breve período Vincenzo Scamozzi, natural de Vicenza, que se dedicou ao andar nobre (piano nobile), propondo dedicar-se à parte inferior num segundo momento.

Também trabalharam no palácio naquele período Ludovico Cardi, dito o Cigoli (provavelmente autor do pátio, 1604) e Giovan Battista Caccini (portal monumental na Via del Proconsolo).

Pátio interno.

Aquando da morte de Scamozzi, sucedeu-lhe no estaleiro Matteo Nigetti. Todos estes arquitectos reinterpretaram, cada um a seu modo, o projecto original de Buontalenti, sem se ligarem individualmente. A fachada é, assim, assimétrica, com um enorme portal ao centro e uma cornija interrompida à esquerda e retomada à direita com uma altura diferente. De qualquer modo, o exterior tem o seu fascínio pela plasticidade dos elementos que o compôem, dando a todo o conjunto o valor dum enorme volume escultórico. Por fim, a obra foi de novo interrompida por problemas financeiros.

Particularmente interessante é o pátio, com influencia véneta, talvez inspirado por Scamozzi, reinterpretado com elementos tipicamente florentinos, como as serlianas e as colunas dóricas. Num nicho, perspectivamente realçado frente à entrada principal, encontra-se um grupo marmóreo quinhentista com Perseu e o dragão.

O segundo andar nunca chegou a ser realizado; assim, o brasão dos Strozzi encontra-se no primeiro andar, na esquina com o Borgo Albizi.

Séculos XIX e XX[editar | editar código-fonte]

Passado no início do século XIX a um certo Guasti, em 1814 o palácio foi cedido ao Governo Toscano, que ali instalou o departamento dos assuntos internos e a Direcção de Polícia, que usava uma pequena porta secreta, mascarada por um fingido colmeado no piso térreo, para fazer passar os seus informadores (não é a única do género em Florença, encontrando-se portas semelhantes em numerosos palácios, conduzindo habitualmente a armazéns ou a passagens secundárias de vários géneros). No período em que Florença foi capital do Reino de Itália (1865-1871), o Conselho de Estado foi instalado no palácio e, em seguida, a direcção dos Correios e Telégrafos, até que, em 1869, o senador Paolo Mantegazza fundou ali o Museu Nacional de Antropologia e Etnologia, aumentado em seguida por Aldobrandino Mochi e Nello Puccioni.

frente ao palácio, no número 5, encontra-se a Libreria Editrice Felice Paggi (Livraria Editora Felice Paggi), já desde 1846.

O Palazzo Nonfinito sofreu alguns danos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido restaurado em 1948. Hoje, pertence à Universidade de Florença que, além da secção antropoetnológica do Museu de História Natural, tem ali o Instituto de Antropologia.

O museu[editar | editar código-fonte]

Em 1922 foi refundado o primeiro museu italiano dedicado à antropologia e à pesquisa etnográfica. Gerido pela Universidade de Florença, tem um enorme património distribuído por 25 salas, cobrindo a maior parte das populações do planeta, das culturas africanas (de modo especial as das ex-colónias italianas, como a Líbia e a Somália, mas também da Etiópia e África subsariana), às asiáticasa (sobretudo Indonesias, mas também das estepes mongólicas e dos Ainu do Japão), das ilhas da Oceania às tribos indígenas da Amazónia.

Os achados começaram a confluir desde a época dos Médici, atraídos por qualquer curiosidade científica, até às numerosas expedições dos séculos seguintes, entre as quais se destaca a terceira expedição de Sir James Cook.

Também está exposta uma série de instrumentos antropométricos usados para medir as características anatómicas dos indivíduos.

Culturas e povos documentados no museu[editar | editar código-fonte]

Europa
Ásia
África
Nativos americanos
A gigantesca estátua em madeira do patagónio.
  • Esquimós (arpões, eixos antropomorfos rituais - Expedição Cook)
  • Povos ameríndios (mocassins em pele de cervo, cintos, cestos de fibras vegetais, recipientes de cerâmica, cachimbos cerimoniais, ou calumet, entre outros)
  • Astecas (das colecções dos Médici)
  • Incas (das colecções dos Médici, exemplos de têxteis feitos à mão, peças metalúrgicas em ouro, prata, cobre e bronze, cerâmica doméstica e ritual datada desde o século IX)
  • Culturas peruanas (extraordinárias múmias acocoradas em posição fetal, mumificação natural por factores climatéricos)
    • Quipu (crânios perfurados ou deformados intencionalmente, cordas com nós usadas para o cálculo
  • Populações amazónicas (cabeças-troféu, secas depois de se ter extraído o cérebro para apoderar-se dos valores militares do falecido, eram ligadas à cintura com cordas cozidas aos lábios)
  • Argentina (arreios dos gaúchos. Una curiosidade é a escultura do Patagónio; com mais de dois metros de altura, foi realizada, no século XVII, seguindo as crónicas dos primeiros exploradores interpretadas à letra)
    • Calchaquí (vasos de terracota, grande urna funerária para enterrar as crianças)
    • Fueguinos (objectos em pedra, osso e concha)
Oceânia
  • Aborígenes australianos
  • Tasmanianos (utensílios, boomerang, escudos-bastão em madeira)
  • Papua
  • Melanésios (esculturas religiosas e para rituais militares, como máscaras-elmo dos defuntos)
  • Micronésios (apetrechos para as tatuagens rituais)
  • Polinésios e Maori (apetrechos para as tatuagens rituais, painéis decorativos esculpidos, ornamentos de proa e de popa das embarcações, utensílios e armas de madeira, osso e pedra polida - da terceira expedição de Cook)
  • Nova Zelândia (vestuários de amoreira e decorações com plumas de kiwi para os chefes, capacetes de crista de uso real)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sandra Carlini, Lara Mercanti, Giovanni Straffi, I Palazzi parte prima. Arte e storia degli edifici civili di Firenze, Alinea, Florença, 2001.
  • Marcello Vannucci, Splendidi palazzi di Firenze, Le Lettere, Florença, 1995 ISBN 887166230X

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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