Piçarra
| ||
---|---|---|
Município do Brasil | ||
Hino | ||
Gentílico | piçarrense | |
Localização | ||
Localização de Piçarra no Pará | ||
Localização de Piçarra no Brasil | ||
Mapa de Piçarra | ||
Coordenadas | 6° 26′ 16″ S, 48° 52′ 19″ O | |
País | Brasil | |
Unidade federativa | Pará | |
Municípios limítrofes | São Geraldo do Araguaia, Eldorado do Carajás, Xinguara e Araguanã (TO) | |
Distância até a capital | 752 km | |
História | ||
Fundação | 1940 (84 anos) | |
Emancipação | 29 de dezembro de 1995 (28 anos) | |
Administração | ||
Prefeito(a) | Laane Barros[1] (MDB, 2021–2024) | |
Características geográficas | ||
Área total [2] | 3 312,485 km² | |
População total (IBGE/2020[3]) | 12 979 hab. | |
Densidade | 3,9 hab./km² | |
Clima | Não disponível | |
Altitude | 215 m | |
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | |
Indicadores | ||
IDH (PNUD/2000 [4]) | 0,662 — médio | |
PIB (IBGE/2014[5]) | R$ 155 724,10 mil | |
PIB per capita (IBGE/2014[5]) | R$ 12 264,64 | |
Sítio | http://picarra.pa.gov.br/portal/ (Prefeitura) |
Piçarra é um município brasileiro do estado do Pará fundado em 1995, pertencente à mesorregião do Sudeste Paraense e microrregião de Redenção. Localiza-se no norte brasileiro, a uma latitude 06º26'17" sul e longitude 48º52'18" oeste.[6][7]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Localizado a uma latitude 06º26'17" sul e longitude 48º52'18" oeste, estando a uma altitude de 215 metros acima do nível do mar. O município possui uma população estimada de 12 675 mil habitantes, distribuídos em 3 312,706 km² de extensão territorial.[7][8]
O município possui somente distrito sede, a cidade de Piçarra, sendo que suas outras importantes urbes são 16 vilas, a saber: Boa Vista do Araguaia, Marcilinense, Luzilãndia, Cabral, Cigana, Lote 08, Lote 07, Itaipavas, Trezentos, Anajá, Cachoeirinha, Caçador, Nova Aliança, Monte Santo, Oziel Pereira e Curral IV. Outras 28 localidades menores ainda compõem o município.[9]
História
[editar | editar código-fonte]Tradicionalmente considera-se que a colonização de Piçarra iniciou-se na primeira metade do século XX, com a chegada dos primeiros colonos que estabeleceram-se às margens do rio Araguaia. Porém, o território municipal foi habitado por povos indígenas desde tempos imemoriais.
Os primeiros contatos com o explorador de origem europeia possivelmente datam do período das entradas e bandeiras, quando muitas expedições desciam o rio Araguaia, vindos das capitanias das Minas Gerais e de São Vicente. Porém não houve uma colonização de fato, houve somente o contato do colonizador com a região no intuito de explorar a força de trabalho nativa, pilhar os recursos naturais, e "civilizar" o nativo (através da catequização) e depois abandonar a região. Não havia o interesse de povoar, mas sim somente usufruir os recursos, e depois de exauridos, abandoná-los.
