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Pâncreas: diferenças entre revisões

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'''O PÂNCREAS ENDÓCRINO'''
=== Endócrino ===
O pâncreas endócrino é composto de aglomerações de células especiais denominadas [[ilhotas de Langerhans]]. O "cansaço" crónico destas células leva ao aparecimento da [[diabetes]] no pâncreas.


'''Os ilhéus de Langerhans constituem o pâncreas endócrino e são tecidos endócrinos e parácrinos'''
Existem quatro tipos de células nas ilhotas de Langerhans. Elas são relativamentes difíceis de se distinguir ao usar técnicas normais para corar o tecido, mas elas podem ser classificadas de acordo com sua secreção:
O pâncreas normal contém entre 500,000 e vários milhões de ilhéus. Estas podem ser ovais ou esféricas e medir entre 50 e 300 μm de diâmetro. Os ilhéus contêm pelo menos 4 tipos de células secretoras:α,β, δ e F para além dos vários elementos vasculares e neurais.
As células β secretam insulina e amilina. Estas células são as mais numerosas dentro dos ilhéus, localizando-se por todo o ilhéu mas mais concentradas no centro. As células α secretam principalmente glucagon, as células δ somatostatina e as células F (também chamadas células polipeptídeas pancreáticas) que secretam polipéptido pancreático.
As células no interior dos ilhéus recebem informação do mundo externo aos ilhéus, comunicam-se entre si e influenciam as secreções de cada uma.
[['''INSULINA'''|"Insulina"]]
A insulina repõe as reservas de combustível nos músculos, fígado e tecido adiposo
A insulina integra eficientemente o metabolismo dos combustíveis do organismo quer durante o período de jejum quer durante o período de alimentação. Quando o indivíduo está em jejum, as células βsecretam menos insulina. Quando os níveis de insulina diminuem, os lípidos são mobilizados dos adipócitos e os aminoácidos são mobilizados das reservas de proteínas nos músculos e outros tecidos. Estes lípidos e aminoácidos fornecem um combustível para a oxidação e servem como percursores da cetogénese hepática e da gluconeogénese, respectivamente. Com a alimentação, a secreção de insulina aumenta. Os elevados níveis de insulina diminuem a mobilização do armazenamento endógeno e estimula a captação de carbohidratos, lípidos e aminoácidos por tecidos específicos sensíveis à insulina. Deste modo, a insulina indica aos tecidos que devem repor as reservas que foram gastas durante o jejum.


'''As células β sintetizam e secretam insulina'''
{| class="wikitable"
O gene da Insulina. A insulina é produzida apenas nas células β dos ilhéus pancreáticos. É codificada por um único gene no braço curto do cromossoma 11. A síntese de insulina, assim como a sua secreção, é estimulada quando o ilhéu é exposto a glucose. Estes efeitos requerem que a glucose seja metabolizada. No entanto, os mecanismos pelos quais os metabolitos da glucose regulam a síntese de insulina são desconhecidos.
| '''Nome das células''' || '''Produto''' || '''% das células da ilhota''' || '''Função'''

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| [[célula beta|células beta]] || [[Insulina]] e [[Amilina]]|| 50-80% || reduz a taxa de açúcar no sangue
'''A glucose é a principal reguladora da secreção da insulina '''
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Metabolismo da glucose pelas células β desencadeia a secreção da insulina. Em indivíduos saudáveis, a [glucose] plasmática permanece dentro de um intervalo estreito. Após uma noite de jejum, normalmente está entre os 4 e os 5 mM; a [glucose] aumenta após as refeições, mas mesmo com uma grande refeição não excede os 10mM. Aumentos modestos da [glucose] plasmática provocam um aumento marcado da [insulina] plasmática. Por outro lado, uma diminuição da [glucose] plasmática de apenas 20% diminui marcadamente a [insulina] no plasma. A alteração da concentração da glucose plasmática em resposta ao jejum e à alimentação é o principal determinante da secreção da insulina. Nos doentes com diabetes mellitus tipo 1 causado pela destruição dos ilhéus pancreáticos, a toma de glucose não desencadeia resposta ou desencadeia uma respostamuito menor da insulina, mas há um aumento substancial da [glucose] plasmática que dura muito mais tempo.
| [[célula alfa|células alfa]] || [[Glucagon]]|| 15-20% || aumenta a taxa de açúcar no sangue

