Narcisa Amália

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Narcisa Amália
Nome completo Narcisa Amália de Campos
Pseudônimo(s) Naranbiba
Nascimento 3 de abril de 1852
São João da Barra, Rio de Janeiro, Brasil
Morte 24 de julho de 1924 (72 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Narcisa Ignácia Pereira de Mendonça
Pai: Joaquim Jacome de Oliveira Campos Filho
Ocupação Tradutora, Poeta, Escritora, Jornalista, Crítica Literária, Professora

Narcisa Amália de Campos (São João da Barra-RJ, 3 de abril de 1852Rio de Janeiro, 24 de julho de 1924) foi tradutora, poeta, escritora, crítica literária, jornalista brasileira[1] e professora. Foi a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional no Brasil, além de abolicionista, republicana e feminista. Movida por forte sensibilidade social, combateu a opressão da mulher e o regime escravista. Segundo Sílvia Paixão, “um dos raros nomes femininos que falam de identidade nacional” e busca sua própria identidade “numa poética uterina que imprime o retorno ao lugar de origem”. Colaborou na revista A leitura (1894-1896) e, bem a frente de seu tempo, escreveu muitos artigos de cunho feminista e republicano[2].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos, Narcisa Amália nasceu em São João da Barra em 3 de abril de 1852. Ainda em São João da Barra, estudou latim e francês com o padre Joaquim Francisco da Cruz Paula, e recebeu aulas de retórica de seu pai[3].

Aos 11 anos, mudou com a família para o município fluminense de Resende, onde, aos 14, se casa com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separou alguns anos mais tarde. Aos 28 anos, em 1880, se casou novamente com Francisco Cleto da Rocha, mas a união não durou e o casal se separou pouco tempo depois, obrigando-a a deixar Resende, em especial por conta dos boatos espalhados por seu marido na cidade[2]. Por ter sido casada e divorciada em duas ocasiões, isso gerava forte estigma social na época.

O sucesso de Narcisa passou a incomodar o marido que, depois de separado, passou a difamar Narcisa declarando que seus versos não eram de sua autoria, mas escritos por poetas com quem teria tido casos de amor. O escritor Múcio Teixeira fez coro à campanha contra Narcisa declarando que o livro “Nebulosas” tinha sido escrito por um homem com pseudônimo de mulher.[4]
Júlio Cesar Fidelis Soares, historiador

Carreira[editar | editar código-fonte]

Narcisa iniciou sua carreira como tradutora de contos e ensaios de autores franceses, como a escritora George Sand (pseudônimo masculino da autora Amandine Aurore Lucile Dupin) e o paleobotânico Gaston de Saporta.

Seu único livro é Nebulosas, publicado em 1872, com uma nova edição em 2017 pela Gradiva Editorial e a Fundação Biblioteca Nacional. A obra foi muito bem recebida na época de seu lançamento, tendo sido inclusive bastante comentado por Machado de Assis e Dom Pedro II[5].

Em 1874, 1888 e 1917, ela contribui com o "Novo Almanaque de Lembranças", que era uma coletânea de textos diversos que tinha grande circulação em Portugal e no Brasil.

Mudança para o Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

Com problema cardíaco e cansada das difamações em Resende, em 1888, com apenas 33 anos, foi para o Rio de Janeiro[4], no bairro de São Cristóvão. Ainda na vida carioca continuou a escrever, mas cada vez menos e foi lecionar em uma escola pública[4].

Morte[editar | editar código-fonte]

Narcisa faleceu aos 72 anos, em 24 de julho de 1924, no Rio de Janeiro, vitimada por um diabetes. Ela já estava cega, pobre e com problemas de mobilidade. Além disso, sua obra foi praticamente esquecida depois de sua morte[5].

Antes de sua morte, deixou um apelo: “Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos[6].

Foi sepultada no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro[2].

Homenagens[editar | editar código-fonte]

  • Na cidade de Resende, que a acolheu, existe uma rua e uma travessa que levam seu nome.
  • Foi homenageada com seu nome sendo dado a uma escola municipal na Ilha de Guaratiba, no Rio de Janeiro
  • Em 2019, ela foi a pessoa homenageada na 5ª edição FLIR - Feira do Livro de Resende[7].

Obras[editar | editar código-fonte]

  • 1872 - Nebulosas

O Livro "Nebulosas"[editar | editar código-fonte]

Nebulosas
Autor(es) Narcisa Amália
Idioma Língua portuguesa
País  Brasil
Gênero Poemas
Editora Garnier (1872)
Fundação Biblioteca Nacional (2017)
Lançamento 1872
Páginas 189
ISBN 8568858066

O livro "Nebulosas" foi escrito por Narcisa quando a mesma tinha 20 anos. No livro, a “jovem e bela poetisa”, como definiu Machado de Assis, declama poemas de exaltação à natureza, à pátria e de lembranças da sua infância.

O livro foi publicado pela mais famosa editora brasileira à época, a Garnier, que patrocinou todos os gastos da impressão. A editora deu relevância ao livro, segundo Maria de Lourdes Eleutério, pelo fato incomum à época de uma mulher publicar um livro. Conforme relata Maria de Lourdes Eleutério “para as mulheres da República o sonho de publicar um livro era um projeto distante, a expressão feminina nesse período permanece circunscrita ao espaço privado[8].

Em 1873, Narcisa recebeu o prêmio “lira de ouro” por conta dessa obra. Em setembro de 1874, Narcisa recebeu o prêmio da Mocidade Acadêmica do Rio de Janeiro, uma pena de ouro entregue pelas mãos do conselheiro Saldanha Marinho[3].

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. mulher500.org.br/ Narcisa Amália de Campos (1852-1924)
  2. a b c «Narcisa Amália de Campos». Fiocruz Biografias. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
  3. a b e-publicacoes.uerj.br/ Narcisa Amália, poeta esquecida do século XIX, por Anna Faedrich
  4. a b c diariodovale.com.br/ A poetisa de Resende que encantou D. Pedro II e os intelectuais da época
  5. a b Lima, Juliana Domingos de (8 de setembro de 2017). «Narcisa Amália: a poeta, jornalista e abolicionista que você não conhece». Jornal Nexo. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
  6. fiocruz.br/ Narcisa Amália de Campos
  7. resende.com.br/ Feira do Livro de Resende vai homenagear poetisa, jornalista e ativista social Narcisa Amália
  8. ELEUTÉRIO, Maria de Lourdes. Vidas de romance: as mulheres e o exercício de ler eescrever no entresséculos (1890-1930). Rio de Janeiro: Topbooks, 2005

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • "Narcisa Amália" por Antônio Simões dos Reis - publicado em 1949 pela Organização Simões com 192 páginas.
  • "Panorama da poesia brasileira" por Antônio Soares Amora, Edgard Cavalheiro publicado em 1959 citada na página 296.
  • Mulher brasileira: bibliografia anotada da Fundação Carlos Chagas publicada em 1981 citada na página 355.
  • "Elas, as pioneiras do Brasil: a memorável saga dessas mulheres" de Hebe C Boa-Viagem A Costa publicado em 2005 com 439 páginas citada na página 173.
  • Em 2017, seu conto de fantasia Nelumbia, publicado em vários periódicos entre 1873 e 1874, foi republicado em uma edição revista com notas explicativas e apêndices pela EX! Editora, no projeto Primórdios do Fantástico Brasileiro.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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