Potamobatrachus trispinosus

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Classificação científica
Reino: Animal
Filo: Cordados
Classe: Actinopteri
Ordem: Batrachoidiformes
Família: Batrachoididae
Género: Potamobatrachus
Espécie: P. trispinosus
Nome binomial
Potamobatrachus trispinosus
Collette, 1995

Potamobatrachus trispinosus, popularmente conhecido como mangangá, niquim ou miquim,[1] é uma espécie de peixe-sapo endêmica do Brasil, onde vive nos rios Araguaia e Tocantins.[2]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome popular mangangá deriva do tupi manga'nga, que historicamente designou abelhas do gênero Bombus. Por extensão, passou a designar alguns peixes brasileiros.[3] Niquim, segundo Antenor Nascentes, por sua vez citando L. F. R. Clerot, deriva do tupi ni, "enrugado, encrespado, franzino", e -qui, "espinhento".[4]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie é conhecida por somente três espécimes, a partir de duas coletas realizadas em ambientes encachoeirados. Um dos parátipos foi retirado de São Bento, rio Araguaia, no Pará, sendo descrita por Collette em 1995.[1][5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

É um peixe pequeno,[6] medindo aproximadamente cinco centímetros quando adulto. Estima-se que viva mais de oito anos.[7] Possui a cabeça larga e uma coloração parda. Tem som característico com a bexiga natatória. Não possui escamas. Possui um espinho oco em cada opérculo, assim como dois na nadadeira dorsal. Através das glândulas, é capaz de produzir veneno, que não é muito forte, porém suficiente para ferir. Há a indicação de que espécie possui dimorfismo sexual, com a fêmea sendo maior que o macho quando adultos. Alimenta-se basicamente de outros peixes. Em cativeiro, recusa alimentos secos ou congelados, preferindo alimentos vivos. A espécie é ovípara. Não há informações específicas sobre o modo de reprodução, embora acredita-se que se assemelhe às das demais espécies de sua família.[8] Possui baixa taxa de fecundidade, e a estratégia reprodutiva envolve alto investimento parental.[6]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Potamobatrachus trispinosus corre risco de extinção.[9] A supressão de ambientes encachoeirados pela construção de hidrelétricas é o maior fator de risco à sobrevivência da espécie. Por conta da construção da hidrelétrica de Tucuruí, provavelmente encontra-se extinta na região. É provável, contudo, que resista na região de São Bento e demais pontos com águas encachoeiradas.[1] Em 2007, foi classificada como vulnerável na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[10] em 2014, como em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[11] e em 2018, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[12][2] A classificação como espécie em risco de extinção se manteve em 2020.[13] Foi incluída no Plano de Ação Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção da Ictiofauna, Herpetofauna e Primatas do Cerrado e Pantanal, sendo uma das 41 espécies a ser abrangida por tal iniciativa, nos termos da Portaria de N.º 293 do Ministério do Meio Ambiente (MMA).[14]

Referências

  1. a b c Rosa, Ricardo S.; Lima, Flávio C. (2008). Peixes - Os Peixes Brasileiros Ameaçados de Extinção (PDF). Brasília: Ministério do Meio Ambiente (MMA). Cópia arquivada (PDF) em 18 de abril de 2023 
  2. a b «Potamobatrachus trispinosus Collette, 1995». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr). Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023 
  3. Grande Dicionário Houaiss, verbete mangangá
  4. Grande Dicionário Houaiss, verbete niquim
  5. Reis, Roberto E. (2003). Check List of the Freshwater Fishes of South and Central America (em inglês). [S.l.]: EDIPUCRS 
  6. a b Cardoso, Luís Gustavo; Haimovici, Manuel (2015). Peixes Marinhos e Estuarinos Inclusos na Portaria 445/2014 – MMA Que Ocorrem no Sul do Brasi (PDF). Rio Grande, Rio Grande do Sul: Instituto de Oceanografia - Universidade Federal do Rio Grande. Cópia arquivada (PDF) em 18 de abril de 2023 
  7. «Potamobatrachus trispinosus Collette 1995 - Enciclopédia da Vida». eol.org. Consultado em 18 de abril de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023 
  8. Rechi, Edson (26 de janeiro de 2017). «Magangá, Peixe Sapo (Potamobatrachus trispinosus)». Aquarismo Paulista. Consultado em 18 de abril de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023 
  9. «Abrigos de animais em risco de extinção» (PDF). Documentação Socio-ambiental. 2010. Consultado em 17 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 18 de abril de 2023 
  10. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  11. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  12. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  13. Higgins, Tiffany (10 de agosto de 2020). Bartaburu, Xavier, ed. «Para ampliar hidrovia na Amazônia, governo planeja dinamitar habitat de botos e tartarugas». Notícias ambientais. Traduzido por Vylder, Eloise de. Consultado em 18 de abril de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023 
  14. «Portaria N.º 293, de 9 DE abril DE 2018» (PDF). Diário Oficial da União. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). 9 de abril de 2018. Consultado em 17 de abril de 2023