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| [[célula delta|células delta]] || [[Somatostatina]]|| 3-10% || inibe o pâncreas endócrino

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'''Factores Neurais e Humorais modulam a secreção de insulina'''
| [[célula PP|células PP]] || [[Polipeptídeo pancreático]] || 1% || inibe o pâncreas exócrino
Os ilhéus são ricamente inervados quer pela divisão simpática como parassimpática do SNA. O estímulo β-adrenérgico aumenta a secreção dos ilhéus, enquanto que o estímulo α-adrenérgico inibe-a. Por outro lado, o estímulo parassimpático, via nervo vago, e que liberta acetilcolina causa aumento da libertação de insulina.
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'''Exercício.''' O efeito da divisão simpática pode ser particularmente importante durante o exercício, quando o estímulo adrenérgico dos ilhéus aumenta. O principal papel da inibição α-adrenérgica da libertação de insulina durante o exercício é prevenir a hipoglicemia. O tecido muscular em exercício usa a glucose mesmo quando a [insulina] plasmática é baixa. Se os níveis de insulina estivessem altos, o uso da glucose pelos músculos seria ainda maior e promoveria hipoglicemia. Para além disso, um aumento da [insulina] iria inibir a lipólise e a libertação de ácidos gordos pelos adipócitos, diminuindo a disponibilidade de ácidos gordos, que os músculos podem usar em alternativa à glucose. Finalmente, um aumento da [insulina] iria diminuir a produção de glucose pelo fígado. Assim, a supressão da secreção da insulina durante o exercício pode servir para prevenir o excesso de captação de glucose pelo músculo, que iria exceder a produção de glucose pelo fígado, levando a hipoglicemia, comprometendo o cérebro e interromper abruptamente o exercício.

'''Alimentação'''. A ingestão de comida desencadeia uma série complexa de sinais neurais, endócrinos e nutricionais para vários tecidos corporais. A fase celíaca, que ocorre antes de comida ser ingerida, resulta na estimulação da secreção gástrica e num pequeno aumento da insulina plasmática. Esta resposta parece ser desencadeada pelo nervo vago. Se não for ingerida comida, a [glucose] diminui suavemente e a libertação de insulina é novamente suprimida. Se ocorrer ingestão de comida, a acetilcolina libertada pelas fibras vagais pós-ganglionares nos ilhéus, aumenta a resposta de insulina das célulasβ para a glucose.

'''O receptor da insulina é um receptor tirosina cinase'''

Uma vez secretada para o sangue portal, a insulina viaja primeiro para o fígado, onde mais de metade se liga e é removida da circulação. A insulina que escapa ao fígado está disponível para estimular processos sensíveis à insulina noutros tecidos. Em cada tecido alvo, a primeira acção da insulina é ligar-se a um receptor específico tirosina cinase na membrana plasmática. O receptor da insulina - assim como é receptor do factor de crescimento insulina-like I (IGF-I) – é um heterotetrâmero, com 2 duas cadeias α idênticas e 2 cadeias β idênticas.


'''Altos níveis de insulina levam à inibição (downregulation) dos receptores de insulina'''
O número de receptores de insulina expressos na superfície da célula é maior do que o necessário para se obter uma resposta máxima à insulina. De facto, num individuo normal, a resposta da glucose à insulina é máxima quando apenas 5% dos receptores estão ocupados, sendo que a célula tem muitos receptores de insulina extra.
O número de receptores de insulina presentes numa célula alvo depende de 3 factores:
• Síntese do receptor
• Endocitose do receptor seguida de reciclagem do mesmo para a superfície celular
• Endocitose seguida de degradação

'''No fígado, a insulina promove o armazenamento de glucose como glicogénio, e ainda conversão de glucose a triglicerídeos'''

A insulina promove o uptake de glucose pelo fígado e faz com que este a armazene na forma de glicogénio ou a degrade em piruvato. Piruvato vai servir de substracto para a lipogénese. A insulina também diminui a oxidação lipidica, que normalmente fornece a maioria do ATP usado pelo fígado. Desta forma, a insulina faz com que o fígado (e os outros tecidos) oxidem hidratos de carbono preferencialmente.