Primeiros passos e colonização
[editar | editar código-fonte]Até a década de 1940 não existiam traços de colonização efetiva de origem europeia na área territorial que atualmente compreende Piçarra. Até neste tempo o território era basicamente habitado por tribos indígenas semi-nômades, das quais se destacam os suruís, por exemplo. Nesta década em questão, algumas pessoas vindas do norte goiano (atual Tocantins) e do Maranhão começaram a desenvolver pequenos assentamentos ribeirinhos, formando a primeira geração de colonos, que ocupava-se, principalmente, do extrativismo vegetal.[9]
Entre 1966 e 1975, durante a Ditadura Militar no Brasil, norteado pelos planos de desenvolvimento da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, do I Plano de Desenvolvimento da Amazônia e depois pelo Projeto Grande Carajás e pelo Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia, a área piçarrense, ainda parte do município de Conceição do Araguaia, foi palco da implantação de 33 projetos de incentivos fiscais ou agropastoris, que beneficiavam banqueiros e grandes grupos industriais. Os principais atores econômicos instalados eram o Grupo Brasil Central (que ocupava a maioria da área), o Banco Bamerindus, a Agropecuária São José, o Grupo Óleo Pacaembú, a Agropastoril Itaipavas e a Indústria Madeireira Paraense e Agropecuária Ltda (IMPA).[9]
Período da guerrilha e da revolta
[editar | editar código-fonte]Em 1967 outro fato importante ocorre na região com o início das operações da Guerrilha do Araguaia. A área do município concentrava cinco bases do Destacamento C dos guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), sendo: Pau Preto, Patrimônio (proximidades da atual cidade de Piçarra), Cigana, Pedro Onça e Caiano (atual vila Boa Vista do Araguaia). A vila Caiano, inclusive, foi fundada por ação de um dos comandantes do destacamento, o economista Paulo Mendes Rodrigues (Comandante Paulão), que atuava disfarçadamente como médico (tinha formação técnica em saúde) e como agropecuarista.[9]
Em 5 de junho de 1970 são deslocados pelo governo militar as famílias de José Pinheiro da Costa e Lourença da Silva Costa, José Peri e Laura Cirqueira, além da família de Luiz Boiadeiro, que se se instalaram em áreas cedidas pela união, pelo estado do Pará e pelo prefeito de Conceição Giovanni Queiroz.[9]
Em 1971 esses colonos, e outros que chegaram depois, rumaram para as proximidades da base guerrilheira de Patrimônio, formando a região da Sobra de Terra, que posteriormente se tornaria a cidade de Piçarra. A base, àquela altura, já estava desmantelada, pois as operações contra-guerrilheiras do Regime Militar fizeram os membros do PCdoB rumar para a mata fechada. A guerrilha encerou-se na região por volta de 1973.[9]
Em 1976, já após a Operação Limpeza, de ocultação das provas da guerrilha na região, explode a Revolta dos Perdidos, na vila Boa Vista do Araguaia, motivada pela perseguição ainda perpetrada pela ditadura aos camponeses, ribeirinhos e indígenas (todos não tinham total conhecimento dos planos dos guerrilheiros). A perseguição policial retirava as famílias de suas casas à força e violentavam as mulheres.[9]
Abertura das estradas
[editar | editar código-fonte]No primeiro semestre de 1980 o 8º Batalhão de Engenharia de Construção (8º BEC) do Exército Brasileiro, sob a coordenação do major Sebastião Curió, iniciou a construção de duas estradas. Na região de Sobra de Terra, em que hoje é a cidade de Piçarra, existia bastante cascalho (piçarra) que era retirado para ajudar na construção do trecho-sul da Estrada Operacional nº 2 (OP-2), que ligava São Geraldo do Araguaia à Itaipavas, ambos povoados do município de Conceição do Araguaia.[9]
Além da piçarra utilizada na construção da estrada, o local transformou-se no principal canteiro de obras e garagem de maquinários durante o descanso dos operários, pois estava exatamente no meio do caminho entre os extremos do trecho sul da OP-2. Os militares aproveitaram a oportunidade para abrir outra via de ligação, a Estrada Piçarreira (atual PA-477), que ligaria o acampamento operário de Sobra de Terra à vila Rio Vermelho, às margens da PA-150 (atual BR-155). Dado a importância logística, foram enviados para a Sobra de Terra médicos e dentistas, atraindo moradores do entorno, que passaram a montar barracas junto ao acampamento do Exército em busca de atendimento. Ao local também foi enviado um capelão militar chamado Aristides Cânion.[9]
Padre Cânion quis denominar Sobra de Terra como Cruzelândia, devido ao entroncamento que se formou com a abertura das estradas que davam acesso a São Geraldo do Araguaia, a vila Rio Vermelho, Eldorado do Carajás e vila Boa Vista do Araguaia. Os moradores da área não aceitaram.[9]
