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Armeria maritima

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaArmeria maritima
estancadeira, cravo-do-mar
Armeria maritima em Dunnet Head, Escócia.
Armeria maritima em Dunnet Head, Escócia.
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Plumbaginales
Família: Plumbaginaceae
Género: Armeria
Espécie: A. maritima
Nome binomial
Armeria maritima
(Mill.) Willd.
Sinónimos[1]
Armeria maritima (hábito).
Armeria maritima californica em Pescadero State Beach na Califórnia.
Inflorescência de A. maririma.

Armeria maritima (Mill.) Willd., é uma espécie de planta com flor, pertencente à família Plumbaginaceae, que forma um complexo específico constituído por 8 a 10 subespécies (conforme os autores),[2][3] algumas da quais são por vezes consideradas espécies separadas. A variabilidade relaciona-se mais com preferências ecológicas e diferenças na distribuição do que com características morfológicas. A espécie é uma planta herbácea com folhas estreitas e longas, em roseta basal, que produz flores vistosas, geralmente de coloração rosada, agrupadas numa inflorescência globosa. A espécie tem distribuição natural circumboreal pelas regiões de clima temperado e ártico do hemisfério norte (Europa, Ásia e América do Norte),[4] geralmente próximo das costas, preferindo solos arenosos ou falésias bem drenadas.

É uma planta perene, por vezes decídua em climas mais frios, compacta, que cresce em touceiras baixas (até 50 cm de altura), com folhagem em roseta, que emite hastes finas e longas que sustentam inflorescências globulares de flores de coloração rosa brilhante. Em alguns casos também ocorrem flores arroxeadas, brancas ou vermelhas.

Com filotaxia em roseta, o caule é muito curto, terminando numa raiz principal erecta. As folhas são estreitas e lineares, com lâminas foliares com 1–15 cm de comprimento e 0,5 a 3,0 mm largura, com uma, ou raramente três, nervuras, com aspeto geral que lembra as folhas das gramíneas. A página superior das folhas é levemente pilosa, o que deve servir de proteção contra a evaporação.

Na floração a planta emite escapos eretos, com 2–60 cm de comprimento, glabros ou pilosos, que terminam numa inflorescência com 13-28 mm de diâmetro. Bainha involucral com 5-32 mm de comprimento, com bráctea involucral externa oval a triangular-lanceolada, romba, com 4–14 mm de comprimento, mucronada ou não, em geral não de projetando sobre a corola. Flores são monomórficas, com todos os estigmas papilados e pólen reticulado, ou dimórficas, com estigmas papilados e pólen finamente reticulado ou estigmas lisos e pólen grosseiramente reticulado. Tubo do cálice piloso sobre e entre as costelas (holótrico), apenas nas costelas (pleurótrico) ou glabro (átrico). Sépalas com dentes triangulares a pouco triangulares, arqueados ou não. As pétalas são de cor rosa a roxa, vistosas, e excedendo o cálice ou reduzidas e incluídas no cálice. Floresce entre maio e outubro.

As flores heterostílicas são polinizadas por numerosas espécies de insetos. Os frutos são espalhados pelo vento ou por ação adesão. O número cromossómico 2n = 18.

A autoridade científica da espécie é (Mill.) Willd., tendo sido publicada em Enumeratio Plantarum Horti Botanici Berolinensis,...1: 333–334. 1809.[5] O epíteto específico latino maritima significa pertencente ao mar ou litoral, uma referência à presença da espécie nas regiões costeiras.[6]

Distribuição e habitat

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Armeria maritima sensu lato tem uma ampla distribuição circumpolar, estando presente na generalidade das regiões costeiras do Hemisfério Norte.[4] A espécie também ocorre em algumas regiões costeiras das regiões temperadas e frias do Hemisfério Sul, nomeadamente nas costa chilena e da Terra do Fogo e na ilha dos Estados. A espécie é muito tolerante aos climas frios, ocorrendo mesmo em partes das costas da Gronelândia.