'''No músculo, a insulina promove o uptake de glucose e o seu armazenamento como glicogénio'''

O músculo é um tecido sensível a insulina e o principal local de disponibilidade de glucose mediada pela insulina. A insulina tem 4 principais efeitos no músculo:
• Aumenta o número de receptores GLUT4 nas membrana das fibras musculares;
• Aumenta a glicogenólise, ao estimular a hexocinase;
• Aumenta a glicólise, ao aumentar a actividade da fosfofrutocinase e da piruvato desidrogenase;
• Aumenta a síntese proteica e diminui a proteólise, permitindo a manutenção da massa muscular.


'''No adipócito, a insulina promove o uptake de glucose e a conversão em triglicerídeos para armazenamento.'''

Os processos de acção da insulina começam com o mesmo efeito mediado por receptor que estimula cascatas efectoras intracelulares. A insulina tem 4 principais efeitos:
• Aumenta o número de transportadores de GLUT4;
• Aumenta a glicólise, para sintetizar metabolitos que vão servir de substractos para a síntese de triglicerídeos;
• Aumenta a lipogénese e diminui a lipólise;
• Aumenta a síntese de lipoproteína lipase.


[['''GLUCAGON'''|'''Glucagon''']]

O glucagon é a outra hormona pancreática muito importante na regulação do metabolismo energético. A ingestão de proteínas parece ser o principal estimulo para secreção de glucagon. O seu tecido-alvo principal é o fígado. É primeiramente secretado no sistema porta e daí seguirá para a circulação sistémica, após passar no fígado.
O glucagon actua principalmente na regulação do metabolismo dos carbohidratos e dos lípidos. É particularmente importante na estimulação da glicogenólise, gluconeogénese e cetogénese. Também actua no musculo cardíaco e esquelético promovendo glicogenólise, e no tecido adiposo promovendo lipólise. Também actua noutros tecidos promovendo degradação de proteínas.


Células-alfa pancreáticas: secretam molécula de glucagon maturada. As moléculas de glucagon completamente processadas são armazenadas em vesículas de secreção citoplasmáticas.

Células L intestinais: proteases existentes nas células neuroendócrinas no intestino processam o proglucagon diferentemente que as células-alfa.

'''O glucagon, actuando atrvés de AMPc, promove a síntese de glucose no fígado'''

O glucagon é um importante regulador da produção hepática de glucose e da cetogénese no fígado. O glucagon liga-se a um receptor que activa uma proteína Gαs hetrotrimérica, que estimula uma adenilciclase ligada à membrana. O AMPc formado activa a PKA que fosforila uma variedade de enzimas reguladoras e substractos, alterando o metabolismo da glicose e lípidos.

'''Acção hepática do Glucagon'''

Glucagon promove a oxidação de ácidos gordos no fígado, que podem levar à formação de corpos cetónicos. Durante o jejum, a queda dos níveis de insulina e o aumento dos níveis de glucagon promovem a conversão dos lípidos armazenados em corpos cetónicos, e promovem a gluconeogénese a partir de proteínas musculares.

'''SOMATOSTATINA'''

A somatostatina inibe a secreção de hormona de crescimento, insulina e outras hormonas
A somatostatina é sintetizada nas células δ dos ilhéus pancreáticos, bem comonas células D no trato gastrointestinal, no hipotálamo e noutros locais do SNC. Foi, primariamente, descrita como um péptido hipotalâmico que suprimia a libertação de hormona de crescimento (GH ou somatotropina). A somatostatina inibe a secreção de várias hormonas, incluindo a GH, insulina, glucagon, gastrina, VIP e TSH (tyroid-stimulatng hormone). Atenção para o facto que o sangue flui do centro de cada ilhéu – onde as células-beta estão – para a periferia – onde as células-delta estão. Este arranjo espacial minimiza o efeito da somatostatina no ilhéu do qual é secretada.

