Pirarucu
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Pirarucu | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Arapaima gigas (Cuvier, 1829) |
O pirarucu (nome científico: Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do Brasil. Pode atingir três metros e vinte centímetros e seu peso pode ir até 330 kg.[1] É um peixe que é encontrado geralmente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras e ligeiramente alcalinas com temperaturas que variam de 24 a 37 °C, não sendo encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.
É conhecido também como o bacalhau da Amazônia. Seu nome se originou de dois termos tupis: pirá, "peixe" e urucum, "vermelho", devido à cor de sua cauda.
Características[editar | editar código-fonte]
Esta espécie de peixe possui características biológicas e ecológicas bem distintas: De grande porte, sua cabeça é achatada e ossificada, com um corpo alongado e escamoso. Pode crescer até três metros de comprimento e pesar cerca de 250 kg, possui dois aparelhos respiratórios, as brânquias, para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada, especializada para funcionar como pulmão, no exercício da respiração aérea, obrigatória principalmente durante a seca, ocasião em que os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e preparam seus ninhos, reproduzindo durante a enchente; é papel do macho proteger a prole por cerca de seis meses. Os filhotes apresentam hábito gregário, e durante as primeiras semanas de vida, nadam sempre em torno da cabeça do pai, que os mantém próximos à superficie, facilitando-lhes o exercício da respiração aérea.
Apesar de ser uma espécie resistente, suas características ecológicas e biológicas o tornam bastante vulnerável à ação de pescadores. Os cuidados com os ninhos, após a desova expõe os reprodutores à fácil captura com redes de pesca ou arpão. Durante o longo período de cuidados paternais, a necessidade fisiológica de emergir para respirar ocorre em intervalos menores, ocasião em que os peixes são pescados. O abate dos machos nestas circunstâncias e também a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes, conhecidos como "bodecos" onde seu peso varia entre 30 e 40 quilos, propicia a captura destes por predadores naturais como as piranhas, fazendo assim com que o sucesso reprodutivo da espécie seja diminuído.
Escamas e barbatanas[editar | editar código-fonte]
As escamas são compostas por camadas internas de correias flexíveis imprensadas entre as camadas externas de plástico rígido. Em peixes, as escalas são limitadas pelo colágeno no nível atômico; eles desenvolvem juntos, tecendo em uma única peça sólida. Ao contrário de qualquer outra espécie de peixe, as camadas de colágeno nas escamas de Arapaima são tão grossas quanto um grão de arroz. As escamas de Arapaima foram adaptadas para impedir a penetração de mordidas de piranha.[2]
O Pirarucu não apresenta dimorfismo sexual externo, salvo quando em época de reprodução, que apresenta diferenças nas colorações de suas escamas.
Na culinária regional[editar | editar código-fonte]
O pirarucu é servido como componente principal em diversos pratos típicos do Amazonas e do Pará. Um desses pratos é o "Pirarucu à casaca" que é bastante servido em festejos juninos[3]. Sua carne é bastante apreciada no estado, onde é bastante requisitada. Além disso, partes de seu corpo, como sua escama, eram utilizadas no passado como lixas para unhas e outras utilidades.
Na mitologia indígena[editar | editar código-fonte]
Segundo a mitologia indígena difundida na Amazônia, Pirarucu teria se originado do disformismo de um índio que pertencia a tribo dos uaiás (não sendo um consenso), que habitara as planícies da Amazônia. Ele seria um bravo guerreiro, que tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo.
O índio era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhum motivo. Pirarucu também adorava insultar os deuses.
Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhasse seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçu, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucu, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins (sem consenso), não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então Tupã enviou Chandoré, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Chandoré, acertou o coração do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.
Referências
- ↑ «Pirarucu (Arapaima gigas)» ambientebrasil.
- ↑ «Fish species in amazon are so tough to thwart piranha attack». Tech Explorist (em inglês). 18 de outubro de 2019. Consultado em 18 de outubro de 2019
- ↑ http://noamazonaseassim.com.br/pirarucu-de-casaca/
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Fontenele, O. (1955). «Contribuicao para o conhecimento da biologia do pirarucu Arapaima gigas (Cuvier), em cativeiro (Actinopterygii, osteoglossidae)[Ceara, Brasil].». Consultado em 12 de abril de 2017
- Pereira-Filho, Manoel; Cavero, Bruno Adan Sagratzki; Roubach, Rodrigo; Ituassú, Daniel Rabello; Gandra, André Lima; Crescêncio, Roger (2003). «Cultivo do pirarucu (Arapaima gigas) em viveiro escavado». Acta Amazonica. 33 (4): 715–718. Consultado em 12 de abril de 2017
- Brandão, Franmir Rodrigues; de Carvalho Gomes, Levy; Chagas, Edsandra Campos (2006). «Respostas de estresse em pirarucu (Arapaima gigas) durante práticas de rotina em piscicultura». Acta Amazonica. 36 (3). 349 páginas. Consultado em 12 de abril de 2017
- VIANA, João P.; Castello, Leandro; Damasceno, José Maria B.; Amaral, E. S. R.; Estupiñan, G. M. B.; Arantes, Carolina; Batista, G. S.; Garcez, D. S.; Barbosa, Saíde; Blanc, D. (2007). «Manejo Comunitário do Pirarucu Arapaima gigas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá-Amazonas, Brasil». Áreas aquáticas protegidas como instrumento de gestão pesqueira. Série Áreas Protegidas do Brasil. 4: 239–261
- Fontenele, Osmar (1952). Hábitos de desova do pirarucu," Arapaima gigas"(Cuvier),(pisces, Isospondyli, Arapaimidae) e evolução de sua larva. [S.l.]: Ministério da Viação e Obras Públicas, Departemento Nacional de Obras contra as Sêcas, Serviço de Piscicultura
- MOURA CARVALHO, LOD de; Nascimento, CNB do (1992). «Engorda de pirarucus (Arapaima gigas) em associação com búfalos e suínos». Belém: EMBRAPA/CPATU. Consultado em 12 de abril de 2017
- Arantes, Caroline Chaves; Garcez, Danielle Sequeira; Castello, Leandro (2008). «Densidades de pirarucu (Arapaima gigas, Teleostei, Osteoglossidae) em lagos das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, Amazonas, Brasil». Cientific Magazine UAKARI. 2 (1): 37–44. Consultado em 12 de abril de 2017
- Sawaya, Paulo (1946). «Sôbre a biologia de alguns peixes de respiração aérea.(Lepidosiren paradoxa FITZ. e Arapaima gigas CUV)». Boletins da Faculdade de Philosophia, Sciencias e Letras, Universidade de São Paulo. Zoologia. 11 (11): 255–285. Consultado em 12 de abril de 2017
- Imbiriba, Emir Palmeira (2001). «Potencial de Criacao de Pirarucu, Arapima gigas, em Cativeiro» (PDF). Acta Amazonica. 31 (2): 299–316. Consultado em 12 de abril de 2017
- Imbiriba, E. P. (1991). «Produção e manejo de alevinos de pirarucu, Arapaima gigas (Cuvier).». EMBRAPA-CPATU. Circular técnica. Consultado em 12 de abril de 2017
- «Arapaima gigas summary page». FishBase. Consultado em 12 de abril de 2017
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Pirarucu», Slowfood Brasil