Certo dia, no ano de 1980, os engenheiros do 8º BEC fincaram, ao amanhecer, na entrada da vila, uma placa com uma inscrição garrafal "PIÇARRA", para identificar o local de extração de cascalho. Este nome rapidamente substituiu os nomes de Sobra de Terra e Patrimônio.[9]
Emancipação
[editar | editar código-fonte]O processo pela emancipação municipal iniciou-se em 1990, com manifestações da população e endosso de figuras políticas, ocorrido nas localidades piçarrenses e em Belém, inclusive com a realização de um abaixo-assinado no ano de 1992.[9]
Em 1994 o Tribunal Regional Eleitoral do Pará encaminhou ofício e parecer ao governador a Jader Barbalho recomendando a realização do plebiscito que definiria o desmembramento de Piçarra de São Geraldo do Araguaia; o governador alegou falta de recursos e não cumpriu o parecer.[9]
A mobilização pela emancipação de Piçarra continuou mesmo assim, e; já em 1995 um novo projeto de lei começou a tramitar na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), havendo muita resistência dos parlamentares. Para fazer frente à falta de apoio parlamentar, por duas vezes, formaram-se caravanas da população de Piçarra que seguiram até Belém, para pressionar os deputados estaduais. O plebiscito foi aprovado pela Alepa para ocorrer no dia 15 de novembro de 1995. O resultado apurado indicou que cerca de 90% dos votantes mostravam-se favoráveis à emancipação.[9]
A par do resultado, rapidamente a Alepa aprovou a lei, e; em 27 de dezembro de 1995 o governador Almir Gabriel sancionou a lei n° 5.934, desmembrando Piçarra de São Geraldo do Araguaia, publicada no Diário Oficial do Estado do Pará, no dia 29 de dezembro de 1995, instalando-se definitivamente em 1º de janeiro de 1997, com a posse do primeiro prefeito eleito.[9]
Década de 2000 - presente
[editar | editar código-fonte]Em 2011 Piçarra participou ativamente com todo o sudeste do Pará, da consulta plebiscitária que definiu sobre a divisão do estado do Pará. Desde a sua fundação Piçarra insere-se como parte da proposta do estado do Carajás, tanto que o município é filiado aos principais organismos de luta pela causa na região.[10]
Embora a expressiva votação favorável no plebiscito, com mais de 99% de apoio, a maior votação proporcional pelo sim na região de Carajás,[11] o peso da região de Belém se fez maior, e se sobrepôs ao anseio local. Entretanto, mesmo com a derrota na votação, o município continua, juntamente com a região, a pleitear a separação para criação do estado do Carajás.[12]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Transportes
[editar | editar código-fonte]A principal via de ligação de Piçarra é rodoviária, sendo feita pela rodovia estadual PA-477, que liga a sede municipal com a rodovia federal BR-153, na cidade de São Geraldo do Araguaia, no leste, e; com a rodovia federal BR-155, na vila Rio Vermelho, município de Xinguara, no oeste.
Outras estradas importantes são a vicinal PA Itaipavas (antigo trecho sul da OP-2), a vicinal PA Caiano e a vicinal PA Boa Vista.
O município dispõe de dois portos fluviais de pequeno porte, ambos no rio Araguaia, sendo o principal deles o de Boa Vista, especializado principalmente na travessia de veículos entre a vila de Boa Vista do Araguaia e a cidade de Araguanã, já no estado do Tocantins. O outro porto é o de Itaipavas, na vila homônima, especializado em carga e descarga de produtos pesqueiros e alimentícios.
Referências
- ↑ «Prefeita do município». Prefeitura Municipal. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2020). «Estimativas da população residente nos municípios brasileiros com data referência em 1º de julho de 2020». Consultado em 6 de agosto de 2021
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008
- ↑ a b «PIB Municipal 2010-2014». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 30 dez. 2016
- ↑ «Estado Pará, Município de Piçarra». IBGE. 2016. Consultado em 13 de junho de 2016
- ↑ a b «Piçarra, Pará - PA.». IBGE. 2015. Consultado em 13 de junho de 2016
- ↑ «Estado Pará, Município de Piçarra». IBGE. 2015. Consultado em 13 de junho de 2016
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o Pedroso, Vera Lúcia Magri. (organizadora). Plano Municipal de Educação do Município de Piçarra - Compromisso e Responsabilidade de Todos. Piçarra: Prefeitura Municipal de Piçarra, 22 de Junho de 2015. Pags.: 14-20.
- ↑ «Sessões marcam a luta pelo Estado de Carajás». Agora Press
- ↑ «Resultado do plebiscito por município - Carajás». Camaléo
- ↑ «Apenas 4 cidades que integrariam Tapajós votaram contra divisão do PA». G1