'''PEPTÍDEO PANCREÁTICO (PP)'''

É sintetizado pelas células F do pâncreas e tem como funções diminuir a secreção pancreatica exócrina, diminuir o apetite e aumentar a secreção gástrica. A sua secreção é estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, pelo exercício, pela hipoglicemia e refeição proteica. Por outro lado, é inibida pela somatostatina e pela glucose endovenosa.

'''AMILINA'''

É sintetizada pelas células β do pâncreas e modula o esvaziamento gástrico, diminui a secreção de insulina e glucagon e aumenta a glicogénese. A sua secreção é estimulada pelo aumento de glucose.


=== Exócrino ===
=== Exócrino ===

Revisão das 16h38min de 23 de abril de 2013

Pâncreas

1: Cabeça do pâncreas
2: Processo uncinado do pâncreas
3: Pancreatic notch
4: Corpo do pâncreas
5: Superfície anterior do pâncreas
6: Superfície inferior do pâncreas
7: Margem superior do pâncreas
8: Margem anterior do pâncreas
9: Margem inferior do pâncreas
10: Omental tuber
11: Cauda do pâncreas
12: Duodeno
Detalhes
Vascularização artéria pancreaticoduodenal inferior, artéria pancreaticoduodenal superior
Drenagem venosa Veias pancreaticoduodenais
Inervação Plexo pancreático, gânglio celíaco, vago[1]
Precursor pancreatic buds
Identificadores
Gray pág.1199
MeSH Pancreas
Dorlands/Elsevier Pancreas

O pâncreas é uma glândula de aproximadamente 15 cm de extensão do sistema digestivo e endócrino dos seres humanos que se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Ele é tanto exócrino (secretando suco pancreático, que contém enzimas digestivas) quanto endócrino (produzindo muitos hormônios importantes, como insulina, glucagon e somatostatina). Divide-se em cabeça, corpo e cauda.

Anatomia

Em humanos, geralmente o pâncreas é uma glândula longa com 15-25 cm que se localiza no abdômen. Sendo uma das glândulas retroperitoneais, ele é localizado posteriormente ao estômago e está em associação próxima ao duodeno.

É freqüentemente descrito como tendo três regiões: a cabeça, corpo e a cauda.

O ducto pancreático (também chamado de ducto de Wirsung) percorre o comprimento do pâncreas e termina na segunda porção do duodeno, na ampola de Vater (hepatopancreática). O ducto biliar comum geralmente se une ao ducto pancreático neste ponto ou próximo dele. Muitas pessoas também possuem um pequeno ducto acessório, o ducto de Santorini.

Artérias e veias

O pâncreas é suprido arterialmente pelas artérias pancreaticoduodenais: A artéria mesentérica superior que origina as artérias pancreaticoduodenais inferiores A artéria gastroduodenal que origina as artérias pancreaticoduodenais superiores A artéria esplênica que origina as artérias pancreáticas

A drenagem venosa é feita através das veias pancreáticas que são tributárias das veias esplênica e mesentérica superior, no entanto a maioria delas terminam na veia esplênica. A veia porta hepática é formada pela união da veia mesentérica superior e veia esplênica posteriormente ao colo do pâncreas. Geralmente a veia mesentérica inferior se une à veia esplênica atrás do pâncreas (em outras pessoas ela simplesmente se une à veia mesentérica superior).

Função

No microscópio, quando corado adequadamente, é fácil se distinguir os dois tipos diferentes de tecidos no pâncreas. Essas regiões correspondem às funções pancreáticas principais:

Aparência Região Função
círculos claros (ilhotas de Langerhans) pâncreas endócrino secreta hormônios que regulam os níveis de glicose sanguíneos
tecido escuro circundante ou ácino pancreático pâncreas exócrino produz enzimas que digerem o alimento