Prefere habitats com condições de relativa secura, especialmente em solos arenosos e salinos, preferindo as falésias costeiras, os prados e pântanos salgados e beiras de estradas em regiões de forte salinidade. A subespécie A. m. elongata ocorre principalmente nas dunas das costas marítimas. Embora com menor fequência, também ocorre longe do mar em zonas montanhosas rochosas.[7]:434[8]:70 A espécie é uma presença comum nos sapais e nas dunas das costas europeias, onde floresce de abril a outubro.[9]

Trata-se de uma espécie presente no território português,[10] onde é conhecida pelos nomes comuns de estancadeira, relva-de-espanha ou relva-do-olimpo.[11]

A espécie é um elemento floral típico das zonas salinizadas das costas marítimas temperadas. Estas plantas excretam o sal através de glândulas especiais na superfície da folha. A subespécie A. m. elongata cresce nas regiões afastadas do mar em pastagens arenosas ácidas, pastagens secas de silicato sobre rocha sólida, formações rochosas serpentiníticas e em florestas de pinheiros sobre solos leves e pobres em nutrientes.[12]

Armeria maritima apresenta uma grande tolerância ao cobre e é capaz de crescer em solos com concentrações de cobre de até 6400 mg/kg. Um mecanismo proposto para explicar esta anormal tolerância é que pouco cobre é transportado pelo sistema vascular do caule da planta, sendo o conteúdo que atinge que atinge a parte aérea excretado pelas folhas em decomposição.[13] Os estudos realizados sobre a fisiologia e metabolismo desta espécie apontam como de particular interesse a forma como o seu metabolismo é alterado com concentrações elevadas de dióxido de carbono atmosférico.[14] A espécie tolera solos poluídos com metais pesados (principalmente a subespécie A. m. halleri), podendo atingir concentrações de até 0,7% de zinco e 0,15% de chumbo.[15]

A polinização é realizada por diversos insectos, com destaque para as abelhas e os lepidópteros.

A espécie é hospedeira do fungo fitopatogénico Phoma herbarum.[16]

Etnobotânica

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Uma moeda britânica de 3 pence de 1943 tendo como motivo a inflorescência de A. maritima.

A espécie é uma popular planta ornamental cultivada nas regiões temperadas e frias de todo o mundo como flor de jardim e para produção de flores de corte. Sendo resistente à secura, é utilizada em xeropaisagismo e em jardins projetados como jardim de pedras. A planta era antigamente usada como antiepiléptico devido ao seu teor de plumbagina, que é altamente irritante.

O cultivar 'Vindictive' foi ganhador do prémio Award of Garden Merit da Royal Horticultural Society.[17]

A moeda britânica de três pence emitida entre 1937 e 1952 tinha no reverso a imagem da inflorescência de A. maritima. Na gíria britânica, o nome comum da planta thrift tem o significado de parcimonioso (thrifty) ou forreta e significa ter comprado muito por muito pouco dinheiro. Acredita-se que a expressão seja a razão pela qual a espécie foi usada como emblema da moeda de três pence (que não valia muito dinheiro).[18][19]

Como parte de uma campanha de marketing de 2002, a organização beneficente de conservação de plantas Plantlife escolheu a espécie como a flor do condado das ilhas de Scilly.

A espécie é mencionada no poema de sir John Betjeman intitulado 'A Bay in Anglesea'. A flor rosada de A. maritima é uma parte memorável da descrição do Castelo de Kirrin em torno do qual muitas das aventuras de Enid Blyton Famous Five aconteceram: "The coarse green grass sprang everywhere, and pink thrift grew its cushions in holes and crannies."

Armeria maritima forma um complexo específico com grande plasticiade ecológica e sensíveis variações fenotípicas, no qual são geralmente reconhecidas as seguintes subespécies:

  1. The Plant List: A Working List of All Plant Species, consultado em 11 Maio 2016 
  2. Armeria maritima. The Plant List [on-line]. Kew Gardens. [consultado 2014-01-23] (inglês).
  3. Armeria maritima. Flora of North America [on-line]. eFloras.org. [consultado 2011-05-30] (inglês).
  4. a b Anderberg, Arne. «Den Virtuella Floran: Trift, Armeria maritima Willd.». Naturhistoriska riksmuseet, Stockholm. Consultado em 17 fevereiro 2017 
  5. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 29 de setembro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/25400032>
  6. «Armeria maritima - Plant Finder». www.missouribotanicalgarden.org. Consultado em 21 de dezembro de 2021 
  7. Stace, C. A. (2010). New Flora of the British Isles Third ed. Cambridge, U.K.: Cambridge University Press. ISBN 9780521707725 
  8. Blamey, M.; Fitter, R.; Fitter, A (2003). Wild flowers of Britain and Ireland: The Complete Guide to the British and Irish Flora. London: A & C Black. ISBN 978-1408179505 
  9. Wildlife Trusts - Thrift
  10. Sequeira M, Espírito-Santo D, Aguiar C, Capelo J & Honrado J (Coord.) (2010). Checklist da Flora de Portugal (Continental, Açores e Madeira). Associação Lusitana de Fitossociologia (ALFA).
  11. Armeria maritima - Flora Digital de Portugal. jb.utad.pt/flora.
  12. Verbreitungskarte von Armeria maritima (Mill.) Willd., s. l., Gewöhnliche Grasnelke. FloraWeb.
  13. Brewin LE, Mehra A, Lynch PT, Farago ME (Março 2003). «Mechanisms of copper tolerance by Armeria maritima in Dolfrwyong Bog, north Wales—initial studies» (PDF). Environ Geochem Health. 25 (1): 147–56. PMID 12901090. doi:10.1023/a:1021225721605 
  14. Davey, M. P.; Harmens, H.; Ashenden, T. W.; Edwards, R.; Baxter, R. (2007). «Species-specific effects of elevated CO2 on resource allocation in Plantago maritima and Armeria maritima». Biochemical Systematics and Ecology. 35 (3): 121. doi:10.1016/j.bse.2006.09.004 
  15. Ruprecht Düll, Herfried Kutzelnigg: Taschenlexikon der Pflanzen Deutschlands. Ein botanisch-ökologischer Exkursionsbegleiter zu den wichtigsten Arten. 6., völlig neu bearbeitete Auflage. Quelle & Meyer, Wiebelsheim 2005, ISBN 3-494-01397-7.
  16. Helgi Hallgrímsson & Guðríður Gyða Eyjólfsdóttir (2004). Íslenskt sveppatal I - smásveppir [Checklist of Icelandic Fungi I - Microfungi. Fjölrit Náttúrufræðistofnunar. Náttúrufræðistofnun Íslands [Icelandic Institute of Natural History]. ISSN 1027-832X
  17. «Armeria maritima 'Vindictive'». www.rhs.org. Royal Horticultural Society. Consultado em 12 Abril 2020 
  18. «thrift noun - Definition, pictures, pronunciation and usage notes | Oxford Advanced Learner's Dictionary at». Oxfordlearnersdictionaries.com. Consultado em 6 de maio de 2022 
  19. «Thrift on old three pence coin» 
  20. «Armeria maritima subsp. azorica Franco | Plants of the World Online | Kew Science» (em inglês). Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 11 fevereiro 2022 
  21. «California Sea Pink, Armeria maritima ssp. californica». calscape.org. Consultado em 21 de abril de 2021 
  22. «Armeria maritima ssp. californica». Calflora.org. Consultado em 21 de abril de 2021. Cópia arquivada em 17 de abril de 2021 
  23. «Armeria maritima subsp. elongata (Hoffm.) Bonnier». www.gbif.org (em inglês). Consultado em 21 de abril de 2021 
  24. «Armeria maritima subsp. maritima in Flora of North America». www.efloras.org. Consultado em 21 de abril de 2021. Cópia arquivada em 21 de junho de 2006 
  25. «Armeria purpurea W.D.J.Koch». www.worldfloraonline.org. Consultado em 17 fevereiro 2021 
  26. «Lady Bird Johnson Wildflower Center». www.wildflower.org. The University of Texas at Austin. Consultado em 21 de abril de 2021. Cópia arquivada em 21 de abril de 2021 
  27. «Armeria maritima subsp. sibirica in Flora of North America». www.efloras.org. Consultado em 21 de abril de 2021. Cópia arquivada em 21 de junho de 2006 

Ligações externas

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