O PÂNCREAS ENDÓCRINO

Os ilhéus de Langerhans constituem o pâncreas endócrino e são tecidos endócrinos e parácrinos O pâncreas normal contém entre 500,000 e vários milhões de ilhéus. Estas podem ser ovais ou esféricas e medir entre 50 e 300 μm de diâmetro. Os ilhéus contêm pelo menos 4 tipos de células secretoras:α,β, δ e F para além dos vários elementos vasculares e neurais. As células β secretam insulina e amilina. Estas células são as mais numerosas dentro dos ilhéus, localizando-se por todo o ilhéu mas mais concentradas no centro. As células α secretam principalmente glucagon, as células δ somatostatina e as células F (também chamadas células polipeptídeas pancreáticas) que secretam polipéptido pancreático. As células no interior dos ilhéus recebem informação do mundo externo aos ilhéus, comunicam-se entre si e influenciam as secreções de cada uma.

  "Insulina"

A insulina repõe as reservas de combustível nos músculos, fígado e tecido adiposo A insulina integra eficientemente o metabolismo dos combustíveis do organismo quer durante o período de jejum quer durante o período de alimentação. Quando o indivíduo está em jejum, as células βsecretam menos insulina. Quando os níveis de insulina diminuem, os lípidos são mobilizados dos adipócitos e os aminoácidos são mobilizados das reservas de proteínas nos músculos e outros tecidos. Estes lípidos e aminoácidos fornecem um combustível para a oxidação e servem como percursores da cetogénese hepática e da gluconeogénese, respectivamente. Com a alimentação, a secreção de insulina aumenta. Os elevados níveis de insulina diminuem a mobilização do armazenamento endógeno e estimula a captação de carbohidratos, lípidos e aminoácidos por tecidos específicos sensíveis à insulina. Deste modo, a insulina indica aos tecidos que devem repor as reservas que foram gastas durante o jejum.

As células β sintetizam e secretam insulina O gene da Insulina. A insulina é produzida apenas nas células β dos ilhéus pancreáticos. É codificada por um único gene no braço curto do cromossoma 11. A síntese de insulina, assim como a sua secreção, é estimulada quando o ilhéu é exposto a glucose. Estes efeitos requerem que a glucose seja metabolizada. No entanto, os mecanismos pelos quais os metabolitos da glucose regulam a síntese de insulina são desconhecidos.


A glucose é a principal reguladora da secreção da insulina Metabolismo da glucose pelas células β desencadeia a secreção da insulina. Em indivíduos saudáveis, a [glucose] plasmática permanece dentro de um intervalo estreito. Após uma noite de jejum, normalmente está entre os 4 e os 5 mM; a [glucose] aumenta após as refeições, mas mesmo com uma grande refeição não excede os 10mM. Aumentos modestos da [glucose] plasmática provocam um aumento marcado da [insulina] plasmática. Por outro lado, uma diminuição da [glucose] plasmática de apenas 20% diminui marcadamente a [insulina] no plasma. A alteração da concentração da glucose plasmática em resposta ao jejum e à alimentação é o principal determinante da secreção da insulina. Nos doentes com diabetes mellitus tipo 1 causado pela destruição dos ilhéus pancreáticos, a toma de glucose não desencadeia resposta ou desencadeia uma respostamuito menor da insulina, mas há um aumento substancial da [glucose] plasmática que dura muito mais tempo.


Factores Neurais e Humorais modulam a secreção de insulina Os ilhéus são ricamente inervados quer pela divisão simpática como parassimpática do SNA. O estímulo β-adrenérgico aumenta a secreção dos ilhéus, enquanto que o estímulo α-adrenérgico inibe-a. Por outro lado, o estímulo parassimpático, via nervo vago, e que liberta acetilcolina causa aumento da libertação de insulina.

Exercício. O efeito da divisão simpática pode ser particularmente importante durante o exercício, quando o estímulo adrenérgico dos ilhéus aumenta. O principal papel da inibição α-adrenérgica da libertação de insulina durante o exercício é prevenir a hipoglicemia. O tecido muscular em exercício usa a glucose mesmo quando a [insulina] plasmática é baixa. Se os níveis de insulina estivessem altos, o uso da glucose pelos músculos seria ainda maior e promoveria hipoglicemia. Para além disso, um aumento da [insulina] iria inibir a lipólise e a libertação de ácidos gordos pelos adipócitos, diminuindo a disponibilidade de ácidos gordos, que os músculos podem usar em alternativa à glucose. Finalmente, um aumento da [insulina] iria diminuir a produção de glucose pelo fígado. Assim, a supressão da secreção da insulina durante o exercício pode servir para prevenir o excesso de captação de glucose pelo músculo, que iria exceder a produção de glucose pelo fígado, levando a hipoglicemia, comprometendo o cérebro e interromper abruptamente o exercício.

Alimentação. A ingestão de comida desencadeia uma série complexa de sinais neurais, endócrinos e nutricionais para vários tecidos corporais. A fase celíaca, que ocorre antes de comida ser ingerida, resulta na estimulação da secreção gástrica e num pequeno aumento da insulina plasmática. Esta resposta parece ser desencadeada pelo nervo vago. Se não for ingerida comida, a [glucose] diminui suavemente e a libertação de insulina é novamente suprimida. Se ocorrer ingestão de comida, a acetilcolina libertada pelas fibras vagais pós-ganglionares nos ilhéus, aumenta a resposta de insulina das célulasβ para a glucose.

O receptor da insulina é um receptor tirosina cinase

Uma vez secretada para o sangue portal, a insulina viaja primeiro para o fígado, onde mais de metade se liga e é removida da circulação. A insulina que escapa ao fígado está disponível para estimular processos sensíveis à insulina noutros tecidos. Em cada tecido alvo, a primeira acção da insulina é ligar-se a um receptor específico tirosina cinase na membrana plasmática. O receptor da insulina - assim como é receptor do factor de crescimento insulina-like I (IGF-I) – é um heterotetrâmero, com 2 duas cadeias α idênticas e 2 cadeias β idênticas.


Altos níveis de insulina levam à inibição (downregulation) dos receptores de insulina

O número de receptores de insulina expressos na superfície da célula é maior do que o necessário para se obter uma resposta máxima à insulina. De facto, num individuo normal, a resposta da glucose à insulina é máxima quando apenas 5% dos receptores estão ocupados, sendo que a célula tem muitos receptores de insulina extra. O número de receptores de insulina presentes numa célula alvo depende de 3 factores: • Síntese do receptor • Endocitose do receptor seguida de reciclagem do mesmo para a superfície celular • Endocitose seguida de degradação

No fígado, a insulina promove o armazenamento de glucose como glicogénio, e ainda conversão de glucose a triglicerídeos

A insulina promove o uptake de glucose pelo fígado e faz com que este a armazene na forma de glicogénio ou a degrade em piruvato. Piruvato vai servir de substracto para a lipogénese. A insulina também diminui a oxidação lipidica, que normalmente fornece a maioria do ATP usado pelo fígado. Desta forma, a insulina faz com que o fígado (e os outros tecidos) oxidem hidratos de carbono preferencialmente.

No músculo, a insulina promove o uptake de glucose e o seu armazenamento como glicogénio

O músculo é um tecido sensível a insulina e o principal local de disponibilidade de glucose mediada pela insulina. A insulina tem 4 principais efeitos no músculo: • Aumenta o número de receptores GLUT4 nas membrana das fibras musculares; • Aumenta a glicogenólise, ao estimular a hexocinase; • Aumenta a glicólise, ao aumentar a actividade da fosfofrutocinase e da piruvato desidrogenase; • Aumenta a síntese proteica e diminui a proteólise, permitindo a manutenção da massa muscular.


No adipócito, a insulina promove o uptake de glucose e a conversão em triglicerídeos para armazenamento.

Os processos de acção da insulina começam com o mesmo efeito mediado por receptor que estimula cascatas efectoras intracelulares. A insulina tem 4 principais efeitos: • Aumenta o número de transportadores de GLUT4; • Aumenta a glicólise, para sintetizar metabolitos que vão servir de substractos para a síntese de triglicerídeos; • Aumenta a lipogénese e diminui a lipólise; • Aumenta a síntese de lipoproteína lipase.


Glucagon

O glucagon é a outra hormona pancreática muito importante na regulação do metabolismo energético. A ingestão de proteínas parece ser o principal estimulo para secreção de glucagon. O seu tecido-alvo principal é o fígado. É primeiramente secretado no sistema porta e daí seguirá para a circulação sistémica, após passar no fígado. O glucagon actua principalmente na regulação do metabolismo dos carbohidratos e dos lípidos. É particularmente importante na estimulação da glicogenólise, gluconeogénese e cetogénese. Também actua no musculo cardíaco e esquelético promovendo glicogenólise, e no tecido adiposo promovendo lipólise. Também actua noutros tecidos promovendo degradação de proteínas.


Células-alfa pancreáticas: secretam molécula de glucagon maturada. As moléculas de glucagon completamente processadas são armazenadas em vesículas de secreção citoplasmáticas.

Células L intestinais: proteases existentes nas células neuroendócrinas no intestino processam o proglucagon diferentemente que as células-alfa.

O glucagon, actuando atrvés de AMPc, promove a síntese de glucose no fígado

O glucagon é um importante regulador da produção hepática de glucose e da cetogénese no fígado. O glucagon liga-se a um receptor que activa uma proteína Gαs hetrotrimérica, que estimula uma adenilciclase ligada à membrana. O AMPc formado activa a PKA que fosforila uma variedade de enzimas reguladoras e substractos, alterando o metabolismo da glicose e lípidos.

Acção hepática do Glucagon

Glucagon promove a oxidação de ácidos gordos no fígado, que podem levar à formação de corpos cetónicos. Durante o jejum, a queda dos níveis de insulina e o aumento dos níveis de glucagon promovem a conversão dos lípidos armazenados em corpos cetónicos, e promovem a gluconeogénese a partir de proteínas musculares.

SOMATOSTATINA

A somatostatina inibe a secreção de hormona de crescimento, insulina e outras hormonas A somatostatina é sintetizada nas células δ dos ilhéus pancreáticos, bem comonas células D no trato gastrointestinal, no hipotálamo e noutros locais do SNC. Foi, primariamente, descrita como um péptido hipotalâmico que suprimia a libertação de hormona de crescimento (GH ou somatotropina). A somatostatina inibe a secreção de várias hormonas, incluindo a GH, insulina, glucagon, gastrina, VIP e TSH (tyroid-stimulatng hormone). Atenção para o facto que o sangue flui do centro de cada ilhéu – onde as células-beta estão – para a periferia – onde as células-delta estão. Este arranjo espacial minimiza o efeito da somatostatina no ilhéu do qual é secretada.

PEPTÍDEO PANCREÁTICO (PP)

É sintetizado pelas células F do pâncreas e tem como funções diminuir a secreção pancreatica exócrina, diminuir o apetite e aumentar a secreção gástrica. A sua secreção é estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, pelo exercício, pela hipoglicemia e refeição proteica. Por outro lado, é inibida pela somatostatina e pela glucose endovenosa.

AMILINA

É sintetizada pelas células β do pâncreas e modula o esvaziamento gástrico, diminui a secreção de insulina e glucagon e aumenta a glicogénese. A sua secreção é estimulada pelo aumento de glucose.

Exócrino

Existem duas principais classes das secreções pancreáticas exócrinas:

Secreção Célula que produz Sinal primário
íons bicarbonato Célula centroacinar Secretina
enzimas digestivas (amilase pancreática, tripsina, quimotripsina, etc.) Células basófilas CCK

Doenças do pâncreas

Devido à sua importância na digestão e na produção de hormônios, as doenças do pâncreas possuem significativa relevância na prática clínica.

Ver também

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Referências

Ligações externas

Commons
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Glândulas digestivas
Pâncreas (cauda do pâncreas, corpo do pâncreas, cabeça do pâncreas, ilhotas de Langerhans) | Vesícula biliar | Fígado (hepatócito, espaço de Disse, célula de Kupffer, sinusóide hepático, hepatic stellate cell, lóbulo hepático)

Ductos biliares: (bile canaliculus, ducto hepático comum, ducto cístico, ducto colédoco) | Ducto pancreático | Ampola hepatopancreática

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